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Os fatores de risco cardiovasculares são características de um indivíduo ou população que surgem precocemente na vida e se associam a um maior risco de desenvolver doenças futuras. - Comportamento adquirido (fumar) - Herança genética (dislipidemia) - Dosagem laboratorial (como o colesterol) São causas para o desenvolvimento de doença arterial coronariana (DAC) e doenças cerebrovasculares isquêmico ou hemorrágico. O controle dos fatores de risco auxilia na melhora da função endotelial, detém a progressão da aterosclerose, uma vez que previne a ruptura e trombose da placa vulnerável e reduz a morbidade e mortalidade da DAC. A prevenção pode ser primária para os indivíduos assintomáticos de alto risco; ou secundária para os pacientes com doença estabelecida. Os principais fatores de risco cardiovascular incluem: hipertensão arterial, tabagismo, dislipidemia, sedentarismo, obesidade, fatores psicossociais (como estresse mental e depressão) e fatores nutricionais. É a elevação sustentada dos níveis pressóricos maior ou igual a 140 mmHg na pressão arterial sistólica (PAS) e/ou 90 mmHg na pressão arterial diastólica (PAD). A hipertensão arterial possui uma relação forte, direta e linear com a DAC, uma vez que não apresenta limiar inicial, é altamente sinérgica com outros fatores, sendo um fator isolado em menos de 20% dos indivíduos. A hipertensão arterial acarreta disfunção endotelial, aumentando a permeabilidade endotelial a lipoproteínas e, consequentemente, o estresse hemodinâmico causa ruptura de placa e acelera o estresse oxidativo. Quanto mais alta a tensão arterial tanto sistólica quando diastólica, maior será o risco cardiovascular. Os efeitos farmacológicos da nicotina são características comuns ao da cocaína, heroína e álcool, pois estão relacionados aos estímulos de áreas específicas do sistema nervoso central, especialmente, o núcleo accumbens (“centro do prazer”). Nicotina aumenta a liberação de: - Dopamina e epinefrina (adrenalina): gerando sensação de prazer, recompensa e desejo de readministração da droga - Acetilcolina: melhorando a memória e performance física - β-endorfinas: provocando uma sensação de bem-estar, relaxamento e diminuição da ansiedade e da tensão Efeitos fisiopatológicos do fumo podem ser classificados em três categorias: hemodinâmicos, hematológicos e metabólicos. - Hemodinâmicos: provocando taquicardia, hipertensão, vasoconstrição periférica, vasoespasmo, aumento de fibrinogênio, do débito cardíaco e do consumo de oxigênio - Hematológicos: leucocitose, policitemia, aumento de carboxiemoglobina, da viscosidade, da adesão leucocitária e da agregação plaquetária - Metabólicos: provocando aumento dos ácidos graxos, do LDL/VLDL, do cortisol, ADH, GH, lactato, piruvato e glicose; e redução do HDL Dessa forma, o tabagismo pode levar a diversas doenças: - Cardiovasculares: aterosclerose, espasmo coronariano, arritmias, doenças vasculares periféricas (TAO, TVP e TEP) - Neoplásicas: câncer de pulmão, laringe, orofaringe, esôfago, pâncreas, bexiga, colo de útero, mama, rim, pênis, estômago, fígado, reto e leucemias - Respiratórias: DPOC, granulomatose eosinofílica, bronquiolite, síndrome de Goodpasture, fibrose pulmonar e apneia do sono - Digestivas: úlcera, DRGE, pancreatite crônica, doença de Crohn e adenomas do cólon - Dermatológicas: rugas, psoríase e envelhecimento precoce - Reprodutivas: insuficiência ovariana, menopausa precoce, aborto espontâneo, prematuridade fetal, baixo peso fetal e convulsões febris do recém- nascido - Outras: osteoporose, periodontite, perda do paladar e do olfato e secreção hormonal alterada A cessação do tabagismo é muito importante, pois com a prevenção primária, após 1 ano de abstenção o risco se torna igual ao de um não-fumante, sendo que o fumante de 35 anos que abandona o fumo ganha 3 a 5 anos de vida. Já com a prevenção secundária, o risco de recorrência diminui 50%; o reinfarto diminui 32% e mortalidade diminui 36%. Assim, a redução de risco é semelhante à de se adicionar uma das terapêuticas medicamentosas modernas (AAS, IECA, β-bloqueadores ou estatinas). Pode se dar pelo: - Acúmulo de quilomícrons e/ou de VLDL no compartimento plasmático resultando em hipertrigliceridemia - Acúmulo de lipoproteínas ricas em colesterol, como a LDL no compartimento plasmático, resultando em hipercolesterolemia Quanto maior a taxa de LDL e menor a taxa da HDL, maior é o risco relativo de DAC. A fórmula de Friedewald pode ser utilizada para calcular a taxa de LDL colesterol, quando a dosagem de triglicerídeos (TG) for abaixo de 400 mg/dL: 𝑳𝑫𝑳𝒄 = (𝒄𝒐𝒍𝒆𝒔𝒕𝒆𝒓𝒐𝒍 𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 − 𝑯𝑫𝑳𝒄) − (𝑻𝑮/𝟓) Tabagismo é considerado um fator de risco universal e sinérgico aos demais, sendo que o consumo de 20 cigarros por dia, aumenta entre duas a três vezes o risco