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Introdução a dermatologia - lesões elementares

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Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV 
ESTRUTURA: 
A pele é constituída por três camadas principais: 
epiderme, derme e hipoderme (camada subcutânea). 
Cada uma delas é composta por várias subcamadas. 
EPIDERME 
Camada fina e superficial da pele, subdividida em 
quatro camadas: 
• Camada basal ou germinativa: Possui células 
apoiadas sobre a membrana basal. Os 
queratinócitos são responsáveis por originar as 
outras camadas epidérmicas. Os melanócitos são 
responsáveis por produzir melanina, que é 
fagocitada pelos queratinócitos. Ela é a 
responsável pela pigmentação da pele e pela 
proteção contra a penetração de raios UV. 
Obs: A quantidade de melanócitos é a mesma em 
todos os organismos, mudando somente a quantidade 
de melanina produzida. Isso é regulado por fatores 
citogenéticos. 
• Camada de Malpighi: proveniente dos 
queratinócitos, que, à medida que emergem da 
camada basal, se modificam, assumindo uma 
forma poliédrica. Esses poliedros passam a se ligar 
por filamentos finos, chamados desmossomos. 
Essas células possuem citoplasma acidófilo. À 
medida que se aproximam mais da superfície 
epidérmica, vão se achatando. 
Obs. Os desmossomos parecem espinhos, o que 
justifica o segundo nome para essa camada (camada 
espinhosa). 
• Camada Granulosa: células escuras, achatadas, 
quase aderentes e com grânulos comatófilos – 
grãos de queratomalina, que expressam a 
queratinização da epiderme. 
• Camada córnea: camada mais externa, composta 
por células planas, anucleadas, denominadas 
queratina. Elas são fruto de um processo chamado 
de queratinização, que ocorre durante 26-28 dias, 
(tempo de renovação da pele). Essa camada varia 
de acordo com a região, sendo mais espessa nas 
regiões palmoplantares, onde possuem, inclusive, 
mais uma camada - estrato lúcido-, que fica entre a 
córnea e a granulosa. 
DERME 
• É uma camada de tecido conjuntivo, constituída 
por mucopolissacarídeos e material fibrilar (fibras 
de colágeno, fibras elásticas e fibras reticulares), 
no qual se acomodam os vasos, nervos e anexos 
epidérmicos. 
• é dividida em três partes: superficial/papilar, 
profunda/reticular e adventicial. 
• Apresenta lóbulos de células adiposas, é rica em 
tecido adiposo, representando um importante 
reservatório calórico para o organismo, além de 
proteger contra traumas. 
VASOS, NERVOS E FÂNEROS 
• Os vasos sanguíneos presentes na pele, além de 
função metabólica e de nutrição, regulam a 
temperatura e a pressão sanguínea. 
• A pele desempenha um papel importante para o 
sentido. É ela que capta e transmite diversas 
alterações do meio no qual estamos inseridos. 
Esses nervos são sempre mielinizados e em 
algumas regiões formam órgãos terminais 
específicos: 
➢ Corpúsculos de Vater-Pacini (subepidérmicos; 
sensibilidade tátil e à pressão) 
➢ Corpúsculos de Meissner (polpas digitais; 
sensibilidade tátil) 
➢ Corpúsculos de Krause (áreas de transição, 
entre pele e mucosa; receptores do frio) 
➢ Meniscos de Merkel-Ranivers (tato) 
• A inervação motora é realizada pelo sistema 
nervoso autônomo, com fibras adrenérgicas que 
causam a contração das células dos músculos lisos 
dos vasos e dos músculos eretores dos pelos. 
• Os fâneros surgem de modificações da pele no 
período embrionário e consistem em: pelos e 
folículos pilosos, glândulas sebáceas, sudoríparas e 
unhas 
 
