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Direito do trabalho- introdução e princípios

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1- Desenvolvimento histórico do Direito do Trabalho 
 
 
1- Introdução 
O Direito do Trabalho, como um direito social, tem sua criação e desenvolvimento 
diretamente ligados ao desenvolvimento da própria sociedade. Em outras palavras, o Direito do 
Trabalho, por se tratar de um direito social, surge e se expande com base nas lutas travadas no 
decorrer dos tempos, desde a famosa Revolução Industrial, traduzindo-se em um direito de 
conquistas. 
Dessa maneira, para uma total compreensão do direito laboral, o observador deve 
atentar à sua perspectiva histórica, ao momento de criação das normas e os debates que 
ensejaram tais decisões. Posto isso, a interpretação dos direitos sociais, em geral, depende do 
conhecimento da formação histórica da legislação a ser analisada, razão pela qual tratarei da 
formação histórica do Direito do Trabalho. 
Cumpre destacar que a história do Direito do Trabalho não se confunde com a história 
do trabalho. Isso porque, a aplicação da atividade humana para modificar a natureza (trabalho) é 
milenar, intuitiva e natural. Já o Direito do Trabalho somente pode ser assim chamado após a 
Revolução Industrial, a qual fomentou uma nova questão social, derivada de uma nova 
concepção de trabalho, com as mais diversas consequências. Além disso, há outra condição 
essencial para que se possa tratar de Direito do Trabalho: relação empregatícia. Explicasse: o 
Direito do Trabalho só pode existir em um sistema de trabalho livre (juridicamente), subordinado 
e assalariado. 
2- Contexto Histórico 
A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra entre os séculos XVIII e XIX proporcionou 
uma evolução tecnológica até então nunca observada no mundo, uma vez que, pela primeira vez 
na história, foi possível a utilização de outras motrizes de força além das forças humana e 
animal. Inicialmente com as máquinas a gás e posteriormente com outros tipos de tecnologia, 
como a eletricidade, houve uma enorme expansão na capacidade produtiva das industrias, 
propiciando o surgimento de uma “nova indústria”. Esse movimento também possibilitou uma 
afirmação do capitalismo, uma vez que favoreceu a concentração do capital em poder dos donos 
dos meios de produção. 
Apesar disso, a Revolução Industrial não trouxe apenas benesses. As industrias dos 
séculos XVIII e XIX não tinham qualquer preocupação com os trabalhadores, empregando, 
inclusive, crianças pequenas em seus quadros. Além disso, o proletariado era submetido a 
jornadas de trabalho de até 16 horas, salários ínfimos, péssimas condições de higiene na 
sociedade em geral, entre outros absurdos. Para melhor ilustrar, veja-se a definição de proletário 
segundo Amauri Mascaro do Nascimento: 
“Proletário é um trabalhador que presta serviços em jornadas que variam de 14 a 16 horas, 
não tem oportunidades de desenvolvimento intelectual, habita em condições subumanas, em 
https://jus.com.br/tudo/direito-do-trabalho
geral nas adjacências do próprio local da atividade, tem prole numerosa e ganha salário em troca 
disso tudo.” 
Em resumo, a preocupação dos donos dos meios de produção apenas se voltava à 
obtenção de lucros, sendo os trabalhadores (homens, mulheres e crianças) explorados para a 
maximização dos resultados. E não se tratava de mera exploração no ambiente laboral, como 
também as condições de vida eram extremamente precárias, seja quanto comida, higiene ou 
habitação. 
Some-se a isso o fato de que a ideia prevalente à época (liberalismo) era de que a 
relação empregatícia deveria ser pautada pela autonomia da vontade, isto é, o contrato de 
trabalho deveria ser interpretado como um livre acordo entre as partes. Obviamente isso não 
acontecia, haja vista que, além de não existir contrato escrito, o patrão detinha o meio de 
produção e definia as condições da contratação, não se tratando de uma relação de igualdade 
real. 
