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Prática de Ensino em Gestão Educacional Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Julia de Cassia Pereira do Nascimento Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites Trio Gestor, Projeto Político Pedagógico, professores Formação em serviço e relações com o Trio Gestor • Introdução • O Trio Gestor • A construção do Projeto Político Pedagógico • O Trio Gestor e o processo de formação continuada dos professores • O relacionamento dos professores com os diferentes níveis de gestão • Considerações finais · Organizar informações e produzir saberes, a partir da observação em campo de estágio, que possibilitem a crítica e as discussões na disciplina Prática de Ensino na Gestão Educacional, com foco no Trio Gestor, na elaboração do Projeto Político Pedagógico e no professor, sua formação continuada e as relações com a equipe gestora. OBJETIVO DE APRENDIZADO Olá, Aluno (a)! Nesta Unidade, você aprenderá um pouco mais sobre a Prática de Ensino na Gestão Educacional, com discussões sobre o Trio Gestor e a elaboração do Projeto Político Pedagógico. Saberá também sobre a atuação dos professores, no que diz respeito à formação continuada e às relações dos mesmos com a equipe gestora. Leia com atenção o conteúdo disponibilizado e o material complementar. Não se esqueça de que a leitura é um momento que permite a você registrar suas dúvidas e fazer reflexões para depois discuti-las com seus colegas – por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. Além disso, após a leitura do conteúdo proposto e da sugestão de material complementar, participe dos debates no fórum de discussão, pois você ficará em contato com seus colegas e tutores em um espaço de interação e troca de ideias, o que é muito importante para a sua formação. Cada material disponibilizado é mais um elemento para o seu aprendizado, por favor, estude todos com atenção! Lembre-se: você é responsável pelo seu processo de estudo; por isso, aproveite ao máximo esta vivência digital! ORIENTAÇÕES Trio Gestor, Projeto Político Pedagógico, Professores – Formação em serviço e relações com o Trio Gestor UNIDADE Trio Gestor, Projeto Político Pedagógico, Professores Formação em serviço e relações com o Trio Gestor Contextualização A questão da gestão escolar é um assunto fundamental para que possamos oferecer à sociedade uma escola que atenda suas demandas, cada vez mais exigentes em termos de conhecimento, em que a revolução tecnológica que presenciamos precisa estar atrelada às estratégias do gestor, acompanhando o ritmo das mudanças e sempre renovando as práticas pedagógicas. É através da gestão que podemos observar a escola e seus problemas educacionais, buscando solucionar entraves por meio de decisões tomadas em conjunto com o corpo de funcionários; e não apenas pelo gestor e os professores. A escola deve funcionar como uma rede, com relações interligadas. Nesse contexto, temos diversos sujeitos atuando na constituição da identidade escolar, na construção do Projeto Político Pedagógico da escola, com destaque para os professores que precisam estar atualizados e capacitados para atuarem em uma escola democrática, além de preparados para as relações, por vezes conflitantes, com a equipe gestora. Você já pensou sobre isso? Qual sua opinião a respeito? Vamos discutir sobre esse tema? Aos estudos! 6 7 Introdução A adoção de mudanças no ambiente educacional deve ser antecedida de avaliações sobre os impactos que causarão, considerando também como o processo de gestão deve ser planejado, organizado e executado de modo democrático. De acordo com Libâneo: Dirigir uma escola é por em ação, de forma integrada e articulada, todos os elementos do processo organizacional (planejamento, organização, avaliação), envolvendo atividades de mobilização, liderança, motivação, comunicação, coordenação. A coordenação é um aspecto da direção, significando a articulação e a convergência do esforço de cada integrante de um grupo visando a atingir objetivos. Quem coordena tem a responsabilidade de integrar, reunir esforços, liderar, concatenar o trabalho de diversas pessoas (LIBÂNEO, 2001, p. 179). A construção do projeto político pedagógico é essencial para a organização e o acompanhamento do processo ensino-aprendizagem, pois todas as ações desenvolvidas na unidade escolar devem oportunizar a prática democrática. Para isso, há de se pensar no processo de formação continuada dos professores, que por meio da prática reflexiva proporcionam aos docentes um leque de possibilidades para a construção e ampliação dos saberes necessários ao seu aprimoramento. [...] a formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios