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DIREITO CIVIL Materia 2

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DIREITO CIVIL I – TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES
Professora: Ana Lúcia Andrade Tomich Ottoni
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
OBRIGAÇÕES DE DAR: COISA CERTA OU INCERTA
OBRIGAÇÕES DE FAZER
OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER
OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS, CUMULATIVAS E FACULTATIVAS
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA: 
O devedor se obriga a entregar ou restituir coisa certa, ou seja, um bem determinado e perfeitamente
individuado.
Regras aplicáveis: 
1. Princípio da identidade da coisa (art. 313, CC/2002): O credor não é obrigado a aceitar outra
coisa ainda que mais valiosa.
2. Princípio de que o acessório segue o principal: A obrigação de dar coisa certa abrange os
acessórios da coisa, salvo ajuste em contrário, ou se o contrário decorrer das circunstâncias
(art. 233, CC/2002).
3. Princípio da “res perit domino”: Em relação ao risco, aplica-se a regra de que “a coisa
perece para o dono". Se a coisa foi destruída ou deteriorada sem culpa de alguém, quem
deve sofrer o prejuízo é o dono.
Importante ressaltar que, se houve culpa, o culpado deve responder pelas perdas e danos
sofridas pela outra parte – Teoria da responsabilidade subjetiva. 
4. Quanto ao risco de perda ou deterioração, deve-se observar o seguinte:
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA
RISCO COISA SE PERDE ANTES DA
TRADIÇÃO
COISA SE DETERIORA ANTES
DA TRADIÇÃO
SEM CULPA
DO DEVEDOR
COM CULPA
DO DEVEDOR
SEM CULPA
DO DEVEDOR
COM CULPA
DO DEVEDOR
OBRIGAÇÃO
DE ENTREGAR
Resolve-se a
obrigação para
ambas as partes
(com restituição
do valor se já
pago)
O devedor
responde pelo
equivalente, mais
perdas e danos
Pode o credor
resolver a
obrigação, ou
aceitar a coisa
abatido o preço
do valor que se
perdeu
Pode o credor
exigir o
equivalente, mais
perdas e danos,
ou aceitar a coisa
no estado em que
se encontra, mais
perdas e danos
OBRIGAÇÃO
DE RESTITUIR
O credor sofre a
perda e a
obrigação se
resolve
O devedor
responde pelo
equivalente, mais
perdas e danos
O credor recebe a
coisa no estado
em que se
encontra, sem
perdas e danos
Devedor
responde pelo
equivalente, mais
perdas e danos
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5. Quanto aos acréscimos e melhoramentos, deve se observar o seguinte:
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA
MELHORAMENTOS
OU ACRÉSCIMOS
SEM DESPESA OU ESFORÇO
DO DEVEDOR
COM DESPESA OU ESFORÇO
DO DEVEDOR
OBRIGAÇÃO DE
ENTREGAR
Pode ser exigido pelo devedor um
acréscimo no preço. Se o credor
não concordar, o devedor pode
resolver a obrigação.
Pode ser exigido pelo devedor um
acréscimo no preço. Se o credor
não concordar, o devedor pode
resolver a obrigação.
OBRIGAÇÃO DE
RESTITUIR
O lucro pertence ao credor que não
será obrigado a indenizar
Deve-se apurar a boa-fé ou má-fé
por parte do devedor
Nas obrigações de restituir, a coisa já pertencia ao credor, e, havendo melhoramentos ou acréscimos
à coisa com contribuição do devedor, deve-se apurar a boa-fé ou má-fé por parte deste para verificar
o direito à indenização.
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR – MELHORAMENTOS OU ACRÉSCIMOS NA COISA
BOA-FÉ DO DEVEDOR MÁ-FÉ DO DEVEDOR
BENFEITORIAS
NECESSÁRIAS 
Responsável tem direito de
indenização e retenção
Responsável tem direito de
indenização 
BENFEITORIAS ÚTEIS Responsável tem direito de
indenização e retenção
Responsável não tem qualquer
direito de indenização 
BENFEITORIAS
VOLUPTUÁRIAS
Responsável tem direito de
indenização, se
autorizadas, ou levantar as
benfeitorias, se não
autorizadas
Responsável não tem qualquer
direito de indenização 
OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA:
Chamada OBRIGAÇÃO GENÉRICA
A coisa a ser entregue não é individualizada, mas deve ser indicada pelo gênero e pela quantidade, e
será determinada pela ESCOLHA (ato de concentração).
