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AULA 3 GESTÃO DE PESSOAS Prof.ª Janete Schmidmeier 2 CONTEXTUALIZANDO No universo organizacional atual, dois tópicos são considerados de grande relevância para a manutenção da competitividade organizacional: a gestão do desempenho e a gestão por competências. Esses tópicos, que serão o assunto desta aula, envolvem diretamente a gestão de pessoas e a performance individual e organizacional. Quando tratamos de gestão e avaliação do desempenho, é preciso fazer um diagnóstico prévio na organização do nível de maturidade gerencial, definir os objetivos esperados da avaliação e estimar o tamanho e os recursos disponíveis para conduzir o processo. Só após esse diagnóstico é possível definir o método e o tipo de avaliação adequado à estrutura organizacional a fim de gerar os melhores resultados. Ao analisar a possibilidade de implementar a gestão por competências, além dos quesitos mencionados, é necessária uma mudança cultural na organização para que a espinha dorsal de todos os processos e políticas sejam as competências essenciais e organizacionais das áreas e individuais. Consequentemente, todos os processos e políticas de gestão de pessoas também devem ser balizados por essa espinha dorsal, este pilar de competências. TEMA 1 – GESTÃO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO “Toda a avaliação é um processo para julgar ou estimular o valor, a excelência e as qualidades de uma pessoa.” Idalberto Chiavenato Um dos comportamentos naturais ao ser humano e à sociedade é a análise e o acompanhamento do desempenho humano. Quem de nós nunca teceu um julgamento sobre o desempenho de um amigo, de um colega de trabalho, de um gestor ou de um subordinado? Dentro das organizações não é diferente: esse é um comportamento natural e necessário para a garantia de resultados satisfatórios do indivíduo e da equipe. As organizações de alto desempenho consideram as pessoas suas maiores fontes de vantagem competitiva, por isso buscam, em suas estratégias internas, ampliar o comprometimento de seus recursos humanos com os resultados organizacionais por meio de sistemas de gestão que avaliem, Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce 3 desenvolvam e motivem os funcionários a buscarem os melhores resultados pessoais, do grupo e da organização. Segundo Macedo (2015), a avaliação de desempenho é o processo que tem por objetivo medir o desempenho do funcionário a fim de avaliar a contribuição de cada um para o alcance dos objetivos da instituição. Chiavenato (2016, p. 113) define que a “avaliação de desempenho pode colaborar na determinação e no desenvolvimento de uma política adequada de RH às necessidades da organização”, ou seja, além de avaliar o desempenho individual, as ferramentas de avaliação de desempenho auxiliam os gestores e a área de gestão de pessoas a melhorarem os processos e as políticas internas de gestão. Além dos dois objetivos já citados, Pontes (2014) complementa com outros, que devem ser considerados ao definir pela implantação de um modelo de avaliação de desempenho. Entre eles estão os seguintes: tornar dinâmico o planejamento da empresa; conseguir melhorias na empresa voltadas à produtividade, à qualidade e à satisfação dos clientes, bem como em relação aos aspectos econômicos e financeiros; melhorar as competências das pessoas e da empresa; desenvolver pessoas; estabelecer os resultados esperados das pessoas na organização; melhorar a comunicação entre os níveis hierárquicos da organização, criando um clima de diálogo construtivo e eliminando dissonâncias, ansiedades e incertezas; dar orientação constante sobre o desempenho das pessoas, buscando melhorias; tornar claro que os resultados são conseguidos por intermédio da atuação de todo o corpo empresarial; estabelecer um clima de confiança, motivação e cooperação entre os membros das equipes de trabalho; servir como instrumento propagador de programas de qualidade e, conforme o método adotado, do próprio instrumento de gestão da qualidade; Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce 4 servir como importante instrumento coadjuvante em decisões de carreira, salários e participação nos resultados da empresa; servir como