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Prévia do material em texto

Ana Patrícia Sampaio Pereira
Ana Priscila Sampaio Rebouças
Natarsia Camila Luso Amaral
Olenêva Sanches Sousa
Ana Patrícia Sampaio Pereira
Ana Priscila Sampaio Rebouças
Natarsia Camila Luso Amaral
Olenêva Sanches Sousa
São Luís
2022
Os materiais produzidos para os cursos ofertados na Plataforma Eskada e intermediados pelo UEMAnet/UEMA são licenciados nos termos da Licença Creative 
Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhada, podendo a obra ser remixada, adaptada e servir para criação de obras derivadas, desde que com fins 
não comerciais, que seja atribuído crédito ao autor e que as obras derivadas sejam licenciadas sob a mesma licença.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA
 
Reitor
Gustavo Pereira da Costa
Vice-Reitor
Walter Canales Sant´ana
Pró-Reitora de Graduação
Fabíola de Jesus Soares Santana
Núcleo de Tecnologias para Educação
Ilka Márcia Ribeiro S. Serra
Coordenadora Geral
Coordenação do Setor Design Educacional
Cristiane Peixoto
Coord. Administrativa 
Danielle Martins Leite Fernandes Lima
Coord. Pedagógica
Professoras Conteudistas
Ana Patrícia Sampaio Pereira
Ana Priscila Sampaio Rebouças
Natarsia Camila Luso Amaral
Olenêva Sanches Sousa
Designer de Linguagem
Maria das Dores Coutinho
Designers Pedagógicas
Érica Costa Sousa
Lidiane Saraiva Ferreira Lima
Diagramação
Nayana Gatinho da Silva
Tonho Lemos Martins
Capa e Projeto Gráfico
Nayana Gatinho da Siva
Pereira, Ana Patrícia Sampaio 
 Introdução à Etnomatemática [e-Book]. / Ana Patrícia Sampaio 
Pereira, Ana Priscila Sampaio Rebouças, Natarsia Camila Luso 
Amaral, Olenêva Sanches Sousa. – São Luís: UEMAnet, 2022.
 66 f.
 ISBN:
 1.E-almanaque. 2.Educação. 3.Epistemologia. 4.Programa 
Etnomatemática. I.Rebouças, Ana Priscila Sampaio I.Amaral, 
Natarsia Camila Luso III. Sousa, Olenêva Sanches IV.Título. 
 
CDU: 37.013
4< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
Olá!
Com carinho, elaboramos para você este e-book, pertinente ao curso Introdução à Etnomatemática: múltiplas 
concepções no e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis. Assim, com base nos conteúdos do curso, este material visa 
complementar suas aprendizagens da videoaula com uma leitura leve e dialógica.
Para tal, aqui você encontrará textos, com destaques em negrito no que lhes é mais relevante, além de referências, 
atividades, informações extras sobre o assunto e sugestões de leituras, de sites, de vídeos etc. Para dar coerência à 
proposta do curso, parte desse material será retirado do próprio e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis.
Nosso e-book divide-se em três módulos. No primeiro, você conhecerá melhor o Programa Etnomatemática, sua 
contextualização no e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis, o seu proponente e principal organizador intelectual, 
Ubiratan D’Ambrosio, e aprofundar-se-á nos seus princípios e aspectos epistemológicos, teóricos e práticos. 
No segundo módulo, você conhecerá a estrutura do e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis, reconhecendo os seus 
conteúdos, os múltiplos olhares e as concepções de Etnomatemática que compõem o documento. Já o terceiro 
módulo, está voltado para a prática pedagógica. Neste você verá algumas possibilidades dessa área para a sala de 
aula e terá acesso a espaços de divulgação da Etnomatemática no Brasil e no mundo.
As autoras 
O e-Almanaque será a obra principal desse curso. Acesse o link https://sites.google.com/view/etnomatematicas na 
Biblioteca Digital EtnoMatemaTicas (BDEm). Dessa forma, sempre que nos referirmos a ele você possa conhecer um 
pouco mais sobre o assunto.
