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Resumo - O nascimento da medicina social - Foucault

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O nascimento da medicina social 
 
A medicina moderna é uma medicina social que tem 
por background uma certa tecnologia do corpo social; 
uma prática social que somente em um de seus 
aspectos é individualista e valoriza as relações médico-
doente. 
O capitalismo, desenvolvendo-se em fins do século 
XVIII e início do século XIX, socializou um primeiro 
objeto que foi o corpo enquanto força produção. 
O corpo é uma realidade bio-política. A medicina é uma 
estratégia bio-política. 
A medicina de Estado 
Se desenvolveu na Alemanha no começo do século 
XVIII. 
 Staatswissenschaft = ciência do 
Estado/ciência política: 
⇒ Conhecimento que tem por objeto o 
Estado e funcionamento geral de seu 
aparelho político; 
⇒ O conjunto dos procedimentos pelos 
quais o Estado extraiu e acumulou 
conhecimentos para melhor assegurar 
seu funcionamento. 
O Estado é algo que se desenvolveu de modo mais 
rápido na Alemanha, antes da França e da 
Inglaterra, pois: 
⇒ A Alemanha se tornou um Estado unitário 
durante o século XIX; 
⇒ A estagnação do desenvolvimento 
econômico da Alemanha, no século XVII, 
depois da Guerra dos 30 Anos e dos 
grandes tratados entre França e Áustria. 
Desde o final do século XVI e começo do século 
XVII todas as nações do mundo europeu se 
preocuparam com o estado de saúde de sua 
população: 
 França: estatísticas de nascimento e 
mortalidade; 
 Inglaterra: grandes contabilidades de 
população no século XVII. 
 
 
Enquanto isso a Alemanha contava com 
programas efetivos de melhoria da saúde da 
população, a política médica de um Estado era 
aplicada pela primeira vez. 
A política médica consiste em: 
 Um sistema muito mais completo de 
observação da morbidade do que os 
simples quadros de nascimento e morte; 
 Um fenômeno importante de 
normalização da prática e do saber 
médicos. O médico foi o primeiro indivíduo 
normalizado na Alemanha; 
 Uma organização administrativa para 
controlar a atividade dos médicos; 
 A criação de funcionários médicos 
nomeados pelo governo com 
responsabilidade sobre uma região, seu 
domínio de poder ou de exercício da 
autoridade de seu saber. Aparece o médico 
como administrador de saúde. 
Nenhum Estado ousou propor uma medicina tão 
funcionarizada, coletivizada, estatizada quanto a 
Alemanha desta época. 
O que se encontra antes da medicina clínica é uma 
medicina estatizada ao máximo. Os outros 
modelos de medicina social são atenuações desse 
modelo profundamente estatal e administrativo já 
apresentado na Alemanha. 
A medicina urbana 
Se desenvolveu na França em fins do século XVIII. 
Sentiu-se a necessidade, ao menos nas grandes 
cidades, de constituir a cidade como unidade, de 
organizar o corpo urbano de modo coerente, 
homogêneo, dependendo de um poder único e 
bem regulamentado. 
As razões foram: 
 Econômicas; 
 Políticas. 
 
O filósofo Cabanis dizia a respeito das cidades: 
“Todas as vezes que homens se reúnem, seus 
costumes se alteram; todas as vezes que se 
reúnem em lugares fechados, se alteram seus 
costumes e sua saúde”. 
Para dominar esses fenômenos médicos e 
políticos que inquietam as cidades e 
principalmente a burguesia, foi lançado um 
modelo de intervenção: a quarentena. 
A quarentena consistia em: 
 Todas as pessoas deviam permanecer em 
casa para serem localizadas em um único 
lugar; 
 A cidade devia ser dividida em bairros que 
se encontravam sob a responsabilidade de 
uma autoridade designada para isso; 
 Esses vigias deviam fazer relatórios diários 
precisos ao prefeito da cidade para 
informar tudo o que tinham observado; 
 Os inspetores deviam diariamente passar 
em revista todos os habitantes da cidade; 
 Casa por casa, se praticava a desinfecção. 
Houve dois grandes modelos de organização 
médica na história ocidental: 
 Modelo suscitado pela lepra; exclusão: 
medicalizar alguém era mandá-lo para fora 
e, consequentemente, purificar os outros; 
 Modelo suscitado pela peste; 
internamento: distribuir os indivíduos uns 
ao lado dos outros, isolá-los, individualizá-
los, vigiá-los um a um, constatar o estado 
de saúde de cada um, ver se está vivo ou 
morto e fixar, assim, a sociedade em um 
espaço esquadrinhado, dividido, 
percorrido por um olhar permanente e 
controlado por um registro, tanto quanto 
possível completo, de todos os fenômenos. 
A medicina urbana consiste em: 
 Análise das regiões de amontoamento, de 
confusão e de perigo no espaço urbano; 
 Controle e o estabelecimento de uma boa 
circulação da água e do ar; 
 Organização de distribuições e sequências. 
A medicalização da cidade, no século XVIII, é 
importante por várias razões: 
 Por intermédio da medicina social urbana, 
a prática médica se põe diretamente em 
contato com ciências extra médicas, 
fundamentalmente a química; 
 A medicina urbana não é verdadeiramente 
uma medicina dos homens, corpos e 
organismos, mas uma medicina das coisas: 
ar, água, decomposições, fermentos; das 
condições de vida e do meio de existências; 
 Noção de salubridade. 
A medicina da força de trabalho 
O amontoamento não era ainda tão grande para 
que a pobreza aparecesse como perigo. Os pobres 
faziam parte da instrumentalização da vida 
urbana. 
Apenas no segundo terço do século XIX que o 
pobre apareceu como perigo, em: 
 Razão política: a população pobre tornou-
se uma força política capaz de se revoltar e 
de participar de revoltas; 
 Meio de dispensar, em parte, os serviços 
prestados pela população; 
 A cólera de 1832, que começou em Paris e 
se propagou por toda a Europa, cristalizou 
em torno da população proletária ou 
plebeia, uma série de medos políticos e 
sanitários. 
É na Inglaterra que surge uma nova forma de 
medicina social. 
 Health service: intervenção nos locais 
insalubres, verificações de vacina, registros 
de doenças = controle das classes pobres. 
 
 
 
 
Universidade Federal da Bahia – UFBA 
Bacharelado Interdisciplinar em Saúde 
Introdução ao Campo da Saúde – HACA10 
Anna Gabrielly Santos de Almeida

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