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Ortopedia e Traumatologia de Grandes Animais - Semiologia Neurológica

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Ortopedia e Traumatologia
E X A M E N E U R O L Ó G I C O
O exame neurológico é de grande
importância para o diagnóstico de
enfermidades nervosas de interesse
em saúde pública, pois algumas
doenças a exemplo da raiva, são
zoonoses e podem acometer todo o
rebanho, trazendo inúmeros prejuízos
econômicos. A maior parte dos
processos neurológicos não possui
um bom prognóstico, havendo
necessidade de diagnóstico e
tratamento precoce. 
Dificuldades do exame: tamanho e
temperamento dos pacientes, nível
de experiência do examinador,
limitadas opções terapêuticas,
sequelas são menos toleráveis em
grandes animais. Lesões no SNC
possuem mais relação com o local
lesionado do que com a causa. 
EXAME NEUROLÓGICO
Composto pela semiologia
neurológica bem feita, diagnóstico
anatômico, diagnóstico etiológico e
tratamento. O tratamento é
geralmente emergencial e agressivo,
pois lesões neurológicas podem
tornar-se irreversíveis dentro de um
curto período de tempo. Por isso, é
de extrema importância a prevenção
de enfermidades que causem lesões
neurológicas.
Agudo Progressivo e Simétrico:
Enfermidades traumáticas e
vasculares.
Agudo Não Progressivo:
Enfermidades metabólicas,
nutricionais e tóxicas.
Agudo Progressivo Assimétrico:
Enfermidades inflamatórias
(infecções), degenerativas e
neoplásicas.
ANAMNESE: inicio e evolução dos
sinais clínicos? Anormalidades
observadas? Quantos animais estão
acometidos? Tratamento? Ocorreram
mortes? Qual o ambiente, manejo e
alimentação desses animais? São
vacinados? Quais doenças precedem
na propriedade? A evolução dos
sinais clínicos, pode ser 
EXAME FÍSICO: Ao realizar a
avaliação neurológica, além da
avaliação geral é importante avaliar
o comportamento do animal, estado
mental, postura, locomoção, exame
dos nervos cranianos, reflexos
espinhais e periféricos.
EXAMES COMPLEMENTARES:
análise do liquido cefalorraquidiano,
radiografia contrastada, tomografia
computadorizada e ressonância
magnética.
As lesões nervosas, podem ser
encefálicas, medulares ou periféricas.
As lesões encefálicas e medulares
acometem o SNC. Lesões no
telencéfalo podem causar alterações
de comportamento, marcha
compulsiva, torneio e convulsões.
Lesões no cerebelo causam ataxia,
dismetria e tremores. Já lesões no
mesencéfalo causam depressão,
paresia e sinais dos nervos cranianos.
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LESÕES ENCEFÁLICAS
Quando há lesões encefálicas, dois
dos seguintes itens devem apresentar
alterações: comportamento,
consciência, posição da cabeça e
integridade das funções dos nervos
cranianos. Os animais podem
apresentar comportamento anormal
(emitir sons, crises epilépticas,
movimentos de pedalagem, andar de
modo compulsivo e/ ou em círculos,
apoiar a cabeça em obstáculos, etc)
Pode haver difícil interpretação,
por não colaboração do animal
avaliado.
A cegueira pode ter outras
origens, que não neurológicas.
Quanto a posição da cabeça,
denomina-se head tilt quando há
rotação da cabeça (lesões
vestibulares) e head pressing em
casos de pressão da cabeça
(encefalopatias).
Para avaliação de lesões encefálicas
deve-se realizar a avaliação das
funções dos pares de nervos
cranianos.
I - OLFATÓRIO
Função: Olfação.
Teste: Oferecimento de alimentos
com odor atrativo com a mão
fechada.
Anormalidades: Incapacidade total
ou parcial de sentir odores.
II - ÓPTICO
Função: Visão.
Teste: Teste de acuidade visual
(acompanhar objetos, desviar de
obstáculos, resposta a ameaça visual,
função sensitiva do reflexo pupilar).
Anormalidades: Cegueira total ou
parcial.
Cerebelo
Telen
céfal
o
Mese
ncéfa
lo
III - OCULOMOTOR
Função: Controla músculos extra
oculares, controle motor da pupila,
elevação da pálpebra.
Teste: Reflexo pupilar, avaliar a
elevação da pálpebra superior e
posicionamento do globo ocular.
Anormalidades: Alteração do reflexo
pupilar, ptose palpebral e possível
estrabismo.
IV - TROCLEAR
Função: Inerva músculo ocular
oblíquo superior (movimentação do
globo ocular).
Teste: Observar posicionamento do
globo ocular, e coordenação do
globo durante movimentação da
cabeça.
Anormalidades: Estrabismo.
V - TRIGÊMEO
Função: Informação sensorial da
córnea, pálpebras e cabeça; motora
dos músculos relacionados com a
mastigação.
Teste: Oferecimento de alimento
para os animais, teste de
sensibilidade da face.
Anormalidades: dificuldade de
apreensão dos alimentos, atrofia de
masseter, anormalidades sensoriais
faciais.
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VI - ABDUCENTE
Função: Inerva músculos reto lateral e
retrator ocular, responsáveis pela
movimentação dos globos oculares.
Teste: Observar posicionamento do
globo ocular, e coordenação do
globo durante movimentos de
cabeça.
Anormalidades: Estrabismo.
VII - FACIAL
Função: Inervação motora das
orelhas, pálpebras e musculatura
relacionada com a expressão facial
(movimentação de lá bios e narinas)
influência sensitiva nas glândulas
salivares e lacrimais.
Teste: Observar simetria de orelhas,
pálpebras, narinas e lábios.
VIII - VESTIBULOCOCLEAR
Função: Equilíbrio e audição.
Teste: Posicionamento da cabeça,
nistagmo, estímulos auditiveis.
Anormalidades: Rotação da cabeça,
dificuldade de captação de sons,
nistagmo.
IX - GLOSSOFARÍNGEO
Função: Responsável pela inervação
da faringe e sensibilidade da porção
caudal da língua.
Teste: Observar a deglutição.
Anormalidades: Disfagia
 