MÓDULO 1 - O PROGRAMA ETNOMATEMÁTICA
1.1 Programa Etnomatemática: princípios e aspec-
tos epistemológicos, teóricos e práticos................... 7
1.2 Ubiratan D’Ambrosio e o Programa Etnoma-
temática....................................................................................... 19
Resumo......................................................................................... 21
Referências................................................................................ 23
MÓDULO 2 - O E-ALMANAQUE ETNOMATEMA-
TICAS BRASIS
2.1 O e-Almanaque e o Programa Etnomatemá-
tica.................................................................................................. 26
2.2 Estrutura e concepções do e-Almanaque Et-
noMatemaTicas Brasis....................................................... 31
2.3 As múltiplas concepções e olhares de Etnoma-
temática que compõem o documento.................... 37
Resumo......................................................................................... 41
Referências................................................................................ 42
MÓDULO 3 - PRÁTICAS ETNOMATEMÁTICAS 
E A DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA NO BRASIL 
E NO MUNDO
3.1 Possibilidades Etnomatemáticas para a 
sala de aula............................................................... 44
3.2 Espaços de divulgação da Etnomatemática 
no Brasil e no mundo................................................. 57
Resumo.............................................................................. 65
Referências...................................................................... 66
7< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
OBJETIVOS:
 Conhecer os princípios e aspectos epistemológicos, teóricos e práticos do Programa 
Etnomatemática no sentido de considerá-lo na orientação teórica de pesquisas e na concepção 
de práticas pedagógicas;
 Reconhecer a importância nacional e internacional de Ubiratan D’Ambrosio como 
organizador intelectual do Programa Etnomatemática e pensador, pesquisador e educador 
que exerceu grande influência na pesquisa e na Educação.
1.1 Programa Etnomatemática: princípios e aspectos epistemológicos, teóricos e 
práticos
 Quais princípios sustentam o Programa Etnomatemática?
 O que faz do Programa Etnomatemática uma epistemologia geral?
 Como a concepção etnomatemática pode fundamentar a pesquisa e prática?
8< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
Caro(a) cursista,
Historicamente, fomos acostumados a ver a matemática como uma ciência pura, abstrata, 
que existe dentro de uma lógica própria e tem uma importância inquestionável dada a sua ampla 
aplicabilidade. Apesar de todo este destaque, na escola, ela é considerada uma disciplina difícil, cuja 
aprendizagem é para poucos inteligentes e, consequentemente, é odiada pela maioria e se mostra 
como grande responsável pela reprovação. 
Paradoxalmente, parece haver um consenso na afirmação de que a matemática está em tudo, o 
que nos leva a concluir que se faz matemática em todas as atividades humanas e, portanto, ela é 
também um conhecimento comum a todos. Nesse sentido, como muitas vezes disse D’Ambrosio, 
todos são matemáticos.
Como brasileiros, sabemos que nós sofremos as consequências da colonização europeia e que, 
obviamente, foi a visão eurocêntrica que sempre nos apresentaram na escola, deixando de lado 
aspectos importantes da história em geral e das ciências, inclusive da matemática. Resistência 
e luta não faltam para corrigir os problemas sociais herdados dos colonizadores e para rever e 
reescrever a história do Brasil. No contexto da educação, as ações antirracistas têm possibilitado a 
valorização de nossas raízes não europeias.
Nesse contexto, o Programa Etnomatemática critica a posição hierarquicamente superior da 
cultura europeia, ou melhor, de uma cultura sobre as outras, e tem como um de seus princípios a 
transculturalidade. 
De certo modo, podemos dizer que o Programa Etnomatemática muito tem contribuído para 
ampliar esta visão de mundo, ao ir de encontro a uma história e filosofia da matemática que se 
autodeterminaram iniciadas na Europa e ao se desenvolver a partir da relação do conhecimento 
com o sociocultural.
Sugestão de leitura
Para entender a relação entre 
matemática, a educação e o 
sociocultural e sua essencia-
lidade para o Programa Et-
nomatemática,leia o artigo 
de D’Ambrosio, Sociedade, 
cultura, matemática e seu 
ensino, de 2005, acessando: 
https://www.scielo.br/j/ep/a/
TgJbqssD83ytTNyxnPGBT-
cw/?lang=pt&format=pdf
9< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
Saiba mais no e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis
O que tem mudado com essas resistências e lutas? De que modo o Programa Etnomatemática tem 
contribuído? Leia o texto Etnomatemática como filosofia, de Eduardo Sebastiani Ferreira, da página 83 a 86 no 
e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis.
Desde pequenininhos, quando entramos na escola, convivemos com um processo de ensino disciplinar 
e aprendemos a julgá-lo como correto e mais adequado. Assim, parece-nos natural que tenhamos uma aula 
de educação física, antes de duas horas-aula de matemática, quando somos obrigados a nos concentrar, 
mesmo que ainda agitados e suados, e que as duas últimas horas-aula sejam de redação, quando podemos 
até ser penalizados se ainda estivermos fazendo algo de matemática porque aquele horário foi destinado para 
escrevermos sobre, por exemplo, “O Brasil e a Agenda 2030”. 
