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Protocolo de Atendimento do Setor de Fonoaudiologia Infantil 
da Rede de Atenção Básica 2020 
 
“Cada criança que nasce traz consigo diferentes habilidades, dons e uma bela 
personalidade a ser desenvolvida. É através da exploração de desafios 
apropriados, escolhas inteligentes e a concentração em atividades relevantes 
em família que a criança se desenvolve integralmente e de uma forma feliz.”(A 
criança feliz, Michael Olaf) 
Apresentação 
A profissão de fonoaudiólogo está regulamentada desde 1982 e de acordo com 
o código de ética profissional: 
“O Fonoaudiólogo é o profissional da área da saúde, legalmente credenciado 
nos termos da Lei 6965 de 09 de dezembro de 1981 e pelo Decreto n⁰ 87218 de 
31 de maio de 1982, que atua na comunicação oral e escrita, voz e audição, 
pesquisando, prevenindo, diagnosticando, habilitando, reabilitando e 
aperfeiçoando sem discriminação de qualquer natureza.” 
Introdução 
O Setor de Fonoaudiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto 
(SMS) vem, desde 1988, atuando junto às crianças e adolescentes do município. 
O seu maior avanço com relação ao número de profissionais e reorganização da 
situação se deu a partir de 1991, quando alguns dos profissionais passaram a 
atuar nas UBDS, UBS e Unidades de Saúde, compondo a equipe 
multiprofissional, junto com pediatras, enfermeiros, dentistas, psicólogos e 
assistentes sociais. 
Objetivos 
O trabalho desenvolvido nas Unidades Básicas Distritais de Saúde e Unidades 
Básicas de Saúde, tem por objetivo o desenvolvimento integral da criança e do 
adolescente, a fim de que estes tenham uma comunicação oral e escrita bem 
estruturada, desenvolvendo ações de prevenção, detecção precoce, diagnóstico 
e aperfeiçoamento da fala/linguagem, voz e audição. 
O fonoaudiólogo na rede de saúde de Ribeirão Preto mantém seu foco na 
atenção primária e secundária. 
 
 
 
 
Entende-se em atenção primária, as medidas que propiciem uma saúde geral 
satisfatória ao homem e à coletividade e ações que interceptam as causas das 
doenças, através da promoção de saúde. 
Por atenção secundária, compreendem-se medidas que interrompam o curso da 
doença no período inicial ou que durante o seu curso possam evitar sequelas e 
limitar a invalidez com diagnóstico precoce e tratamento. 
Já a atenção terciária, objetiva prevenir a incapacidade total e reabilitar o 
indivíduo física, mental e socialmente. Este nível de prevenção exige um 
complexo conjunto de ações envolvendo recursos físicos, materiais e humanos 
específicos, em hospitais e outras instituições de saúde, além de projetos de 
reinserção social. 
 
 
População atendida 
Pacientes de 03 anos e 06 meses a 15 anos e 11 meses e 29 dias, residentes 
no Município de Ribeirão Preto. 
 
Critérios para atendimento na baixa complexidade 
● Retardo de Linguagem 
● Desvio Fonológico 
● Desvio Fonético/ Distúrbio Articulatório 
● Distúrbio de Leitura e escrita 
● Dislexia 
● Distúrbios da Motricidade Orofacial 
● Avaliação em bebês da mobilidade da língua e função de sucção 
● Higiene Vocal 
● Disfluência Fisiológica 
 
 
 
 
 
 
 
Profissionais que referenciam para Fonoaudiologia: 
 Profissionais de saúde com nível universitário, entre eles fonoaudiólogos, 
psicólogos, dentistas, pediatras, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, 
neurologistas e otorrinolaringologistas. 
 
Critérios de exclusão (Patologias atendidas na média e alta 
complexidade) 
 
● Deficiência intelectual (DSM-5) (NADEF-CER II) 
● Transtorno do Espectro Autista (TEA) (NADEF-CER II) 
● Deficiência Física (APAE) 
● Deficiência Visual Grave (LUCI MONTORO) 
● Transtornos Psicóticos (CAPS) 
● Afasia (APAE) 
● Disfagia (CIR/ CERHC) 
● Disartria (APAE) 
● Apraxia da fala (APAE) 
● Gagueira (CIR) 
● Voz (CIR/CERHC) 
● Pacientes Acamados (SAD) 
● Pacientes com traqueostomia e necessidade de suporte ventilatório (SAD/ 
APAE) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Organização 
 
Dentro da Rede Municipal de Saúde, as fonoaudiólogas estão lotadas nas 
seguintes UBDS e UBS: 
Distrito Leste: 
UBDS Castelo Branco-Dr. Ítalo Baruffi 
Distrito Oeste: 
CSE Cuiabá-Dr. Joel Domingos Machado 
Distrito Norte: 
UBS Simioni-Dr. Alexandre Fleming 
Distrito Central: 
UBS Campos Elíseos-Nelson Barrionovo 
Distrito Sul: 
**Sem referência no momento 
 
Fluxo de atendimento: 
O encaminhamento para a especialidade-Fonoaudiologia, é feito on line pelo 
sistema Hygia, regulado e agendado pelo Complexo Regulador da SMS. 
 