2-1 Primeira Fase: Manifestações Incipientes ou Esparsas 
Como já dito, as mudanças na organização do trabalho geradas pela Revolução 
Industrial expunham os proletários a jornadas de trabalho extremamente exaustivas, a perigos e 
doenças relacionadas ao emprego, além de outras mazelas. Por outro lado, o aumento da 
capacidade de produção propiciou uma maior aglomeração dos operários dentro das fábricas, 
possibilitando as primeiras revoltas contra as condições a que eram submetidos. 
Nessa primeira fase, podemos destacar a Lei de Peel’s, de 1802. Essa lei tinha como 
escopo proteger as crianças operárias, limitando sua jornada de trabalho a 12 horas diárias, 
além de determinar outras medidas por parte dos empregadores quanto a higiene do local de 
trabalho e dos dormitórios, bem como quanto à educação dos menores. Infelizmente, tal lei 
tornou-se ineficaz, até que em 1819 outra lei no mesmo sentido foi aprovada e conseguiu limitar 
o trabalho de menores apenas após os 9 anos de idade, bem como regulando o trabalho dos 
menores de 16 anos a uma carga horária de 12 horas diárias. 
Nos anos seguintes, ainda dentro do primeiro recorte temporal aqui proposto, 
continuaram surgindo normas no sentido de humanizar as atividades produtivas, não só na 
Inglaterra, como também na França e na Alemanha. Apesar disso, as leis trabalhistas não 
formavam um sistema, tratando-se apenas de normas esparsas que visavam conter os excessos 
praticados pelos empregadores contra as crianças e as mulheres operárias. 
2-2 Segunda Fase: Sistematização e Consolidação do Direito do Trabalho (1848 -
1919) 
O marco inicial escolhido para demarcar o início da segunda fase da história do Direito 
do Trabalho é a publicação, em 1848, do Manifesto Comunista, de Marx e Engels. Isso se dá, 
pois tal publicação inaugura uma nova alternativa para os trabalhadores contra o sistema e 
condições de trabalho/vida existentes à época. 
Nesse contexto, começam a surgir, legalmente, os movimentos sindicais, com vistas à 
obtenção de melhores condições para o proletariado, bem como o início de uma lenta 
intervenção estatal na organização do trabalho. Além disso, tem-se, também, as Revoluções 
Francesas de 1848, que contribuiriam para a evolução da preocupação com os trabalhadores. 
https://jus.com.br/tudo/jornada-de-trabalho
A Igreja também teve um importante papel nessa segunda fase do Direito do Trabalho, 
uma vez que em 1891, com o Papa Leão XIII, surge a Encíclica Rerum Novarum que se baseava 
na justiça social, com o entendimento de que o Estado e a burguesia deveriam ser mais 
compreensivas com a situação do proletariado. 
Assim, o Estado inicia seu papel intervencionista com vistas a melhorar as condições 
de trabalho e bem-estar social. Nesse momento também surge a preocupação com a proteção 
do trabalhador, tanto jurídica, como economicamente, sendo reconhecida a hipossuficiência do 
trabalhador em relação ao detentor dos meios de produção, o que levaria a superioridade 
jurídica do empregado ante a sua inferioridade econômica. 
2-3 Terceira fase: Institucionalização do Direito do Trabalho (1919 -1980) 
A terceira fase do desenvolvimento histórico do direito trabalhista tem seu início com o 
fim da Segunda Grande Guerra. Nesse sentido, destaca-se a criação da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT) em 1919, criada como parte Tratado de Versalhes, com a 
convicção primordial de que a paz universal e permanente somente pode estar baseada na 
justiça social. 
Nesse momento, inicia-se a constitucionalização do Direito do Trabalho, sendo o 
México o primeiro país a abordar a matéria em sua Carta Magna de 1917. Esse movimento foi 
acompanhado por diversos países, inclusive pelo Brasil, onde o direito do Direito do Trabalho se 
tornou constitucional em 1934 e permanece até os dias atuais. Assim, o Direito do Trabalho 
passou a ser um ramo jurídico devidamente estruturado e assimilado, incorporando-se à ordem 
jurídica dos países. 