de um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de auto-formação participada. Estar em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios, com vistas à construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional. (NÓVOA, 1991, p. 25). É evidente que o Trio Gestor precisa construir um bom relacionamento com os professores, requerendo maior autonomia e habilidade para gerenciar os diferentes pontos de vista, mediando conflitos e prevendo ações. Nesta unidade, desenvolveremos uma breve discussão sobre o Trio Gestor – Diretor, Supervisor de Ensino e Coordenador Pedagógico –, tendo como parâmetro a construção do Projeto Político Pedagógico. Além disso, buscamos destacar a relevância do processo de formação continuada e o relacionamento com os professores envolvidos no processo educacional. 7 UNIDADE Trio Gestor, Projeto Político Pedagógico, Professores Formação em serviço e relações com o Trio Gestor O Trio Gestor O Trio Gestor – formado pelo gestor educacional (ou diretor, como ainda é chamado), o coordenador pedagógico e o supervisor de ensino – tem um papel crucial na formação do ambiente escolar. O gestor ou diretor é o responsável legal, judicial e pedagógico pela escola e deve assumir o papel de líder para garantir o pleno funcionamento da escola. O coordenador pedagógico é o profissional que atua na escola, em sintonia com as ações do gestor, sendo responsável pela parte pedagógica da escola, atuando também na formação e capacitação dos professores. O supervisor de ensino é o representante da Secretaria de Educação, sua função é fornecer apoio técnico, administrativo e pedagógico às escolas. Esse profissional deve agilizar a implantação de políticas públicas, garantindo a formação de gestores e coordenadores. As atitudes desse trio devem incentivar a construção ou reconstrução da prática escolar juntamente com todos os envolvidos no processo, e que cujas ações individuais necessitam se articular de forma a garantir o bom funcionamento da escola e a aprendizagem dos alunos. No contexto atual, há uma valorização dos aspectos burocráticos da escola; todavia, a atuação do Trio Gestor deve estar em sintonia com os processos pedagógicos, com vistas à garantia de uma educação plena e de qualidade social. Nesse sentido, requer o adequado alinhamento entre o Trio Gestor. Caso não haja congruência entre tais profissionais, a democratização dos processos de tomada decisão será em vão. Verificaremos como esse trio pode colaborar na construção do Projeto Pedagógico da escola, nas ações de formação continuada dos professores, assim como nas relações dos professores com os demais membros da gestão. A construção do Projeto Político Pedagógico Atualmente, a gestão da Educação está aliada ao conceito de democracia, compreendida como participação dos sujeitos envolvidos no contexto educacional; todavia, ainda impera uma prática pedagógica conservadora e autoritária. Para que isso mude e a gestão democrática ocorra,a escola precisa, se necessário, modificar suas práticas de gestão e de elaboração do seu Projeto Político Pedagógico. O Projeto Político Pedagógico é um instrumento que deverá servir de base para o trabalho pedagógico, direcionando as ações da equipe gestora e dos professores especialmente, segundo Gadotti e Romão (1994), pela explicitação de seu marco referencial, da educação que se deseja promover, do tipo de cidadão que se pretende formar. 8 9 Esse documento norteador das ações na escola deve ser elaborado de forma participativa e colaborativa, envolvendo todos os professores, funcionários, alunos e pais, o que permite construir a identidade da escola. Conforme Veiga afirma (2001, p. 187): “é a configuração da singularidade e da particularidade da instituição educativa”, uma vez que cada escola tem seu próprio projeto, não sendo possível aplicar o mesmo fora da unidade escolar na qual foi concebido. Ao elaborar a organização do processo pedagógico, o Projeto Político Pedagógico deve ter como principal foco o aluno em sua formação e aprendizagem. Por isso, deve abranger o planejamento curricular, aqui entendido como o conjunto de experiências a serem promovidas pela escola para promover a formação e aprendizagem dos alunos. Conforme já visto, o Projeto Político Pedagógico (PPP) é um dos instrumentos permanentes mais importantes para o desenvolvimento da gestão democrática escolar. Entretanto, ele deve ser elaborado juntamente com os sujeitos envolvidos no contexto escolar, conforme Veiga (1995, p.43), [...] o Projeto Político Pedagógico busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico e com os interesses reais e coletivos da população majoritária. A