instrumento para o levantamento de necessidades de treinamento e desenvolvimento; identificar talentos, como processo conjunto com o instrumento avaliação de potencial. Com base nesses objetivos e no potencial de ganhos que a avaliação de desempenho pode proporcionar aos gestores e demais áreas, é fundamental que a organizações tenham um processo de gestão do desempenho bem estruturado e disseminado em todas as áreas. Mas qual é a diferença entre avaliação de desempenho e gestão do desempenho? A avaliação é uma das etapas da gestão do desempenho, a qual engloba também a análise e a definição das expectativas dos clientes, as competências, os valores, a cultura da organização e os diferenciais dos seus produtos e serviços. Já a gestão do desempenho trata de todas as ações e iniciativas dentro das organizações no sentido de garantir e gerenciar o desempenho profissional, dentre as quais podemos elencar: a definição de funções, a fixação dos objetivos individuais, o apoio aos indivíduos e respectivo acompanhamento, a avaliação de desempenho, a formação para diversas competências, a remuneração em função do desempenho e a formação e o desenvolvimento das pessoas (Ghermandi, 2018). Saiba mais Sabe o sistema de avaliação de funcionários a partir dos gestores da empresa? Pois é, na FedEx eles inverteram esse jogo. De tempos em tempos, são os funcionários que avaliam se a gestão da empresa está boa e quais são os pontos frágeis da organização. Dessa forma, a equipe responsável consegue coletar dados importantes para a empresa e garantir que seu potencial se mantenha em alta performance. Leia mais sobre experiências inovadoras em RH em: https://www.bettha.com/blogrh/5-empresas-inovadoras-em-recursos-humanos/. Acesso em: 18 ago. 2019. Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce 5 Concluindo, a gestão do desempenho, bem como a avaliação propriamente dita, deve ser uma das principais pautas no que tange à gestão de pessoas no ambiente organizacional, uma vez que garante a avaliação do curso que está sendo tomado, bem como permite a correção ou alteração da rota. Saiba mais Leia o capítulo 4 (p. 110-123) do livro de Idalberto Chiavenato, Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados, disponível na Biblioteca Virtual para conhecer mais profundamente o processo de gestão e avaliação do desempenho. TEMA 2 – MODELOS E TIPOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Quando você avalia o desempenho profissional, procure as causas. Reconheça e recompense aqueles que dão resultados. Ache as causas por que o desempenho é bom e por que o desempenho não é bom. Ram Charan Para iniciar as discussões deste tema, vamos utilizar um argumento de Chiavenato (2016, p. 115), o qual apresenta que a avaliação do desempenho não pode restringir-se ao simples julgamento superficial e unilateral do chefe a respeito do comportamento funcional do subordinado no passado. É preciso descer a um nível maior de profundidade, localizar causas e estabelecer perspectivas de comum acordo com o avaliado. No trecho, o autor defende a atenção a alguns cuidados ao avaliar o desempenho de um colaborador, reforçando a necessidade de uma análise profunda sobre as causas e estratégias de melhoria do desempenho. Porém, muitas organizações ainda utilizam a ferramenta como instrumento de julgamento superficial, focando apenas no desempenho passado. A avaliação de desempenho, como as demais ferramentas de gestão de pessoas, também tempassado por evoluções nos últimos tempos. Na visão mecanicista, o funcionário era avaliado, controlado e punido, já na visão mais estratégica e orgânica, os resultados individuais são analisados com base: na adequação do funcionário ao cargo; na atuação da liderança; Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce 6 no investimento da organização em treinamento e desenvolvimento; na efetividade do feedback; na definição conjunta e clara dos objetivos pessoais, entre outros. É importante ressaltar que cada organização tem uma maturidade diferente em seus sistemas de gestão, e esse nível de maturidade deve ser considerado ao definir como gerir o desempenho na organização em que atuamos. Outros elementos que devem ser considerados são os objetivos a