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Construções nativas brasileiras Ana Beatriz Oliveira e Maria Fernanda Silveira HIST1430 - História da Arquitetura no Brasil Turma 28B Profª Denise Solot Implantação e plantas baixas I Ana Beatriz Implantação das aldeias Aldeia é o conjunto de casas construídas num espaço mais próximo e que ordenam o modo de viver (MUNDURUKU, 1997). ● A implantação de aldeias nativas brasileiras é um aspecto de importância para que possamos entender a noção da tradição e da tecnologia desenvolvida por essas sociedades; ● Através de sua implantação, é possível identificar a organização social e a hierarquia das construções . Dessa forma, são variados os formatos e disposições das aldeias; ● Tanto a implantação das aldeias, quanto suas casas, possuem denominadores comuns com a cultura construtiva africana. https://www.agenciadanoticia.com.br/noticias/exibir.asp?id=102588¬icia=aldeia-no-parque-nacional-do-xingu-e-exemplo-de-enfrentamento-a-p andemia Ana Beatriz Implantação das aldeias 1. Casa Unitária Sendo a forma de organização mais simples, na casa unitária toda a tribo vive sobre o mesmo teto. Tukâno Marumbos Yanomâmis Ana Beatriz Implantação das aldeias 2. Habitações Múltiplas Forma mais comum de organização das aldeias em que todas as casas estejam dispostas para uma praça central. Essa praça pode ser interna, ou seja, no centro da maloca, ou externa, podendo tomar uma forma circular ou quadrada. Tupi Guarani A forma de organização da tribo é a construção de casas ortogonais entre si com a formação de uma praça quadrada no centro. Cada casa abriga diversas famílias. https://geoestudante.wordpress.com/tag/tupi/ Ana Beatriz Em ambas as habitações é comum encontrarmos formas orgânicas, isso porque essa forma pressupõe uma expansão da aldeia, enquanto que formas geométricas acabam sendo engessadas; Implantação das aldeias Xavantes Possui a disposição de suas casas em forma de arco/semi circular/ferradura e tem suas malocas voltadas a uma ampla área central, onde fica localizado o Warã (casa dos homens, coração da aldeia, é o pátio cerimonial). https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.047/594Andgt Ana Beatriz 2. Habitações Múltiplas Forma mais comum de organização das aldeias em que todas as casas estejam dispostas para uma praça central. Essa praça pode ser interna, ou seja, no centro da maloca, ou externa, podendo tomar uma forma circular ou quadrada. Em ambas as habitações é comum encontrarmos formas orgânicas, isso porque essa forma pressupõe uma expansão da aldeia, enquanto que formas geométricas acabam sendo engessadas; Habitações 1. Maloca Pode ser definida como a casa comunal familiar ou unidade multifamiliar. Cada tribo tem sua espécie de maloca, que com suas características únicas ajudam a diferenciar uma tribo da outra. Além disso, em algumas tribos, a maloca é um espaço também utilizado para a realização de rituais e cerimônias. Inteiramente feita de vegetação, especialmente palha e madeira e com pouca artificialidade de intervenção. https://img.socioambiental.org/v/publico/etnias-do-rio-negro/noroeste_8.jpg.html Antiga casa-aldeia Tukâno Ana Beatriz https://img.socioambiental.org/v/publico/etnias-do-rio-negro/noroeste_8.jpg.html Habitações 2. Oca Pode ser definida como a unidade arquitetônica, ou seja uma casa unifamiliar em que em uma aldeia podem existir várias. Geralmente, as ocas são habitadas por uma ou poucas famílias, enquanto que nas malocas, todos da tribo podem morar nessa única habitação. Também inteiramente feita de vegetação. Não haviam janelas por já serem ventiladas, além da segurança que somente uma porta trazia. Além disso, a abertura de fenestrações fragilizam a estrutura. http://cldafloresta.blogspot.com/2012/05/oca.html Ana Beatriz 01 CIRCULAR 02 SEMI-ELÍPTICA 03 ELÍPTICA Plantas Baixas 04 ANTROPOMORFA 05 RETANGULAR 06 POLIGONAL Ana BeatrizAna Beatriz Plantas Baixas 01. Circular Planta circular com diâmetro de 5 a 6 metros e cobertura cônica; em forma de cúpula. Abriga de 3 a 4 grupos familiares. ● Mune: cobertura cônica, não apresenta diferenciação entre parede e cobertura; ● Tukúxipan: cobertura cônica, suas paredes poderiam ser ou não revestidas; ● Timákötö: possui esteios verticais, laterais, não revestidos e cobertura com 2 