X - VAGO
Função: Motora e sensorial para
vísceras torácicas e abdominais, e
motora, da laringe e faringe.
Teste: Oferecimento de alimento,
teste das aritenoides (slap test*).
Anormalidades: Disfagia e sons
inspiratórios anormais.
*SLAP TEST: Avalia a função adutora
dos músculos da laringe. Essa técnica
consiste em aplicar uma palmada
na cernelha, que em animais sadios
tendem a apresentar um reflexo de
adução da cartilagem aritenoide,
servindo de auxilio no exame da
palpação ou ao uso do endoscópio.
 
XI - ACESSÓRIO
Função: Motora para músculos do
pescoço.
Teste: Avaliar a simetria dos
músculos.
 
XII - HIPOGLOSSO
Função: Motora da língua.
Teste: Oferecimento de alimentos.
Anormalidades: Perda da função
motora.
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Lesões em neurônio motor inferior
(NMI) = tônus motor diminuído ou
ausente.
Lesões em neurônio motor
superior (NMS) = tônus
aumentado (há espasticidade,
hipermetria).
Lesões entre C6 e T2, manifestam
lesões dos membros torácicos.
Lesões entre L4 e S2, manifestam
lesões dos membros pélvicos.
Para avaliação medular testar
sensibilidade ao longo de toda a
coluna (cervical, torácica, lombar,
sacral e coccígea). Avaliando o
reflexo cutâneo/teste do panículo
nas vértebras torácicas. Testar a
sensibilidade de membros. Para
exame cervical avalia-se reflexo
cervico facial e slap test. No exame
sacral leva-se em conta o tônus do
ânus e cauda e a incontinência
urinária.
LESÕES MEDULARES
PASSOS:
Anamnese;
Avaliação locomotora;
Teste propriocepção;
Na avaliação do reflexo cutâneo ou
teste do panículo, tem-se o intuito de
localizar as lesões medulares. Através
do estímulo da pele, capitado por
receptores sensoriais periféricos e
encaminhado para a medula. O
estímulo provoca movimentação
musculocutânea em todo o costado.
Esse estímulo pode ser realizado com
agulhas ou pinças. 
Em casos de incoordenação motora
prestar atenção à simetria da
musculatura corporal, à simetria de
pescoço e tronco, ao tônus anal e da
cauda, às posturas adotadas em
descanso e ao padrão de
locomoção.
Na avaliação locomotora, deve-se
observar: postura, simetria de
pescoço e tronco, o andar e o trote
em linha reta, a descida e subida em
rampas, ultrapassagem de
obstáculos, andar com pescoço
estendido e elevado, deslocamento
para os lados e deslocamento da
garupa (parado e em movimento).
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O teste de propriocepção é baseado
na capacidade de percepção de
posicionamento dos membros. As
proprioceptoras estão presentes na
medula espinhal. São utilizados
testes como submeter os animais a
posicionamentos incomuns e paradas
repentinas.Lesões neurológicas periféricas estão
relacionadas com o nervo obturador
(em casos de parição de fetos
grandes e tração descuidadosa),
nervos ciático e tibial (em casos de
fraturas ou decúbito em que haja
compressão do membro pélvico) e
nervo radial (decúbito prolongado
sobre o membro torácico).
EXAMES COMPLEMENTARES:
Análise do LCR (coletar o mais
próximo possível do local da lesão);
tomografia computadorizada;
ressonância magnética e radiografia.
Sendo esses exames de alto custo,
em que normalmente se realiza em
animais jovens ou apenas da cabeça
ou cervical de animais adultos.
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