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10 ANOS COMO BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: QUAIS EFEITOS E EM QUAIS 
CONTEXTOS 
 
Sendo o estudo da pobreza e desigualdade relevante tanto para atuação final do Estado quanto para 
sociedade civil, o presente trabalho visa abordar tal questão ao investigar as transformações e 
limitações do Programa Bolsa Família (PBF), uma das maiores políticas de transferência de renda do 
mundo. Buscando identificar os impactos da renda na vida dos beneficiários, esta pesquisa utiliza 
como alicerce conceitos como pobreza multidimensional, impactos geracionais, assistência social, 
história oral e vulnerabilidade social. Este trabalho visa, primariamente, investigar qualitativamente 
os impactos causados pelo Programa e suas limitações, considerando o público alvo e a 
vulnerabilidade do território estudado. 
Para a realização deste estudo, houve duas etapas: primeiro foi necessário o aprofundamento 
teórico na temática e, posteriormente, a pesquisa de campo, norteada pela técnica da História Oral, 
com objetivo de ser o mais fiel possível à fala das mulheres entrevistadas. A partir da formação de 
uma base bibliográfica, identificou-se os principais posicionamentos e pesquisa sobre pobreza e 
desigualdade; em seguida, foram realizadas entrevistas com duas acadêmicas do campo, a fim de 
entender, na prática, o que tinha sido estudado até então. Na próxima etapa, foi realizada uma 
imersão no SASF IV, Serviço de Assistência Social à Família e Proteção Social Básica no Domicílio, 
localizado no Jardim Ângela, na Zona Sul de São Paulo. Foram realizadas conversas com o gerente da 
organização e as assistentes sociais para que fosse possível, posteriormente, conversar com os 
beneficiários no território. Por último, foram feitas cinco conversas com mulheres relacionadas ao 
Bolsa Família, sendo elas: duas idosas beneficiárias; uma mãe de quatro filhos pequenos que teve 
seu benefício cortado; uma mãe com filho pequeno beneficiária e outra com filha com deficiência 
mental e problema com drogas que não recebe o benefício. 
A partir da base metodológica criada e entrevistas realizadas, foi feita uma análise dos insumos 
coletados que mostraram que, por mais transformador que seja, o Bolsa Família ainda apresenta 
limitações, principalmente por conta do público em que trabalha. Primeiramente, temos a 
permanência da invisibilidade, pois apesar do caráter de autonomia que a política dá ao beneficiário, 
pelo não condicionamento da renda transferida, não necessariamente o pobre se torna plenamente 
assistido pelo Estado. Em segundo lugar, temos a necessidade de um atendimento de saúde de 
qualidade. Verificou-se que duas das cinco entrevistadas não conseguiam gerar renda por limitações 
de saúde e não tinham acesso a uma consulta de qualidade na rede pública. Seguindo a lógica do 
contexto vulnerável a que as pessoas estão submetidas, uma das limitações do PBF é sua rigidez com 
condicionalidades, uma vez que identifica o não cumprimento delas, corta-se o benefício sem 
considerar as dificuldades da família. De modo geral, percebeu-se como principal limitação do 
programa sua atuação “isolada”. O combate à pobreza e desigualdade não é de fato efetivo se não 
houver uma articulação entre políticas e formação de uma rede de proteção social para cidadãos e 
famílias. 
É possível concluir que o Bolsa Família é essencial para situações de vulnerabilidade social. O 
benefício é mais do que assistência financeira e de poder de compra, representa uma estabilidade 
nunca antes vivida. Significa, para a família, a certeza de que, ao final do mês, uma quantia será 
depositada, independentemente do quão difícil tenha sido o período. Contudo, foi entendido que 
uma política sozinha não resolverá o contexto de vulnerabilidade das famílias, pois ainda que haja 
uma rede, se as políticas não forem articuladas e eficazes tanto sozinhas quanto em conjunto, a 
situação também não será resolvida, e isso abre margens para o debate de proteção social no Brasil. 
 