águas. Casa Tiriyó – Planta baixa circular Ana Beatriz Plantas Baixas 02. Semi-Elípticas Planta aberta em uma de suas extremidades e assim como a planta baixa circular Tukúxipan suas paredes poderiam ser ou não revestidas; ● Tampatáraka: não apresenta diferenciação entre parede e cobertura, pois ambas são revestidas com o mesmo material; ● Taotínto: possui esteios verticais e não revestidos; Casa Tiriyó – Planta baixa semi-elíptica Ana Beatriz Plantas Baixas 03. Elípticas Possui esteios verticais, não revestidos e cobertura de duas águas Casa Tiriyó – Planta baixa elíptica Ana Beatriz Plantas Baixas 04. Antropomorfa Nesse tipo de planta, a casa como um todo é interpretada e comparada ao corpo humano ou animal - especificamente do sexo masculino. 1. Esteios = pés 2. Parte do meio da fachada frontal = peito 3. Parte do meio da fachada posterior = costas 4. Semi círculos laterais = nádegas 5. Cumeeira = trecho entre o alto da cabeça e a testa 6. Ripas = costelas 7. Palha = pelos e cabelos Casa Xinguana Ana Beatriz Plantas Baixas 05. Retangular Cobertura também de 2 águas e paredes adjacentes. Casa Tiriyó – Planta baixa retangular Ana Beatriz Plantas Baixas 06. Poligonal O grande diferencial é a sua cobertura articulada e que abriga a todos, sua quantidade de águas é igual ao número de lados. Geralmente, essas casas são irregulares podendo ser mistas com segmentos de retas e também curvas. Casa Xavante - Planta baixa poligonal Ana Beatriz Técnicas Construtivas II Maria Fernanda - Arquitetura vernacular: “aquela que brota do chão” : busca valorizar os materiais e técnicas próprias da região, procurando, também, a preservação ambiental. - É inteiramente vegetal. As técnicas construtivas utilizadas eram intimamente relacionadas aos materiais disponíveis, sempre retirados da natureza: folhas, madeira, fibras de cipó, sapê, palmeira, entre outros. Esse fato implica em uma baixa durabilidade das construções, visto que estavam suscetíveis a intempéries, ataques animais, entre outras adversidades. - - Apenas com a chegada dos colonizadores foi introduzido o uso de materiais como a pedra e o barro, em contrapartida aos demais povos nativos latinoamericanos. - Podemos estabelecer que o princípio das estruturas indígenas se dá por encaixe e amarração. https://www.caurn.gov.br/?p=10213 Maria Fernanda - A partir dessas amarrações e encaixes, forma-se o esqueleto da habitação, que obedece uma lógica simples e intuitiva, que perdura até hoje. Desenhos retirados do documento de Lila Donato Desenhos retirados do documento de Lila DonatoDesenhos retirados do documento de Lila Donato - Para as vedações, temos o enlace de diferentes materiais como folhas de bananeira e cipós. Maria Fernanda - O sistema construtivo confere flexibilidade às construções, permitindo posteriores ampliações, como ilustrado nas imagens abaixo. Desenhos retirados do documento de Lila Donato Maria Fernanda - No entanto, a simplicidade do sistema não permite a abertura de janelas, por exemplo, que só passaram a fazer parte da arquitetura brasileira a partir dos portugueses, decorrente da adoção da técnica do contraventamento. Maria Fernanda A existência de aberturas em diferentes níveis permite a circulação do ar. Através de uma abertura zenital, como a indicado na imagem, é possível que o ar quente escape pela cumeeira, uma vez que se apresenta menos denso que o ar fresco. Assim, mantém-se umatemperatura mais agradável no interior da oca. Imagem retirada da internet - A arquitetura indígena também se utilizava de uma técnica chamada Efeito Chaminé. Manual de Arquitetura Kamayurá - As imagens abaixo retratam o Mestre construtor da tribo Kamayurá demonstrando as relações de proporcionalidade que guiam a construção. Há um sistema de medidas que se baseia nas relações antropométricas, Fonte: MANUAL DE ARQUITETURA KAMAYURÁ: CONHECIMENTOS TRADICIONAIS SISTEMATIZADOS Maria Fernanda Modo de vida III Para tratar do modo de vida dos povos originários brasileiros precisamos nos atentar a dois fatos importantes: 1. A diversidade de tribos indígenas implica em inúmeros estilos de vida diferentes, que dizem respeito a cada etnia, ainda que existam similaridades importantes. 