serem alcançados, o tamanho da organização, a sua cultura, a política de gestão de pessoas e as características dos cargos envolvidos. Ou seja, existe um modelo de avaliação de desempenho ideal para cada organização. A primeira análise que faremos, nesse sentido, aborda a ênfase dada a cada um dos métodos de avaliação de desempenho, conforme quadro a seguir: Quadro 1 – Classificação dos métodos de avaliação de desempenho Métodos clássicos Métodos contemporâneos Ênfase da avaliação: passado Ênfase da avaliação: futuro Ênfase da avaliação: passado e futuro Ênfase da avaliação: futuro Pesquisa de campo; Incidentes críticos; Frases descritivas; Escala gráfica; Escolha forçada; Comparação binária; Atribuição de graus. Avaliação por objetivos; Avaliação por atividades. Avaliação por competências. Acompanhamento e avaliação de resultados. Fonte: Adaptado de Pontes (2014, p. 46). Outra análise, também desenvolvida por Pontes (2014), avalia a objetividade de cada um dos métodos existentes no mercado, conforme a Figura 1. Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce 7 Figura 1 – Escala de objetividade dos métodos de avaliação Fonte: Adaptado de Pontes (2014, p. 47). Outra questão a ser considerada ao optar por um modelo de avaliação de desempenho é o tipo de avaliação, o que é definido por quem é o responsável direto por avaliar o profissional. Segundo Chiavenato (2016, p. 119), “modernamente, a tendência é deslocar gradativamente a responsabilidade pela avaliação de desempenho para o próprio indivíduo com a participação gerencial na negociação consensual de objetivos a serem perseguidos pelo indivíduo com a ajuda e apoio do gerente”. No entanto, como não atuamos em uma realidade organizacional tão madura, caracterizada pela total autonomia e responsabilidade do profissional pelo seu desempenho e desenvolvimento, algumas questões devem nortear a decisão pelo tipo de avaliação de desempenho e, mais especificamente, a decisão de quem será ou serão os avaliadores. Gil (2000, p. 150) elenca os possíveis responsáveis pela avaliação de desempenho de maneira geral, sendo eles: o gerente que, de certa forma, é o responsável pelo desempenho do seu subordinado; o próprio empregado, desde que a empresa determine parâmetros objetivos para que não haja subjetivismos e distorções pessoais; a equipe de trabalho, que define as metas e os objetivos a alcançar e avalia os membros; a comissão de avaliação, composta de membros escolhidos de diferentes órgãos; os subordinados em uma “avaliação invertida”, em que são eles quem avaliam os seus chefes, dando a possibilidade de ele saber o que seus subordinados pensam a seu respeito; o órgão de Recursos Humanos, onde somente o órgão avalia os empregados; o entorno do avaliado, por meio da avaliação 360°, a qual é feita por todos que têm algum tipo de interação profissional com o avaliado. Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce 8 Saiba mais Para conhecer os métodos e os tipos de avaliação, leia o capítulo 3 (p. 67- 84) do livro Técnicas e métodos de avaliação de desempenho, de Cley Jonir Foster Jardeweski e Gustavo Luiz Jardeweski, disponível na Biblioteca Virtual. TEMA 3 – GESTÃO POR COMPETÊNCIAS A eficiência do líder é comprovada quando enxergamos os reflexos de suas virtudes e competências multiplicando-se em meio à sua equipe. Alison Aparecido Ferreira A gestão por competências é um gerenciamento baseado no equilíbrio das qualificações reais dos profissionais e nos requisitos de qualificação exigidos pelos cargos e funções, ou seja, trata-se de uma abordagem por meio da qual as organizações gerenciam as competências existentes e as exigidas para a garantia do alto desempenho, tanto a nível individual, grupal ou ao nível da organização (Melgar-Sasieta; Beppler; Pacheco, 2011). Outra definição de gestão por competências relaciona essa estratégia com a própria gestão de pessoas nas áreas e na organização, apresentando que a gestão por competências pode ser definida como um processo contínuo baseado na estratégia da empresa e que apresenta em sua estrutura a necessidade de um redirecionamento das políticas e dos processos de gestão de pessoas e um foco nos processos de treinamento e desenvolvimento dos profissionais (Ruano, 2003). A base desse modelo de gestão é o modelo por competências, que descreve os requisitos para o trabalho e permite compará-los com o conhecimento, a habilidade e as atitudes reais do indivíduo. Porém, antes de tratar da gestão por competências, vamos relembrar os conceitos básicos sobre competências individuais. Segundo Fleury e Fleury (2000), competência é saber agir de maneira responsável, implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo. De acordo com Chiavenato (2015, p. 10), a competência individual é formada por quatro elementos, que são os seguintes: https://www.pensador.com/autor/alison_aparecido_ferreira/ Kriska Realce Kriska Realce Kriska Realce 9 Conhecimento – é o saber e depende da aprendizagem. Para este conhecimento ser útil, ele precisa ser aplicado, isto é, transformado em ação. Habilidade – é o saber fazer, ou seja, é a capacidade de utilizar de maneira eficiente e eficaz o conhecimento para agregar valor; Julgamento – saber analisar e decidir, ou seja, trata do julgamento do profissional de onde, como e quando os conhecimentos e habilidades serão aplicados; Atitude – saber fazer acontecer, ou seja, “conhecimentos, habilidade e julgamento requerem atitudes das pessoas para que possam ser colocados em prática”. Existem vários modelos de gestão por competências, cada qual com suas singularidades. Dentre eles, um dos mais utilizados é o Modelo de Gestão por Competência de Brandão (2012), que apresenta as seguintes fases de implantação: 1. Formulação da estratégia organizacional definir missão, visão de futuro e objetivos estratégicos; estabelecer indicadores de desempenho e metas. 2. Mapeamento de competências identificar as competências necessárias; inventariar as competências existentes; mapear o gap de competências e planejar a captação e/ou o desenvolvimento. 3. Captação de competências selecionar competências externas; admitir, alocar e integrar. 4. Desenvolvimento de competências definir mecanismo de desenvolvimento; disponibilizar e orientar aproveitamento. 5. Acompanhamento e avaliação acompanhar e apurar os resultados alcançados; comparar resultados alcançados com resultados esperados. 6. Retribuição reconhecer e premiar o bom desempenho; remunerar por competências. Outro modelo que apresenta as fases para a gestão por competências destaca cinco etapas para a implantação do modelo, conforme Quadro 2: 10 Quadro 2 – Gestãopor competências Fonte: Chiavenato (2015, p. 13) O importante a verificar nos dois modelos mostrados é a necessidade de mapear as competências necessárias e existentes e de formular uma estratégia para reduzir o gap entre elas, afinal, “saber alcançar a competitividade não depende apenas de conquistar, reter, aplicar, desenvolver, motivar e recompensar talentos, mas, principalmente, de gerir competências e alcançar resultados significativos por meio delas.” (Chiavenato, 2015, p. 8). Saiba mais Para um melhor entendimento sobre gestão por competências, leia o artigo “5 motivos para gerenciar as competências de sua empresa”, disponível no link: https://blogdaqualidade.com.br/5-motivos-para-gerenciar-as-competencias-da- sua-empresa/. TEMA 4 – GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS É necessária a profissionalização, é necessária uma competência profissional em nós para atingirmos nosso objetivo, cumprir bem nossa missão. Ronaldo Pereira •Avaliação daquilo que a empresa sabe fazer melhor que a concorrência e que lhe assegura competitividade em um mundo em constante transformação Diagnóstico das competências essenciais (core competence) •Avaliação daquilo que cada área da empresa sabe fazer melhor e que lhe assegura vantagens competitivas Elaboração da matriz de competências para cada área da empresa •Definição apurada do significado de cada competência, a fim de assegurar compreensão e consonância por parte de todos Descrição das competências da empresa e de cada área •Definição de objetivos a alcançar e métricas a respeito da construção e aplicação e do desempenho das competências Definição de objetivos e indicadores de desempenho • Como incluir as competências em todas as atividades internas e externas da empresa para assegurar a competitividade do negócio Formulação dos planos