Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 MODULO II: DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 OBJETIVOS 1. REVER a fisiologia do sistema cardiovascular; 2. EXPLICAR a IC conforme as maneiras de classificação; 3. ANALISAR a fisiopatologia da IC direita e esquerda; 4. DESCREVER a epidemiologia, etiologia e fatores de risco da IC 5. COMPREENDER o diagnóstico da IC de acordo com as manifestações clínicas e exames complementares que podem ser realizados 6. DISCUTIR o diagnóstico diferencial da IC; 7. PROPOR o tratamento ambulatorial da IC. REFERÊNCIAS MARTINS, Mílton de A.; CARRILHO, Flair J.; ALVES, Venâncio Avancini F.; CASTILHO, Euclides. Clínica Médica, Volume 2: Doenças Cardiovasculares, Doenças Respiratórias, Emergências e Terapia Intensiva. Barueri, SP: Manole, 2016. ROHDE, Luis Eduardo Paim; et.al. Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda. Arq. Bras. Cardiol., v. 111, n. 3, p. 436-539, set. 2018. MARCONDES-BRAGA, Fabiana G; et.al. Atualização de Tópicos Emergentes da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca – 2021. Arq. bras. cardiol ; 116(6): 1174-1212, Jun. 2021. CICLO CARDÍACO O ciclo cardíaco é um conjunto de atividades que ocorre entre o início de um batimento até o próximo. Este ciclo se inicia pelo regulamento do nó sinusal (ou nodo sinusal), localizado na parte superior do coração no átrio direito (AD). O potencial de ação começa neste ponto para os dois átrios e depois vai para os ventrículos através do feixe atrioventricular, originando o ciclo e começando a circulação sanguínea. Existem dois tipos de circulação: 1ª - pulmonar (pequena circulação): ocorre do lado direito do coração onde o sangue é bombeado para os pulmões e voltam ricos em oxigênio para o lado esquerdo. 2ª - sistêmica (grande circulação): ocorre do lado esquerdo do coração, onde o sangue que veio dos pulmões é bombeado para todo o corpo por intermédio inicial da artéria aorta. Diástole: fase de enchimento ventricular Sístole: fase de ejeção DEFINIÇÃO Insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa, na qual o coração é incapaz de bombear sangue para atender as necessidades metabólicas ou bombeia somente com elevadas pressões de enchimento. Tal síndrome pode ser causada por alterações estruturais ou funcionais cardíacas. O termo “insuficiência cardíaca crônica” reflete a natureza progressiva e persistente da doença, enquanto o termo “insuficiência cardíaca aguda” fica reservado para alterações rápidas ou Insuficiência Cardíaca Crônica Problema 01 2 MODULO II: DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 graduais de sinais e sintomas resultando em necessidade de terapia urgente. A insuficiência cardíaca vai funcionar como uma via final comum a todas as doenças cardíacas. Um paciente que tem HÁ sistêmica, valvulopatia por exemplo, em algum momento da evolução dessa doença, ele vai ter IC. EPIDEMIOLOGIA A IC afeta, no mundo, mais de 23 milhões de pessoas. A sobrevida após 5 anos de diagnóstico pode ser de apenas 35%, com prevalência que aumenta conforme a faixa etária (aproximadamente de 1% em indivíduos com idade entre 55 e 64 anos, chegando a 17,4% naqueles com idade maior ou igual a 85 anos). O perfil clínico da IC crônica envolve indivíduos idosos portadores de etiologias diversas, sendo a isquêmica a mais prevalente, com alta frequência de comorbidades associadas. No Brasil, a prevalência de IC é de aproximadamente 2 milhões de pacientes, e sua incidência é de aproximadamente 240.000 novos casos por ano. ETIOLOGIA IC sistólica: está geralmente associada a uma cardiopatia dilatada, como: • HAS (fase de sobrecarga de volume) • Doença coronariana (lesão isquêmica) • Cardiopatia idiopática (ausência de fatores de risco) • Doença de Chagas • Alcoólica • Miocardiopatia periparto • Miocardites IC diastólica: ocorre em situações eu geralmente provocam a hipertrofia concêntrica como: • Idade avançada (perda de colágeno) • HAS (sobrecarga de pressão) • Fibrose isquêmica • Miocardiopatia hipertrófica • Doenças infiltrativas • Sexo feminino (sarcoidose, amiloidose) • Obesidade • DM • Doença