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Principais vias de metabolização de compostos no fígado. APRESENTAÇÃO O fígado é um órgão central para a manutenção da homeostasia do organismo. Ele participa do metabolismo energético de carboidratos, lipídeos e aminoácidos, auxilia expressivamente na manutenção de níveis glicêmicos apropriados e é o principal responsável pela destoxificação do corpo. O fígado produz ácidos biliares, apresentando, assim, funções digestivas e é crucial para a hemostasia. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá identificar as principais vias metabólicas executadas nos hepatócitos. Também irá revisar as principais funções hepáticas que auxilia na manutenção da homeostase e entenderá como o fígado ajuda na eliminação de substâncias tóxicas do organismo. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as principais vias metabólicas hepáticas.• Diferenciar as principais vias metabólicas anabólicas e catabólicas, assim como seus objetivos. • Reconhecer as vias metabólicas hepáticas associadas ao metabolismo de fármacos.• DESAFIO Você sabia que o fígado é o maior órgão interno do corpo humano? Ele pode pesar até 1,5 kg em um indivíduo adulto. O fígado está localizado logo abaixo do diafragma, no lado direito do corpo. Ele se localiza estrategicamente no sistema circulatório, sendo perfundido por ramos da artéria hepática e da veia porta. É o órgão conhecido como "Usina do Corpo". Acompanhe o caso a seguir e veja um exemplo de biotransformação hepática: qual a relação da sobredosagem de paracetamol e do processo de biotransformação hepática com o diagnóstico de intoxicação exposto no quadro clínico. b) Qual a relação entre a intoxicação por paracetamol e os resultados laboratoriais apresentados? c) Por que a N-acetilcisteína foi utilizada como tratamento nesse quadro de intoxicação medicamentosa? INFOGRÁFICO O fígado é o principal órgão responsável pela biotransformação de xenobióticos. Nos hepatócitos, os fármacos e outras substâncias químicas estranhas ao organismo são submetidos a diferentes reações químicas que compõem a biotransformação. Por meio da biotransformação, essas moléculas tornam-se mais hidrofílicas, o que facilita a sua eliminação. Além disso, a biotransformação normalmente reduz a atividade dos xenobióticos. Neste Infográfico, você poderá aprender um pouquinho mais sobre como ocorrem as reações hepáticas de biotransformação. CONTEÚDO DO LIVRO O fígado é um órgão central no que se refere ao metabolismo energético de carboidratos, lipídeos e carboidratos. Ele realiza o metabolismo dessas moléculas e disponibiliza os nutrientes para os demais órgãos do organismo de acordo com a demanda energética. O fígado também é responsável pela eliminação de diferentes substâncias tóxicas ou estranhas ao organismo. Esse órgão apresenta funções digestivas e de hemostasia. No capítulo Principais vias de metabolização de compostos no fígado, da obra Bioquímica aplicada, você poderá identificar as principais vias metabólicas executadas no fígado. Você também compreenderá como ele auxilia na eliminação das substâncias estranhas ao organismo. Boa leitura. BIOQUÍMICA APLICADA Débora Guerini de Souza Principais vias de metabolização de compostos no fígado Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as principais vias metabólicas hepáticas. Diferenciar as principais vias metabólicas anabólicas e catabólicas e seus objetivos. Reconhecer as vias metabólicas hepáticas associadas ao metabolismo de fármacos. Introdução O fígado exerce diferentes funções que são cruciais para a homeostasia do nosso organismo. Ele apresenta um papel central no que se refere ao metabolismo energético, executando diferentes vias catabólicas e anabó- licas. O fígado também é responsável pela produção de sais biliares e é essencial para o metabolismo e a eliminação das bilirrubinas. Esse órgão também contribui para a eliminação de substâncias estranhas ao nosso organismo, por meio do processo conhecido como biotransformação. O fígado também sintetiza a maior parte das proteínas sanguíneas, assim como fatores de coagulação, sendo essencial também para a hemostasia. Neste capítulo, você vai identificar as principais funções do fígado, conhecer as principais vias metabólicas executadas no fígado e, também, compreender como esse órgão participa da eliminação de substâncias estranhas do nosso organismo. Fígado: órgão essencial para a homeostase metabólica O fígado é o maior órgão interno do corpo humano, podendo pesar até 1,5 kg em um indivíduo adulto. Ele desempenha diferentes funções, que são vitais para a manutenção da homeostase do nosso organismo. O fígado apresenta funções digestivas, armazena diferentes substâncias como vitaminas e ferro, realiza a síntese de várias proteínas e fatores de coagulação e é essencial para o estado bioquímico do organismo. Ele é extremamente importante para o me- tabolismo dos carboidratos, dos lipídeos e das proteínas. Além disso, o fígado participa da desintoxicação sanguínea. Ele metaboliza e inativa substâncias estranhas ao