Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TUTORIAL 8 EDEMA AGUDO DO PULMÃO (EAP) Síndrome clínica de insuficiência respiratória aguda hipoxêmica decorrente de etiologias variadas. EAP cardiogênico: desacoplamento entre o volume sistólico do ventrículo direito e esquerdo e a venoconstrição hipóxica contribuem para um ↑ da pressão hidrostática nos capilares pulmonares. O resultado é a transudação de líquido para o interstício pulmonar causando dispneia intensa e abrupta, tosse com expectoração abundante hialina-hemoptóica, taquipnéia, cianose e extremidades frias e sudoréticas. · Pode haver história prévia de hipertensão, IC, cardiopatia isquêmica, arritmias, miocardites e doenças valvares. · A PA pode estar baixa, normal ou elevada: elevada, sugere o EAP hipertensivo; baixa, o EAP secundário a choque cardiogênico. · No exame físico, pode haver achados sugestivos de EAP cardiogênico. B3 e turgência jugular à 45° são sinais específicos porém pouco sensíveis para diagnóstico de IC. EAP não-cardiogênico: ocorre inflamação e ↑ da permeabilidade capilar com exudação de líquido para interstício pulmonar . · O exame físico não costuma revelar as alterações cardíacas descritas acima. Dependendo da doença de base, diferentes achados podem existir. Em 10% dos casos o EAP tem múltiplas causas. Ex.: pct com choque séptico e síndrome de angústia respiratória aguda (SARA) pode apresentar sobrecarga volêmica devido à ressuscitação agressiva com cristalóides, cursando com EAP misto. Exames complementares Na suspeita de EAP deve-se solicitar: · ECG: pode identificar alterações que sugiram EAP cardiogênico · RX de tórax útil no diagnóstico diferencial, mas isoladamente não distingue origem cardiogênica de não-cardiogênica do EAP5 · Na ecografia pulmonar, o aparecimento de linhas B corresponde a um aumento no conteúdo total de líquido pulmonar extra-vascular, sugerindo origem cardiogênica para o EAP. · Exames laboratoriais: hemograma completo, marcadores de necrose miocárdica, marcadores de função renal e tireoidiana, eletrólitos, enzimas e função hepática, gasometria arterial, lactato e glicemia. D-dímeros e pro-calcitonina devem ser solicitados conforme suspeita clínica · O peptídeo natriurético tipo B ou cerebral (BNP) diferencia dispneia de origem cardíaca de não-cardíaca. Um BNP < 100 pg/ml torna o diagnóstico de IC improvável (valor preditivo negativo > 90%), enquanto BNP > 500 pg/ml indica que IC seja provável (valor preditivo positivo > 90%). Valores entre 100 e 500 pg/ml são insuficientes para discriminação diagnóstica. O BNP também pode estar alterado na insuficiência renal, sepse grave e taquiarritmias. para se identificar condições clínicas responsáveis pelo quadro que necessitem de intervenção imediata. A ecocadiografia transtorácica é indicada quando a investigação inicial com os exames acima citados foi inconclusiva, ou quando o paciente apresenta choque cardiogênico associado. Conduta Fluxograma. *Diurético: furosemida *Vasodilatadores: Nitroglicerina ou nitroprussiato *Inotrópico: dobutamina EAP HIPERTENSIVO Uma das causas de EAP cardiogênico. Caracterizado por congestão pulmonar, hipertensão e insuficiência respiratória aguda. Cerca de 1/3 dos pcts com EAP tem função ventricular esquerda preservada. Fisiopatologia Hipertensão ↑ da pós-carga do ventrículo esquerdo, que, em um coração com a função diastólica ou sistólica alterada, leva a uma IC com retenção de líquido na circulação pulmonar. Além disso, a sobrecarga de volume pode piorar esse quadro, assim como a isquemia miocárdica e doenças valvares. A hipertensão pode ser a causa do EAP e também pode ser um fator que exacerba a congestão pulmonar. Ex.: em sobrecarga de volume com congestão pulmonar, a hipertensão pode ser uma resposta compensatória que leva a um aumento da resistência vascular periférica (e aumento da pós-carga), perpetuando a congestão pulmonar. O marco do EAP hipertensivo é a alta pós-carga. Clínica Os sintomas mais comuns são dispneia, intolerância aos esforços, ortopneia, dispneia paroxística noturna, tosse e fadiga. Ao exame, o paciente pode se apresentar em IRespA, necessitando de tratamento imediato, estertores crepitantes em todos os campos pulmonares, taquipneia e hipertensão. Podemos identificar também ritmo de galope, com a presença de B3 ou B4. EC · RX tórax: pode confirmar a presença de congestão pulmonar. · USG point of care: pode auxiliar no diagnóstico, demonstrando