A institucionalização do direito do trabalho ganhou ainda mais força com a política de 
estado de bem-estar social praticada na Europa após 1945, uma vez que suas constituições não 
só incorporaramo Direito do Trabalho, como também seus princípios, além de toda uma política 
de valorização do trabalho e do ser humano empregado. 
Outra característica importante desta terceira fase é a expansão da legislação 
trabalhista autônoma. Deste modo, não apenas o Estado regula as matérias de cunho 
trabalhista, mas também as próprias partes envolvidas podem negociar certas vertentes do 
Direito do Trabalho por meio de convenções e acordos coletivos. 
Para sintetizar, veja-se a avaliação de Maurício Godinho Delgado sobre a 
institucionalização do ramo justrabalhista: 
“Tal fase se define como o instante histórico em que o Direito do Trabalho ganha 
absoluta cidadania nos países de economia central. Esse Direito passa a ser um ramo jurídico 
absolutamente assimilado à estrutura e dinâmica institucionalizadas da sociedade civil e do 
Estado. Forma-se a Organização Internacional do Trabalho; produz-se a constitucionalização do 
Direito do Trabalho; finalmente, a legislação autônoma e heterônoma trabalhista ganha larga 
consistência e autonomia no universo jurídico do século XX” 
2-4 Quarta Fase: Crise e Transição do Direito do Trabalho (1980 – ) 
A quarta fase histórica do Direito do Trabalho tem início na década de 1980, após a 
crise do petróleo, e se estende até os dias atuais. As evoluções tecnológicas das últimas 
https://jus.com.br/tudo/empregado
https://jus.com.br/tudo/cidadania
décadas – internet, robótica, microtecnologia, etc – contribuíram para uma mudança profunda no 
modo como as pessoas se relacionam, bem como na própria relação empregatícia. 
As barreiras de tempo/espaço existentes antigamente não mais significam empecilhos, 
uma vez que o mundo atual está quase que totalmente “conectado”. Assim, vivemos em uma 
época de acirramento da competição capitalista, de redução de postos de trabalho em 
segmentos tradicionais da produção, culminando em profundas transformações nos modos de 
gestão empresarial. 
Soma-se a esse contexto de crise (econômica, tecnológica e organizacional) a 
expansão de um pensamento desregulatório do Welfare State (Estado de Bem-estar Social), 
principalmente a partir da década de 1980, onde o que se busca é a desregulação das políticas 
sociais e regras jurídicas atinentes ao mercado econômico. Nessa toada, o que se pretendia era 
uma descentralização administrativa e uma relativização das normas trabalhistas, de maneira a 
enfraquecer o Direito do Trabalho tradicional. 
Veja-se o que o ilustre doutrinador Amauri Mascaro do Nascimento explana sobre o 
tema: 
“O direito do trabalho vive atualmente um conflito entre as suas concepções, a 
protecionista, acusada de hipergarantista, de afetar o desenvolvimento econômico e a livre 
iniciativa, e a reformista que defende a flexibilização das leis e a reavaliação, no plano teórico, 
dos seus princípios e funções, pondo-se a flexibilização como uma polemica reação contraria à 
rigidez da legislação tutelar do trabalho.” 
Assim, nos dias atuais, o direito do trabalho passa por diversas mudanças em sua 
estrutura, sendo crescentes as posições sobre sua desregulamentação ou flexibilização, que são 
pensamentos distintos. A quarta fase histórica do Direito trabalhista, portanto, deve ser analisada 
a partir de uma “Nova Questão Social” marcada pelas novas realidades e desafios existentes na 
organização do trabalho, culminando não no fim do ramo justrabalhista, mas sim em uma 
renovação do Direito do Trabalho com vistas à nova dinâmica social. 
 
2- Princípios 
O Direito do Trabalho é um ramo do Direito integrado por um arcabouço de institutos, 
princípios e normas jurídicas que unidos formam um complexo sistema jurídico a qual se foca na 
subordinação existente na relação de trabalho de um sistema produtivo. 
