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PERIODONTIA APLICADA A DENTÍSTICA Objetivos: entender a importância dos conhecimentos dos princípios que regem a resposta periodontal diante das restaurações em conjunto com os aspectos estéticos pertinentes a esses tecidos e os principais procedimentos periodontais que podem ser utilizados quando for necessário para a boa prática da dentística. O QUE É BIOLÓGICO? coloração rósea (pálido/esbranquiçada - não é sempre; textura: pontilhado ("casca de laranja" - não é sempre); firme e aderida ao osso e a região cervical dos dentes; a margem gengival (contorno bem definido) acompanha a crista óssea adjacente; PS de 2 a 3 mm sem sangramento a sondagem. Gengiva com aspectos de normalidade: Representação esquemática das estruturas periodontais que circundam o dente, promovendo o vedamento do meio interno nas áreas livres e interproximais. DISTÂNCIA BIOLÓGICA Essas estruturas periodontais, cuja largura é conhecida como “distância biológica”, formam “cintos” que circundam os dentes. As medidas médias das estruturas utilizadas como referências são baseadas em análises histológicas: epitélio do sulco (0,69 milímetro / meio externo); epitélio juncional (0,97 milímetro / meio inteirno); inserção conjuntiva (1,07 milímetro / meio interno). Essas estruturas promovem o bloqueio do porção interna com a coroa. Vale ressaltar que o epitélio do sulco é considerado meio externo e é devido a isso que se preconiza que o término das restaurações, quando a extensão subgengival é necessária (sempre tentamos deixar supra), deva ser colocado em média 0,5 mm intrassulcularmente, ou seja, no meio externo. BIOTIPOS PERIODONTAIS: BIOTIPO ESPESSO O aspecto “pontilhado casca de laranja” é mais evidente sobre uma faixa de mucosa ceratinizada mais larga. As coroas dentárias são mais curtas e com formato retangular, com superfícies de contato proximal extensas e ameia gengival pequena, necessitando de menor quantidade de tecido gengival para preenchimento completo dessa área. O contorno da margem gengival é mais suave, resultando em menor altura da papila. O osso vestibular é espesso, e a crista óssea acompanha paralelamente o contorno da junção cemento- esmalte (JCE), não havendo a presença de fenestrações e deiscências ósseas BIOTIPO DELGADO Tecido gengival fino ao redor dos dentes, com o “aspecto de casca de laranja” menos evidente (gengiva lisa). Normalmente, as coroas apresentam formato triangular com uma superfície de contato proximal menor. O contorno em arco côncavo da margem gengival está mais pronunciado e, consequentemente, com uma maior altura da papila quando comparada à do biotipo espesso. A ameia gengival é mais ampla em virtude da localização do contato no terço incisal, a papila interproximal nem sempre preenche todo o espaço entre os dentes, e os pacientes que apresentam esse biotipo podem possuir "black space"/triângulo negro. O osso vestibular é delgado, e a crista óssea nem sempre acompanha paralelamente o contorno da junção cemento-esmalte (JCE) em virtude da presença de fenestrações ósseas. AMANDA POLLO No biotipo periodontal fino, o tecido gengival apresenta-se mais suscetível a recessões (hipersensibilidade). P.S.: consegue ver a sonda por baixo da gengiva = cuidado nas restaurações a nível sub (enxerto ou cirurgia) porque pode ser visto a margem da restauração (principalmente indiretas - metalocerâmica). Alguns autores, por meio de estudos clínicos controlados, enfatizaram que a margem gengival, na presença de restaurações subgengivais, após dez anos apresentava alteração em sua posição, fruto de recessão gengival. Após esse período, eles observaram que 71% das margens posicionadas subgengivalmente estavam no nível da margem gengival ou supragengival. Apesar de não haver menção de tal aspecto no estudo, provavelmente esse comportamento deve ter sido mais comum nos pacientes com biotipo delgado, pois o tecido com essas características responde com recessão marginal diante de processos inflamatórios que são exacerbados por restaurações subgengivais. O QUE É ESTÉTICO? A estética é considerada subjetiva (percepção) e, até a presente data, não existem conceitos bem definidos que atinjam um consenso para determinar o que é realmente estético. Dessa forma, a queixa do paciente sempre deve ser ouvida antes de se insinuar a necessidade de qualquer modificação. ZÊNITE GENGIVAL É o ponto mais apical da gengiva marginal vestibular e determina o contorno gengival da coroa aparente. Considera-se uma posição estética quando o zênite, nos incisivos centrais e caninos, é deslocado para distal em relação ao eixo longitudinal mediano e quando, nos incisivos laterais, é coincidente com esse eixo. MARGEM GENGIVAL A posição em que se encontra a margem gengival determina a porção visível da coroa (coroa clínica aparente), sendo a progressão do contorno gengival dos incisivos aos caninos um dos fatores preponderantes