renal • Estenose aórtica FISIOPATOLOGIA TIPOS DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Insuficiência Cardíaca Esquerda: representa a grande maioria dos casos. É decorrente geralmente por Insuficiência Ventricular Esquerda (IVE). Se o VE está sendo insuficiente para manter um DC adequado (mandar sangue de forma adequada), esse sangue acaba ficando dentro do ventrículo esquerdo. Desse modo, o sangue que está chegando dos pulmões através das veias pulmonares não consegue manter uma pressão adequada. Somando o sangue represado com o que está chegando acaba gerando um “engarrafamento”, aumentando retrogradamente a pressão (aumenta a pressão pulmonar). Cursa com congestão pulmonar (dispneia, ortopneia, dispneia paroxística noturna). Insuficiência Cardíaca Direita: decorrente da disfunção do “coração direito”, geralmente por Insuficiência Ventricular Direita (IVD). O VD é quem manda sangue para os pulmões, então é uma câmara que não esta acostumada a trabalhar em altas pressões. Então se o ambiente pulmonar tem uma pressão muito elevada, a pós carga do VD acaba sendo muito aumentada. Desse modo, o aumento da pressão pulmonar devido uma insuficiência do VE acaba também gerando uma insuficiência do VD. Cursa com congestão sistêmica (turgência jugular patológica, hepatomegalia, ascite, edema de membros inferiores). Insuficiência Cardíaca Biventricular: há tanto disfunção “esquerda” quanto “direita”. Cursa com congestão pulmonar e sistêmica. A maioria das 3 MODULO II: DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 cardiopatias que levam à insuficiência cardíaca inicia-se como IVE e posteriormente evolui com comprometimento do VD. Insuficiência Cardíaca Sistólica: perda da capacidade contrátil do miocárdio. Na maioria das vezes, a disfunção sistólica provoca dilatação ventricular (cardiopatia dilatada) e tem como marco laboratorial uma redução significativa da fração de ejeção (≤ 50%). Cardiomegalia O aumento da complacência ventricular vai estar relacionado a 3° bulha, porque na fase de enchimento rápido vai haver um turbilhonamento dentro do ventrículo dilatado. Insuficiência Cardíaca Diastólica: a contração miocárdica está normal (com FE > 50%), mas existe restrição patológica ao enchimento diastólico, causando elevação nas pressões de enchimento e, consequentemente, aumento da pressão venocapilar (congestão). O mecanismo pode ser uma alteração no relaxamento muscular e/ ou uma redução na complacência ventricular (“ventrículo duro” por excesso de tecido conjuntivo. O enrijecimento do ventrículo provoca o surgimento de uma 4ª bulha, que é como se fosse uma bulha atrial, sendo auscultada no final da diástole que vem da contração atrial para tentar vencer a resistência do ventrículo. INSUFIÊNCIA CARDÍACA A IC pode originar-se por: Comprometimento miocárdico primário: doença aterosclerótica coronariana; cardiopatia isquêmica e miocardites. Sobrecarga excessiva: pressão (HAS, estenose aórtica),ou volume (dilatação), Fatores determinantes para um bom desempenho cardíaco 1. PRÉ CARGA: volume de sangue que chega no ventrículo, estando ligada ao estiramento das fibras miocárdicas e ao volume diastólico final. 2. PÓS CARGA: dificuldade imposta ao esvaziamento ventricular devido a tensão da parede miocárdica durante a sístole (estenose aórtica). O aumento da pós-carga reduz o débito sistólico, e eleva o consumo miocárdico de oxigênio. 3. Contratilidade: é uma propriedade intrínseca do coração e depende da interação da miosina com a actina do musculo cardíaco.4. FC: relacionada ao DC (arritimia) MECANISMOS COMPENSATÓRIOS LEI DE FRANK-STARLING: quanto maior for o estiramento, maior a força de contração. Dese modo, um maior volume diastólico, provoca uma maior distensão do ventrículo, aumentando o volume diastólico final (VDF) e, com isso, evitando a queda do débito cardíaco. A lei de Frank-Starling, no entanto, possui uma importante limitação: um aumento excessivo do volume diastólico final acabará dificultando a performance ventricular, com desestruturação da mecânica das fibras, levando ao aumento das pressões de enchimento e