organismo, chamadas xenobióticos, facilitando a sua excreção (BARRETT, 2016). O fígado está localizado logo abaixo do diafragma, no lado direito do corpo. Ele se localiza estrategicamente no sistema circulatório, sendo perfundido por ramos da artéria hepática e da veia porta (BARRETT, 2016). A veia porta hepática drena o sangue do estômago, dos intestinos delgado e grosso, além do baço. Dessa forma, o fígado recebe os nutrientes que são absorvidos da dieta pelos órgãos do trato gastrintestinal e realiza seu metabolismo, armazenamento ou liberação para circulação sistêmica, de acordo com o estado metabólico do organismo (AIRES, 2018). A maior parte dessas funções hepáticas são realizadas pelos hepatócitos. Os hepatócitos são o principal tipo celular que compõe a estrutura hepática, representando cerca de 80% das células que formam o órgão. A estrutura do fígado Os hepatócitos são células poligonais, polarizadas, que apresentam membrana apical e basolateral. As membranas apicais formam sulcos, chamados canalículos, entre os hepatócitos adjacentes. É por meio dos canalículos que os hepatócitos secretam a bile. Enquanto isso, as membranas basolaterais estão voltadas para os espaços intersticiais, apresentando contato com o endotélio fenestrado dos sinusoi- des (capilares) hepáticos (AIRES, 2018). Os hepatócitos se organizam em estruturas hexagonais, chamadas lóbulos. A periferia de cada lóbulo apresenta ramos da veia porta e da artéria hepática. Enquanto isso, o seu centro exibe uma veia central, que drena o sangue para a veia hepática. Nos lóbulos, os canalículos biliares se unem, Principais vias de metabolização de compostos no fígado2 O fígado apresenta função central no que se refere ao metabolismo do orga- nismo. Ele executa vias metabólicas de diferentes macromoléculas, enviando os nutrientes apropriados para cada órgão, por meio da corrente circulatória. Durante o período absortivo, ou pós-prandial, o fígado recebe o sangue da veia porta, rico em carboidratos, lipídeos e aminoácidos. Os hepatócitos então realizam o metabolismo dessas moléculas, como também o seu armazena- mento ou seu envio para outros órgãos. No período pós-absortivo, ou jejum, o fígado executa diferentes vias catabólicas a fim de degradar macromoléculas e fornecer nutrientes para os demais tecidos do organismo. Essas funções são coordenadas, principalmente, pelos hormônios pancreáticos insulina e glucagon (HARVEY; FERRIER, 2012). Vamos identificar, agora, quais as principais vias metabólicas que envolvem as moléculas energéticas — carboidratos, lipídeos e aminoácidos — e que são executadas no fígado. Metabolismo hepático dos carboidratos O fígado é o órgão responsável por realizar a manutenção de níveis apropria- dos da glicemia,retirando ou liberando a glicose para o sangue. Ele executa diferentes vias metabólicas com esse propósito, em resposta aos hormônios insulina, glucagon e adrenalina. originando os ductos biliares, que percorrem a estrutura hepática junto com a veia porta (SILVERTHORN, 2017). Observe a Figura 1. Figura 1. Estrutura do fígado. Fonte: Silverthorn (2017, p. 677). 3Principais vias de metabolização de compostos no fígado No período pós-prandial, os monossacarídeos glicose, galactose e frutose chegam até o fígado por meio dos ramos da veia porta. Os hepatócitos exibem, em sua membrana, o transportador de glicose GLUT2, que não é dependente de insulina. Ao entrar nessas células, a glicose é rapidamente fosforilada pela enzima hexoquinase, originando a glicose-6-fosfato. Essa reação impede que a glicose deixe as células hepáticas. Por meio da regulação hormonal, o fígado pode direcionar a glicose-6-fosfato para diferentes vias metabólicas, de acordo com as necessidades energéticas e com a demanda de glicose (VOET; VOET, 2013). Via glicolítica: os hepatócitos podem direcionar a glicose-6-fosfato para a via glicolítica a fim de produzir energia ou acetil-CoA. A via glicolítica, também denominada glicólise, é uma via formada por 10 reações químicas que leva à conversão da glicose em duas moléculas de piruvato. A via glicolítica apresenta um rendimento de duas moléculas de ATP e duas moléculas da coen- zima reduzida NADH (PINTO, 2017). O piruvato formado nessa via pode ser convertido em acetil-CoA, pelo complexo enzimático piruvato-desidrogenase. A acetil-CoA é utilizada para a produção de mais moléculas de ATP, por meio do ciclo do ácido cítrico e da fosforilação oxidativa. Contudo, a maior parte da acetil-CoA gerada a partir da glicose acaba sendo utilizada pelos hepatócitos para a biossíntese de ácidos graxos (lipogênese) e de colesterol. Os ácidos graxos produzidos são integrados em triacilgliceróis e direcionados para armazenamento, principalmente no tecido adiposo, ou, então, integrados em fosfolipídeos (VOET; VOET, 2013; NELSON; CPX, 2014). Glicogênese: mediante o acúmulo de glicose-6-fosfato, os hepatócitos podem armazenar a glicose na forma de glicogênio hepático. A glicogênese é a via anabólica em que a glicose é polimerizada em glicogênio. A glicogênese também ocorre nos músculos. Contudo, é