É conhecido que os Princípios Gerais do Direito são plenamente aplicáveis ao ramo 
Justrabalhista, porém, busca-se nesse trabalho enfatizar os princípios especiais do Direito do 
Trabalho e a importância que os mesmos desempenham no contexto global das relações 
trabalhistas. 
Embora não se encontrem expressos na lei, não haja uma regra determinada de sua 
imposição ou como serão aplicados no ordenamento jurídico, os princípios estão previstos como 
sendo passíveis de adoção pelos operadores do direito, de forma que, sendo fonte subsidiária do 
direito, devem ser utilizados, como se norma fosse, sempre que houver lacunas na lei. Assim, os 
princípios mostram-se essenciais à regular operação do direito, orientando desde o legislador, 
https://jus.com.br/tudo/livre-iniciativa
https://jus.com.br/tudo/livre-iniciativa
passando pelos intérpretes até alcançando um nível de subsidiariedade à lei para os operadores 
e aplicadores do direito. 
Conforme nos ensina Sérgio Pinto MARTINS (2002, p.75.), em sua classificação das 
funções dos princípios, destacam-se as funções informadora, normativa e interpretativa. 
Neste universo legal, como visto anteriormente, os princípios desempenham importante 
papel de orientação da aplicação do direito ao caso concreto. Dentre os princípios, destacamos o 
Princípio da Primazia da realidade que exerce uma função vital na compreensão do tema 
apresentado neste trabalho, motivo pelo qual a este daremos maior ênfase dentre os princípios. 
Cabe ressaltar que os princípios a seguir enumerados não podem ser considerados 
como únicos aplicáveis ao Direito do Trabalho, bem como pode existir divergências doutrinárias 
quanto a aplicação de cada uma delas, ora reconhecidos por um, ora por outro doutrinador, 
contudo, são considerados pela maioria como principais. 
3.1 A IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS ESPECIAIS DO DIREITO DO 
TRABALHO 
É inquestionável que alguns princípios civilistas possuem importância no âmbito 
justrabalhista, os quais também alcançam tanto o direito material como o direito processual 
laboral, contudo, deve-se salientar que na esfera das leis trabalhistas, o arcabouço normativo 
não possui os mesmos rigores hierárquicos existentes em outros ramos da ciência jurídica. O 
Direito do Trabalho, muitas vezes, despreza a hierarquia das leis e normas para proteger o 
interesse jurídico da parte hipossuficiente em um conflito trabalhista. Assim, os princípios atuam 
como sustentáculos às normas trabalhistas, exercendo a função informadora da compreensão 
do fenômeno jurídico e como "princípios normativos subsidiários"[1], em situações de lacunas 
nas fontes jurídicas principais do sistema. 
Por ser o Direito do Trabalho um ramo especializado do direito, os princípios a ele 
aplicados, embora considerados por alguns estudiosos como básicos, desempenham um papel 
vital na compreensão normativa e correta aplicação dos direitos inerentes às relações de 
trabalho, como o princípio da proteção, o qual de divide em outros três subprincípios: princípio do 
"in dúbio pro operário"; o princípio da aplicação da norma mais favorável; e o princípio da 
condição mais benéfica. Também merece destaque no ramo juslaboral o princípio da 
irrenunciabilidade de direitos; o princípio continuidade da relação de emprego; o princípio da 
inalterabilidade contratual lesiva e o princípio da intangibilidade salarial. 