linhas B difusas que representam a congestão pulmonar. · ECG deve ser obtido, pois a isquemia miocárdica pode ser a causa do EAP. · A dosagem de BNP pode auxiliar no diagnóstico. A presença de congestão pulmonar em todos os campos pulmonares e hipertensão estabelece o DIAGNÓSTICO de EAP hipertensivo. O dgt é clínico, não se devendo aguardar exames de imagem para iniciar o tto. Em casos de dúvida diagnóstica exames de imagem servem como auxílio. Tto O marco do EAP hipertensivo é o aumento da pós-carga cardíaca devido à hipertensão e à congestão pulmonar. Deve-se tratar a PA com o objetivo de reduzi-la em 25% nas primeiras horas nitroprussiato ou a nitroglicerina – ambas as drogas levam à diminuição da pós-carga, ↓ o trabalho do ventrículo esquerdo, e à ↓ da PA (nitroglicerina em altas doses apenas) com > evidência para o uso de nitroglicerina. Além disso, é indicada a utilização de diurético de alça (furosemida) para a redução da volemia, o que leva à melhora da congestão. EVITAR hidralazina e BB. Em pacientes em IResp, o uso de ventilação não invasiva (VNI) é benéfico, com ↓ de mortalidade e de necessidade de intubação. A VNI através do CPAP ↓ o retorno venoso devido à pressão positiva intratorácica, reduzindo a pré-carga e otimizando a contratilidade cardíaca. Além disso, também ↓ qtde de líquido nos alvéolos. DIFERENCIAR HIPERTENSÃO ARTERIAL, URGÊNCIA E EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA Mapa e conduta CARDIOPATIA HIPERTENSIVA HAS. Está presente em quase 50% dos ICC DESCOMPENSADA · Br: mortalidade intra-hospitalar da ICA > do que a média internacional (13% versus 4%) reflete má qualidade do atendimento à ICA prestado em nosso meio · Classificada de 4 formas: Síndrome clínica ● IVE ● IC Congestiva. ● Choque Cardiogênico (forma extrema de IVE) ● EAP (forma extrema de IC) Tempo de evolução ● IC aguda nova. ● IC “crônica agudizada” (ou “descompensada”). Tipo de disfunção ventricular ● ICA com FEVE < 40%. ● ICA FEVE intermediária (40-50%) ● ICA com FEVEN (> 50%). Perfil hemodinâmico ● “Quente e Seco” (Perfil A): sem baixo DC e sem congestão pulmonar. ● “Quente e Úmido” (Perfil B): sem baixo DC e com congestão pulmonar. +frequente e melhor prognóstico ● “Frio e Úmido” (Perfil C): com baixo DC e com congestão pulmonar. 20% dos casos, pior prognóstico ● “Frio e Seco” (Perfil L): com baixo DC e sem congestão pulmonar. *C: complex; L: low volume. · Abordada geralmente na sala de emergência, recomenda-se avaliação + dgt + prognóstico + plano terapêutico inicial nos primeiros 120min. Abordagem inicial dividida em 4 etapas: 1. Triagem daqueles com risco imediato a vida · Insuf. Resp. aguda; IAM; choque cardiogênico; AVE; taqui ou bradarritmia grave; emergência hipertensiva; TEP; sepse; DM descompensado · Instituir tto nos primeiros 30min do atendimento 2. Fluxograma dgt de ICA 3. Estratificação do prognóstico intra-hosp.: p/ tomada de decisão, pct de alto risco terapia intensiva; pct baixo risco emergência/ leito na enfermaria já que expectativa de alta após 72h 4. Terapêutica inicial (fluxogramas) FLUXOGRAMA DGT DE ICA 1. Confirmar existência de ICA: anamnese + EF + RX tórax, utilizar score de framingham; se disponível – NP, laboratório, ECG, Ecocardiograma (deve ser realizado em TODOS nas primeiras 48h de internação), USG tórax a beira leito (congestão pulmonar, derrame pleural, função ventricular) E Definir tipo de IC (ICFER, ICFEN); 2. Definir forma de apresentação: a. ICA nova b. IC crônica agudizada: 60-75% dos casos; quanto maior a duração, mais completa pode ser a ativação neuro-hormonal e o remodelamento, com manifestações mais típicas de retenção hídrica. 3. Identificação de fatoresetiológicos/ descompensadores: As vezes, as queixas do pct estão + relacionadas a presença do fator descompensador do que ao quadro sindrômico da ICA. Estabelecer dgt p/ tto específico p/ resolução da ICA. Ex.: estresse, IAM, anemia, TEP, arritmias, álcool/drogas ilícitas, dieta errada 4. Identificação de comorbidades não cardíacas associadas: 75% tem ao menos 1, requer abordagem específica durante internação p/ melhores desfechos clínicos. Principais: DPOC, asma, ansiedade, depressão 5. Traçar perfil hemodinâmico: A, B, C ou L (ideal definir pela clínica + EC)guia terapêutica inicial e estimativa do prognóstico. Ex. B diuréticos e vasodilatadores; C diuréticos, inotrópicos, dispositivos de assistência circulatória mecânica Conduta: fluxograma
Compartilhar