operacionais 11 A propagação da gestão por competências tem impulsionado inúmeras mudanças na área de gestão de pessoas, principalmente no que tange à mudança de foco, tanto da própria área quanto dos gestores, para os processos de gerenciamento das competências que impulsiona, consequentemente, o desempenho profissional. Portanto, os modelos de gestão por competência tornaram-se a base para funções de gestão de pessoas, tais como: recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, gerenciamento de desempenho, remuneração etc. Os modelos de competência incluem especificamente os seguintes elementos: nomes das competências e definições detalhadas; descrições das atividades e dos comportamentos associados a cada competência; diagrama de apresentação do modelo de gestão por competências. No modelo de gestão por competências, ficam descritos todas as práticas, os processos e as políticas existentes na organização, inclusive as que envolvem a gestão de pessoas. Para Knapik (2012, p. 164), a adoção de um modelo de gestão por competências passa a ser um recurso estratégico nas empresas e, se bem conduzida, facilita o gerenciamento dos negócios. É importante que a área de gestão de pessoas tenha clareza sobre sua visão empresarial e sobre os resultados que pretende alcançar, para que defina as competências que agregam valor aos negócios. Por isso, é preciso haver uma coerência entre os processos de todas as áreas da organização e, principalmente, nos processos e nas ferramentas da área de gestão de pessoas. Nesse sentido, Knapik (2012, p. 183) cita algumas das ferramentas de gestão de pessoas baseada em competências, sendo elas: roteiro de entrevista comportamental (indicador de competências) de seleção, para identificar os candidatos que possuem as capacidades (conhecimentos, habilidades e atitudes) valorizados pela empresa; identificação das competências a serem desenvolvidas nos colaboradores e criação de um plano de treinamento e desenvolvimento; elaboração de uma ferramenta de avaliação de desempenho dos colaboradores com foco em competências; criação de um programa de recompensas, remuneração e carreira por competências. 12 Outros pesquisadores dos modelos de gestão por competências, Carbone et al. (2009), enumeram as aplicações do mapeamento de competências na gestão organizacional e de pessoas, sendo eles (p. 75-76): orientação estratégica das ações de gestão de pessoas; diagnóstico setorial ou individual; identificação de lacunas, ou gaps, de competências; identificação das necessidades de aprendizagem; sistematização da capacitação profissional; formulação de objetivos instrucionais; orientação profissional e de carreira; subsídio a ações de alocação, recrutamento e seleção; reconhecimento, promoção e premiação; remuneração por competências; endomarketing para estimular o autodesenvolvimento; orientação aos sistemas de compartilhamento de competências. Na organização, nas áreas e para os gestores, os modelos gestão por competência ajudam a melhorar o direcionamento nos processos de recrutamento e seleção, desenvolver conhecimentos e habilidades que levem a melhorar a eficácia e produtividade, fornecer uma estrutura consistente para o desenvolvimento de políticas e processos de gestão de pessoas, construir um alinhamento das competências com os valores e as estratégias organizacionais, entre outros. Saiba mais Leia o capítulo 4 (p. 85-90) do livro Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento, de Adriana Roseli Wünsch Takahashi, disponível na Biblioteca Virtual. TEMA 5 – GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NA PRÁTICA O importante não é qual ferramenta você vai utilizar, mas sim que essa ferramenta garanta que as competências estejam adequadas aos objetivos que se quer alcançar. Davidson Ramos Os modelos de competência são desenvolvidos mediante um processo de esclarecimento da estratégia do negócio e a determinação de como as ferramentas e processos “conversam” com a gestão por competências. Existem algumas etapas a serem respeitadas no modelo por competências, e dentre elas se incluem: 13 1. critérios de desempenho: definindo os critérios para um desempenho superior na função; 2. amostra de critério: escolhendo uma amostra de pessoas que desempenham o papel para a coleta de dados; 3. coleta de dados: coletando os dados da amostra sobre o seu desempenho; 4. análise de dados: desenvolvendo hipóteses sobre as competências e como essas competências podem produzir os resultados desejados. 