"Os princípios, incorporados pela Consolidação das Leis Trabalhistas, compõem um 
mundo distinto do jurídico, abrindo as portas do mundo moral e ético. Os princípios não se 
encontram restritos e aprisionados em corpos legislativos, mas vagueiam pelo campo dos 
valores éticos defendidos e relevados pela sociedade, pelos usos e costumes transcendentes, 
pelos conceitos filosóficos e psicológicos e pela própria condição existencial do homem."[2] 
Neste mesmo sentido, cabe trazer à lembrança os ensinamentos de Amauri Mascaro 
NASCIMENTO (2009, p. 478), o qual afirma: 
Esses direitos, na esfera das relações de trabalho, têm como 
fundamento a necessidade de garantia de um mínimo ético, que deve 
https://jus.com.br/artigos/91887/principios-do-direito-do-trabalho#_ftn1
https://jus.com.br/artigos/91887/principios-do-direito-do-trabalho#_ftn2
ser preservado nos ordenamentosjurídicos, nas relações de trabalho 
como forma de organização jurídico-moral da sociedade quanto à vida, 
saúde, integridade física, personalidade e outros bens jurídicos 
valiosos para a defesa da liberdade e integração dos trabalhadores na 
sociedade, perante a qual têm o dever-direito ao trabalho. Não são 
restritos ao empregado, mas por serem fundamentais, devem 
estender-se a todo aquele que prestar um trabalho subordinado ou por 
conta alheia, o que abre o horizonte da sua aplicabilidade para formas 
atípicas de contratação do trabalho com o temporário, avulso, 
eventual, intermitente e todo aquele que vier a ser enquadrado na rede 
de proteção da legislação trabalhista. A aplicação desses direitos a 
todo trabalhador, empregado, autônomo, eventual, parassubordinado 
decorre da sua natureza. São direitos previstos em leis inderrogáveis 
porque são de ordem pública absoluta. Não dependem do poder 
dispositivo das partes. 
3.2 PRINCÍPIOS ESPECIAIS DO DIREITO DO TRABALHO 
Cada princípio, individualmente, possui sua importância e função bem definida dentro 
do mundo justrabalhista, no entanto, no conjunto, formam uma sólida e complexa estrutura de 
proteção que busca o equilíbrio da relação jurídica desigual existente no cotidiano da relação de 
emprego. 
Faz-se importante o conhecimento dos princípios que orientam o direito do trabalho, no 
entanto, não nos prenderemos neste trabalho a analisar profundamente todos os princípios 
especiais do ramo juslaboral, contudo, apresentaremos sucintamente os principais, ressaltando o 
princípio relacionado diretamente vinculado ao presente estudo. Sem que seja conferida menor 
importância aos princípios aplicados ao segmento juscoletivo, contudo, devido ao foco do 
presente trabalho pender sobre os direitos e princípios individuais vinculados às relações de 
trabalho, a estes últimos pesa a necessidade de uma abordagem mais detalhada, a qual será 
feita a seguir. 
3.2.1 O PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO 
Encontramos neste princípio a representação da base do Direito do Trabalho em 
relação aos demais princípios do ramo juslaboral. Expressa uma estrutura de regras, institutos e 
princípios que confere ao empregado, polo hipossuficiente na relação de trabalho, condições 
favoráveis, equilibrando o plano jurídico existente na relação de trabalho. 
Considerável parte da doutrina indica este princípio como sendo a essência do Direito 
do Trabalho devido a influencia sobre toda a estrutura e características próprias deste ramo 
jurídico especializado, qual seja, a proteção do obreiro. 
Neste raciocínio, Plá RODRIGUEZ, citado por Eduardo de Oliveira CAMPOS (2009, p. 
04), define o princípio como esclarece: 
[...] Enquanto no direito comum uma constante preocupação 
parece assegurar a igualdade jurídica entre os contratantes, no Direito 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Fotothek_df_n-06_0000215.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Fotothek_df_n-06_0000215.jpg
do Trabalho a preocupação central parece ser a de proteger uma das 
partes com o objetivo de, mediante essa proteção, alcançar-se uma 
igualdade substancial e verdadeira entre as partes. 
Deste modo, o princípio da proteção tem a finalidade de propiciar uma interpretação da 
relação de emprego segundo a qual se busca a melhoria de condição de vida para o empregado, 
face à sua desproporção econômica em relação ao empregador. (CAMPOS, 2009). 
Sob esse aspecto principiológico, vale destacar que o princípio da proteção tem como 
essência o fundamento do Direito Trabalhista que surgiu para nivelar as desigualdades sociais 
claramente existentes nas lides as quais se propõe solucionar, próprias do ramo justrabalhista. 