construção do Projeto Político Pedagógico necessita de uma ação coletiva. Nessa direção, o trio gestor deve presumir participações coletivas para a sua elaboração. De modo geral, a sua construção ou reconstrução é realizada no encerramento do ano letivo. Entretanto, a discussão deve ocorrer nas reuniões pedagógicas, de pais e na formação continuada dos professores. O Trio Gestor precisa, em conjunto, superar os desafios que surgirão no decorrer da sua elaboração. Nessa perspectiva, Veiga (2001) evidencia que a construção de um Projeto Político Pedagógico tem algumas características que devem ser levadas em conta na sua elaboração, acarretando a definição dos objetivos que pretendem alcançar. O Projeto Político Pedagógico, ainda segundo a autora, deve: 1. Ser construído a partir da realidade, explicitando seus desafios e problemas; 2. Ser elaborado de forma participativa; 3. Corresponder a uma articulação e organização plena e ampla de todos os aspectos educacionais; 4. Explicitar o compromisso com a formação do cidadão e os meios e condições para promovê-la; 5. Ser continuamente revisado mediante processo contínuo de planejamento; 6. Corresponder a uma ação articulada de todos os envolvidos com a realidade escolar. 9 UNIDADE Trio Gestor, Projeto Político Pedagógico, Professores Formação em serviço e relações com o Trio Gestor É importante também que, na elaboração do documento, sejam seguidos os princípios norteadores que estão descritos na LDB n.º 9394/96, no seu Art. 3º: Art. 3º [...] I. igualdade de condições para acesso e permanência na escola; II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III. pluralismo de ideias e concepções pedagógicas; IV. respeito à liberdade e apreço a tolerância; V. coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI. gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII. valorização do profissional da educação escolar; VIII. gestão democrática do ensino público, na forma desta lei e da legislação do sistema de ensino; IX. garantia do padrão de qualidade; X. valorização da experiência extracurricular; XI. vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais [...] (BRASIL, 1996, art.3º). Libâneo, Oliveira e Toschi (2003, p. 359) elencam algumas questões essenciais que emergem da elaboração do PPP: A pergunta mais importante a ser respondida pela equipe escolar no momento da elaboração do projeto-curricular é: o que se pode fazer, que medidas devem ser tomadas para que a escola melhore, para que favoreça uma aprendizagem mais eficaz e duradoura dos alunos? [...] é indispensável que a discussão sobre o documento final seja concluída com a determinação de tarefas, de prazos, de formas de acompanhamento e avaliação (o que se fará, quem fará, quais são os critérios de avaliação). Portanto, a elaboração do PPP propõe uma caracterização dos elementos curriculares, de modo a consolidar as diversas realidades presentes no contexto social do aluno. O que se espera do Trio Gestor é a construção de um ambiente significativo de vivências e, ao mesmo tempo, mais igualitário. Segundo Veiga (1995), a elaboração do PPP atrelado à formação humana conduz a caminhos solidários e participativos, tendo em vista a construção de uma escola de qualidade para todos. A autora ressalta ainda que a escola é uma organização viva, portanto, o projeto deve ser dinâmico. O ponto de vista que nos interessa reforçar é que a escola não tem mais possibilidade de ser dirigida de cima para baixo e na ótica do poder centralizador que dita as normas e exerce o controle técnico e burocrático. A luta da escola é para a descentralização em busca de sua autonomia e qualidade. (VEIGA, 1995, p. 18). 10 11 Compreendemos que o Trio Gestor deve horizontalizar os processos decisórios em que os envolvidos na construção do PPP estejam no mesmo patamar, participando, opinando e decidindo conjuntamente sobre os mais diferentes temas que envolvem a comunidade escolar, o ensino, a aprendizagem e a formação para a cidadania. De acordo com Lima (2002): A construção da escola democrática constitui, assim, um projeto que não é sequer pensável sem a participação democrática de outros setores e o exercício da cidadania crítica de outros atores, não sendo, portanto, obra que possa ser edificada sem ser em co-construção. (LIMA, 2002, p. 42). Ainda, segundo o autor, uma escola democrática é construída com a participação. É na participação de toda comunidade local que são apresentadas as necessidades da unidade escolar, portanto, a transformação social se torna meta a ser conquistada. Corroborando as ideias de Lima (2002), Imbernón (2000, p. 95) salienta que: A escola deve abrir suas portas e derrubar