A Regra é de que a ESCOLHA cabe ao DEVEDOR, mas pode haver ajuste em contrário.
Cabendo ao devedor, este estará obrigado a obedecer a um meio termo de qualidade, ou seja, não
pode dar coisa pior, nem está obrigado a prestar a melhor.
Importante ressaltar que o gênero não perece, ou seja, o devedor não pode alegar a perda ou
impossibilidade antes da escolha. Se a coisa que o devedor pretendia dar se perder, cabe a ele dar
outra coisa do mesmo gênero no lugar.
Entretanto, feita a escolha, a partir do momento que o devedor dá ciência ao credor, colocando a
coisa à sua disposição, a obrigação passa a ser obrigação de dar coisa certa, passando a serem
aplicadas as regras inerentes a esta modalidade de obrigação. 
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REGRAS GERAIS: 
Havendo título executivo extrajudicial, o credor pode se valer do processo de execução cujo
procedimento encontra-se regulado nos artigos 806/810 e 811/814 do CPC. 
OBRIGAÇÕES DE FAZER: Consiste na prestação de um fato.
 Regras aplicáveis: 
1. A prestação pode ser fungível ou infungível.
2. É fungível quando o devedor pode ser substituído por outra pessoa no cumprimento da
obrigação.
É infungível quando o devedor não pode ser substituído por outra pessoa no cumprimento da
obrigação, por ser esta personalíssima, também chamada de intuitu personae ou “obrigação
de mão própria” – pois somente o próprio devedor pode cumprir a obrigação.
3. A infungibilidade pode ser expressa ou tácita.
Expressa: quando convencionado pelas partes.
Tácita: quando decorre da própria prestação. (ex: show de um cantor famoso)
4. A infungibilidade é estipulada em favor do credor que pode renunciá-la, aceitando que a
prestação seja cumprida por outrem.
5. O não cumprimento pode se dar pela impossibilidade ou pela recusa, devendo se observar as
seguintes regras:
DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER
IMPOSSIBILIDADE RECUSA
SEM CULPA
DO DEVEDOR
COM CULPA DO
DEVEDOR
PRESTAÇÃO FUNGÍVEL PRESTAÇÃO
INFUNGÍVEL
Resolve-se a
obrigação para
ambas as partes
(com restituição
do valor se
houve
pagamento
antecipado)
O devedor responde por
perdas e danos.
Obs.: Tratando-se de
obrigação fungível, pode
o credor mandar terceiro
executar a prestação à
custa do devedor,
mediante autorização
judicial. Em caso de
urgência, independe de
autorização.
Pode o credor mandar terceiro
executar a prestação à custa
do devedor, sem prejuízo da
indenização cabível, mediante
autorização judicial. 
Se houver urgência, pode
mandar executar
independentemente de
autorização e depois pedir o
ressarcimento.
Cabe ao devedor
indenizar perdas e
danos.
Obs.: pode o juiz
impor multa diária
– astreinte – para
obrigar o
cumprimento.
Havendo título executivo extrajudicial, o credor pode se valer do processo de execução cujo
procedimento encontra-se regulado nos artigos 815/821 do CPC. 
OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER: É aquela em que o devedor se obriga a abster-se de algo, a não
praticar determinado ato que poderia praticar livremente se não houvesse se comprometido a omitir-
se. Trata-se de obrigação negativa, ao contrário das obrigações de dar e de fazer.
 Regras aplicáveis: 
1. Caso o devedor pratique o ato que havia se comprometido a não praticar, devem-se observar
as seguintes regras:
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DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
A ABSTENÇÃO TORNOU-
SE IMPOSSÍVEL SEM
CULPA DO DEVEDOR
DEVEDOR PRATICOU O ATO, AGINDO COM CULPA
Consequência legal:
Extingue-se a obrigação.
