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Excludente de culpabilidade

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FACULDADE DA REGIÃO SISALEIRA
BACHARELADO EM DIREITO
DIREITO CIVIL V
ARLINDO SIMÕES DE SOUZA NETO
LUCAS DA SILVA CARNEIRO
LUCAS RIAN LIMA CRUZ DE SANTANA
RESPONSABILIDADE CIVIL
Conceição do Coité
2022
ARLINDO SIMÕES DE SOUZA NETO
LUCAS DA SILVA CARNEIRO
LUCAS RIAN LIMA CRUZ DE SANTANA
RESPONSABILIDADE CIVIL
Artigo solicitado como avaliação parcial da disciplina de Direito Civil V para a graduação em Direito pela Faculdade da Região Sisaleira.
Orientadora: Thais Lima Hurst
Conceição do Coité
2022
SUMÁRIO
1. Introdução	4
2. Culpa	4
3. Responsabilidade 	4
4. Princípio da dignidade da pessoa humana 	5
5. Responsabilidade civil no âmbito jurídico	6
5.1 Ação e omissão 	7
6. Excludentes de responsabilidade 	7
7. Conclusão	8
8. Referencial bibliográfico	10
1. Introdução:
Quando se fala em culpa existe uma vasta coleção de significados para uma só palavra, a culpa no dicionário brasileiro é vista com o significado de desastre causado a outrem, e até mesmo a responsabilidade por dano. Na área jurídica, a culpa é mais específica, pois é dividida em 3 tópicos; Negligência, imperícia ou imprudência. Cada qual com sua peculiaridade com a melhor aplicação em diferentes casos, porém mesmo em ramos diferentes do direito, a culpa é vista da mesma forma no direito civil e no direito penal, mudando apenas a forma como será penalizada a negligência, imperícia ou imprudência do ocorrido. 
2. Culpa:
Ao falar de culpa e logo a palavra significar uma ação voltada ao reconhecimento pelo dano causado, nasce assim dentro do Poder Judiciário a responsabilidade para aqueles que tenham sido condenados autores do dano exposto no processo. A responsabilidade da culpa nasce desde os primórdios das tentativas de implantação da justiça nas diferentes sociedades que no passado se instauravam. Pode-se perceber assim que há milhares de anos atrás já se buscava no reconhecimento da culpa de determinado indivíduo que causou determinado dano, mesmo que de formas primitivas, a exemplo dos ordálias (meio utilizado no sistema judiciário chinês na antiguidade no qual baseava a culpa do indivíduo aparentemente criminoso, expondo a métodos de torturas com a finalidade de adquirir a confissão, ou a morte). 
Com o avanço da sociedade e dos meios judiciais para a condenação ou absolvição, atualmente o sistema judiciário brasileiro adota o sistema do princípio da presunção da inocência, logo, como é relatado na Constituição Federativa do Brasil de 1988 Artigo 5º inciso LVII, o réu da ação só será considerado “culpado após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”. Presume-se assim que o réu será inocente até que se prove o contrário. 
3. Responsabilidade:
Voltando-se para o termo “responsabilidade”, dentro da seara do direito civil, é associado a obrigação que está vinculada entre as partes, pois em um possível descumprimento da obrigação, existirá a responsabilidade e o dever de recompensar o dano causado. 
 “[…] a responsabilidade civil, nós a diferenciamos da obrigação, surge em face do descumprimento obrigacional. Realmente, ou o devedor deixa de cumprir um preceito estabelecido num contrato, ou deixa de observar o sistema normativo, que regulamenta sua vida. A responsabilidade nada mais é do que o dever de indenizar o dano” (LIMONGI FRANÇA, 1977, p. 332)
	O ato de fazer ou de pagar que caracterizam a obrigação, estão presentes no código civil em seus artigos 233 a 242, no qual a obrigação de dar coisa certa se caracteriza pela entrega de coisa certa, ou seja, o devedor deverá entregar ao credor coisa individualizada. A partir disso o descumprimento de da obrigação feita entre as partes, irá configurar um ato ilícito civil, ato esse que irá gerar um prejuízo para a parte credora, por isso a legislação brasileira entende que surge um ilícito civil, que poderá ser resolvido extra ou judicialmente a partir da obrigação de fazer ou pagar a obrigação que não foi cumprida. 