Nesse contexto, merece especial destaque os ensinamentos do grande jurista uruguaio 
Américo Plá RODRIGUEZ, citado por Maurício Godinho DELGADO (2013, 190), o qual destaca 
a abrangência do principio por meio de três diferentes dimensões: o princípio in dubio pro 
operario, o princípio da condição mais benéfica e o princípio da norma mais favorável. 
Verdade é que esse princípio basilar abrange quase todos os outros princípios do 
Direito do Trabalho na medida em que buscam essencialmente uma proteção especial aos 
interesses dos obreiros, afirmação corroborada pelos ensinamentos de Maurício Godinho 
DELGADO (2013, p. 191) ao tratar do princípio da proteção: 
[...] a noção de tutela obreira e de retificação jurídica da 
reconhecida desigualdade socioeconômica e de poder entre os 
sujeitos da relação de emprego não se desdobra apenas nas três 
citadas dimensões. Ela abrange, essencialmente, quase todos os 
princípios do Direito Individual do Trabalho. 
3.2.1.1 PRINCÍPIO IN DUBIO PRO OPERARIO 
O princípio in dubio pro operario ou in dubio pro misero é o desdobramento lógico e 
concretizador do princípio da proteção. Materializa-se quando uma norma dotada de obscuridade 
ou interpretações ambíguas deve prevalecer aquela mais benéfica ao trabalhador. Assim, o 
princípio é aplicável somente quando se estabelece dúvida sobre os alcances da prova, sendo 
inaplicável quando este é insuficiente. 
RUPRECHT (1995, p. 17), citando Alonso GARCIA (1980, p. 280) afirma que: 
o princípio pró-operário se opõe no plano de sua formulação 
teórica ao de segurança jurídica, sobretudo quando traduzido na 
aplicação de normas que suponham a violação do que isso significa. A 
estabilidade da norma e a estabilidade da relação constituem garantia 
do ordenamento jurídico. 
Para que seja devidamente aplicado, é necessária a observância de dois requisitos 
básicos os quais fornecem a base para a existência do princípio do in dubio pro operario. O 
primeiro requer veracidade e autenticidade da dúvida quanto ao alcance de determinada norma 
jurídica, de maneira a coibir as tentativas de criação de novos direitos em favor da classe 
trabalhadora. Insta salientar que o intérprete da lei jamais substituirá o legislador. O segundo 
requisito, desdobrando-se como uma conclusão do primeiro, exige a consonância da 
interpretação adotada com a vontade do legislador. 
Embora seja o princípio in dubio pro operario uma das mais antigas referências 
doutrinárias relativa aos princípios juslaborais, contemporaneamente vem passando por 
questionamentos quanto a abrangência temática, visto a existência de um princípio específico 
que abrange a obrigatoriedade da aplicação da norma mais favorável e o aparente conflito com o 
princípio do juiz natural no que tange a avaliação e valoração das provas, hoje por sendo de 
justiça, pacificada pela teoria processual do ônus da prova. Contudo, destaca-se que a essência 
da velha diretriz mantém-se viva pelo princípio da norma mais favorável. 
3.2.1.2 PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA 
Por este princípio, entende-se que as condições mais favoráveis constantes no 
contrato de trabalho, bem como dentre dispositivos concorrentes, devem ser preservados, 
integrando assim um caráter de direito adquirido. 
Introduzida pela legislação, disposto no art. 468, da CLT, bem como pela jurisprudência 
trabalhista através das Súmulas 51, I e 288 do TST, o presente princípio dispõe que as clausulas 
contratuais benéficas só poderão ser suprimidas quando substituídas por dispositivos que 
concederem vantagens mais amplas, sendo vedada a alteração para condições menos 
vantajosas. Assim sendo, quando do surgimento de uma nova regra que seja menos favorável, 
esta não se aplicará aos que já trabalharam sob as diretrizes anteriores, excetuando-se no caso 
das relações futuras. Se a alteração acarretar qualquer prejuízo para o trabalhador, esta será 
inválida, mesmo que o empregado tenha concordado. 