Mesmo percebendo equívocos nessa organização escolar, muitas vezes achamos que o que vemos em 
família, nas brincadeiras e convivência com os amigos, em nossas investidas sociais e culturais não fazem 
parte do nosso processo de aprendizagem, e atribuímos à escola o papel mais relevante de nossa formação. 
O Programa Etnomatemática questiona e critica a proposta de currículo compartimentalizado em 
disciplinas e defende o trabalho com projetos. Desse modo, a realidade passa a fazer parte do currículo e 
questões reais passam a ser consideradas no processo pedagógico. Por exemplo, ao invés de resolver uma 
lista de exercícios com 20 questões relativas à aplicação da regra de três, a turma pode contribuir na constru-
ção da quadra de esportes que vai chegar para a escola. Ao invés de “fazer os gráficos das seguintes funções”, 
os estudantes podem fazer um estudo de consumo doméstico ou da própria escola relativo ao uso de energia 
elétrica, água, gás etc. Atentemos que a pandemia da Covid-19, apesar de ter afastado os estudantes das aulas 
presenciais, obrigou-os à interpretação de dados reais que se alteravam a cada momento, veiculados na mídia. 
10< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
Veja como a questão abaixo, retirada da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), pode mobilizar 
conhecimentos do currículo escolar, articulados a um contexto socioeconômico específico. Questões do 
tipo podem ser aprofundadas em sala de aula para além de seus aspectos cognitivos, principalmente se 
surgirem de situações reais, cujos problemas vivenciados (ou reconhecidos) sejam mobilizadores do desejo e 
do sentimento de necessidade discentes de resolvê-los ou de contribuir para sua resolução.
Figura 1 - Questão do Enem 2021.
Fonte: INEP (2021).
As pesquisas que tomam como referência o Programa Etnomatemática têm sinalizado a riqueza pedagógica 
nos diversos contextos socioculturais. No Módulo III, você poderá conhecer práticas pedagógicas orientadas 
pelo Programa Etnomatemática desenvolvidas no Brasil e no mundo. 
Nesse contexto, o Programa Etnomatemática assume também o princípio da transdisciplinaridade. 
11< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
Sugestão de leitura
Quer entender mais sobre o assunto? Que tal adquirir os livros:
- Transdisciplinaridade, da editora Palas Athena, de D’Am-
brosio?
- Rumo à Nova Transdisciplinaridade: Sistemas Abertos de 
Conhecimento, da editora Summus, de Pierre Weil, Ubira-
tan D’Ambrosio e Roberto Crema? 
De que modo a concepção transdisciplinar 
se desenvolveu com o Programa Etnomatemática? 
Ubiratan D’Ambrosio envolveu-se com questões 
maiores, mundiais, em defesa da paz, da justiça so-
cial e da sustentabilidade. Participou ativamente de 
várias ações nacionais e internacionais. Neste sen-
tido, a editora Palas Athena lhe prestou uma home-
nagem in memoriam publicando um dossiê de sua 
trajetória que você pode acessar em: https://www.
palasathena.org.br/ubiratan-dambrosio/. 
Como essas questões maiores se relacionam com o Programa Etnomatemática? O próprio D’Ambrosio 
esclarece essa relação no artigo Etnomatemática, justiça social e sustentabilidade, de 2018, que está disponível 
em: https://www.scielo.br/j/ea/a/FTmggx54SrNPL4FW9Mw8wqy/?lang=pt.
Saiba mais no e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis
Você sabia que, em 1995, D’Ambrosio participava da organização Conferências Pugwash sobre Ciência e 
Assuntos Mundiais, quando esta foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz? Leia o artigo Pugwash Council e Paz 
Mundial, escrito por D’Ambrosio, nas páginas 68 e 69 no e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis. Já ouviu falar do 
chamado Manifesto de Russell-Einstein, de 1955? Confira a tradução feita por D’Ambrosio, da página 70 a 73 no 
e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis.
12< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
De acordo D’Ambrosio (2002, p. 25) diz que: “é resultado de um longo processo cumulativo, compre-
endendo os estágios de geração, organização intelectual, organização social e difusão”. Este processo é 
dinâmico e sem fim. Obviamente, como as demais espécies, o ser (substantivo) humano busca a sobre-
vivência, mas, distintamente, também busca transcender. “Sobrevivência e transcendência constituem a 
essência do ser (verbo) humano” (D’AMBROSIO, 2005, p. 108).