suas paredes não apenas para que possa entrar o que passa além de seus muros, mas também para misturar-se com a comunidade da qual faz parte. Trata-se “simplesmente” de romper o monopólio do saber, a posição hegemônica da função socializadora, por parte dos professores, e construir uma comunidade de aprendizagem no próprio contexto. A construção do PPP não é uma tarefa simples, pois requer diálogo, autonomia, participação, reflexão-ação e também divergências. Concordamos com Padilha (2005) com relação à construção do projeto: Por isso defendemos a construção do Projeto Político Pedagógico da escola alicerçado na relação pedagógica que se estabelece desde a sala de aula, fundamentada na dialogicidade sensível, crítica, conflitiva, reflexiva, criativa, permanentemente política e transdisciplinar. Dessa forma, possibilitamos aos sujeitos do processo pedagógico espaços de convivência e de descoberta dos caminhos a serem trilhados, para que aprendam não só a conhecer, a fazer, a viver juntos e a ser [...] (PADILHA, 2005, p. 101). O exercício da consciência crítica deve ter como ponto de partidaa atuação do Trio Gestor, para que, por meio de uma ação coletiva, possa vir a construir uma prática libertadora. 11 UNIDADE Trio Gestor, Projeto Político Pedagógico, Professores Formação em serviço e relações com o Trio Gestor O Trio Gestor e o processo de Formação continuada dos Professores O uso de tecnologias de comunicação e informação tem transformado o modo de atuação de instituições de ensino. Se antes a obtenção de conhecimento estava restrita, em grande parte, ao espaço escolar, agora há uma pluralidade de redes. Tal contexto lança um desafio para os gestores na escolha de sua abordagem pedagógica no processo de formação continuada. Partindo desse princípio, compreendemos que a escola continua sendo lócus para o desenvolvimento humano. É na escola que ocorre a construção do conhecimento, que possibilitará aos indivíduos a interpretação das informações encontradas em livros e na internet. A sociedade mudou, mas a escola não. A educação ainda acontece como a transmissão de informações, o que já não faz mais sentido na realidade em que vivemos hoje – a Era do Conhecimento. Segundo Alarcão (2001), é importante que a escola rompa com os antigos paradigmas e abra espaço para as novas tendências, ou seja, deve haver uma mudança de pensamentos e posturas acerca do papel da escola. É preciso uma aliança de todos os envolvidos. A interação entre alunos, professores, pais, equipe gestora e os demais funcionários formará uma escola de qualidade e equidade. Nesse sentido, é importante que os educadores estejam engajados no processo pedagógico e curricular. O debate em torno do professorado é um dos polos de referência do pensamento sobre a educação, objeto obrigatório da investigação educativa e pedra angular dos processos de reforma dos sistemas educativos (SACRISTÁN, 1999, p. 64). Atualmente, muito se tem discutido sobre a formação de professores. Estudos sobre a formação docente levam a um conhecimento que norteia tal formação, considerando que o professor é um sujeito participante de um debate que perpassa do seu campo de atuação. O processo educacional e pedagógico que ocorre na escola, assim como as experiências que ele proporciona aos envolvidos, constitui-se em importante elemento de aprendizagem e formação das pessoas que atuam nesse ambiente. Muitas vezes os próprios professores, por meio de reflexões sobre sua prática, se apropriam dessa aprendizagem, mas espera-se que haja uma orientação vinda do Trio Gestor, no sentido de propiciar o desenvolvimento pretendido pela escola, em termos educacionais, em um processo que chamamos de formação em serviço. 12 13 A escola poderá, portanto, promover a capacitação em serviço orientada pela promoção de um ambiente centrado na aprendizagem continuada. Nesse sentido, conhecer o professor, ao longo de sua trajetória profissional, é importante indicativo para a compreensão das práticas pedagógicas educacionais. Segundo Nóvoa (1999), a formação de um professor é um processo de longo prazo, possibilitando um novo olhar à prática pedagógica, revelando novas possibilidades, perspectivas e desafios. Assim também colabora Imbernón (2000) O conhecimento profissional consolidado mediante a formação permanente apoia-se tanto na aquisição de conhecimentos teóricos e de competências de processamento da informação, análise e reflexão crítica em, sobre e durante a ação, o diagnóstico, a decisão racional, a avaliação de processos e a reformulação de projetos (IMBERNÓN, 2000, p. 75). A formação continuada proporciona de modo significativo o aperfeiçoamento do conhecimento profissional