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Produção de Silagem ANA LUISA ARRABAL DE ALMEIDA – ZOO212 Introdução -A grande maioria dos animais no Brasil são criados de forma extensiva. A principal questão é a sazonalidade do pasto – período chuvoso e seco que é modificado conforme a região do Brasil. A produtividade de forragem acompanha a variação de precipitação em uma região. No período seco, as gramíneas típicas tropicais produzem em torno de 20% da sua capacidade total. -Há necessidade de fornecimento de leite e carne em quantidade quase constante durante todo o ano. Devem ser adotadas técnicas para minimizar os efeitos da estacionalidade – as técnicas de conservação de forragens contribuem para minimizar o problema. -A ensilagem é mais utilizada no Brasil do que a fenação. Conceitos Importantes -Silagem: é o alimento conservado em meio anaeróbio sob baixo pH. -Silo: local onde a silagem fica armazenada. -Ensilagem: refere-se aos processos de produção de silagem. -Por que produzir silagem? As operações podem ser mecanizadas a um custo mais baixo que para a produção de feno. Silagem é um alimento conservado por longo período se bem armazenado. É uma fonte de nutrientes (energética e proteica – milho e sorgo tem alto teor de NDT). Pode, então, representar uma economia de concentrados. Permite manter maior número de animais na época seca, quando a qualidade e quantidade do pasto diminui. -Milho e sorgo aumentam a qualidade da silagem por possuírem mais carboidratos hidrossolúveis que favorecem a fermentação lática, principal responsável por queda do pH. -A colheita é feita conforme o teor de matéria seca, que precisa estar entre 30-35%. Pensando em capim, espera-se entre 40-60 dias para fazer a silagem. O restante da porcentagem da matéria seca representa umidade. O custo de produção de silagem varia conforme a cultura, época do ano, o próprio ano, região, estado etc. -Para fazer o cálculo da produção, multiplica-se a quantidade de unidades animais pelo consumo em quilos por dia de cada unidade animal e pelo período de fornecimento da silagem. -Para uma boa silagem, a espécie forrageira deve ter elevado valor nutritivo, alta produtividade de biomassa, teor de matéria seca adequada, alto teor de carboidratos solúveis (açúcares) – milho, sorgo, capim-elefante, etc. -O teor de açúcar influencia a qualidade da silagem – o aumento da concentração de açúcar na planta garante uma melhor qualidade – a umidade começa a favorecer fermentações indesejadas, as quais tem como produto ácido acético, ácido propiônico (ácidos orgânicos fracos que não conseguem baixar o pH tão eficientemente como o ácido lático). -Cuidados culturais: preparo adequado do solo, calagem e adubação adequada, sementes ou mudas de boa qualidade, controle de plantas daninhas. -Colheita no estágio apropriado: material com menos de 30% de matéria seca favorece a fermentação butírica – desenvolvimento de bactérias do gênero Clostridium sp. - quando o açúcar é fermentado a ácido lático, a perda energética é de 3% e a ácido butírico é de 30% (isso é computado como perda de matéria seca). Por outro lado, a ensilagem de um material com mais de 30% de matéria seca favorece a formação de bolsões de ar por causa da maior dificuldade de compactação – pode haver desenvolvimento de leveduras e mofos (oxigênio presente). -O tamanho de partícula ideal é 1-2 cm, para devida compactação. -É válido evitar contato com fezes: pode ser fonte de Clostridium botulinum – rodas de tratores são veículos que podem levar esses resquícios de fezes para o silo. Obs.: morte animais que receberam silagem causadora de botulismo. -A compactação deve ser intensa e contínua para evitar contato com oxigênio e necessita de vedação correta. -Etapas da ensilagem: • Colheita; • Enchimento do silo: carregamento do material e disposição em comprimento com camada de no máximo 20 cm. A compactação é realizada pelo trator; • Vedação com lona; • Colocar terra por cima e cercar o silo. Obs.: análise do teor de matéria seca por micro-ondas. -O grão de milho amadurece gradualmente com o aparecimento de coloração amarelada, no sentido exterior para o interior. A colheita do milho é geralmente feita quando a linha de leite está entre 1/3 e ½ do grão. -Fases da produção de silagem: • Aeróbia: há consumo de açúcares e oxigênio no processo respiratório de microrganismos e células da planta. Há aumento da temperatura na massa ensilada e os processos continuam até que o oxigênio seja exaurido do meio. • Fermentação: inicia quando a anaerobiose é alcançada na massa ensilada. Aqui, ocorrem fermentações de açúcares a ácidos orgânicos, com redução do pH do material. -Na fase de fermentação, atuam bactérias tanto homofermentativas (fermentação açúcares somente até ácido lático) e heterofermentativas (fermentam açúcar até ácido lático, acético, butírico e propiônico). • Estabilidade: o pH da silagem estabiliza em valores abaixo de 4 (milho e sorgo). O silo vedado adequadamente praticamente não ocorre atividade microbiológica durante o armazenamento. • Descarregamento: lona é aberta para colheita da silagem. Abertura do silo ocorre 30 dias após o fechamento (a estabilização do pH ocorre dentro de 21 dias depois do fechamento do silo, toma-se como 30 dias para garantir que o pH realmente estabilizou). Nessa fase, o oxigênio tem acesso irrestrito à face exposta, ocorre crescimento de leveduras e mofos e aumento da temperatura da silagem. A remoção rápida da silagem e posterior vedação é essencial para reduzir perdas. -Aditivos: produtos que podem ser adicionados à massa ensilada com finalidade de melhorar a fermentação e o valor nutritivo. Ex.: fubá de milho, casca de café, polpa cítrica (sequestrantes de umidade) – são ingredientes com alto teor de matéria seca e por isso aumentam o teor total de matéria seca da silagem. Podem ser usados também inoculantes microbianos. É válido analisar o custo de aditivos. -Tipos de silo: • Tipo “bola” ou “fardo”; • Silo trincheira. -Camada da fatia diária retirada é de no máximo 30 cm de espessura. -Perdas na produção de silagem: • No campo: ataque de pássaros e roedores, colheita, acamamento; • Perdas por respiração: reduzidas pelo fechamento rápido e hermético do silo; • Perdas por fermentação: bactérias heterofermentativas. • Perdas aeróbias (no cocho): ocorre na abertura do silo para retirar a silagem e ofertar aos animais; • Perdas por lixiviação (efluente): visualizada quando o efluente escorre do silo (tóxico para o meio ambiente). Isso significa que o material foi ensilado com muita umidade.
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