D’Ambrosio (2009, p. 27) chama de comportamento a interação do indivíduo com a realidade, a ação, o 
fazer: “o comportamento é o substrato da ação comportamental [...] é a essência do estar vivo”. Desse entendi-
mento, ele sistematizou o “ciclo vital, no qual, a Realidade dá informações ao Indivíduo que as processa e define 
estratégias de Ação (conhecimento) e insere novos fatos na Realidade”, e que pode ser visto em várias de suas 
obras (D’AMBROSIO, 2013, p. 52). 
No e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis, vamos diretamente às páginas 60 e 61 para ver a explicação de 
D’Ambrosio sobre o esquema Ciclo Vital por ele desenhado? Observamos que a realidade, para ele, é o complexo 
dos fatos e fenômenos, alguns “produzidos pela natureza e por indivíduos, acessíveis a todos pelos sentidos e 
mais os fatos e fenômenos gerados por um indivíduo e acessíveis apenas ao indivíduo que os gerou” (D’AMBRO-
SIO, 2009, p. 61)
Diante do que vimos sobre o Programa Etnomatemática até agora, entendemos, com D’Ambrosio (2011a, 
p. 80) que a: “arrogância da certeza” veio como consequência da “crença na regularidade dos fenômenos e do 
comportamento”, que levou ao entendimento da ciência moderna “como o corpus de conhecimentos, explica-
ções e práticas que se desenvolveram a partir do século XVI nos países europeus” (p. 80). No entanto, quando 
buscamos “entender os fenômenos e o comportamento em toda sua complexidade [reconhecemos a] “incapa-
cidade de conhecimento total” [...] “humildade da busca” (D’AMBROSIO, 2011a, p. 81). 
Voltemos à página 60 do e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis e atentemos à seguinte afirmação de 
D’Ambrosio (2011a, p. 60): “matemáticas em todas as culturas e tempos são estratégias de observação e sele-
ção, comparação, classificação, ordenação, medição e quantificação, inferência” (p. 60). Nesse sentido, a palavra 
13< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
Etnomatemática expressa um conceito, considerando os três termos que a compõem: etno como distintos 
contextos, matema como entender, explicar, comparar, classificar… e tica como técnicas, artes, estratégias. 
Então, temos o conceito de Etnomatemática como um princípio importante do Programa Etnomate-
mática, haja vista que seus estudos se voltam para as ticas de matema em distintos etnos, nos vários tempos 
e espaços: Etno+Matema+Tica.
Coerentemente ao que vimos anteriormente, D’Ambrosio (2013) preocupava-se com o risco de uma 
proposta epistemológica limitar a Etnomatemática a uma explicação final. Como ele esclarece, conforme 
e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis (2020,p. 17), sua insistência na “denominação Programa Etnomatemá-
tica visa evidenciar que se trata de “entender a aventura da espécie humana na busca de conhecimento e na 
adoção de comportamentos”.
Nesse sentido, o esquema do Ciclo Vital, que representa um processo individual, incorporou outros 
entendimentos sobre o processo de geração, organização intelectual e social e difusão do conhecimen-
to, considerando a ação do poder, ampliando-se para o Ciclo do Conhecimento (grifo nosso). Concorda-
mos com D’Ambrosio (2013, p. 9) que: “é evidente a dimensão política da etnomatemática” (grifo nosso).
No e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis, vamos às páginas 74 a 76. Ao observarmos o esquema Ciclo 
do Conhecimento, na pág. 74, havemos de concordar que este ciclo é permanente, representa a própria 
vida em seu processo dinâmico e que deve ser considerado de forma integral. Uma síntese da dinâmica 
deste ciclo apresenta-se do seguinte modo:
a realidade [entorno natural e cultural] informa [estimula, impressiona] indivíduos e povos que em consequência 
geram conhecimento para explicar, entender, conviver com a realidade, e que é organizado intelectualmente, 
comunicado e socializado, compartilhado e organizado socialmente, e que é então expropriado pela estrutura 
de poder, institucionalizado como sistemas [normas, códigos], e mediante esquemas de transmissão e de 
difusão, é devolvido ao povo mediante filtros [sistemas] para sua sobrevivência e servidão ao poder (p. 74).
14< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
Conforme a dinâmica exposta, uma atenção especial é demandada a nós, educadores. É preciso muita 
criticidade ao conceber o planejamento e desenvolver o processo pedagógico para que não façamos do 
nosso trabalho mais um instrumento de servidão ao poder, oferecendo apenas o filtrado pelo poder para 
esta finalidade, e, consequentemente, negando aos estudantes uma perspectiva integral de formação, tam-
bém o pleno exercício da cidadania. 
Até aqui, vimos dois conceitos que não são próprios do Programa Etnomatemática - Transdisciplina-
ridade e Transculturalidade -, mas eles são princípios fundamentais deste programa. E vimos três conceitos 
que lhe são próprios e que foram considerados por Sousa (2016, p. 125) como conceitos essenciais: “o próprio 
nome do Programa, Etno+Matema+Tica, o Ciclo Vital e o Ciclo do Conhecimento [tendo em vista a] ênfase 
nos aspectos epistemológicos-cognitivos da Teoria Geral do Conhecimento” (p. 125). Para a autora: “a cons-
ciência da base biológica do Ciclo Vital, que é a base vital do Ciclo do Conhecimento, que é o núcleo firme do 
Programa de Pesquisa Etnomatemática, é a força para arriscarmos empreendimentos pedagógicos orientados por 
essa Teoria Geral do Conhecimento” (SOUSA, p. 252).
Nessa pesquisa, Programa Etnomatemática: interfaces e concepções e estratégias de difusão e populari-
zação de uma teoria geral do conhecimento, orientada por D’Ambrosio e Sousa (2016) explora possibilidades 
conceituais etnomatemáticas de interfaces entre a educação matemática e a educação em geral. Identifica 
vários conceitos, que podem ser considerados próprios do Programa, e os nomeia de conceitos-chave etno-
matemáticos. 
Nas obras analisadas, Etno+Matema+Tica, Ciclo Vital e Ciclo do Conhecimento foram os conceitos-cha-
ve que mais ocorreram, cujos entendimentos devem ser princípios para teorias e práticas fundamentadas 
e/ou orientadas pelo Programa Etnomatemática. Daí, como já vimos, ela os considera conceitos essenciais 
etnomatemáticos. No entanto, há muitos outros conceitos-chave que podem ser ditos etnomatemáticos e 
outros que servem de princípios ao Programa, a exemplo dos cinco, abaixo, que escolhemos para ilustrar/
representar o seu conjunto conceitual. 
15< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
Ética da diversidade
D’Ambrosio (2007, p. 18, grifos do autor) diz que: 
“devemos subordinar o sistema de valores a uma ética maior [...] que cruze culturas e que coloque priori-
dade na sustentação do triângulo da vida”. A ética da diversidade - ancorada em “respeito pelo outro com 
todas as suas diferenças; [...] solidariedade com o outro [...]; COOPERAÇÃO com o outro [...]” - conduz à 
paz, e atingi-la é o objetivo maior da Educação.
Literacia-materacia-tecnoracia
D’Ambrosio (2005, p. 118) traz uma definição bem ampla de currículo como “a estratégia da ação educa-
tiva”, baseado nos instrumentos socioculturais necessários à sobrevivência e transcendência - literacia, mate-
racia e tecnoracia - que representam, respectivamente os instrumentos comunicativos, analíticos e materiais. 
Ao introduzir esses conceitos e “propor uma nova conceituação de currículo”, ele acredita “estar respondendo 
às necessidades de uma civilização em mudança” (D’AMBROSIO, 2005 , p. 119). 
Dinâmica do Encontro (cultural) 
Ninguém vive só! Como já vimos, carregamos e compartilhamos conhecimentos, seguindo o Ciclo 
do Conhecimento, e também aspectos culturais. Na republicação de um artigo de 2003-2004, D’Ambrosio 
(2011b, p. 208) ressalta o processo de interação dinâmica em que há no encontro de indivíduos e grupos, a 
Dinâmica do Encontro, que, “na maioria dos casos, o resultado é a geração de novas formas culturais”. Ele 
considera duas fortes relações: as intraculturais, dentro de uma mesma cultura, e as interculturais, envolven-
do culturas distintas. Para ele, “nas relações intra e interculturais reside o potencial criativo da espécie [...] na 
diversidade cultural reside o potencial criativo da humanidade” (D’AMBROSIO, 2011b, p. 208). No entanto, nes-
16< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
ses encontros, ele alerta que o “resultado pode ser o predomínio de uma forma sobre outra, algumas 
vezes a substituição de uma forma por outra e mesmo a supressão e a eliminação total de alguma 
forma” (D’AMBROSIO, 2011b, p. 208).