do educador, desenvolvendo capacidades reflexivas sobre a própria prática, conduzindo-os a uma consciência coletiva, crítica e dinâmica. E nessa linha, encontramos a formação em serviço como um conjunto de ações realizadas na própria escola, orientadas pelo gestor ou pelo trio, a fim de facilitar para os professores o desenvolvimento de competências profissionais – seja de conhecimentos, habilidades ou atitudes – a partir do desempenho profissional desses docentes, com o objetivo de aprimorar esse desempenho. Para que isso ocorra, é preciso que não se esqueça da articulação entre a teoria e a pratica, uma vez que a prática pode ser a condição de construção de novos conhecimentos profissionais, nos processos de observação, reflexão, construção de conhecimentos, ação, ou seja, na práxis pedagógica. Ressaltamos ainda a importância da escola como espaço de formação, possibilitando o exercício da autonomia e cidadania. Portanto, o processo de formação continuada está atrelado ao desenvolvimento pessoal e profissional, colaborando para a reflexão da prática pedagógica. O relacionamento dos Professores com os diferentes níveis de Gestão Libâneo (2001) identifica a escola como uma organização, pelo fato da mesma ser uma unidade social que é capaz de alcançar certos objetivos – e as disposições apontadas pelo autor se referem tanto à ordem administrativa como às pedagógicas. 13 UNIDADE Trio Gestor, Projeto Político Pedagógico, Professores Formação em serviço e relações com o Trio Gestor Segundo Morgan (1996), as organizações nada mais são do que instituições com- plexas que precisam ser entendidas e compreendidas dentro das suas especificidades. [...] frequentemente falamos sobre organizações como se elas fossem máquinas desenhadas para atingir fins e objetivos predeterminados e que devessem funcionar tranquila e eficientemente. E, como resultado desse tipo de pensamento, frequentemente [...] tentamos organizá-las e administrá-las de maneira mecanicista [...] (MORGAN, 1996, p. 17). Assim, para o sucesso das unidades escolares, é necessário um bom direcionamento e controle das decisões, que Libâneo (2001) define como gestão. Para o autor, a gestão e a organização precisam ser um trabalho coletivo, onde todos os envolvidos atuam juntos para alcançar as metas e os objetivos primordiais. Para tanto, é necessário que a gestão compartilhe esses objetivos comuns com todos os envolvidos no processo educacional. [...] a organização escolar democrática implica não só a participação na gestão, mas a gestão da participação, em função dos objetivos da escola [...]. Para a gestão da participação, é preciso ter clareza de que a tarefa essencial da instituição escolar é a qualidade dos processos de ensino e aprendizagem que, mediante as práticas pedagógico–didáticas e curriculares, propiciam melhores resultados de aprendizagem (LIBÂNEO, 2001, p. 81-82). O autor ainda destaca que [...] participação significa a intervenção dos profissionais da educação e dos usuários (alunos e pais) na gestão da escola. Há dois sentidos de participação articulados entre si. Há a participação como meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos alunos, constituindo–se como prática formativa, como elemento pedagógico, metodológico e curricular. Há a participação como processo organizacional em que os profissionais e usuários da escola compartilham institucionalmente certos processos de tomada de decisão. (LIBÂNEO, 2001, p. 113). É preciso que os professores se sintam parte da equipe e tenham uma relação com o Trio Gestor que permita a discussão de aspectos relacionados ao seu trabalho, à educação e à escola como um todo, com vistas à melhoria do processo educacional. Isso pede que o trio gestor, mais especificamente o diretor, promova a formação de espírito e trabalho em equipe, que se forma pelo acompanhamento cotidiano de organizar, orientar e articular as interações que ocorrem no interior da escola, as quais são naturalmente orientadas por múltiplos interesses de validade e intensidade diferentes – superando eventuais situações de altos e baixos, fazendo superar de modo a equacionar motivações em torno dos objetivos educacionais. 