É POSSÍVEL DESFAZER NÃO É POSSÍVEL
DESFAZER
Pode o credor exigir que o devedor
desfaça sob pena de que seja desfeito à
sua custa, mediante autorização
judicial. 
Se houver urgência, pode o credor
desfazer ou mandar desfazer,
independentemente de autorização e
depois pedir o ressarcimento.
Obrigação se resolve
em perdas e danos. 
Obs.: Pode o juiz impor multa diária – astreinte – para obrigar o desfazimento.
Havendo título executivo extrajudicial, o credor pode se vale do processo de execução cujo
procedimento encontra-se regulado nos artigos 822/823 do CPC. 
OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS, CUMULATIVAS E FACULTATIVAS:
OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS (ou disjuntivas): São aquelas em que existem várias prestações
convencionadas,mas o devedor se libera cumprindo apenas uma dessas prestações, e não todas. 
Regras aplicáveis: 
1. Em algum momento terá que ser feita a escolha da prestação específica, a qual será entregue
ao credor. Em regra, a escolha (ou concentração) cabe ao devedor, mas pode haver ajuste de
forma diversa;
2. Havendo vários devedores ou credores com direito de fazer a escolha, deverão decidir a
quem incumbirá exercer o direito. Se não entrarem em acordo, decidirá o juiz.
3. A escolha pode ser feita por um terceiro indicado pelas partes ou nomeado no contrato. Caso
este terceiro não queira, ou não possa efetuar a opção, deve o juiz decidir se as partes não
chegarem a um acordo; 
4. O credor não pode ser obrigado a receber parte em um objeto e parte em outro;
5. Se a obrigação for de prestações periódicas, em cada um dos períodos a opção poderá ser
exercida;
6. Quanto ao risco, aplicam-se as seguintes regras:
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Escolha cabe ao devedor Escolha cabe ao credor
1 prestação
se torna
inexequível
Todas as prestações se
tornam inexequíveis
1 prestação se torna
inexequível
Todas as prestações se
tornam inexequíveis
Sem culpa Com culpa Sem culpa Com culpa Sem culpa Com culpa
Obrigação
subsiste em
relação à
outra
prestação
(Teoria da
Redução do
Objeto)
Obrigação
se extingue
Devedor
deverá pagar
o valor da
última que se
impossibilitou
+ perdas e
danos
Obrigação
subsiste em
relação à
outra
prestação
Credor
pode optar
pela
prestação
subsistente
ou pelo
valor da
outra +
perdas e
danos
Obrigação
se extingue
Pode o
credor
escolher de
qual delas
será
indenizado,
+ perdas e
danos
7. Uma vez feita a escolha, a obrigação deixa de ser alternativa e, vindo o seu objeto a perecer,
não se aplicam tais regras. 
OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS (ou conjuntivas): São aquelas em que há duas ou mais
prestações a serem cumpridas, e o devedor só se libera caso cumpra todas as prestações ajustadas. 
OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS: É aquela em que há apenas uma prestação a ser cumprida pelo
devedor, não havendo alternativa entre prestações. Entretanto, o devedor tem a faculdade de, na
execução, optar por outra prestação. Exemplo: Contrato estimatório – art. 534, CC/2002.
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS: 
Essa classificação tem importância sob a ótica não só da possibilidade de divisão do objeto da
relação obrigacional, mas também da existência e mais de um sujeito nos polos ativo e passivo da
obrigação.
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS: É aquela em que as prestações podem ser partidas em porções
distintas e cada qual manterá as qualidades do todo.
OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS: É aquela que não pode ser fracionada, devendo ser cumprida em
sua totalidade. 
O Código Civil define as consequências das obrigações divisíveis e indivisíveis ligadas à
pluralidade de sujeitos envolvidos.
Havendo mais de um credor ou mais de um devedor em obrigação divisível, esta presume-se
dividida em tantas obrigações, iguais e distintas quantos forem os credores ou devedores.
A obrigação indivisível é definida como aquela em que a prestação tem por objeto uma coisa ou um
fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada razão
determinante do negócio jurídico, caso em que não poderá ser fracionada para o seu cumprimento e,
havendo codevedores, todos eles são responsáveis pelo adimplemento total da obrigação. 