à redução do débito sistólico. A tendência é a evolução (após anos) para um estado de retenção volêmica exagerada, responsável pelos quadros de síndrome de insuficiência cardíaca congestiva. CONTRATILIDADE DOS MIÓCITOS REMANESCENTES: O baixo DC estimula barorreceptores arteriais, ativando o sistema nervoso simpático (adrenérgico) que, agindo sobre os receptores beta-1 e alfa-1, induz aumento na contratilidade dos miócitos que ainda não foram lesados gravemente. Desse modo, até certo ponto na evolução inicial da doença o DC pode ser “compensado” pelo maior trabalho desses miócitos remanescentes “sobrecarregados. HIPERTROFIA VENTRICULAR ESQUERDA (HVE): Na sobrecarga de pressão (hipertensão arterial, estenose aórtica), ocorre uma hipertrofia concêntrica, isto é, aumento da espessura da parede ventricular, sem aumentar a cavidade. Na sobrecarga de volume (regurgitações valvares), ocorre hipertrofia excêntrica, isto é, 4 MODULO II: DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 aumento da cavidade predominando sobre o aumento da espessura da parede ventricular. A angiotensina II é um dos principais agentes indutores de hipertrofia ventricular na IC. Embora seja um mecanismo compensatório, a HVE traz sérios problemas: arritmogênese, piora da função diastólica, além de ser um fator de risco independente para eventos cardiovasculares. REMODELAMENTO CARDÍACO A fisiopatologia da IC crônica com FEVEr está relacionada ao progressivo remodelamento do ventrículo esquerdo com consequente dilatação, modificação de forma e redução progressiva da fração de ejeção consequente a uma “agressão”. Os mesmos mediadores neuro-humorais que inicialmente mantêm o paciente compensado passam a exercer efeito deletério sobrea própria função miocárdica. Noradrenalina: a redução do volume sistólico (redução do DC) provoca a ativação de barorreceptores, ativando o SN simpático, liberando noradrenalina, causando vasoconstrição para compensar a redução do DC. Porém a noradrenalina também age diretamente nos miócitos, sendo uma substância cardio-toxica, diminuído a funcionalidade dessas células, além de induzir a apoptose. Sistema renina-angiotensina-aldosterona: é ativado devido a redução do DC e consequente má perfusão renal. A ativação da angiotensina II provoca vasoconstrição, mas também atua no musculo cardíaco provocando um remodelamento deletério (induz a apoptose do miócitos e a proliferação de fibroblastos dentro do musculo cardíaco. Peptídeos natriuréticos (tipo A e tipo B, secretados pelos átrios e ventrículos, respectivamente, mediante sobrecarga pres-sórica ou volumétrica), promovem vasodilatação periférica e natriurese buscando contrabalançar os efeitos do SRA-A e adrenérgico, no entanto, são invariavelmente insuficientes. Do ponto de vista macroscópico, o remodelamento significa a dilatação e a perda da conformação cardíaca. O ventrículo esquerdo perde a forma elíptica e adquire forma esferoide, dilata-se e tem suas paredes adelgaçadas. Do ponto de vista microscópico, ocorre no miocárdio morte de cardiomiócitos por necrose e apoptose, com deposição de colágeno e fibroblastos; há hipertrofia dos cardiomiócitos remanescentes. CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A FRAÇÃO DE EJEÇÃO 1. IC com fração de ejeção preservada (ICFEp): FEVE normal (≥ 50%) 2. IC de fração de ejeção intermediária (mid-range ou ICFEi): FEVE entre 40 e 49% 3. IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr): FEVE reduzida (< 40%) DEFINIÇÃO DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, DE ACORDO COM A FRAÇÃO DE EJEÇÃO DE VENTRÍCULO ESQUERDO TIPO ICFEr ICFEi ICFEp Função ventricular FEVE < 40% FEVE 40 – 49% FEVE ≥ 50% Biomarcadores BNP e NT- proBNP elevados* BNP e NT- proBNP elevados* BNP e NT- proBNP elevados* Ecodopplercardiograma Alteração estrutural e disfunção sistólica Alteração estrutural e/ou disfunção diastólica Alteração estrutural e/ou disfunção diastólica CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A GRAVIDADE DOS SINTOMAS Esta classificação se baseia no grau de tolerância ao exercício e varia desde a ausência de sintomas