Na perspectiva do Programa Etnomatemática, conhecimento é saber e fazer, tendo em vista que 
se faz o que se sabe e se sabe o que se faz. Isso é relevante, especialmente para nós, como brasileiros 
colonizados por europeus, para que não julguemos conhecimento apenas o acadêmico, o escolar, e 
utilizemos o termo “saber” para todos os demais, julgando-os de menor valor ou importância. D’Am-
brosio (2011b, p. 209) explica que essa distinção decorre da ciência moderna, que se impôs “como 
uma forma de conhecimento racional [...] e como o substrato de uma tecnologia eficiente e fascinan-
te”, quando se definiram “conceituações estruturadas e dicotômicas do saber [conhecimento] e do 
fazer [habilidades]”.
Para D’Ambrosio (2009b, p. 4), “o fenômeno da dinâmica cultural é fundamental”. Buscando rein-
terpretar a história da ciência, ele conclui que “como um organismo, as culturas estão em permanente 
transformação [...] sujeita a uma dinâmica muito complexa e constitui um dos temas mais intrigantes 
na moderna historiografia das ciências” (D’AMBROSIO, 2009b, p. 4). 
Educação para a Paz 
D’Ambrosio (2011b) expecta uma nova organização da sociedade, de Paz total, decorrente da 
Educação e de esforços para o avanço científico e tecnológico. Para ele, “só se justifica insistirmos em 
Educação para todos se for possível conseguir, através dela, melhor qualidade de vida e maior dig-
nidade da humanidade como um todo, preservando a diversidade, mas eliminando a desigualdade 
discriminatória” (D’AMBROSIO, 2011b, p. 204).
Sugestão de leitura
Quer conhecer uma leitura 
diferente da história da ciên-
cia a partir do encontro do 
Velho e do Novo Mundo no 
século XVI? Acesse o artigo 
de 2009, A dinâmica cultural 
no encontro do Velho e do 
Novo Mundo, de D’Ambro-
sio: http://www.ea-journal.
com/art/A-dinamica-cultu-
ral-no-encontro-Velho-No-
vo-Mundo.pdf
17< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
D’Ambrosio (2001, p. 16) reconhece que a nossa estrutura social atual impõe a necessidade e a 
conveniência “de ensinar aos dominados a língua, a matemática, a medicina, asleis do dominador [...]”. 
O que ele “questiona é a agressão à dignidade e à identidade cultural daqueles subordinados a essa 
estrutura”. 
Considerando quatro dimensões da Paz total - Paz Interior, Paz Social, Paz Ambiental e Paz Militar 
-, D’Ambrosio (2001, p. 1) entende que: “falar em humanidade é procurar atingir um estado de PAZ” 
(p. 1), que “depende essencialmente de cada indivíduo se conhecer e se integrar na sua sociedade, na 
humanidade, na natureza e no cosmos” (D’AMBROSIO, 2001, p. 4). 
Gaiolas Epistemológicas
Gaiolas epistemológicas é uma metáfora criada por D’Ambrosio para ilustrar a condição do co-
nhecimento no modelo disciplinar ainda adotado nas ciências, na escola. Ele explica que vê “as disci-
plinas como o habitat de conhecimento “engaiolado” pela sua fundamentação, por métodos espe-
cíficos para lidar com questões bem definidas e com código linguístico próprio, inacessível aos não 
iniciados” (D’AMBROSIO, 2016, p. 229). 
Embora julgue a organização disciplinar “insuficiente para a busca de novos conhecimen-
tos”, vale salientar que sua crítica reside no fechamento das gaiolas e na “submissão total aos pre-
ceitos, regras, objetivos, métodos rígidos das disciplinas”, pois reconhece, em D’Ambrosio (2016, p. 
229), que: “a metodologia de trabalho das disciplinas tem seus benefícios.. Esclarece que defende a 
abertura das portas das gaiolas, “para entrar e sair livremente. Essa liberdade tem como contrapartida 
bom senso e autenticidade”.
Sugestão de vídeo
Como D’Ambrosio se envol-
veu em ações para a Paz? 