Faz-se necessário pontuar que a responsabilidade civil não é utilizada somente para a obrigação que foi descumprida pelo devedor. No decorrer da história do direito e pelo fato de ocorrer diversas vezes a falta de obrigação por não existir legislações adequadas para reger a seara civil, a responsabilidade passou a, antes de ocorrer o dano, ter também uma função preventiva, para evitar ações desse tipo. 
Ações para prevenir os danos causados por atividades de ação ou omissão são de extrema importância, visto que sem elas, o equilíbrio jurídico entre as partes estaria totalmente exposto a essas práticas. A moral dos indivíduos está em jogo nas relações estabelecidas, sejam elas de qualquer natureza, logo estabelecer o equilíbrio a partir da responsabilidade, chamada também de status quo ante. 
A função de prevenir atua juntamente com a de punir, ambas se relacionam para evitar condutas ilícitas futuras, punindo o devedor infrator e evitando que novas condutas se iniciem, não só pelo indivíduo que praticou, mas também que sirva de prevenção para as demais.
4. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: 
Devido ao fato do direito e principalmente o poder judiciário ter como base diversos princípios para manter a ordem e a legalidade dentro do sistema, ao falar de direito civil e a responsabilidade, não se pode deixar de lado o princípio da dignidade da pessoa humana, prevista na Constituição Federal do Brasil em seu artigo 1º, inciso III. 
O princípio da dignidade humana rege sobre a garantia das necessidades que cada indivíduo julgar ser vital para sua vida. Embora não exista definições jurídicas desse princípio, alguns doutrinadores conceituam como:
“Um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos e a busca ao Direito à Felicidade” (MORAES, Alexandre. Direito Constitucional). 
A dignidade da pessoa humana serviu como base também para diversos momentos históricos marcantes para a sociedade, como o cristianismo, o iluminismo e até mesmo durante a Segunda Guerra Mundial. Voltando-se para o judiciário brasileiro, a dignidade da pessoa humana é vista e utilizada para diversas decisões primordiais para a legislação.
5. Responsabilidade civil no âmbito judicial:
Como já foi citado, a função principal da responsabilidade civil busca reparar prejuízos sofridos, com características punitivas ( visa retribuir o ilícito com uma pena imposta ao infrator, sempre de forma proporcional ao dano causado) e preventivas (atua juntamente com a função punitiva, desmotivando condutas prejudiciais futuras uma vez que “obrigando o lesante a reparar o dano causado, contribui-se para coibir a prática de outros atos danosos não só pela mesma pessoa como sobretudo por quaisquer outras (NORONHA, 2007, p. 439)), de acordo com as funções ressarcitórias e compensatórias. Segundo Cavalieri Filho (2009, p. 13), a função principal da responsabilidade civil é a reparatória, ou seja, a de restabelecer o equilíbrio jurídico violado, encontrando parâmetro “no mais elementar sentimento de justiça”.
Faz-se necessário a associação da responsabilidade com o dano, pois o dano é a principal característica da responsabilidade civil que o indivíduo tem. O dano refere-se ao bem juridicamente tutelado como patrimônio ou moral que foi violado na relação anteriormente estabelecida entre as partes devedora e credora. O dano no direito civil não é visto como no direito penal, no qual é associado a destruição de patrimônio ou ações violentas, qualquer bem, coletivo ou individual, econômico ou não, ao ser violado, irá ocorrer o dano. 
5.1 Ação e omissão:
	O dano civil pode ocorrer por ação ou omissão do agente perante a obrigação estabelecida.Para Stoco (2007, p. 129) “o elemento primário de todo ilícito é uma conduta humana e voluntária”. Ou seja, “a lesão a bem jurídico cuja existência se verificará no plano normativo da culpa está condicionada à existência, no plano naturalístico da conduta, de uma ação ou omissão que constitui a base do resultado lesivo”. 
	A ação ocorre a partir do momento que o agente pratica certo ato que não deveria praticar segundo a obrigação estabelecida. Já a omissão se dá quando ocorre a infração de um dever que deveria ser cumprido. Em ambos os casos irá ocorrer o dano que acarretará em prejuízos, tendo relevância jurídica a partir do momento que a parte credora expõe o dano causado pela ação ou omissão do agente. 