o glicogênio armazenado no fígado que é utilizado para a manutenção da glicemia no jejum. A glicogênese tem como enzima principal a glicogênio sintase. Essa enzima é responsável por catalisar a reação de elongamento do glicogênio, por meio da adição de glicose à sua estrutura. A insulina é o principal hormônio que aumenta a atividade dessa enzima e, consequentemente, da glicogênese (PINTO, 2017). Via das pentoses fosfato: quando a demanda sanguínea por glicose é reduzida, a glicose hepática também pode ser utilizada, alternativamente, na via das pentoses fosfato. Essa via também conduz à oxidação da glicose, tendo como produtos ribose-5-fosfato, NADPH e CO2. A coenzima reduzida NADPH é um importante substrato para vias metabólicas de biossíntese de lipídeos, como ácidos graxos e colesterol. A ribose é um monossacarídeo em- pregado para a produção de nucleotídeos e, posteriormente, de ácidos nucleicos Principais vias de metabolização de compostos no fígado4 (PINTO, 2017). O NADPH também é um cofator muito importante para as vias metabólicas hepáticas de biotransformação de xenobióticos (NELSON; COX, 2014). Conversão de outros monossacarídeos provenientes da dieta em glicose: além da glicose, a galactose, a frutose e a manose também são absorvidas pelas células intestinais. Por meio de diferentes enzimas, os hepatócitos con- vertem esses monossacarídeos em intermediários da via glicolítica, como a glicose-6-fosfato. Como citado anteriormente, as vias acima ocorrem principalmente no período pós-prandial. Essas vias são estimuladas, majoritariamente, pelo hormônio insulina. Nesse estado metabólico, a secreção do hormônio pancre- ático insulina é aumentada e ela estimula, principalmente, reações anabólicas. Quando a concentração da glicose sanguínea tem seus níveis reduzidos (aproximadamente 80 mg/dL), os hepatócitos liberam glicose para o sangue. Para isso, eles realizam a desfosforilação da glicose-6-fosfato pela enzima glicose-6-fosfatase, gerando glicose livre, que consegue permear a membrana e alcançar a corrente sanguínea (NELSON; COX, 2014). No estado pós-absortivo, a glicose liberada pelo fígado é formada a partir de duas vias: glicogenólise e gliconeogênese. Glicogenólise: o fígado apresenta uma grande reserva de glicogênio, que corresponde a cerca de 7% da massa do órgão. O glicogênio é uma reserva de energia que pode ser rapidamente mobilizada. Portanto, no jejum, ou nos intervalos entre refeições, o glicogênio hepático é degradado para que a glicemia sanguínea seja mantida em níveis adequados. A via metabólica que conduz o catabolismo do glicogênio é denominada glicogenólise. A glico- genólise é uma via de fosforólise, em que a quebra do glicogênio ocorre por meio da inserção de grupos fosfatos, sendo o seu produto a glicose-6-fosfato. A glicogênio-fosforilase é a enzima-chave da glicogenólise. Ela é responsável pelo encurtamento da molécula de glicogênio. O glucagon e a adrenalina são hormônios que ativam essa via catabólica (PINTO, 2017). Gliconeogênese: a gliconeogênese é a via metabólica que conduz à forma- ção de glicose a partir de precursores não glicídicos. Essa via está ativada em períodos de jejum prolongado, sendo estimulada, principalmente, pelo hormônio glucagon. Em períodos de jejum, o fígado realiza glicogenólise a fim de liberar glicose para a corrente sanguínea e manter a sua glicemia em níveis apropria- dos. Contudo, se o jejum se prolonga por mais de 8 a 14 horas, os estoques de glicogênio hepáticos acabam se exaurindo. Nessa situação, a glicose é gerada pela gliconeogênese. A síntese de novo (síntese endógena) de glicose ocorre a partir de aminoácidos, glicerol, lactato e piruvato (PINTO, 2017). 5Principais vias de metabolização de compostos no fígado Metabolismo hepático dos lipídeos O fígado executa tanto vias de biossíntese de lipídeos como também vias de degradação deles. Os ácidos graxos que chegam até os hepatócitos podem ser utilizados em diferentes vias metabólicas, de acordo com o momento energético do organismo: β-oxidação: é a via catabólica que realiza a oxidação dos ácidos graxos até o intermediário acetil-CoA. Essa via ocorre na matriz mitocondrial e é formada por quatro reações enzimáticas. Ao final de cada ciclo da β-oxidação, o ácido graxo é encurtado em duas moléculas de carbono e a acetil-CoA é formada. Além disso, há a formação de uma molécula de NADH e uma molécula de FADH2. A acetil-CoA formada pela β-oxidação pode ser totalmente oxidada, por meio do ciclo do ácido cítrico e da fosforilação oxidativa, gerando mais energia. A β-oxidação está ativada, principalmente, no jejum e é estimulada pelo hormônio glucagon. Em situações de estresse, a adrenalina é secretada. Esse hormônio estimula a mobilização de triacilgliceróis do tecido adiposo. Por meio da degradação dos triacilgliceróis, ácidos graxos são disponibilizados para a β-oxidação. Síntese de corpos cetônicos: no jejum prolongado ou, então, em indi- víduos com diabetes melito, a β-oxidação predomina em relação às demais vias para obtenção de energia. Nessas situações, uma alta