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- -1 Reflexos da análise e descrição de cargos para a organização Viviane De Tomasi Introdução O processo de gestão de cargos e salários precisa ser planejado e, assim, a análise e a descrição de cargos devem acompanhar as mudanças atuais por meio de um processo dinâmico das definições de um cargo e a utilização de métodos e instrumentos que facilitem o mapeamento pela área de gestão de pessoas. Quais as influências e reflexos na análise e descritivo de cargo para a organização? Como definir competências que agregam ao negócio da empresa? Como mapear as competências para um descritivo de cargos? Esses são alguns assuntos que vamos abordar no tema! Ao final desta aula, você será capaz de: • entender a importância da descrição e análise de cargos para a estruturação do processo de gestão estratégica. Influência da análise e descrição na organização Ao entendermos qual o objetivo da análise e da descrição de um cargo é possível definir seus reflexos para uma organização e identificar as formas mais modernas de atuação na área de ARH com os planos de cargos e salários. Os objetivos de uma descrição e análise de cargos, segundo Knapik (2012, p. 229), envolvem principalmente: • treinamento e desenvolvimento de pessoal – auxilia no levantamento de necessidades de treinamentos na organização, nos programas de integração de novos colaboradores e de capacitação de pessoas novas ou transferidas de outras áreas; • recrutamento e seleção – fornece informações com relação ao perfil profissional exigido ao candidato, dando um rumo para o processo de seleção; • – fornece dados para definição de faixas salariais e estabelece base para definição de salários requisitos para promoções e aumentos de salários; • avaliação de desempenho – auxilia na definição dos indicadores de desempenho, metas e resultados a serem alcançados dentro de cada área; • higiene e segurança do trabalho – sinaliza as condições de trabalho e periculosidade para realização de programas de prevenção. Leme (2012, p. 16) reforça que além desses objetivos a análise e o descritivo pode, ainda: • organizar as atividades do setor – definir as atribuições de cada indivíduo com clareza para evitar sobreposições de tarefas e falta de definição de quem cobrar; • definir os níveis de autoridade e responsabilidades – delimitar até que ponto vai a responsabilidade e as alçadas do ocupante do cargo; • ser útil na área de medicina do trabalho – por meio do PCMSO (Programa de Controle Médico de • • • • • • • • • - -2 • ser útil na área de medicina do trabalho – por meio do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - NR7), e a emissão do PPP (PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO) – documentos de controles de doenças ocupacionais e o documento utilizado na aposentadoria. Figura 1 - Doenças ocupacionais e os descritivos de cargos Fonte: otnaydur, Shutterstock, 2019. O programa avalia questões individuais e coletivas quanto ao ambiente de trabalho e tem caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos possíveis danos à saúde relacionadas ao trabalho e as conhecidas doenças ocupacionais. Ao definir que a empresa vai atuar com gestão por competências, ela realiza as descrições de todas as funções mapeando as competências, principalmente as técnicas. Na análise e descrição de cargos por competências é feita uma análise das competências necessárias para os objetivos do planejamento estratégico da organização. O mapeamento das competências é a forma de identificar as competências que vão ao encontro da missão, da visão, dos valores e das estratégias da empresa, sendo as competências dos cargos e as entregas realizadas, intensidade e seus indicadores que devem constar no descritivo de cargo (KNAPILK, 2012). Assim, a adoção de um modelo de gestão por competências visa à gestão estratégica na empresa, facilitando o gerenciamento dos negócios. Knapik (2012, p. 164) destaca que “[...] é importante que a área de gestão de pessoas tenha clareza sobre sua visão empresarial e sobre os resultados que pretende alcançar, para que defina as competências que a regam valor aos negócios.” A gestão por competências teve seus primeiros passos voltados a cada competência elaborando uma escala para definir o grau de necessidade da competência para cada cargo avaliando o ocupante com essa escala. Dessa forma, também podem ser verificados os critérios de aumento de salários vinculados à competência no máximo da necessidade e no topo da grade salarial (LEME, 2012). • - -3 As competências podem ser divididas em competências básicas, que são os pré-requisitos para a manutenção e a realização das atividades, e em , que são as que fazem o diferencial da empresa.core competencies Figura 2 - Competências e a realização das atividades Fonte: marekuliasz, Shutterstock, 2019. Segundo Knapik (2012, p. 168), as consistem na capacidade de interagir e transformarcore competencies recursos em produtos e serviços, garantindo uma vantagem competitiva, além de serem consideradas recursos intangíveis e obedecerem a três critérios: • oferecem reais benefícios aos consumidores; • são difíceis de serem imitadas; • oferecem acesso aos diferentes mercados. Ao definir as competências dos cargos, são esses três critérios que devemos considerar, pois de nada adianta ter um plano de cargos e salários e não pensar efetivamente na gestão estratégica dos cargos. SAIBA MAIS Para saber mais sobre a gestão por competências, sugere-se a leitura do livro “Gestão por competências: ferramentas para avaliar e mapear perfis” (GRAMIGNA, 2017). No capítulo 2 – Competência universais – você vai conhecer 10 competências universais com as quais, de forma detalhada, é possível avaliar competências e identificar os potenciais da organização. • • • - -4 Leme (2012) define que existem dois