 
Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV 
FUNÇÕES DA PELE: 
• Proteção: barreira contra agressões mecânicas, 
químicas ou tóxicas e contra microorganismos 
patogénicos; filtro face às radiações ultravioleta. 
• Termorregulação: proteção do calor e do frio, e 
manutenção da temperatura corporal. 
• Balanço hidroeletrolítico: mantém o equilíbrio de 
fluídos corporais, ao agir como barreira face à 
possível perda de água. 
• Percepção: transmite, através de receptores e 
terminações nervosas, a pressão, a temperatura e 
a dor. 
• Excreção: ureia, amônia e ácido úrico 
• Metabólica: Vit. D > calcificação óssea 
• Imunológica: célula de Langerhans (Captam e 
processam antígenos) 
SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA 
É focada na inspeção, ou seja, em ver e reconhecer as 
alterações que ocorrem ao nível da pele e mucosas 
externas. Em alguns casos é seguida pela palpação, 
método pelo qual se constata a consistência do 
elemento eruptivo, se amolecida, endurecida ou 
pétrea, bem como temperatura, mobilidade, extensão 
e profundidade de seus limites e se é doloroso ou não. 
ANAMNESE: 
• Idade, sexo etnia 
• Procedência geográfica 
• Estação do ano 
• Ocupação 
• Nível socioeconômico 
• Antecedentes patológicos 
ANAMNESE DERMATOLÓGICA: 
• Morfologia da lesão; 
• Fatores de piora; 
• Tempo de evolução; 
• Fatores de melhora; 
• Início dos sinais e sintomas; 
• Desencadeantes; 
• Época de aparecimento 
• Sintomas associados, 
• Distribuição; 
• Organização; 
• Maneira de progressão; 
EXAME FÍSICO: 
• Paciente despido 
• Local bem iluminado 
• Inspeção de pele e mucosas 
• Palpação 
• Exame físico geral 
É necessário EXAMINAR: 
COLORAÇÃO 
• Palidez 
• Hiperemia 
• Cianose 
• Icterícia 
UMIDADE 
TEXTURA: 
• Normal 
• Fina 
• Áspera 
• Enrugada 
ESPESSURA: 
• Normal 
• Atrófica 
• Espessada 
SENSIBILIDADE: 
• Dolorosa 
• Tátil 
• Térmica 
ELASTICIDADE E MOBILIDADE 
TURGOR: 
• Normal 
• Diminuído 
TEMPERATURA 
LESÕES ELEMENTARES 
Definem-se as lesões elementares como padrões de 
alteração no tegumento cujo reconhecimento 
possibilita a construção de hipóteses diagnósticas. 
As causas desencadeantes podem ser físicas, 
químicas, biológicas, imunológicas, psíquicas, e 
mesmo desconhecidas que induzem à formação de 
alterações na superfície do tegumento, constituindo a 
lesão elementar, o elemento eruptivo ou a 
eflorescência. Os mecanismos indutores podem ser de 
natureza circulatória, inflamatória, metabólica, 
degenerativa ou hiperplásica. 
o Avaliar: forma, bordas, cor, localização e superfície 
o Primárias: Não é precedida de outra alteração 
cutânea 
o Secundária: evolução das lesões primárias 
Flushing: paciente portador 
de rosácea 
Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV 
LESÕES ELEMENTARES PRIMÁRIAS 
• Mácula/Mancha – é toda e qualquer alteração da 
cor da pele, sem relevo, independentemente de 
sua natureza, causa ou mecanismo. 
De alteração da coloração da pele: 
o Pigmentares: acrômicas, hipocrômicas ou 
hipercrômicas 
1 -Mancha 
acrômica (vitiligo 
segmentar) 
2- Mancha 
hipocrômica 
(hanseníase ind 
eterminada). 
o Vasculares: desaparece a digitopressão. Ex; 
Eritema e telangiectasia 
o Hemorrágicas: não desaparece a digitopressão. Ex: 
Petéquia e equimose 
o Deposição pigmentar: bilirrubina, hemossiderina, 
corpo estranho... 
• Mácula: até 01 cm X Mancha: > 01 cm 
Lesões palpáveis, elevadas e sólidas: 
• Pápulas: até 1 cm 
• Placa: 21 cm por coalescência de pápulas 
• Nódulo: >1 cm, mais profunda e firme que uma 
pápula 
• Urtica: lesão eritematoedematosa 
• Vegetação: lesão elevada, pediculada ou 
não, de superfície Irregular; existem dois 
tipos de lesões vegetantes: 
 