até a presença de sintomas mesmo em repouso. CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL, SEGUNDO A NEW YORK HEART ASSOCIATION (NYHA) CLASSE DEFINIÇÃO DESCRIÇÃO GERAL I Ausência de sintomas Assintomático II Atividades físicas habituais causam sintomas. Limitação leve Sintomas leves III Atividades físicas menos intensas que as habituais causam sintomas. Limitação importante, porém, confortável no repouso. Sintomas moderados 5 MODULO II: DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 IV Incapacidade para realizar qualquer atividade sem apresentar desconforto. Sintomas no repouso Sintomas graves CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A PROGRESSÃO DA DOENÇA Esta classificação inclui desde o paciente com risco de desenvolver IC, cuja abordagem deve ser feita no sentido de prevenir seu desenvolvimento (vide item 5 de IC Crônica), quanto o paciente em estágio avançado da doença. ESTÁGIOS DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA (IC), SEGUNDO AMERICAN COLLEGE OF CARDIOLOGY/AMERICAN HEART ASSOCIATION ESTÁGIO DESCRIÇÃO ABORDAGENS POSSÍVEIS A Risco de desenvolver IC. Sem doença estrutural ou sintomas de IC Controle de fatores de risco para IC: tabagismo, dislipidemia, hipertensão, etilismo, diabetes e obesidade. Monitorar cardiotoxicidade. B Doença estrutural cardíaca presente. Sem sintomas de IC Considerar IECA, betabloqueador e antagonistas mineralocorticoides C Doença estrutural cardíaca presente. Sintomas prévios ou atuais de IC Tratamento clínico otimizado* Medidas adicionais * Considerar TRC, CDI e tratamento cirúrgico; Considerar manejo por equipe multidisciplinar D IC refratária ao tratamento clínico. Requer intervenção especializada Todas medidas acima; Considerar transplante cardíaco e dispositivos de assistência ventricular QUADRO CLÍNICO O paciente com insuficiência cardíaca em geral permanece assintomático durante vários anos, devido aos mecanismos adaptativos, que mantêm o DC normal ou próximo ao normal, pelo menos no estado de repouso. Porém, após período de tempo variável e imprevisível, surgem os primeiros sintomas, em consequência do baixo DC ou da síndrome congestiva. SÍNDROME CONGESTIVA PULMONAR: a IC se inicia por um comprometimento isolado do VE. Como resultado os pulmões se tornam congestos, com acúmulo de líquido intersticial e intra-alveolar. A congestão aumenta o trabalho respiratório, provocando a sensação de dispneia. Como as pressões de enchimento inicialmente se elevam durante o esforço, o sintoma clássico inicial é a dispneia aos esforços. Alguns pacientes com congestão mais acentuada se queixam de dispneia ao decúbito dorsal (ortopneia). Algumas vezes, o paciente é acordado no meio da madrugada por uma crise de franca dispneia, que melhora após alguns minutos em ortostatismo, Dispneia Paroxística Noturna (DPN), geralmente relacionada à congestão pulmonar grave. Outro sintoma congestivo pode ser a tosse seca, pela congestão da mucosa brônquica. Caracteristicamente, é uma tosse noturna, muitas vezes associada à DPN. SÍNDROMECONGESTIVA SISTÊMICA: com o avançar da disfunção de VE, há surgimento progressivo de HA pulmonar secundária. Com o tempo, o VD sobrecarregado acaba entrando em falência, resultando síndrome de congestão sistêmica. Os sintomas predominantes, nesse caso, serão os incômodos causados pela síndrome edemigênica e de congestão orgânica: edema de membros inferiores, bolsa escrotal, aumento do volume abdominal (ascite), dispneia por derrame pleural, dor abdominal em hipocôndrio direito devido à hepatomegalia congestiva. A congestão da mucosa intestinal pode levar à saciedade precoce, dor abdominal difusa, náuseas, diarreia e, em raros casos, enteropatia perdedora de proteína. A IVD reduz ainda mais o débito cardíaco, explicando o fato comum de haver piora dos sintomas de baixo débito na insuficiência cardíaca biventricular. SINAIS E SINTOMAS DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA SINTOMAS TÍPICOS SINAIS MAIS ESPECÍFICOS Falta de ar/dispneia Pressão venosa jugular elevada Ortopneia Refluxo hepatojugular Dispneia paroxística noturna