 
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A laicidade do Estado brasileiro é tema de profundo debate e embate num país com mais de 200 
milhões de habitantes que reúne as mais diversas matrizes religiosas e filosóficas. Para debater a 
questão, os pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Sergio Rego e Pablo 
Dias Fortes, junto com Marisa Palácios, participaram da publicação Embates em torno do Estado 
Laico com o artigo “Bioética laica: zonas de atrito com as religiões na prática em saúde”. 
O livro é fruto do Grupo de Trabalho (GT) Estado Laico da Sociedade Brasileira para o Progresso da 
Ciência (SBPC) que reúne textos de renomados cientistas que apresentam o conceito de Estado laico 
e debatem o impacto da não laicidade sobre a ciência, a política, o ensino, a saúde, as pesquisas 
biomédicas, a sexualidade e os direitos das mulheres, além da Declaração Universal sobre a laicidade 
no século 21 e textos indicados que abordam a laicidade do Estado no Brasil. 
Na apresentação da publicação, aponta-se o fato de que, “de acordo com o Censo 2010 do Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há, no país, seguidores da fé católica, evangélica e espírita, 
do candomblé, da umbanda, de outras tradições indígenas e afro-brasileiras, do judaísmo, 
islamismo, hinduísmo, budismo, além de agnósticos e ateístas. A Constituição Federal de 1988 
garante a liberdade individual e de culto, sem espaço para a intolerância. Entretanto, existe a 
necessidade de monitoramento e defesa constantes da laicidade, e o GT Estado Laico, reestruturado 
em 2015 pela SBPC, manifesta-se contra as mais diversas ações que tentam alterar a Constituição 
brasileira, ameaçando direitos conquistados”. 
No artigo “Bioética laica: zonas de atrito com as religiões na prática em saúde”, o pesquisador do 
Departamento de Ciências Sociais da Ensp/Fiocruz e coordenador-geral do Programa de Pós-
Graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva (PPGBIOS), Sergio Rego, o pesquisador do 
Centro de Referência Professor Hélio Fraga da Escola, Pablo Dias Fortes, e a coordenadora do 
PPGBIOS pela UFRJ, Marisa Palácios, afirmam a legitimidade da perspectiva laica, tanto na teoria 
como na prática em saúde, ao defenderem a liberdade de cada indivíduo ter seu projeto próprio de 
felicidade, sobre o qual o Estado não deve interferir, a menos que afete as liberdades e o bem-estar 
de outros. 
De acordo com a publicação, “surgem áreas de atrito entre a perspectiva laica e a religiosa da 
Bioética, principalmente no que diz respeito ao início e fim da vida humana, e a objeção de 
consciência da parte do pessoal de saúde, que incide, notadamente, sobre a interrupção voluntária 
da gravidez. Contra os fundamentalismos religiosos, os autores defendem o fortalecimento dos 
mecanismos democráticos de respeito à pluralidade e à diversidade”. 
Em seu capítulo, os autores ressaltam o fato de a globalização ter ampliado as possibilidades e meios 
de comunicação, mas não significou que os homens (individualmente ou em sociedade) passaram a 
se comunicar melhor. “A comunicação, que poderia aproximar povos e civilizações, tem servido para 
potencializar divergências e fomentar conflitos. Assiste-se a um crescente radicalismo em todos os 
setores sociais, e o sonho de um mundo com menos violência parece cada vez mais distante. “O 
objetivo do capítulo é trazer para a discussão das zonas de atrito entre diferentes convicções nas 
práticas de saúde, uma perspectiva que seja mais do que tolerante com as diferenças, e sim 
respeitosa com essas diferenças, sejam quais forem, na discussão sobre problemas morais, 
especialmente naqueles relacionados à saúde, individual, coletiva ou ambiental”. 
 
 
Sabendo do que se trata os tipos de conhecimento, disserte sobre o impacto de um estado não 
laico em decisões voltadas para políticaspúblicas de saúde. 
Responda em até 10 linhas.

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