➢ verrucosa: é seca, pois a epiderme que 
a recobre está íntegra, inclusive com 
grande aumento da camada córnea 
➢ condilomatosa: é úmida, porque a 
epiderme apresenta-se com a 
camada córnea normal ou diminuída, 
tornando possível, assim, que haja 
exosserose; ocorre nas mucosas ou 
nas dobras 
Elevações Superficiais e Circunscritas da 
pele, formadas por uma coleção líquida ou 
purulenta: 
o Vesícula: até 1,0 cm 
o Bolha: > 1,0 cm 
o Pústula: conteúdo purulento. 
Elevação dermo-hipodérmica: 
o Abscesso - coleção purulenta, mais 
ou menos proeminente e 
circunscrita, de localização dermo-
hipodérmica ou subcutânea. Se 
houver inflamação, chama-se 
abcesso quente. Sem sinaisflogísticos, chama-se abcesso frio. 
• Pápula – é uma lesão sólida da 
pele, elevada, com menos de 1 cm 
de diâmetro. São superficiais, com 
bordas bem delimitadas. Podem 
ser puntiformes ou um pouco 
maiores com a mesma coloração da 
pele ou ainda de cor rósea, 
arroxeada e castanha. 
• Placa – é uma lesão elevada, em 
platô, que surge como 
consequência da confluência de 
numerosas pápulas. 
• Nódulo – são lesões sólidas 
maiores que 1 centímetro de 
diâmetro, decorrentes do aumento 
do número de células na derme, 
em geral profundas e/ou ao nível 
da hipoderme. 
Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV 
Obs. Cistos são nódulos de superfície lisa, de 
consistência não endurecida e, em geral, circundados 
por cápsula de linhagem epitelial. 
• Vesícula – elemento circunscrito 
de pequenas dimensões (alguns 
milímetros), com conteúdo 
seroso, que faz uma pequena 
saliência cônica ao nível da pele. 
• Bolha – elemento líquido 
(seroso) de dimensões bem 
maiores (centímetros) e 
costuma ser maior que a 
vesícula, fazendo saliência em 
abóbada. 
• Pústula – elemento de conteúdo 
líquido purulento de dimensões 
variáveis. Podem ser foliculares 
(foliculite) ou interfoliculares 
(impetigo). 
• Abcesso – é a coleção de pus na profundidade dos 
tecido 
LESÕES HEMORRÁGICAS: 
• Púrpura - Ocorre nos casos de 
extravasamento sanguíneo, em 
geral dérmico e, menos 
frequentemente, hipodérmico, 
o que leva a uma modificação 
da cor da pele, do vermelho ao 
amarelado e castanho, a 
depender da evolução do tempo 
do evento. 
• Petéquia - lesão purpúrica 
puntiforme; em geral múltipla 
 
• Víbice: lesão purpúrica linear; 
sempre de natureza traumática 
 
• Equimose - lesão purpúrica em 
lençol e, portanto, de dimensões 
maiores que as duas primeiras 
• Hematoma - muitas vezes pode ter a 
mesma expressão clínica da 
equimose; é um termo empregado, 
sobretudo, nos casos de grandes 
coleções, quando ocorre 
abaulamento local. É, em geral, de 
origem traumática, sendo foco 
frequente de infecção, se não drenado. Quando 
profundo, o aspecto purpúrico pode não ser 
visível. 
LESÕES ELEMENTARES SECUNDÁRIAS 
PERDA DE SUPERFÍCIE CUTÂNEA: 
• Erosão/escoriação - perda da epiderme superficial, 
com exposição da derme; não sangrante. Pode ser 
causada por trauma, sendo chamadas de 
escoriações, ou não traumáticas, como em 
rupturas de vesículas, bolhas e pústulas, sem 
deixar cicatrizes. 
• Úlcera – perda de tecido até a derme, resulta em 
cicatriz. 
• Fissura - fenda linear na pele 
MATERIAL SOBRE A SUPERFÍCIE CUTÂNEA: 
• Crosta - resíduo ressecados provenientes de 
secreção serosa, sanguínea, purulenta ou mista, 
que recobrem uma área previamente lesada. Pode 
ser de remoção fácil ou estar aderida aos tecidos 
subjacentes. Ex. fase final dos processos de 
cicatrização, pênfigo foliáceo, impetigo e eczemas. 
• Escama - lâmina epidérmica com aspecto seco, 
que se desprendem. Com aspecto de “farelo” se 
denominam furfuráceas e com aspecto de “tiras” 
são lineares. 
• Escara - tecido necrótico. O local lesado se torna 
escuro, com perda de função, sem sensibilidade e 
é separada do tecido saudável por um sulco. 
Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV 
➢ Na imagem 1: erosão, úlcera, crosta 
➢ Na imagem 2: Escamas, crosta, escara 
Outros: 
• Fístula - pertuito da pele pelo qual ocorre 
drenagem de material proveniente de foco 
supurativo ou necrótico profundo. 
 