Em 2021, no evento Ubiratan 
D’Ambrosio: pessoa, contri-
buições e memória, já men-
cionado, formou-se uma me-
sa-redonda, Educação para 
a Paz: o engajamento socio-
político transdisciplinar de 
Ubiratan D’Ambrosio”, com 
cinco de seus amigos, pes-
quisadores e empreendedores 
de ações para a Paz. Assista a 
essa emocionante mesa-re-
donda, no canal do YouTube 
VEm Brasil - EtnoMatemaTi-
cas Brasis: https://youtu.be/
laDNQhW8LQ0.
18< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
Como vimos nesta seção, a adoção do Programa Etnomatemática como orientação para a pes-
quisa e prática - pedagógica e sociocultural - implica a adoção de princípios que ainda representam 
resistências na academia, na escola, na sociedade, como a transdisciplinaridade e a transculturalidade. 
Obviamente, esses princípios, também suas resistências, se refletem no conjunto conceitual que sus-
tenta o seu caráter de epistemologia geral.
Assim, é impossível a adoção de Etnomatemática se não a vemos como Etno+Matema+Tica, ou 
seja, como conhecimento em geral e não apenas como conhecimento matemático. Dessa visão é 
que podemos conceber a disciplina matemática como uma etnomatemática, cujo etno é a academia, 
a escola. 
Além disso, podemos também conceber que todas as técnicas/artes/habilidades de lidar/en-
tender/explicar… nos seus distintos contextos socioculturais, utilizadas pelos seres humanos para a 
sua sobrevivência e transcendência, são importantes. Isso inviabiliza o desculpar-se de quem faz ou 
pesquisa educação pela ingenuidade ou desatenção às ações do poder sobre todo o corpus de co-
nhecimento, alimentando um trabalho pedagógico de formação de cidadãos para a subserviência e 
negando o acesso amplo aos instrumentos socioculturais vigentes, que representam o trivium litera-
cia-materacia-tecnoracia. 
Enfim, adotar o Programa Etnomatemática como orientação requer do pesquisador e do educa-
dor coragem e determinação para ver e ir além, ampliando seus objetivos para questões maiores de 
cada ser humano e da humanidade, como justiça social, ética da diversidade e paz total. 
Sugestão de leitura
Como passear no viveiro e 
possibilitar a liberdade das 
gaiolas epistemológicas? Leia 
o texto completo de D’Am-
brosio (2016), A Metáfora das 
Gaiolas Epistemológicas e 
uma Proposta Educacional, 
acessando: https://periodi-
cos.ufms.br/index.php/ped-
mat/article/view/2872/2234.
19< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
1.2 Ubiratan D’Ambrosio e o Programa Etnomatemática 
 Qual a importância do pensamento d’ambrosiano?
 Por que o Programa Etnomatemática de D’Ambrosio se expandiu tanto?
Figura 2 - Ubiratan D’Ambrosio 
Fonte: Amaro fotografia; Grupo de Amigos do
Ubi (2016).
Como já vimos no tópico anterior, Ubiratan D’Ambrosio 
foi o proponente do Programa Etnomatemática, organizando-o 
intelectualmente como um programa de pesquisa e como uma 
epistemologia geral, isto é, uma teoria geral do conhecimento. 
Ubiratan, filho de Nicolau e Albertina D’Ambrosio, nasceu 
em 08 de dezembro de 1932, na cidade de São Paulo. Nessa 
cidade, cursou a educação básica e superior, formando-se em 
Matemática (Bacharelado e Licenciatura). Entre 1958 e 1963, 
realizou doutorado em Ciências Matemáticas na Escola de En-
genharia de São Carlos, da USP. Em julho de 1958, casou-se 
com Maria José Janinni Silva, com quem teve os filhos Bea-
triz Silva D’Ambrosio (1960–2015) e Alexandre Silva D’Ambrosio 
(1962–) (NOBRE, 2021).
Na década de 1960, mudou-se com a família para os Es-
tados Unidos, para realizar seu pós-doutorado na Universida-
de de Brown. Nesse país, permaneceram por quase dez anos, 
atuando como professor em diferentes universidades. Tal ex-
periência lhe permitiu o contato com diferentes sistemas de 
conhecimento, dentre eles, o de Bamako, capital do Mali, fun-
damental para a estruturação da proposta que aqui discutimos. 
Em 1972, retornam ao Brasil.
20< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
No e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis, conferimos algumas in-
formações sobre sua atuação profissional do Brasil:
D’Ambrosio lecionou no programa de História da Ciência da Pon-
tifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), sendo professor 
credenciado no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Edu-
cação da Universidade de São Paulo (USP); professor do Programa 
de Pós-Graduação em Educação Matemática do Instituto de Geo-
ciências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista Júlio 
de Mesquita Filho (UNESP). [...] Professor do Programa de Pós-gra-
duação em Educação Matemática da Universidade Anhanguera 
(UNIAN) em São Paulo (E-ALMANAQUE, 2021, p. 44). 