quantidade de acetil-CoA é produzida. A acetil-CoA é, então, destinada ao ciclo do ácido cítrico e também à cetogênese. A cetogênese é uma via que ocorre no fígado e que converte a acetil-CoA em acetona, acetoacetato ou β-hidroxibutirato, moléculas denominadas corpos cetônicos. Os corpos cetônicos são utiliza- dos como combustíveis energéticos em diferentes tecidos e órgãos, como músculos cardíaco e esquelético e, também, o cérebro. A cetogênese ocorre na matriz mitocondrial, por meio de três reações enzimáticas. Nessa via,a acetil-CoA é metabolizada em acetoacetato, que então pode ser convertido em β-hidroxibutirato ou acetona. A acetona é excretada por meio da urina ou exalada. Enquanto isso, o acetoacetato e o β-hidroxibutirato são liberados no sangue e são captados por tecidos periféricos, sendo convertidos novamente em acetil-CoA e utilizados para a síntese de ATP. A cetogênese é principalmente estimulada pelo hormônio glucagon (VOET; VOET, 2013; PINTO, 2017). O fígado também pode utilizar a acetil-CoA gerada a partir da degradação de ácidos graxos para a biossíntese de colesterol. Biossíntese de colesterol: a biossíntese de colesterol ocorre principalmente no fígado. Ela ocorre por meio de quatro etapas e tem como substrato a acetil- -CoA. A acetil-CoA utilizada para a biossíntese de colesterol é gerada a partir Principais vias de metabolização de compostos no fígado6 da oxidação de ácidos graxos, como também a partir da oxidação da glicose. Os hepatócitos incorporam uma pequena fração do colesterol produzido às suas membranas e exportam o restante para outros órgãos e tecidos, por meio de lipoproteínas plasmáticas. O fígado também utiliza parte do colesterol que produz para a produção dos ácidos biliares e seus sais, que são bastante importantes para a digestão das gorduras (NELSON; COX, 2014). Quando não há demanda energética a partir dos ácidos graxos, os hepató- citos podem incorporá-los em triacilgliceróis, que são armazenados principal- mente no tecido adiposo. Os triacilgliceróis são formados pela esterificação de três ácidos graxos à molécula de glicerol. Após sua produção, os triacilgliceróis são transportados até o tecido adiposo por proteínas plasmáticas. A síntese e o armazenamento de triacilgliceróis são processos coordenados principalmente pelo hormônio insulina (NELSON; COX, 2014). Quando os corpos cetônicos são produzidos em altas quantidades, eles podem se acumular e levar ao quadro chamado cetoacidose. Esse quadro ocorre, principalmente, em pacientes com diabetes descompensado. Tais indivíduos produzem pouco ATP a partir da glicose. Assim, a β-oxidação representa a principal forma de produção energética, o que resulta em uma alta produção de acetil-CoA. A acetil-CoA é dire- cionada ao ciclo do ácido cítrico. Contudo, em função das quantidades limitadas de oxaloacetato (substrato da primeira reação do ciclo) nas mitocôndrias, essa via acaba tendo sua velocidade limitada. Assim, a acetil-CoA em excesso é desviada para a produção de corpos cetônicos. Os corpos cetônicos apresentam um caráter ácido. O seu acúmulo pode suplantar a capacidade tamponante do sangue, ocasionando a redução do pH sanguíneo. A acidose metabólica ocasionada pelo excesso de corpos cetônicos é denomina cetoacidose (NELSON; COX, 2014). Metabolismo hepático dos aminoácidos Quando chegam ao fígado, os aminoácidos são utilizados em diferentes vias metabólicas. O fígado pode degradar os aminoácidos em diferentes tipos de intermediários metabólitos, como também pode utilizá-los para a síntese de proteínas. Além disso, o fígado executa vias metabólicas de biossíntese de aminoácidos. Os aminoácidos podem ser empregados para a produção de proteínas e também para a biossíntese de nucleotídeos, hormônios e outras moléculas nitrogenadas (NELSON; COX, 2014). 7Principais vias de metabolização de compostos no fígado Biossíntese de aminoácidos: o fígado é capaz de sintetizar todos os ami- noácidos chamados não essenciais. Os hepatócitos realizam a biossíntese dos aminoácidos utilizando intermediários da via glicolítica, do ciclo do ácido cítrico ou da via das pentoses fosfato. Biossíntese de nucleotídeos a partir de aminoácidos: os aminoácidos disponíveis nos hepatócitos também podem ser utilizados para a biossíntese de nucleotídeos. A síntese de novo dos nucleotídeos ocorre a partir dos pre- cursores: aminoácidos, ribose-5-fosfato, CO2 e NH3 (NELSON; COX, 2014). Biossíntese de proteínas: as proteínas e enzimas presentes nos hepatócitos apresentam uma alta taxa de renovação. Assim, o fígado repõe constantemente as suas proteínas. Além de conduzir a síntese das suas próprias proteínas, o fígado é o órgão que produz praticamente todas as proteínas presentes no sangue. A biossíntese proteica ocorre, principalmente, no período pós-prandial, sendo estimulada pelo hormônio insulina (NELSON; COX, 2014). No período pós-prandial, a quantidade de aminoácidos que chega até o fígado frequentemente supera a necessidade de biossíntese proteica ou produção de outras moléculas nitrogenadas. Assim, quando em excesso, o