Voltando-se para a questão jurídica da responsabilidade, irá existir o dever da reparação do dano causado, na qual irá ser analisados os requisitos para tal classificação. O tipo de dano causado, a ação ou omissão do agente, e a culpa ou dolo. Detalhes estes que são imprescindíveis para a responsabilidade que será ligada ao agente devedor.
Vale lembrar que não é sempre que ações ou omissões irão se classificar em uma obrigação a ser realizada pela parte exequente, pois o direito é relativo e existem casos que não irão se enquadrar nos pressupostos citados anteriormente. 
6. Excludentes de responsabilidade:
Os excludentes de nexo de causalidade ou excludentes da responsabilidade civil são admitidos quando se tratar de; culpa exclusiva da vítima, culpa exclusiva de terceiro; caso fortuito ou força maior. Para conceituar os excludentes existem algumas doutrinas adotadas. 
Para o caso fortuito, Flávio Tartuce diz que: “caso fortuito como o evento totalmente imprevisível decorrente de ato humano ou de evento natural. Já a força maior constitui um evento previsível, mas inevitável ou irresistível, decorrente de uma ou outra causa”
A exemplo da culpa exclusiva da vítima, existe o entendimento do Superior Tribunal de Justiça ao falar de “surf ferroviário:
Culpa exclusiva da vítima:
I – A pessoa que se arrisca em cima de uma composição ferroviária, praticando o denominado ‘surf ferroviário’, assume as consequências de seus atos, não se podendo exigir da companhia ferroviária efetiva fiscalização, o que seria até impraticável. II – Concluindo o acórdão tratar o caso de ‘surfista ferroviário’, não há como rever tal situação na via especial, pois demandaria o revolvimento de matéria fáticoprobatória, vedado nesta instância superior (Súmula 7/STJ).
Nos casos de culpa exclusiva de terceiros pode ser utilizada como exemplo a jurisprudência voltada a acidentes de trânsito: Ônibus da ré teve seu livre trânsito interceptado por um caminhão, não tendo sido possível ao seu motorista evitar o choque – Culpa exclusiva de terceiro evidenciada (Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, Processo: 10415920, Recurso: Apelação Sum., Origem: Guarulhos, Julgador: 11.ª Câmara, julgamento 21.02.2002, relator: Antonio José Silveira Paulilo, Decisão: negaram provimento, v.u.)
Existe também casos que o código civil trata sobre o excludente, como o artigo 188, inciso I que rege sobre a legitima defesa que também exclui a responsabilidade civil. 
7. Conclusão:
Conclui-se assim que o direito contemporâneo é fruto de milhares de anos de evolução, tendo como base princípios essências para a vivencia coletiva e individual de cada membro da sociedade. Cada sociedade é composta por princípios e costumes únicos, devendo o direito se adaptar de casos para casos, e sempre visando punir e prevenir que esses costumes e princípios sejam violados.
A exemplo, tem-se a responsabilidade civil na seara do direito civil que tem função preventiva e punitiva, impondo deveres e direitos para as relações jurídicas estabelecidas, evitando que as obrigações a serem realizadas sejam fraudadas. O dever e o direito da responsabilidade visam a harmonia dentro das sociedades, atendendo a todos de forma igualitária na questão em que lhe couber. 
Referencial Bibliográfico:
PENAFIEL, Fernando. Evolução histórica e pressupostos da responsabilidade civil. Âmbito Jurídico, 1 de abril de 2013. Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/evolucao-historica-e-pressupostos-da-responsabilidade-civil/>. Acesso em: 10 de set. de 2022.
PEREIRA, Aline Ribeiro. O princípio da dignidade da pessoa humana no ordenamento jurídico. Aurum, 17 dez. 2020. Disponível em: <https://www.aurum.com.br/blog/principio-da-dignidade-da-pessoa-humana/>. Acesso em 12 de set. de 2022.
BYRON, Paulo. Introdução conceitual: Responsabilidade civil. DireitoNet, 9 de fev. 2018. Disponível em: <https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/10363/Introducao-conceitual-Responsabilidade-civil#:~:text=Sua%20excludentes%20s%C3%A3o%3A%20culpa%20exclusiva,fortuito%20e%20a%20for%C3%A7a%20maior>. Acesso em: 12 de set. 2022.

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