1415 Deve haver, portanto, um inter-relacionamento pessoal orientado pelo espírito humano e educacional, no qual as pessoas podem expor um ponto de vista ou fazer alguma crítica ao trabalho do outro, com tato e respeito, tornando-se diferenciais do trabalho educativo e se constituindo tanto em um aspecto motivacional entre os participantes da escola como em elemento de formação dos alunos. A gestão participativa transforma o espaço escolar em um espaço de intensa reflexão, indagação, argumentação e experimentação. Como nos mostra Alarcão (2003, p. 93), uma gestão participativa é fator essencial para se alcançar uma escola reflexiva, pois “a gestão de uma escola reside na capacidade de mobilizar cada um para a concretização do projeto institucional, sem perder nunca a capacidade de decidir”. A participação de toda a comunidade escolar é importante, pois juntos irão traçar um objetivo comum, que Libâneo define como “cultura organizacional”: [...] a cultura organizacional diz respeito ao conjunto de fatores sociais, culturais, psicológicos que influenciam os modos de agir da organização como um todo e do comportamento das pessoas em particular. (LIBÂNEO, 2001, p. 82-83). Assim, o autor nos mostra que é importante ouvir todos os envolvidos, pois só assim conheceremos as particularidades de cada envolvido no processo. [...] que a escola tem uma cultura própria que permite entender tudo o que acontece nela, mas essa cultura pode ser modificada pelas próprias pessoas, ela pode ser discutida, avaliada, planejada, num rumo que responda aos propósitos da direção, da coordenação pedagógica, do corpo docente. (LIBÂNEO, 2001, p. 85). Cabe aos gestores, ouvir, reunir as expectativas dos envolvidos e tentar unir a participação de todos em um projeto comum, pois o gestor é peça fundamental para o funcionamento pedagógico e administrativo da escola; todavia, algumas vezes envolve-se em muitas questões administrativas, impossibilitando-o de cumprir com o seu verdadeiro papel. 15 UNIDADE Trio Gestor, Projeto Político Pedagógico, Professores Formação em serviço e relações com o Trio Gestor Considerações finais Nesta Unidade, destacamos a importância da atuação do trio gestor na elaboração do Projeto Político Pedagógico, o qual propõe uma caracterização dos elementos curriculares, de modo a consolidar as diversas realidades presentes no contexto social do aluno. O que se espera do Trio Gestor é a construção de um ambiente significativo de vivências e, ao mesmo tempo, mais igualitário. Enfatizamos também que é fundamental a educação continuada dos professores, a qual proporciona de modo significativo o aperfeiçoamento do conhecimento profissional do educador, desenvolvendo capacidades reflexivas sobre a própria prática, conduzindo-os a uma consciência coletiva, crítica e dinâmica. Além disso, a participação exige a criação de espaços de participação, ou seja, cabe ao Trio Gestor criar tais espaços e fomentar estratégias de participação, oportunizando os meios para que seja estabelecido um diálogo com professores, alunos e pais na efetivação da gestão democrática nas escolas. 16 17 Material Teorico Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Apresentamos aqui alguns textos que vão ampliar seu conhecimento sobre o que foi tratado nesta Unidade: Sites Formação continuada na escola HEIDRICH, Gustavo. Revista Gestão Escolar, n. 7, abr./maio. 2010. Disponível em: http://goo.gl/Zv9JD2 Significado e Pressupostos do Projeto Pedagógico RIOS, Terezinha Azerêdo. São Paulo: FDE, 1992. p. 73-77. (Série Ideias, 15). Disponível em: http://goo.gl/kjToZw Leitura Projeto Político-Pedagógico: dimensões metodológicas BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Disponível em: http://goo.gl/PTyVtF O trabalho do gestor na escola: dimensões, relações, conflitos, formas de atuação BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Disponível em: http://goo.gl/ZZm3OD 17 UNIDADE Trio Gestor, Projeto Político Pedagógico, Professores Formação em serviço e relações com o Trio Gestor Referências ALARCÃO, Isabel. Escola Reflexiva. In: ______ (org.). Escola Reflexiva e Nova Racionalidade. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. p. 15-30. IMBERNÓN, Franscisco (org.). A educação no século no século XXI: os desafios do futuro imediato. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001. LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003. LIMA, Licínio C. Organização escolar e democracia radical: Paulo Freire e a governança democrática da escola pública. São Paulo: Cortez, 2002. MORGAN, G. Imagens da Organização. São Paulo, Atlas, 1996. NÓVOA, Antônio. Concepções e práticas da formação contínua de professores: In: NÓVOA, A. (org.). Formação contínua de professores: realidade e perspectivas. Portugal: Universidade de Aveiro, 1991. PADILHA, Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir o projeto político pedagógico da escola. São Paulo: Cortez, 2005. SACRISTÁN, J.G. Poderes instáveis em educação. Porto Alegre: Artmed, 1999. VEIGA, Ilma P.A. Projeto Político Pedagógico da escola: uma construção possível. Campinas, SP: Papirus, 1995. 18
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