fígado libera os aminoácidos para outros tecidos realizarem síntese proteica ou, então, os degrada. A degradação dos aminoácidos também ocorre durante o jejum prolongado e no diabetes melito não controlado. Nesses quadros, os carboidratos já foram consumidos ou não conseguem ser utilizados e, então, o fígado também passa a utilizar os aminoácidos como fonte energética. Degradação de aminoácidos e ciclo da ureia: a maior parte dos amino- ácidos é catabolizada no fígado. Todos os aminoácidos, quando degradados, perdem seu grupamento amino. O esqueleto carbônico dos aminoácidos pode ser convertido em intermediários do ciclo do ácido cítrico. Quando seguem essa via, eles são totalmente degradados até CO2 e suas coenzimas seguem para a cadeia respiratória e fosforilação oxidativa. Além disso, os esqueletos carbônicos dos aminoácidos podem ser utilizados como substra- tos para a síntese de glicose, na gliconeogênese. Enquanto isso, os grupos aminos extraídos dos aminoácidos podem ser utilizados em algumas vias biossintéticas ou, quando não necessários, são eliminados. O grupo amino é liberado dos aminoácidos para gerar amônia (–NH4). A amônia é bastante tóxica para os tecidos animais. Esse composto passa facilmente pela barreira hematoencefálica, atingindo o cérebro, podendo causar perda de neurônios, alteração das sinapses e alterações no metabolismo energético. Assim, o fígado é responsável por converter a amônia em ureia, um metabólito com menor toxicidade, por meio da via metabólica denominada ciclo da ureia. Principais vias de metabolização de compostos no fígado8 O ciclo da ureia ocorre na matriz mitocondrial e no citosol dos hepatócitos, sendo formado por cinco reações enzimáticas. A ureia formada por essa via metabólica é excretada pela urina (NELSON; COX, 2014). Observe o Quadro 1 a seguir. Via metabólica Substrato Produto V ia s an ab ól ic as Glicogênese Glicose Glicogênio Gliconeogênese Glicerol ou aminoácidos ou lactato ou piruvato Glicose Biossíntese de ácidos graxos Acetil-CoA Ácido graxo Biossíntese de lipídeos Acetil-CoA Colesterol B iossíntese de triacilgliceróis Ácidos graxos + glicerol Triacilglicerol Biossíntese de nucleotídeos Aminoácidos + ribose- 5-fosfato + CO2 Nucleotídeo Biossíntese de aminoácidos Esqueleto carbônico + NH2 Aminoácido Biossíntese de proteínas Aminoácidos Proteína Cetogênese Acetil-CoA Acetoacetato, β-hidroxibutirato, acetona Ciclo da ureia NH4 Ureia V ia s ca ta bó lic as Via glicolítica Glicose Piruvato Glicogenólise Glicogênio Glicose Beta-oxidação Ácido graxo Acetil-CoA Proteólise Proteínas Aminoácidos Degradação de aminoácidos Aminoácidos Esqueleto carbônico + NH4 Quadro 1. Principais vias anabólicas e catabólicas realizadas no fígado 9Principais vias de metabolização de compostos no fígado Funções digestivas, excretoras e de hemostasia Além de apresentar uma função central no que se refere ao metabolismo energético, o fígado também é local de execução de outras vias metabólicas, que conduzem à formação de elementos que auxiliam a hemostasia, defesa, digestão ou, então, eliminação de moléculas. O fígado é responsável por sintetizar a bile, um componente bastante importante para a digestão de gorduras. A bile é uma mistura aquosa, formada por diferentes moléculas orgânicas e inorgânicas, sendo a fos- fatidilcolina e os sais biliares os seus componentes maisimportantes. Os sais biliares são moléculas anfifílicas, isto é, apresentam “face polar” e “face apolar”. Eles são bastante importantes para a solubilização dos lipídeos provenientes da dieta. Com os sais biliares, os lipídeos são mais facilmente absorvidos no intestino e, também, ficam mais suscetíveis à ação das enzimas lipases. Os hepatócitos sintetizam os sais biliares utilizando o colesterol como substrato, por meio de várias reações enzimáticas, que ocorrem em diferentes organelas celulares (BERG; TYMOCZKO; STRYER, 2015). Nessas reações, grupos hidroxilas (–OH) são introduzidos em di- ferentes pontos da molécula de colesterol. Ainda, átomos de carbono de sua cadeia lateral são retirados e um grupo ácido carboxílico (–COOH) é inserido. Os produtos mais comuns dessas reações são os ácidos biliares primários: ácido cólico e ácido quenodesoxicólico. Esses ácidos biliares são conjugados com glicina ou taurina, formando os ácidos glicocólico, glicoquenodesoxicólico, taurocólico e tauroquenodesoxicólico. Esses ácidos biliares conjugados ionizam em pH fisiológico e, em função disso, são chamados sais biliares (Figura 2). O fígado secreta esses sais biliares na bile, que é então liberada no duodeno ou armazenada na vesícula biliar (HARVEY; FERRIER, 2012). Principais vias de metabolização de compostos no fígado10 Figura 2. Estrutura do colesterol e dos sais biliares. Fonte: Adaptada de Harvey e Ferrier (2012, p. 220/225). 