na estética gengival. PAPILA INTERDENTÁRIA A papila interdentária, ou gengiva interproximal, é a porção gengival que ocupa o espaço entre dois dentes adjacentes. Sua ausência total ou parcial é notada por causa dos espaços negros que se tornam evidentes. SOLUCIONANDO OS PROBLEMAS: No biotipo periodontal delgado, onde dentes com formato triangular são frequentes e, quando bem posicionados, apresentam o ponto de contato localizado no terço incisal, a presença de espaços negros é mais evidente A. BIOLÓGICOS: INVASÃO DO ESPAÇO BIOLÓGICO A melhor posição da margem gengival das restaurações em relação à saúde periodontal é supragengival. Essa posição favorece a higienização da interface dente-restauração e o acúmulo do biofilme, motivo pelo qual sua localização para fora do sulco gengival é preferida. Estudos clínicos controlados demonstraram que a presença de restaurações subgengivais está associada ao aumento do índice gengival (SS) e do índice de sangramento papilar, assim como perda de inserção. Desenho esquemático de uma cavidade preparada ao nível subgengival, com preservação do espaço biológico Porém, a maioria das vezes a extensão subgengival é muito utilizada, principalmente em dentes anteriores, reabilitação de coroas, ou seja, quando não queremos a margem da restauração visível a olho nu. O aprofundamento subgengival para que haja preservação do periodonto deve ser de no máximo 1 mm (ideal 0,5mm). Já os preparos extensamente subgengivais dificultam todas as etapas do tratamento protético/ restaurador. A invasão do espaço biológico culmina na migração das estruturas periodontais em busca do restabelecimento em região mais apical livre de injúrias, culminando em remodelação por reabsorção da crista óssea alveolar. Assim, como a região circundada pelo epitélio sulcular permite contato com materiais restauradores, deve existir, entre o término do preparo e a crista óssea alveolar, superfície radicular hígida para permitir a formação do epitélio juncional e inserção conjuntiva ao seu redor. Na ausência desse espaço ocorrerão processos inflamatórios no periodonto marginal, levando à migração apical das estruturas periodontais. Cavidade preparada ao nível subgengival, com invasão do espaço biológico Reação do organismo para restabelecimento das estruturas periodontais do meio interno (reabsorção óssea e formação da bolsa periodontal) O comprometimento das distâncias biológicas do periodonto pode ocorrer basicamente por dois tipos de envolvimento: dental (o problema está no elemento dental), como cáries, fraturas, perfurações, preparos protéticos etc.; e periodontal (o problema está no periodonto), isto é, a reabsorção da crista óssea. CIRURGIA DE AUMENTO DE COROA (ACC) dentes com coroa clínica curta; dentes com coroa anatomia curta; dentes com hiperplasia gengival; dentes com invasão do espaço biológico; dentes com aparência não estética; dentes com preparos protéticos curtos e não retentivos. Procedimento cirúrgico para reestabelecer as distâncias biológicas. Envolve a técnica de osteotomia/osteoplastia (pode envolver ou não estruturas ósseas) com reposição apical do retalho.Resumindo, o espaço mínimo de 2 mm entre a margem gengival do preparo cavitário/protético é estabelecido pelo desgaste controlado da crista óssea, com a remoção planejada de osso dos dentes vizinhos, a fim de permitir o reposicionamento apical do retalho, evitando a formação de sulcos profundos após a cicatrização, principalmente nas áreas onde foi realizada a osteotomia. Indicações: ENXERTO GENGIVAL LIVRE A. Aspecto inicial evidenciando uma estreita faixa de mucosa ceratinizada acompanhada de recessão marginal; B Aspecto após estabilização do enxerto gengival livre. A recessão gengival é definida como a exposição oral da superfície radicular provocada pelo deslocamento da margem gengival em direção apical à junção cemento-esmalte. Essa condição pode estar associada ao comprometimento estético do sorriso em virtude da aparência alongada do dente, de abrasões e cáries radiculares, da hipersensibilidade dentinária e da dificuldade no controle de placa bacteriana. Outros fatores de risco relacionados são: mau posicionamento dental; e fatores iatrogênicos. Objetivo: recobrimento total da superfície radicular exposta com tecido gengival e, consequentemente, o ganho de nível clínico de inserção/diminuição da profundidade clínica a sondagem e a manutenção desses resultados a longo prazo. RECESSÃO GENGIVAL SORRISO GENGIVAL O sorriso gengival é caracterizado nos casos em que, durante o sorriso, há uma exposição maior do que 3 mm da margem gengival até a borda inferior do lábio superior. Nos casos em que o sorriso gengival compromete a estética, pode ser necessária correção cirúrgica para harmonizar a borda inferior do lábio superior em relação à margem gengival. Estética branca: dentes; Estética rosa: gengiva;
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