LESÕES PALPÁVEIS, ELEVADAS E SÓLIDAS: 
• Pápulas: até 1 cm 
• Placa: 21 cm por coalescência de pápulas 
• Nódulo: >1 cm, mais profunda e firme 
que uma pápula 
• Urtica: lesão eritematoedematosa 
• Vegetação: lesão elevada, pediculada 
ou não, de superfície Irregular; existem 
dois tipos de lesões vegetantes: 
 
➢ Verrucosa: é seca, pois a epiderme que 
a recobre está íntegra, inclusive com 
grande aumento da camada córnea 
➢ condilomatosa: é úmida, porque a 
epiderme apresenta-se com a camada 
córnea normal ou diminuída, tornando 
possível, assim, que haja exosserose; 
ocorre nas mucosas ou nas dobras 
ALTERAÇÃO DA ESPESSURA: 
• Liquenificação - É uma lesão produzida 
por espessamento da pele, que passa a evidenciar 
com maior nitidez todos os seus sulcos e saliências. 
• Esclerose 
• Atrofia 
SEQUELAS: 
• Cicatriz – reposição de tecido destruído por tecido 
fibroso; Pode ser: 
➢ Atrófica: deprimida 
➢ Hipertrófica: não ultrapassa os limites da ferida 
➢ Queloidiana: ultrapassa os limites da ferida 
SINAIS DERMATOLÓGICOS 
• Auspitz (orvalho sangrante): pontos com 
sangramento ao curetar a escama 
• Nikolski: consiste em pressionar a lesão de pele com 
o dedo ou um objeto rombo: quando a pele se 
desprende da lesão com fricção (deslocamento 
parcial ou total da epiderme), o sinal é positivo . 
 
 
 
MORFOLOGIA OU CONFIGURAÇÃO DA LESÃO 
• Anular 
• Circinada 
• Gotada 
• Numular 
• Geográfica 
• Outras 
 
 
 
Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV 
DISTRIBUIÇÃO 
• Única 
• Local/regional 
• Disseminada 
• Generalizadas 
• Universal 
ORGANIZAÇÃO: 
• Zosteriforme – lesões que ocorrem dentro de um 
dermátomo; ao longo do trajeto de um nervo. 
• Reticular – é caracterizado pela rede pigmentada 
uniforme, com traçado regular ao longo de toda a 
lesão e clareamento na periferia 
• Herpetiforme – descreve a forma de agrupamento 
das bolhas (similar à erupção cutânea causada por 
alguns herpesvírus). 
 
 
 
 
 
 
Referências: 
• AZULAY, R. D. Dermatologia, 7. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2017. 
• FIGUEIREDO, I. B. Lesões Ementares. Departamento de 
Medicina I. Telessaúde Maranhão HU-UFMA. Núcleo de 
Telesaúde Técnico Científico. Publicado em abril de 
2017. 
• Wolff K, Johnson RA. Fitizpatrick’s Color Atlas & Synopsis 
of Clinical Dermatology. McGraw-Hiil, 6ª Ed, 2009. 
• Bickeley, Lynn S. Bates Propedêutica Médica. Guanabara 
Koogan, 8ª Ed, 2005. 
• Porto, CC. Semiologia Médica. 6ª. Ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2009 
• Goldman, L & Schafer, AI. Goldman-Cecil Medicina. 25ª 
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. 
• https://www.dermnet.com/

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