11Principais vias de metabolização de compostos no fígado O fígado também realiza o metabolismo e a excreção das bilirrubinas. A bilirrubina é formada a partir da degradação da proteína hemoglobina. Quando as hemácias são renovadas, o grupamento prostético da hemoglobina, o heme, é degradado nas células reticuloendoteliais, formando a biliverdina. A biliverdina é reduzida pela enzima biliverdina-redutase, gerando a bilirrubina (Figura 3). Figura 3. Formação da bilirrubina. Fonte: Adaptada de Nelson e Cox (2014, p. 907). Após sua produção, a bilirrubina (não conjugada) é transportada até o fígado pela albumina. A bilirrubina então entra nos hepatócitos por difusão facilitada e se liga às proteínas intracelulares. Já no fígado, a bilirrubina é conjugada ao cofator ácido glicurônico pela enzima bilirrubina-glicuronil-transferase microsso- mal, formando diglicuronato de bilirrubina (HARVEY; FERRIER, 2012). Essas moléculas apresentam uma maior hidrossolubilidade do que a bilirrubina não Principais vias de metabolização de compostos no fígado12 conjugada, o que facilita a sua excreção. Após produzidas, elas são secretadas pelos hepatócitos nos canalículos biliares e, então, são excretadas do organismo pela bile (BARRETT et al., 2015). A bilirrubina não conjugada apresenta maior dificuldade para ser excretada, em razão do seu caráter mais lipofílico e, via de regra, não é secretada. O acúmulo de bilirrubinas no sangue leva ao quadro chamado icterícia, caracterizado pela cor amarelada da pele, do leito ungueal e da esclera. O acúmulo de bilirrubinas na corrente sanguínea pode ter várias causas, dentre elas a redução da atividade hepática por lesão dos hepatócitos (HARVEY; FERRIER, 2012). Outra função bastante importante do fígado é a hemostasia. Com ex- ceção das imunoglobulinas, que são produzidas pelo sistema imune, as demais proteínas que compõem o sangue são produzidas nos hepatócitos. Os hepatócitos realizam a biossíntese de albumina, ferritina, transferrina, lipoproteínas e outras proteínas sanguíneas. Nos hepatócitos, grande parte dos fatores de coagulação, como fibrinogênio, protrombina e plasminogênio, também são sintetizados. Alguns fatores de defesa também são produzidos pelo fígado, tais como proteínas do sistema complemento e alguns reagentes de fase aguda. Dessa forma, alterações hepáticas também podem contribuir para alterações sanguíneas como redução da pressão oncótica (pela dimi- nuição da produção de albumina) e redução da coagulação sanguínea (pela redução na formação dos fatores de coagulação) (BARRETT et al., 2015; SCHINONI, 2006). O fígado e a eliminação dos fármacos A grande maioria dos xenobióticos (substâncias estranhas ao organismo), como fármacos e toxicantes, apresenta natureza lipofílica. Essa característica permite que os xenobióticos atravessem as membranas celulares e, também, difi culta a sua eliminação. Os xenobióticos lipofílicos são fi ltrados nos glo- mérulos, porém, acabam conseguindo passar pelas membranas dos túbulos renais, sendo reabsorvidos nesse local e voltando para o sangue. Dessa forma, a transformação dos xenobióticos em moléculas mais hidrofílicas é essen- cial para que eles possam ser eliminados do nosso organismo (BRUNTON; HILAL-DANDAN, 2016). A biotransformação compreende as reações pelas quais as moléculas dos xenobióticos são transformadas em produtos mais hidrofílicos. A biotransfor- mação de xenobióticos ocorre principalmente no fígado. Esse processo aumenta a eliminação e, normalmente, também causa a inativação dessas moléculas. 13Principais vias de metabolização de compostos no fígado As reações de biotransformação são classificadas em dois grupos: reações de fase I, ou não sintéticas ou catabólicas, e reações de fase II, ou de conju- gação ou anabólicas (SILVA, 2014). Inicialmente, a molécula do xenobiótico é submetida às reações de fase I. A fase I inclui reações de oxidação, redução, hidrólise, ciclização e desciclização (SILVA, 2014). Nessas reações, grupos hidrofílicos como –OH, –COOH, –SH, –O ou –NH2 são expostos ou inseridos nas moléculas. Essas reações são catalisadas por enzimas da superfamília citocromo P450 (CYPs), por monoxigenases contendo flavina (FMO) e por epóxido-hidrolases (EHs), que estão localizadas, principalmente, nas membranas do retículo endoplasmático dos hepatócitos (BRUNTON; HILAL-DANDAN, 2016). A superfamília das CYPs constitui o principal sistema enzimático que rea- liza as reações de fase I do metabolismo de xenobióticos e de outras substâncias. Cerca de 50% dos fármacos são metabolizados pelas CYPs. Essas enzimas apresentam diferentes isoformas, que apresentam diferentes afinidades por substratos e xenobióticos (SILVA, 2014). As isoformas CYP1A2, CYP2A6, CYP2B6, CYP2C9, CYP2D6 e CYP3A4 parecem ser as mais importantes no metabolismo dos xenobióticos (KATZUNG; TREVOR, 2017). Os produtos da fase I seguem para as reações de fase II. Nas reações da fase II, os metabólitos da fase I são conjugados com cofatores endógenos, bastante hidrofílicos. A fase II inclui reações de conjugação com glicuronídeo, acetilação, metilação, conjugação com sulfato, conjugação com glicina e conjugação com glutationa (SILVA, 2014). Essas reações são catalisadas por transferases, que se localizam nos microssomos e no citosol celular (KATZUNG; TREVOR, 2017). São exemplos dessas enzimas as UDP-glicuronosiltransferases (UGTs), as sulfotrans- ferases (SULTs), as N-acetiltransferases (NATs) e as metiltransferases (MTs). As reações de fase II são reações que consomem energia e que resultam em produtos orgânicos bastante polares, normalmente inativos. Os produtos das reações de conjugação são facilmente excretados, principalmente pela urina (SILVA, 2014). Neste link, você pode conhecer um pouco mais sobre a integração do metabolismo energético no nosso organismo. https://goo.gl/YqVU49 Principais vias de metabolização de compostos no fígado14 Alguns substratos podem atuar como indutores ou inibidores das enzimas que atuam sobre a biotransformação de xenobióticos. Alguns hidrocarbonetos presentes na fumaça do tabaco e do carvão, por exemplo, atuam aumentando a atividade das CYPs por aumento da sua síntese ou redução da sua velocidade de degradação. A indução das CYPs faz com que aqueles fármacos biotransformados por elas fiquem menos tempo na corrente circulatória, o que pode comprometer o seu efeito terapêutico. Por outro lado, algumas moléculas atuam como inibidores das CYPs. O antifúngico cetoconazol, por exemplo, interagecom as CYPs, reduzindo a sua atividade. O uso desse fármaco em associação com outro que também é metabolizado pelo mesmo grupo enzimático pode fazer com que este fique por maior período de tempo na corrente sanguínea, podendo, inclusive, ocasionar toxicidade ao organismo. 15Principais vias de metabolização de compostos no fígado AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. BARRETT, K. E. Fisiologia Gastrintestinal.(Lange). 2. ed. Porto Alegre: Penso, 2016. BARRETT, K. E. et al. Fisiologia mé dica de Ganong (Lange). 24. ed. Porto Alegre: Penso, 2015. BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. BRUNTON, L. L.; HILAL-DANDAN, R. Manual de farmacologia e terapêutica de Goodman e Gilman. 2. ed. Porto Alegre: Penso, 2016. HARVEY, R. A.; FERRIER, D. R. Bioquímica ilustrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia Básica e Clínica (Lange). 13. ed. Porto Alegre: Penso, 2017. NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. PINTO, W. J. Bioquímica clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. SCHINONI, M. I. Fisiologia hepática. Gazeta Médica, v. 2, n. 140, 2006. Disponível em: <http:// www.gmbahia.ufba.br/index.php/gmbahia/article/view/305>. Acesso em: 30 set. 2018. SILVA, P. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. VOET, D.; VOET, J. G. Bioquímica. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. Leitura recomendada SMITH, C.; MARKS, A. D.; LIEBERMAN, M. Bioquímica médica básica de Marks. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. Principais vias de metabolização de compostos no fígado16 Conteúdo: DICA DO PROFESSOR O fígado desempenha a importante função de manter a glicemia sanguínea. Quando os níveis de glicose sanguínea reduzem, o fígado libera esse monossacarídeo para o sangue. Enquanto isso, quando os níveis de glicose aumentam no sangue, ele capta a glicose. Na Dica do Professor, você entenderá como o metabolismo de carboidratos é executado no fígado e quais as vias metabólicas que auxiliam na manutenção dessa função. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) O fígado é um órgão central no que se refere ao metabolismo energético do nosso organismo. Ele executa diferentes vias metabólicas, relacionadas tanto ao anabolismo como ao catabolismo de lipídeos, carboidratos e proteínas. Assinale alternativa que exemplifica uma via anabólica e uma via catabólica, respectivamente, realizada no fígado: A) Glicogenólise e gliconeogênese. B) Glicólise e glicogenólise. C) Lipogênese e glicogenólise. D) Betaoxidação e glicólise. E) Proteólise e glicólise. 2) O fígado é o órgão responsável pelo controle da glicemia. Ele retira ou libera glicose para o sangue a fim de que a homeostasia seja mantida. Sobre as vias metabólicas envolvidas nessa função, assinale a alternativa correta: A) Quando os níveis sanguíneos de glicose reduzem, o fígado executa glicogênese a fim de disponibilizá-la para o sangue. B) No período pós-prandial, o fígado recebe diferentes monossacarídeos pelos ramos da veia porta. Os monossacarídeos frutose e galactose são convertidos em glicose. Quando não é necessária para suprir a demanda energética, a glicose pode ser armazenada na forma de glicogênio por meio da via glicogenólise. C) Quando a glicose chega ao fígado, ela pode ser convertida em acetil-CoA. A acetil-CoA produzida pode ser empregada para a produção de energia ou pode ser armazenada como glicogênio. D) No período de jejum, o fígado libera a glicose para o sangue. Nessa situação, o fígado realiza glicogenólise e também gliconeogênese. E) No período de jejum, a glicose também é desviada para outras vias catabólicas importantes, como a via das pentoses fosfato, a fim de que o substrato NADPH possa ser produzido. 