5. validação: validando os resultados dos dados e análises 6. aplicação: aplicando o modelo de competência em atividades de gestão de pessoas e demais áreas. Os elementos de um modelo de competência são identificados pela realização de diagnósticos internos, que permitem colher informações detalhadas sobre o desempenho desejado e perceber como se relacionam com o cenário estratégico da organização. Quando se fala em gestão por competências na prática, um dos pontos mais importantes está no mapeamento das competências e elaboração da matriz de competências. Para Ramos (2017), essa matriz tem por objetivo: obtenção de uma visão geral da empresa, pois apresenta as características de todos os setores e colaboradores; ampliação do conhecimento das necessidades de uma área, pois evidencia os gaps de competências presentes em cada indivíduo; descrição das competências necessárias para o exercício de um cargo. O próprio autor descreve as etapas de elaboração da matriz de competências, ou seja, a definição de quais são as competências necessárias para a realização das atividades, que são as seguintes: 1. Observe os profissionais em ação e veja o que eles precisam fazer/saber para realizar as tarefas diárias. 2. Entreviste os colaboradores, pergunte a eles quais são as habilidades necessárias no setor/cargo/projeto em que trabalham. 3. Realize uma reunião com todos os colaboradores e discuta com eles ashabilidades que você listou. 14 4. Leve em conta o que já foi analisado, ou seja, os procedimentos já descritos. Além de considerar as etapas a serem utilizadas na prática da gestão por competências, é interessante conhecer as principais competências do líder no cenário organizacional atual. Para Giles (2016), são 10 as competências de liderança, conforme o Quadro 3. Quadro 3 – As 10 principais competências da liderança Fonte: Adaptado de Giles, 2016. E, para concluir, vamos conhecer um exemplo prático da utilização da Gestão por Competências em processos de recrutamento e seleção. De forma resumida, o recrutador faz uma série de perguntas comportamentais, as quais conduzem o candidato a exemplificar como, quando e por que ele usou suas habilidades em resoluções dentro do trabalho, em tarefas que deram resultados efetivos para a empresa e que o fizeram crescer profissionalmente. Dessa forma, é possível trazer para a empresa os talentos que detêm as habilidades requeridas para aquele ramo de negócio e que estejam alinhadas com os objetivos organizacionais. 15 Saiba mais Para conhecer a visão prática da gestão por competências, leia o artigo “Gestão por Competências, disponível no link: https://endeavor.org.br/pessoas/gestao-por-competencias/. 16 REFERÊNCIAS CARBONE, P. P. et al. (org.). Gestão por competências e gestão do conhecimento. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2009. CHIAVENATO, I. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. 7. ed. Barueri: Manole, 2016. CHIAVENATO, I. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 5. ed. Barueri: Manole, 2015. FLEURY, A. C. C.; FLEURY, M. T. L. Estratégias empresariais e formação de competências: um quebra-cabeça caleidoscópico da indústria brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. GHERMANDI, F. Avaliação de Desempenho e Gestão do Desempenho: qual é a diferença? 2018. Luz Planilhas Empresariais. Disponível em: <https://blog.luz.vc/o-que-e/avaliacao-de-desempenho-e-gestao-de-desempenho />. Acesso em: 19 ago. 2019. GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2000. GILES, S. The Most Important Leadership Competencies, According to Leaders Around the World. 2016. Harvard Business Review. Disponível em: <https://hbr.org/2016/03/the-most-important-leadership-competencies-according- to-leaders-around-the-world>. Acesso em: 19 ago. 2019. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: InterSaberes, 2012. MACEDO, E. Avaliação de Desempenho. 2015. 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