relativo para DAC. Ele causa aumento do LDL e diminui a proteção do HDL, provoca lesão endotelial, como efeito direto do monóxido de carbono (CO), causa hiper-reatividade vascular, aumenta o fibrinogênio e a agregação plaquetária, e é altamente sinérgico aos anovulatórios. Narguilé: em 20 a 30min = 100 cigarros Os sedentários têm risco relativo de 2 vezes para DAC. Exercício moderado dilata as coronárias e reduz a aterosclerose. Já o condicionamento intenso reduz a mortalidade global. A redução do risco de DAC está relacionada ao condicionamento físico, atividade física no trabalho e atividade física de tempo livre. Além disso, a mudança do sedentarismo para atividade física moderada regular traz maior benefício, por exemplo, andar 30 minutos em 5 dias por semana diminui 30% os eventos cardiovasculares em 3,5 anos. É sabido ainda que o exercício aeróbico diminui a tensão arterial sistólica em 5 mmHg e o exercício moderado diminui entre 5 a 7% o peso e 58% a incidência de diabetes mellitus. Exercícios que devem ser recomendados: - Atividade física moderada (≥ 30 min/dia), que equivale à redução de 200 Kcal/dia - 30 minutos de caminhada contínua É importante ressaltar ainda que os homens acima de 40 anos e mulheres acima de 50 anos devem fazer teste ergométrico antes de iniciar os exercícios. As diretrizes recomendam 150 minutos de atividade moderada por semana. A obesidade é o excesso de gordura corporal total. É importante não confundir com adiposidade, que é depósito localizado de tecido adiposo (“celulite”), e sobrepeso, que é o ganho ponderal menor que a obesidade. Para graduar o peso é utilizado o índice de massa corporal (IMC) 𝑰𝑴𝑪 = 𝒑𝒆𝒔𝒐 (𝑲𝒈) 𝒂𝒍𝒕𝒖𝒓𝒂𝟐 (𝒎) É importante avaliar a circunferência abdominal (CA), pois valores acima de 90 cm em homens ou 85 cm em mulheres indicam obesidade visceral. Consequências da obesidade: aumento da resistência à insulina, hiperglicemia, hiperinsulinemia, hipertensão arterial sistêmica (HAS), aumento dos triglicerídeos, hipertrofia do ventrículo esquerdo e diminuição do HDL. Síndromes clínicas - Obesidade mórbida: cardiomiopatia com hipertrofia do ventrículo esquerdo e infiltração gordurosa - Insuficiência cardíaca esquerda: disfunção sistólica e/ou diastólica - Síndrome de Pickwick: hipertensão arterial pulmonar e cor pulmonale (insuficiência cardíaca direita) - Apneia do sono: roncos, apneia durante o sono, sonolência diurna, cefaleia matinal, alterações da personalidade, irritabilidade, mau humor e a PaO2 pode cair abaixo de 50 mmHg, provocando arritmias, paradas cardíacas de até 6 segundos, bloqueios e taquicardias ventriculares - Hipoventilação: acomete 5% dos obesos mórbidos A obesidade apresenta forte correlação com a DAC, uma vez que a obesidade visceral é fator de risco independente mesmo com IMC normal. A gordura centrípeta tem maior correlação com a morbimortalidade que a gordura corporal total, levando a redução de HDL2e aumento de LDL e VLDL-colesterol. Assim, a mortalidade cardiovascular é diretamente proporcional ao ganho de peso. - Estresse mental: provoca vasoconstrição coronária, isquemia miocárdica e aumenta o nível das catecolaminas, levando aumento da frequência cardíaca, da tensão arterial e do consumo de oxigênio Tudo isso acarreta vasoconstrição, agregação plaquetária e diminuição da fibrinólise, consequentemente, ocorre a ruptura das placas ateroscleróticas. Pessoas com personalidade tipo A, que possuem senso de urgência, competitividade, hostilidade, verbalização explosiva, necessidade de estar no controle e aborrecimento quando as coisas não ocorrem como planejado, apresentam um risco relativo entre 2 e 3 vezes maior para o aparecimento de DAC - Depressão: o humor deprimido (sem diagnóstico clínico de depressão) apresenta um risco relativo 1,5 vezes maior para DAC, enquanto a depressão clínica possui um risco relativo 2,7 vezes maior para DAC A melhor dieta recomendada é a dieta mediterrânea, baseada no consumo de alimentos frescos e naturais como azeite, frutas, legumes, cereais, leite e queijo. Tal dieta reduz o IAM não fatal em 70%, mortalidade cardíaca em 65% e mortalidade global em 56%. - Frutas, vegetais, grãos, cereais, nozes e castanhas: morte súbita e DAC aoHDL - Óleo de peixes ricos em ômega3: morte súbita e mortalidade cardiovascular (TGs) - Álcool (1 dose para mulheres e 2 para homens): risco ao IM Síndrome Metabólica Conjunto de fatores de risco que se manifestam num indivíduo e aumentam as chances de desenvolver doenças cardíacas. Diagnóstico três dos cinco seguintes critérios: - Circunferência abdominal > 90 cm (em homens) e 85 cm (em mulheres). - Triglicerídeos ≥ 150 mg/dl. - HDL-colesterol < 40 (em homens) e 50 (em mulheres) mg/dl. - TAS ≥ 130 ou TAD ≥ 85 mmHg ou hipertensão em tratamento. - Glicemia ≥ 100 mg/dl ou diagnóstico prévio de diabetes
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