3) O fígado é o principal órgão de destoxificação do nosso organismo. Ele executa diferentes reações que contribuem para a eliminação das substâncias estranhas ao organismo. Essas reações compõem o processo chamado biotransformação. Sobre as reações de biotransformação, está correto o que se afirma em qual das opções a seguir? A) A biotransformação é responsável pela conversão das moléculas de xenobióticos em produtos mais lipofílicos, o que facilita a sua excreção. B) A biotransformação é agrupada em reações de fase I e reações de fase II. As reações de fase I são reações anabólicas, de conjugação e, assim, demandam energia para ocorrer. As principais enzimas envolvidas nas reações de fase I são as do sistema citocromo P450. C) Essas enzimas apresentam-se em diferentes isoformas e catalisam reações de oxidação. D) As reações de fase II são também chamadas reações catabólicas ou não biossintéticas. Por meio dessas reações, grupos hidrofílicos como –SH, –OH, –COOH são inseridos nos xenobióticos. E) A interação das CYPs com indutores enzimáticos pode resultar no acúmulo dos fármacos metabolizados por esse sistema enzimático, o que pode causar o aumento de seus efeitos indesejáveis ou, até mesmo, toxicidade. 4) O fígado apresenta diferentes funções que são cruciais para a homeostase do organismo. Com a redução da atividade hepática, devido a alguma patologia, pode-se observar diferentes alterações. Um sinal/sintoma que pode ocorrer devido à redução da função hepática está descrito em qual das alternativas a seguir? A) Aumento da coagulação sanguínea devido à alteração da produção de proteínas sanguíneas e fatores de coagulação. B) Icterícia, devido ao aumento da excreção hepática das bilirrubinas. C) Hipoglicemia, pois os hepatócitos acabam consumindo maior quantidade de glicose para manutenção de suas funções. D) Uremia, isto é, aumento dos níveis de ureia no sangue devido à alteração do metabolismo hepático dos aminoácidos. E) Encefalopatia, devido à redução de glicose sanguínea e ao aumento de amônia no sangue. O fígado é o órgão responsável por integrar o metabolismo energético. Ele atua sobre o metabolismo de lipídeos, carboidratos e proteínas, controlando o envio de nutrientes para os demais tecidos e órgãos do corpo. Essas funções são reguladas 5) principalmente pelos hormônios insulina, glucagon e adrenalina. Sobre as funções metabólicas hepáticas e a sua regulação, pode-se afirmar: A) No período absortivo, o glucagon estimula as vias glicogenólise e betaoxidação. B) No período pós-absortivo, há um predomínio da atuação das vias anabólicas, e a insulina é o principal hormônio secretado nesse período metabólico. C) No período absortivo, a glicose que não é utilizada para suprir a demanda energética pode ser usada na síntese do glicogênio e na síntese de lipídeos, como ácidos graxos e colesterol. D) No jejum, o fígado executa as vias betaoxidação e gliconeogênese, sob estímulo da adrenalina e da insulina. E) Em situações de estresse, a adrenalina é secretada. Esse hormônio estimula a glicogenólise, assim como estimula a secreção da insulina e reduz a liberação de glucagon. NA PRÁTICA A insuficiência hepática é uma patologia caracterizada por uma grave redução das funções do fígado. Ela pode ser aguda ou crônica. A forma aguda frequentemente é causada por substâncias químicas que causam lesão e dano aos hepatócitos. O fígado desempenha inúmeras funções que são extremamente importantes para a manutenção da homeostasia. Dessa forma, quando ocorre algum tipo de dano aos hepatócitos, essas funções são acometidas, ocasionando alterações muito significativas para o funcionamento do organismo. Na insuficiência hepática, há uma redução da eliminação das bilirrubinas, o metabolismo energético fica alterado, e o organismo apresenta dificuldades para eliminar substâncias estranhas e realizar a destoxificação. Saiba mais sobre as alterações que podem ocorrer nessequadro clínico. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O metabolismo da glicose Dentre as diferentes funções hepáticas, está a manutenção da glicemia. O fígado executa diferentes vias metabólicas anabólicas e catabólicas para que essa função possa ser executada. Neste vídeo, você poderá entender um pouco mais sobre o metabolismo da glicose. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Biotransformação hepática A biotransformação hepática é um processo muito importante para a eliminação de substâncias estranhas ao nosso organismo. Por meio das reações que compõem a biotransformação, os xenobióticos tornam-se mais hidrofílicos e, com isso, são mais facilmente excretados. Neste vídeo, você poderá aprender um pouco mais sobre a biotransformação e as suas reações. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Fígado – a “usina metabólica” do organismo O fígado é considerado a “usina metabólica” do nosso organismo. Ele tem um papel muito importante no metabolismo de diferentes moléculas endógenas e exógenas. O fígado é responsável pelo metabolismo da bilirrubina, o que possibilita a sua excreção. Nesse vídeo, você poderá compreender como ocorre a formação da bilirrubina e qual o papel do fígado em seu metabolismo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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