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Se apenas um dos codevedores arcar com o cumprimento total da obrigação indivisível, estará sub-
rogado nos direitos do credor, ou credores, em face dos demais codevedores. 
Tratando-se de pluralidade de credores, cada um destes poderá exigir a dívida inteira, mas aquele
devedor que adimplir a obrigação estará desobrigado se: pagar a todos conjuntamente, ou, pagando
a um só dos cocredores, este der ao devedor caução ratificadora dos demais credores. Aquele que
receber a prestação responderá perante os demais proporcionalmente.
Obs.: Toda vez que se converter uma obrigação em perdas e danos, ela perde a característica da
indivisibilidade, tornando-se, portanto, divisível, podendo ser cumprida de forma fracionada.
 Neste caso, deverá ser apurado se a culpa foi de todos os codevedores, caso em que todos
responderão em partes iguais, já que a obrigação tornou-se divisível; ou se a culpa foi de um só,
caso em que os demais serão exonerados e o culpado responderá pela integridade da obrigação. 
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS:
Obrigação solidária é aquela em que, havendo pluralidade de credores (ativa), ou de devedores
(passiva), ou ainda de uns e outros (recíproca ou mista), cada um tem direito ou é obrigado pela
dívida toda, que é única. Art. 264, CC/2002.
Espécies: Pode ser ativa, passiva, ou mista (recíproca).
Portanto, havendo solidariedade entre codevedores, qualquer destes é obrigado a cumprir a
prestação em sua totalidade, desde que venha exigi-la o credor.
Havendo solidariedade entre cocredores, qualquer um deles poderá exigir integralmente a prestação,
e, recebendo o adimplemento da obrigação, forçosamente, deverá dar sua extinção.
 *Diferentemente da obrigação indivisível, em que o devedor só se desobriga se pagar a todos
conjuntamente, ou, pagando a um só dos cocredores, este der ao devedor caução ratificadora dos
demais credores, na obrigação solidária, o devedor se desonera se pagar o débito a qualquer dos
cocredores. 
REGRAS GERAIS:
1. A solidariedade não se presume, decorre da lei ou da vontade das partes. Art. 265, CC/2002
Exemplos: Art. 585, CC/2002 (comodato); Art. 829, CC/2002 (entre fiadores); Art. 942,
CC/2002 (responsabilidade civil); Art. 2°, Lei do inquilinato – 8.245/91.
2. A lei permite que a obrigação, ainda que solidária, seja para um dos codevedores ou
cocredores pura e simples e, para os demais, seja de natureza diversa, por exemplo,
condicional, a prazo ou pagável em lugar diferente. Art. 266, CC/2002.
3. Convertendo-se a obrigação originária em perdas e danos, subsiste a solidariedade, seja ela
ativa, passiva ou mista. (Sendo passiva, apenas o culpado responde pelas perdas e danos)
REGRAS ESPECÍFICAS:
SOLIDARIEDADE ATIVA:
1. Até que seja demandado por um dos credores, o devedor pode pagar a qualquer um.
2. O pagamento integral feito a qualquer dos credores extingue a dívida toda, e, aquele que
recebeu deverá prestar contas aos demais, respondendo pela parte que couber a cada um. O
pagamento parcial extingue a dívida até o montante que foi pago.
3. O credor que receber o pagamento, ou que remitir a dívida, responde aos outros pela parte
cabível aos mesmos. 
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4. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis a
outro.
5. O julgamento contrário a um dos credores solidário não atinge os demais. O julgamento
favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de
invocar em relação a qualquer deles.
6. Com o falecimento de um dos credores solidários, cada um dos seus herdeiros terá direito de
exigir a quota de crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação
for indivisível. 
SOLIDARIEDADE PASSIVA: 
1. Cada codevedor fica responsável pelo adimplemento total da dívida.
2. Se um deles cumprir a totalidade, a dívida se extingue no todo; se o adimplemento for
parcial, a solidariedade subsiste quanto aos demais devedores que continuam obrigados pelo
restante.
3. O pagamento parcial ou a remissão obtida por um dos codevedores aproveita aos outros até
a quantia paga ou relevada.