Características do atendimento fonoaudiológico 
Atenção Primária 
No âmbito do trabalho promocional e preventivo são realizadas atividades com 
a comunidade, conforme necessidade e disponibilidade do serviço, tais como: 
● Palestras para mães de crianças de 0 a 03 anos, para orientações e 
estimulação de fala/linguagem (projeto com a puericultura, ginecologia e clínica 
do bebê); 
 
 
 
 
● Palestras para os profissionais da saúde (pediatras, dentistas, 
assistentes sociais, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, dentre outros); 
● Palestras para agentes comunitários de saúde (Estratégia de Saúde da 
Família); 
● Palestras para o corpo docente das escolas públicas e profissionais da 
Secretaria Municipal de Educação. 
 
Atenção Secundária 
O atendimento poderá ser realizado semanal, quinzenal ou mensalmente, a 
depender da necessidade do caso, com orientação familiar. 
 A duração do atendimento individual é de 30 minutos, estendendo quando o 
profissional considerar necessário. 
A agenda está organizada com uma média de 06 casos de retorno por período 
de 04 horas de trabalho, sendo 02 casos novos por semana. 
O processo da fonoterapia tem duração limitada, podendo ser estendido até 18 
meses, ocorrendo uma média de 30 sessões de atendimento. 
 Todos os casos em terapia são reavaliados a cada 06 meses e estabelecido 
conduta. 
 O paciente é encaminhado para outras especialidades, quando houver 
necessidade. 
Critérios de alta 
 Alta por alcance da meta: quando o paciente atingiu os objetivos propostos 
dentro do trabalho fonoaudiológico pré estabelecido. 
Obs: 
 Os pacientes que se encontrarem em idade escolar na Educação Infantil 
e ou ensino Fundamental, poderão ter alta do trabalho fonoaudiológico 
após uma conversa e/ ou carta da professora que atua diretamente com 
as crianças, para saber como o mesmo está se desenvolvendo na área 
de linguagem em sala de aula, sendo esta necessidade avaliada caso a 
caso. 
 
 
 
 
 Os pacientes da Rede de Atenção Básica em Fonoaudiologia, de um 
modo geral, conseguem receber alta pelo aprendizado e a incorporação 
do trabalho realizado em suas vidas e em seu desenvolvimento, não 
necessitando de retornos para a manutenção e ou reavaliações, exceto 
o paciente de motricidade oral que se encontra fazendo tratamento 
ortodôntico com uso de aparelho, esse receberá alta do tratamento 
fonoaudiológico, na retirada do aparelho, em um trabalho conjunto com o 
ortodontista. 
 
Alta por duplicidade de atendimento: Não será aceita duplicidade de atendimento 
público em Fonoterapia, devendo o paciente optar por um tratamento, sendo 
desligado do outro tratamento. 
 Alta por faltas: Não são aceitas faltas sem justificativa; duas (02) faltas 
consecutivas e sem justificativa ou quatro (04) justificadas no semestre implicará 
no desligamento do paciente do tratamento, podendo ser reencaminhado para a 
lista de espera junto a SMS-Complexo Regulador. 
 O paciente ou seu responsável devem remarcar o atendimento perdido 
diretamente com o profissional, no prazo máximo de 30 dias (avaliação caso a 
caso). 
O Responsável do paciente receberá informativo do TERMO de CIÊNCIA (anexo 
1) no dia da avaliação. 
 Alta por abandono do tratamento: Pacientes que não comparecerem ao 
atendimento (02 sessões consecutivas) e não apresentarem justificativa. 
 
 
Aprimoramento do trabalho e Coordenação do setor de 
Fonoaudiologia 
São realizadas reuniões mensais com as Fonoaudiólogas da Rede e bimestraisentre as fonoaudiólogas da SMS, para discussão dos processos de trabalho em 
curso, estudo de casos, aperfeiçoamento e integração da equipe. 
O Setor de Fonoaudiologia encontra-se vinculado ao DASP-SMS (Departamento 
de Atenção à saúde das Pessoas). 
 