grupos de competências as técnicas e as comportamentais. As são todos os conhecimentos específicos ou ferramentas que o colaborador precisacompetências técnicas conhecer e dominar para realizar as atribuições inerentes a sua função, como conhecimento de legislação, , metodologias, idioma etc.softwares As são as atitudes de um profissional que impactam nos seus resultados ecompetências comportamentais desempenho. Elas constituem o diferencial competitivo de cada profissional. EXEMPLO Quando falamos em gestão por competências podemos citar as , que são modelos destartups negócios é que geram valor. Um dos modelos de negócios do Google é cobrar por cada clique nos anúncios mostrados nos resultados de busca, o que ocorre também pelo Buscapé.com. São formas de transformar recursos, como a internet, como capacidade de interagir e trazer vantagem competitiva. FIQUE ATENTO As competências técnicas são atualizadas como requisitos para os cargos por meio do próprio descritivo. Assim, a exigência de uma nova habilidade, novo curso ou capacitação pode ser acrescida em uma revisão de cargos pela área de gestão de pessoas. - -5 Figura 3 - Comportamento – diferencial competitivo Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2019. As ou se relacionam aos conhecimentos, às habilidades e às atitudes quecompetências individuais funcionais orientam as equipes de trabalho assim ao realizar as atividades de forma eficaz existe como parâmetro o planejamento estratégico, o norte da empresa (KNAPIK, 2012). Destaca-se, também, que o fato de uma empresa possuir o CHA (Conhecimento, Habilidades e Atitudes) não garante que o indivíduo terá a capacidade de entregar-se à empresa que deve organizar, na sua gestão de cargos e salários, uma perspectiva mais adequada para avaliá-lo e orientar seu desenvolvimento estabelecendo as formas de recompensas. Assim, a área de gestão de pessoas deve criar condições para obtenção de um certo equilíbrio entre as tarefas e os requisitos do cargo, um valor de salário adequado e a capacitação profissional baseados no CHA. Knapik (2012, p. 167) destaca que “[...] a gestão de pessoas deve influenciar o desempenho da empresa, tornando-se parte integrantedo processo de implementação das estratégias da organização [...],” logo as práticas de recursos humanos devem estar alinhadas com as competências organizacionais. O profissional da área de recursos humanos, ao realizar a descrição e a análise de cargos da organização de forma estratégica, (RESENDE, 2002, p. 104) deve: • antecipar fatos e problemas atuando de forma planejada e organizada – rever, atualizar ou ajustar os planos e políticas de cargos e salários, desenvolver a melhor forma de interação com todas as áreas da organização utilizando recursos tecnológicos para sincronizar a empresa com as demandas de mercado; • estar atento às novas realidades das organizações e às mudanças ambientais, sendo flexível, prático e diversificado nas soluções de adversidades; • dedicar-se a pesquisas e diagnósticos visando às causas de desmotivação por motivos de salários, efeitos das decisões empresariais e pressões, ou seja, discernir problemas de natureza realmente salarial de outros; • atuar juntamente com responsáveis pelas relações trabalhistas já que as remunerações estão sempre em pauta das reivindicações e reclamações; • • • • - -6 • acompanhar as movimentações de pessoal possibilitando acompanhar a gestão de carreira dos indivíduos; Figura 4 - Gestão estratégica relaciona-se à gestão de carreira Fonte: 3D_creation, Shutterstock, 2019. • estudar, pesquisar elaborar e propor novas formas de remuneração variável e indireta, com ousadia e criatividade, como bônus, programas de melhorias etc.; • realizar a manutenção dos planos de cargos e salários e benefícios, mantendo a atualização com o negócio e o mercado; • transformar descrições de cargos em perfis de cargo, para que esse instrumento tenha utilidade para a gestão de pessoas e outras áreas. Assim, na gestão mais moderna por competência para a realização de análise e descritivos de cargos, o profissional de gestão de pessoas precisa ter o seu papel como idealizador e acompanhar as influências na organização desses planos. FIQUE ATENTO O papel do profissional de gestão de pessoas é de assessorar quem decide, quem negocia e quem informa sobre as questões de remuneração e cargos nas relações trabalhistas visto que, muitas vezes, situações abordadas nas reclamatórias partem de um descritivo de cargo e suas competências elencadas. • • • • - -7 Fechamento Este tema proporcionou a oportunidade de compreender a relevância da análise e da descrição de cargos, como essa análise impacta na organização além das formas mais atuais de realizá-la. Vimos também como se organiza a gestão por competências para uma gestão estratégica voltada ao negócio e o papel do profissional que vai implantar, acompanhar e manter os programas na organização. As competências técnicas podem sofrer alterações nos descritivos, conforme o que acontece no meio interno e externo da organização e as competências comportamentais trazem o diferencial para o profissional. Referências GRAMIGNA, M. R. : ferramentas para avaliar e mapear perfis. São Paulo: Alta Books,Gestão por competências 2017. KNAPIK, J. . Curitiba: Intersaberes, 2012.Gestão de pessoas e talentos LEME, R.; HUCZOK, R. : cargos e salários ou competências? Rio de Janeiro: Qualitymark, 2012.Remuneração RESENDE, E. : novos paradigmas conceituais e práticos. São Paulo: Summus, 2002.Cargos, salários e carreira Introdução Influência da análise e descrição na organização Doenças ocupacionais e os descritivos de cargos Competências e a realização das atividades Comportamento – diferencial competitivo Gestão estratégica relaciona-se à gestão de carreira Fechamento Referências
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