4. Qualquer devedor pode ser demandado. O fato de o credor escolher apenas um devedor para
demandar não extingue a solidariedade quanto aos demais, não importando em renúncia a
esta.
5. O devedor que paga a dívida por inteiro tem direito de exigir de cada um dos demais a sua
quota.
6. Se algum codevedor se tornar insolvente, divide-se sua quota igualmente pelos demais,
inclusive pelos codevedores anteriormente exonerados da obrigação, e pelo que satisfez a
obrigação.
7.Se houver apenas um interessado pela dívida, este responde por sua totalidade para com
aquele que pagar.
8. O devedor demandado pode opor ao credor todas as exceções pessoais que houver, e as que
forem comuns a todos os devedores, entretanto, o sucesso nas exceções pessoais só
aproveita àquele que as opôs. As exceções comuns a todos aproveitarão.
9. Uma condição ou obrigação adicional estipulada a um dos devedores não pode agravar a
situação dos demais sem o consentimento destes.
10. Se a prestação se impossibilitar por culpa de um dos devedores, permanece para os demais o
encargo de pagar o equivalente, mas pelas perdas e danos só responde o culpado. 
11. Os herdeiros do devedor que falecer só respondem pela quota que corresponder a seu
quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. Todos os herdeiros reunidos serão
considerados um devedor solidário em relação aos outros devedores.
TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES:
Por meio da transmissão das obrigações ocorrerá mudança dos sujeitos da relação obrigacional.
Haverá mudança do polo ativo (credor) em caso de cessão de crédito.
Haverá mudança do sujeito passivo em caso de assunção de dívida, ou cessão de débito.
CESSÃO DE CRÉDITO:
Trata-se da transmissão da posição de credor em uma obrigação, podendo ser onerosa ou gratuita.
Como regra, todos os créditos podem ser cedidos, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação,
a lei ou a convenção - art. 286, CC/2002.
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Ex.: De proibição legal: art. 1707, CC/ 2002: Crédito alimentício.
 De crédito que não podem ser cedidos por sua natureza: direitos personalíssimos.
Sujeitos da cessão: Cedente (antigo credor)
 Cessionário (novo credor)
Regras:
1. A cessão de crédito não depende da concordância do devedor, entretanto, a cessão só será eficaz
perante o devedor, após a ciência deste. (Não se exige formalidade quanto à ciência, bastando
declaração em qualquer documento).
2. Todos os acessórios do crédito são transferidos, salvo se houver ajuste em contrário – art. 287,
CC/2002. 
3. O cedente não responde ao cessionário pela solvência do devedor, salvo se houver convenção em
contrário – art. 296, CC/2002. Entretanto, o cedente responde pela existência do crédito ao tempo
da cessão, se esta foi onerosa. Se foi gratuita, responderá pela existência se agiu de má-fé – art. 295,
CC/ 2002.
4. Se o crédito foi transferido para extinguir uma outra obrigação existente entre o cedente e o
cessionário, a cessão poderá ser PRO SOLUTO ou PRO SOLVENDO.
Será PRO SOLUTO aquela que extingue de imediato a dívida do cedente para com o cessionário,
ou seja, tão logo ocorra a cessão, independentemente do pagamento do crédito cedido.
Sendo PRO SOLVENDO, a obrigação entre cedente e cessionário só se extingue quando o crédito
cedido vier a ser pago.
Não havendo ajuste em contrário, a cessão será sempre PRO SOLVENDO. 
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA:
Ocorrerá quando terceiro assume o lugar do devedor.
Ao contrário do que ocorre na cessão de crédito, aqui é indispensável o consentimento expresso do
credor – art. 299, CC/2002. Sendo assim, o silêncio jamais pode ser interpretado como declaração
de vontade, exceto em uma situação: no caso do adquirente de imóvel hipotecado (neste caso, se o
credor for intimado pelo adquirente para dizer se concorda com a cessão, seu silêncio valerá como
aceitação – art. 303, CC/2002).
Se o novo devedor era insolvente ao tempo da assunção, e o credor não sabia, o devedor original
não ficará exonerado (art. 299, CC/2002).

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