 
 
 
CID 10: 
 
F80.0 – Desvio/Distúrbio Fonológico ou Dislalia: ocorre quando a fala da 
criança é caracterizada por omissões e substituições de fonemas. Essa 
dificuldade refere-se à organização e classificação mental dos sons que ocorrem 
contrastivamente na língua. Sua etiologia é desconhecida, embora existam 
alguns fatores influentes como: 
⮚ Otites de repetição; 
⮚ Estimulação de fala e de linguagem pobre; 
⮚ Antecedentes genéticos. 
É importante descrever algumas trocas de fonemas já observáveis pelo 
profissional que encaminha e se a fala é inteligível. 
F80.0 – Desvio/Distúrbio Fonético/Articulatório: trata-se de alteração da 
mecânica da produção articulatório e podem ser identificados por distorções 
como ceceio, interposição de língua entre os dentes, entre outros. Estas 
distorções podem ocorrer por modelo sonoro inadequado ou por dificuldade na 
habilidade motora para a produção sonora. As dificuldades decorrem de 
alterações estruturais ósseas e/ou musculares do sistema estomatognático que 
podem estar associadas à: 
 Frênulo de língua encurtado; 
 Palato duro estreito ou em ogiva; 
 Maloclusão (mordida aberta anterior, overjet, entre outros); 
 Uso de hábitos orais deletérios (chupeta, mamadeira e sucção digital) 
 prolongados; 
 Doenças respiratórias. 
 
 
 
 
 
 
É importante observar e descrever se o paciente tem respiração oral ou mista, 
as doenças respiratórias, a presença de hipertrofia de adenoides e amígdalas e 
a conduta médica 
K07– Distúrbios Miofuncionais Orofaciais: incluem alterações no 
posicionamento, sensibilidade, mobilidade, tônus ou nas funções dos órgãos 
fonoarticulatórios (OFA). Essas alterações tanto de ordem esqueléticas como 
musculares, podem levar a alterações nas funções de: 
⮚ Mastigação; 
⮚ Deglutição (a disfagia não é elegível a fonoterapia na rede, apenas a 
deglutição atípica e a adaptada); 
⮚ Fala; 
⮚ Respiração. 
As causas mais frequentes dos distúrbios de motricidade orofacial: uso de 
hábitos orais deletérios; respiração oral; maloclusões dentárias. A 
Fonoaudiologia da atenção básica também atende os casos de Anquiloglossia. 
É importante descrever as alterações estruturais observáveis ou tratamentos já 
realizados no encaminhamento. 
 
F81 – Transtornos Específicos das Habilidades Escolares, ou distúrbio 
de aprendizagem, refere-se a um grupo de dificuldades mais difíceis de serem 
identificadas, mais específicas e pontuais, caracterizada pela presença de: 
⮚ Disfunção neurológica; 
⮚ Insucesso na escrita, na leitura e no cálculo matemático; 
⮚ Desempenho escolar substancialmente abaixo do esperado nas áreas de 
leitura, escrita e matemática; 
⮚ Medidas de inteligência normais; 
⮚ Oportunidade educacional apropriada para a idade. 
 
 
 
 
 
Não deve ser confundida com dificuldade escolar propriamente dita, que está 
relacionada especificamente a problemas de origem pedagógica. 
É importante descrever se a escola da criança oferece reforço no contra turno 
ou se já é acompanhada por profissional Psicopedagogo e por médico 
Neurologista. 
 
R48.0 - Dislexia: transtorno da aprendizagem da leitura que ocorre 
apesar de inteligência normal, de ausência de problemas sensoriais ou 
neurológicas, de instrução escolar adequada e de oportunidades socioculturais 
suficientes. Depende da existência de: 
 Perturbações de aptidões cognitivas fundamentais de origem 
 constitucional; 
 Presença de fatores neurobiológicos; 
 Incidência familiar; 
⮚ Alterações em habilidades que comprometem o uso da: atenção, memória 
e percepção (funções executivas); 
 Persistência dos sintomas da infância à idade adulta. 
É importante descrever se a escola da criança oferece reforço no contra turno 
ou se já é acompanhada por profissional Psicopedagogo e por médico 
Neurologista. 
 
F98.5 - Disfluência fisiológica/Gagueira: definida como rupturas 
involuntárias do fluxo da fala, caracterizadas por: 
 Repetições de sons e de sílabas; 
 Prolongamentos de sons; 
 Bloqueios (posições articulatórias fixas); 
 Pausas extensas; 
 
 
 
 
 
 Intrusões nas palavras (sons não pertinentes) que diminuem a velocidade 
de fala e provocam rompimento da fala do indivíduo. 
A gagueira idiopática ou do desenvolvimento pode ocorrer dos 18 meses até os 
sete anos. 
É importante descrever a quanto tempo apresenta a gagueira e se há familiares 
com a mesma queixa. 
 