Faz-se imperioso salientar a existência de limitações de modo que a regra anterior 
somente será revogada por meio de disposição expressa contida na norma posterior, a 
necessidade de que haja consideração e fundamentação de que as normas novas sejam mais 
benéficas que as antigas, e a observação de que a nova regra encontra-se num sistema 
compensatório, em outras palavras, se a nova condiçãofor menos benéfica, outras garantidas 
deverão ser instituídas para remediarem a derrogação da regra antiga. 
Em suma, o princípio da condição mais benéfica, encontra identidade na manifestação 
do princípio da inalterabilidade contratual lesiva. 
3.2.1.3 PRINCÍPIO DA APLICAÇÃO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL 
Informa este princípio que o operador do direito trabalhista deve optar pela regra mais 
favorável ao obreiro. No âmbito do direito do trabalho, essa forma de decidir a norma a ser 
aplicada se sobrepõe aos tradicionais critérios usados para resolver o conflito de normas no 
direito brasileiro. Por este motivo TISSEMBAUM, citado por RUPRECHT (1995, p. 21) destaca 
que “Este princípio é o de maior significação no Direito do Trabalho e que consagra um 
postulado totalmente distinto do Direito Comum”. 
Em uma visão ampla deste princípio, encontra-se compreendida três funções: 
informadora, ao influenciar o processo de construção das novas leis, de modo que aperfeiçoem o 
sistema jurídico, favorecendo a condição social do trabalhador; interpretativa ou normativa 
quando dispõe sobre a interpretação da norma que melhor se identifica com o sentido social do 
direito do trabalhador; e hierarquizante, que considera a hierarquia normativa, contudo, vê o 
Direito do Trabalho como plurinormativo, indo ao encontro da regra mais favorável, sem, no 
entanto, se olvidar do conjunto de regras que compõe o sistema jurídico e os sentidos básicos 
que sempre devem informar o fenômeno do Direito, sob o risco de criar ordens jurídicas 
provisórias e próprias para cada caso concreto. 
Baseando-se na fundamentação essencial de Tissembaum para o entendimento desse 
princípio, o lado prático da questão orienta que as normas supostamente conflitantes devem ser 
aproximadas e comparadas, ignorando consequências econômicas remotas e apreciações 
subjetivas das partes. A análise deve prevalecer sobre a situação da coletividade trabalhadora, 
uma categoria profissional, e não sobre o trabalhador específico, de maneira isolada. O 
intérprete da lei deve preferir a norma mais vantajosa, ainda que não corresponda aos critérios 
formais e tradicionais presentes nos conflitos normativos. Neste mesmo sentido RUPRECHT 
(1995, p. 22) esclarece que: 
a possibilidade de melhorar a posição dos trabalhadores 
constitui uma exceção do princípio da intangibilidade de regra 
imperativa, hierarquicamente mais elevada, razão pela qual uma 
disposição deve ser considerada ilícita quando se pode duvidar que 
seja mais favorável aos interesses dos trabalhadores. 
Por derradeiro, cabe salientar a existência de três sistemas distintos, originados de três 
correntes doutrinárias, utilizados para a determinação do emprego da norma benéfica: o primeiro 
e mais aceito pela doutrina e jurisprudência é conhecido como teoria do conglobamento, no qual 
é considerado o diploma normativo como um todo, estabelecendo a comparação entre duas 
normas em sua totalidade e excluindo a possibilidade de aplicar de forma simultânea disposições 
de ambas. O segundo sistema é denominado de teoria da acumulação, defende a extração das 
disposições mais favoráveis de cada norma, com respectiva aplicação das normas mais 
favoráveis consideradas isoladamente, desta forma , criando-se um novo diploma normativo. O 
terceiro, chamado de teoria do conglobamento mitigado, na qual é considerada as regras 
jurídicas mais favoráveis, respeitando-se a unidade do instituto ou da matéria. Devido ao 
trabalho despendido para a análise e comparação entre os institutos que se pretende aplicar 
esta teoria não tem expressividade no direito do trabalho brasileiro. 