2. A organização espacial das aldeias, bem como a conformação das habitações estão diretamente relacionadas à cultura de cada povo. Em geral, independente da configuração da aldeia em habitações uni ou multifamiliares, há a formação de uma praça destinada às cerimônias, danças, encontros. É o ponto central da aldeia. Além disso, os homens são os construtores e idealizadores das habitações. Nesse contexto, as mulheres são responsáveis pela coleta dos materiais que serão usados na construção. Maria Fernanda Aldeia Kubenkokre, do povo Kayapó MenkrãgnotiAldeia Kamaú, na Terra Indígena Baú (PA)Aldeia Indígena Tekoá Porã Para o povo Yanomami, por exemplo, a conformação da aldeia estava a serviço do modo de vida da tribo. - Composta por uma única habitação unifamiliar, com apenas uma ou poucas portas a fim de se proteger de invasores. - O centro era usado para cerimônias, rituais e danças. Exemplo Maria Fernanda Arquitetura inspirada nas construções nativas IV Ana Beatriz Memorial Rondon Mimoso - MT 01 Arquiteto José Afonso Botura Portocarrero(Foto: Governo do Mato Grosso) Ana Beatriz http://www.cultura.mt.gov.br/documents/362998/4821624/Memorial+Rondon+%28124%29.jpg/be364e89-fc06-4303-b839-835b83083c69?t=1472149652724 Memorial Rondon Mimoso - MT 01 Arquiteto José Afonso Botura Portocarrero(Foto: Governo do Mato Grosso) Ana Beatriz http://www.cultura.mt.gov.br/documents/362998/4821624/Memorial+Rondon+%28124%29.jpg/be364e89-fc06-4303-b839-835b83083c69?t=1472149652724 CSS Centro SEBRAE de Sustentabilidade Cuiabá - MT 02 Arquiteto José Afonso Botura Portocarrero (Foto:https://www.condominiosverdes.com.br/cuiaba-tem-o-predio-mais-sustentavel-da-america/) Ana Beatriz https://www.condominiosverdes.com.br/cuiaba-tem-o-predio-mais-sustentavel-da-america/ CSS Centro SEBRAE de Sustentabilidade Cuiabá - MT 02 Arquiteto José Afonso Botura Portocarrero (Foto:https://www.condominiosverdes.com.br/cuiaba-tem-o-predio-mais-sustentavel-da-america/) Ana Beatriz https://www.condominiosverdes.com.br/cuiaba-tem-o-predio-mais-sustentavel-da-america/ Aeroporto de Cruzeiro Do Sul Cruzeiro do Sul - AC 03 https://www.cruzeirodosul-airport.com.br/pt-br#one Ana Beatriz https://www.cruzeirodosul-airport.com.br/pt-br#one Têkoa Ekôa Park Morretes - PR 04 Arquiteto Sem Muros Arquitetura Integradahttps://www.archdaily.com.br/br/910648/tekoa-um-mod-ode-habitar-que-integra-praticas-de-permacultura-bioconstrucao-e-producao-de-alimentos Ana Beatriz Têkoa Ekôa Park Morretes - PR 04 Arquiteto Sem Muros Arquitetura Integradahttps://www.archdaily.com.br/br/910648/tekoa-um-mod-ode-habitar-que-integra-praticas-de-permacultura-bioconstrucao-e-producao-de-alimentos Ana Beatriz Têkoa Ekôa Park Morretes - PR 04 Arquiteto Sem Muros Arquitetura Integradahttps://www.archdaily.com.br/br/910648/tekoa-um-mod-ode-habitar-que-integra-praticas-de-permacultura-bioconstrucao-e-producao-de-alimentos Ana Beatriz Oca São Paulo - SP 05 Arquiteto Oscar Niemeyer Ana Beatriz ISA Instituto Socioambiental São Gabriel da Cachoeira = AM 06 Arquiteto Brasil Arquiteturahttps://www.archdaily.com.br/br/797777/instituto-socioambiental-nil-isa-brasil-arquitetura?ad_source=search&ad_medium=search_result_all Ana Beatriz ISA Instituto Socioambiental São Gabriel da Cachoeira = AM 06 Arquiteto Brasil Arquiteturahttps://www.archdaily.com.br/br/797777/instituto-socioambiental-nil-isa-brasil-arquitetura?ad_source=search&ad_medium=search_result_all Ana Beatriz Bibliografia http://etnolinguistica.wdfiles.com/local--files/suma:vol2p027-094/Suma_Vol2_p_027-094.pdf https://ojs.eniac.com.br/index.php/Anais_Sem_Int_Etn_Racial/article/view/608/pdf https://ojs.eniac.com.br/index.php/Anais_Sem_Int_Etn_Racial/article/view/608/pdf https://www.archdaily.com.br/br/910648/tekoa-um-modo-de-habitar-que-integra-praticas-de-permacultura-bioconstrucao-e-producao-de-alimen tos WEIMER, Gunter, Arquitetura Popular Brasileira, Martins Fontes SP 2005 Introdução e Capítulo II: A contribuição étnica brasileira: as contribuições indígenas. PORTOCARRERO, J.A. Tecnologia Indígena em Mato Grosso Ed Entrelinhas, 2010. DONATO, Lilian, Sistemas construtivos tradicionais no Brasil: arquitetura indígena. http://etnolinguistica.wdfiles.com/local--files/suma:vol2p027-094/Suma_Vol2_p_027-094.pdf https://ojs.eniac.com.br/index.php/Anais_Sem_Int_Etn_Racial/article/view/608/pdf https://ojs.eniac.com.br/index.php/Anais_Sem_Int_Etn_Racial/article/view/608/pdf