Terceira bulha cardíaca Fadiga/cansaço Impulso apical desviado para esquerda 6 MODULO II: DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 Intolerância ao exercício SINTOMAS MENOS TÍPICOS SINAIS MENOS ESPECÍFICOS Tosse noturna Crepitações pulmonares Ganho de peso Taquicardia Dor abdominal Hepatomegalia e ascite Perda de apetite e perda de peso Extremidades frias Noctúria e oligúria Edema periférico DIAGNÓSTICO ECOCARDIOGRAMA: É o exame de imagem de escolha para o diagnóstico e o seguimento de pacientes com suspeita de IC. E possível avaliar as câmaras cardíacas, efetividade da fração de ejeção, funcionamento das válvulas(calcificação, estenose) PEPTÍDEOS NATRIURÉTICOS: são marcadores biomarcadores (BNP e NT-proBNP) importantes no diagnóstico de IC tanto em casos de emergência, quanto em pacientes com IC crônica ambulatoriais. Além disso são importantes marcadores de prognóstico. Valores de BNP < 35 pg/mL ou NT-proBNP < 125 pg/mL praticamente excluem o diagnóstico de IC. Obs: podem elevar-se na presença de anemia,insuficiências renal crônica (IRC), e idade avançada, e apresentar níveis mais baixos na presença de obesidade. PONTOS DE CORTE PARA DIAGNÓSTICO DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA (IC) Biomarcador IC improvável (pg/mL) IC possível (pg/mL) IC muito provável (pg/mL) Pacientes na emergência BNP < 100 100 - 400 > 400 NT-proBNP < 50 anos < 300 300 - 450 > 450 50-75 anos < 300 300 - 900 > 900 > 75 anos < 300 300 - 1800 > 1800 Pacientes ambulatoriais BNP < 35-50 NT-proBNP < 125 RADIOGRAFIA DE TORÁX: possível visualizar a presença de cardiomegalia, sinal de congestão (opacidade em asa de borboleta na região próximo ao hilo pulmonar) TRATAMENTO TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO Programas multidisciplinares de cuidados: equipe multidisciplinar é o padrão-ouro para acompanhamento de pacientes com IC e suas múltiplas comorbidades. Restrição de sódio: consumo excessivo de sódio agrava a hipervolemia, sendo um fator de descompensação e risco de hospitalização em pacientes com IC crônica sintomática. Recomenda-se evitar ingesta excessiva de sódio (> 7 g/dia) para todos pacientes com IC crônica. Tabagismo e drogas ilícitas: Todos os pacientes com IC devem ser encorajados a parar de fumar, preferencialmente com o auxílio de serviços especializados, para cessação do tabagismo. Vacinação: estudos sugerem redução nas internações por DCV em pacientes que foram vacinados contra influenza, por isso é recomendado a vacinação anual para todos os pacientes com IC (B). 7 MODULO II: DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2 Reabilitação cardiovascular: exercício aeróbico regular, para ICFEr (A) e ICFEp (B) em classes funcionais II a III (NYHA), para melhorar qualidade de vida e capacidade funcional TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 1. Inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA): disfunção de VE sintomática para reduzir morbidade e mortalidade Ex: Captopril, Enalapril, Ramipril 2. Bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA): disfunção de VE sintomática (nos intolerantes a iECA por tosse/angioedema). Ex: Candesartana, Losartana, Valsartana 3. Betabloqueadores (BB): disfunção de VE sintomática para reduzir morbidade e mortalidade Ex: carvedilol, bisoprolol, succinato de metoprolol 4. Antagonistas dos receptores mineralocorticoides: pacientes sintomáticos com disfunção sistólica do VE, associado ao tratamento padrão com IECA/BRA ou INRA. Ex: espironolactona, eplerenona 5. Inibidores da neprilisina e dos receptores da angiotensina: em substituição ao iECA/BRA para disfunção de VE sintomática, já em uso de terapêutica otimizada com terapia tripla para reduzir morbidade e mortalidade. Ex: sacubitril/valsartana Ivabradina: disfunção de VE sintomática, em paciente com terapêutica otimizada, em ritmo sinusal e com FC maior que 70 bpm Diuréticos de alça: controle de congestão Diurético tiazídico: associado ao diurético de alça para congestão persistente. 8 MODULO II: DISPNÉIA, DOR TORÁCICA E EDEMAS ANA LUIZA ALVES PAIVA -6° PERÍODO 2022/2
Compartilhar