F80 - Retardo de Linguagem: as dificuldades de linguagem referem-se 
as alterações no processo de desenvolvimento da expressão e recepção verbal 
e/ou escrita. A etiologia das dificuldades de linguagem é diversa e pode envolver 
fatores: 
⮚ Orgânicos; 
⮚ Cognitivos; 
⮚ Emocionais (estrutura familiar e relacional), ocorrendo, na maioria 
das vezes, uma inter-relação entre todos esses fatores. 
É importante já nas consultas Pediátricas iniciais, realizar orientações quanto à 
estimulação da fala e linguagem e a orientação da inclusão em creches para a 
estimulação social e pedagógica. Descrever DNPM do paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBSERVAÇÃO: 
 O Fonoaudiólogo fará a avaliação da mobilidade da língua e sua 
função de sucção e encaminhará para frenectomia, quando 
necessário (Pactuado com o PAISCA e o Dep. Odontológico). 
 O Fonoaudiólogo poderá encaminhar para as especialidades que 
forem necessárias para o melhor prognóstico e desenvolvimento do 
caso(Ex: psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, 
dentistas, pediatras, otorrinolaringologistas, neurologistas, 
audiologia, fonoaudiólogas, dentre outros). 
 O Setor de Fonoaudiologia da rede de atenção básica fez a 
pactuação com as áreas de Odontologia, Psicologia e Audiologia. 
 
 
Referências: 
-Resolução CFFa nº 488, de 18 de fevereiro de 2016, que dispõe sobre aprovação do 
documento que estipula os Parâmetros Assistenciais em Fonoaudiologia, e dá outras 
providências. 
-Brasil, Lei 6965 de 09 de dezembro de 1981 e pelo Decreto n⁰ 87218 de 31 de maio de 
1982 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anexo1 
 
Setor de Fonoaudiologia da Rede de Atenção Básica 
 
TERMO DE CIÊNCIA 
O Setor de Fonoaudiologia agendará consultas mediante a 
necessidade de cada paciente, após avaliação pelo profissional. 
Faltas: Não serão aceitas faltas sem justificativas, o paciente poderá 
até ser desligado do atendimento quando ocorrer: 
02 faltas consecutivas, ou 04 faltas não consecutiva, mesmo que 
justificadas no semestre. 
Caso a falta seja necessária, a mesma deverá ser avisada com 
antecedência ao profissional pelo telefone da Unidade (UBS ou 
UBDS) onde faz Fonoterapia. 
Reavaliação: Será realizada a reavaliação do quadro do paciente a 
cada 06 meses pelo profissional, o qual definirá se o mesmo receberá 
alta do atendimento ou continuará por até mais 06 meses, não 
podendo ultrapassar o prazo limite de 18 meses de tratamento. 
Atualização de informações: As informações do paciente (endereço, 
telefone), devem sempre estar atualizadas no cadastro HYGIA do 
paciente. As atualizações podem ser realizadas na unidade de saúde 
mais próxima da residência ou na unidade em que realiza o 
tratamento fonoaudiológico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Setor de Fonoaudiologia da Rede de Atenção Básica 
 
TERMO DE RESPONSABILIDADE 
 
EU,___________________________________________________ 
PARENTESCO__________________________________________ 
RG ___________________________________________________ 
ME COMPROMETO A TRAZER O(A)________________________ 
 ______________________________________________________ 
NAS TERAPIAS DO SETOR DE FONOAUDIOLOGIA DA REDE DE 
ATENÇÃO BÁSICA NO HORÁRIO PREVIAMENTE AGENDADO. 
ESTOU CIENTEDE QUE HAVERÁ DESLIGAMENTO DO MESMO, 
CASO OCORRAM 02 FALTAS SEGUIDAS OU 04 FALTAS 
INTERCALADAS NO SEMESTRE. 
ESTOU CIENTE TAMBÉM QUE SERÁ REALIZADA A 
REAVALIAÇÃO DO QUADRO DO PACIENTE A CADA 06 MESES 
PELO PROFISSIONAL, O QUAL DEFINIRÁ SE O MESMO 
RECEBERÁ ALTA DO ATENDIMENTO OU CONTINUARÁ POR 
ATÉ MAIS 06 MESES, NÃO PODENDO ULTRAPASSAR O PRAZO 
LIMITE DE 18 MESES DE TRATAMENTO. 
 
ASSINATURA 
Data: 
 
 
 
 
 
Fluxograma