Seus estudos partiram da matemática e se desenvolveram para 
o reconhecimento de suas relações com a história, a antropologia, a 
filosofia, as ciências cognitivas, dentre outras. Em decorrência, des-
tacou evidências do sociocultural dessas relações no conhecimento 
matemático e as implicações pedagógicas, também sociais, ambien-
tais e políticas. Desse modo, o Programa Etnomatemática expandiu-se 
mundialmente como teoria de fundamentação de pesquisas das mais 
diversas áreas e contextos.
Acompanhe um pouco dessa história na HQ ao lado. 
Ubiratan D’Ambrosio faleceu aos 88 anos, em maio de 2021. Deixou 
como legado uma comunidade de pesquisadores e educadores, em to-
dos os cantos do mundo, nos assumimos como etnomatemáticos e atu-
amos sob a orientação teórica do Programa Etnomatemática. Como tal, 
independentemente da concepção adotada, da área de conhecimento e 
do contexto de nossa atuação, multiplicamos, defendemos e ampliamos 
sua proposta de uma educação para a paz.
Fonte: e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis (2020, p. 161). 
21< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
Neste módulo, vimos o Programa Etnomatemática e refletimos acerca da possibilidade de utilizar seus 
princípios e aspectos epistemológicos em nossas pesquisas e práticas pedagógicas. 
Este programa de pesquisa de caráter transcultural e transdisciplinar considera o conhecimento a partir 
de uma relação vital e continuamente dinâmica do indivíduo com a realidade - o Ciclo Vital. Este se insere 
em uma relação sociocultural, decorrente da comunicação, e política, decorrente da ação do poder na ins-
titucionalização e difusão dos filtrados de conhecimento que garantam a sua manutenção e a subserviência 
do povo a ele - o Ciclo do Conhecimento.Além disso, a palavra EtnoMatemáTica compõe-se de três termos 
que a conceituam como uma teoria geral do conhecimento: artes, técnicas, modos, habilidades… (ticas) de 
compreender, explicar, lidar com ... (matema) nos diversos e distintos contextos (etnos). 
O pesquisador e o educador que desejem orientar etnomatematicamente seus estudos e/ou práticas de-
vem atentar, dentre outros, à importância: da ética da diversidade; de um currículo cujos projetos considerem 
instrumentos socioculturais comunicativos (literacia), analíticos (materacia) e materiais (tecnoracia); de dialo-
gar e conviver com outros das outras áreas, outros interesses, buscando o não aprisionamento em uma gaiola 
epistemológica; da educação integral, da educação para a sustentabilidade, para a justiça social e para a paz. 
Obviamente, devem atentar, também, às responsabilidades e às lutas imbuídas desses objetos investigativos e 
intencionalidades pedagógicas.
O organizador intelectual do Programa Etnomatemática foi o pensador, pesquisador e educador brasi-
leiro, Ubiratan D’Ambrosio (1932-2021), que difundiu bem suas ideias e atuou dentro e fora de várias “gaiolas 
epistemológicas’’. Hoje, etnomatemática é reconhecida mundialmente como referência para diversas áreas de 
conhecimento e manifestações socioculturais e políticas. 
22< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
Visão eurocêntrica - visão/interpretação de conhecimento, de comportamento, de mundo e de ser humano 
que tem como centro, como padrão, a Europa, os europeus e sua cultura.
Transculturalidade - qualidade do que é transcultural, isto é, que vai além de uma cultura específica ou de 
várias culturas, que envolve ou que atravessa e transcende culturas.
Transdisciplinaridade - qualidade do que é transdisciplinar, isto é, que vai além de uma disciplina específica 
ou de várias disciplinas, que envolve ou que atravessa e transcende disciplinas.
23< VOLTAR AO SUMÁRIO Introdução à Etnomatemática
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em: http://www.ea-journal.com/art/A-dinamica-cultural-no-encontro-Velho-Novo-Mundo.pdf. Acesso em: 5 mar. 2022.
D’AMBROSIO, Ubiratan. A Metáfora das Gaiolas Epistemológicas e uma Proposta Educacional. Perspectivas da Edu-
cação Matemática, v. 9, n. 20, p. 222-234, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/pedmat/article/
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