3.2.2 PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DOS DIREITOS 
TRABALHISTAS 
Os direitos garantidos, pelo Estado, na legislação trabalhista ao trabalhador, são 
irrenunciáveis, indisponíveis e inderrogáveis e traduz a imperatividade das regras trabalhistas. 
Este princípio traz em essência a inviabilidade técnico-jurídica da capacidade do empregado 
abrir mão, mesmo que por sua própria vontade, das vantagens e proteções que o ordenamento 
juslaboral e o contrato devem minimamente conceder. 
Assim, não há contrato ou acordo que possa tornar esses direitos inefetivos. Desta 
maneira, o poder econômico dos empregadores não encontra caminhos de pressão ou coação 
contra o trabalhador para que este abra mão de seus direitos. 
Embora, seja aparentemente simples a compreensão deste princípio, parte da doutrina 
diverge sobre o alcance, fundamentos e significado, em relação a sua aplicação no Direito do 
Trabalho. 
Entende Maurício Godinho DELGADO (2013, p. 194) que o princípio da 
indisponibilidade dos direitos trabalhistas deve ter tecnicamente esta nomenclatura, tendo em 
vista a amplitude da palavra "indisponibilidade" que transcende o termo "irrenunciabilidade", o 
qual é um ato unilateral. Desta forma, por este princípio, são inválidos todos os atos de renúncia 
ou transação, qualquer ato bilateral que importe em qualquer prejuízo ao obreiro. 
Por fim, esclarece DELGADO (2013, p.193), que o entendimento racionalmente aceito 
sobre a significação do princípio, se traduz na "inviabilidade técnica-jurídica de poder o 
empregado despojar-se, por sua simples manifestação de vontade, das vantagens e proteções 
que lhe asseguram a ordem jurídica e o contrato". 
3.2.3 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO 
O interesse objetivado por este princípio é a continuidade da relação de emprego, de 
maneira que este se prolongue ao longo do tempo. Desta feita, por regra, os contratos são 
pactuados por prazo indeterminado. Em situações excepcionais, são permitidos contratos 
temporários, todas previstas em lei, contudo, desrespeitado os critérios dessa exceção, serão 
considerados os contratos como de prazo indeterminado. 
Considerando a garantia prevista pelo princípio da continuidade, buscando o 
prolongamento e estabilidade das relações de trabalho, ensina OLEA et al. (1974, p. 118) citado 
por RODRIGUEZ (1997, p. 140) que: 
O contrato de trabalho é, por assim dizer, um negócio jurídico 
de extrema vitalidade, de uma grande dureza e resistência em sua 
duração. O princípio geral do direito contratual de conservação do 
negócio, para que surta todos os seus efeitos, desejados pelas partes 
e pelo ordenamento jurídico, atua no contrato com especial 
intensidade. 
Em 1967, com a introdução da Lei nº 5.107/66 (FGTS), o princípio de continuidade da 
relação de emprego perdeu parcela considerável de sua força. Em 1988, a constituição federal 
estabelece a aplicação do FGTS como regra às relações de emprego. Posteriormente, a 
aparente incompatibilidade do FGTS com institutos de proteção da permanência do trabalhador 
no emprego foi afastada, sendo fortalecido o entendimento sobre a importância desse princípio 
por meio da proteção contra a despedida arbitrária e sem justa causa, bem como a instituição do 
aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, instrumentos valiosos na prevenção da quebra do 
pacto laboral desmotivado. 
Por fim, cabe destacar que o presente princípio é suporte fático para um importante 
instituto justrabalhista: a sucessão de empregadores. 
3.2.4 PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA 
Considerada um dos principais princípios do direito civilista, plenamente aplicável ao 
ramo justrabalhista, com as devidas adaptações, o brocado pacta sunt servanda que integra o 
significado de que os acordos devem ser cumpridos. Porém, esse princípio não é absoluto, 
concedendo espaço para as alterações contratuais favoráveis ao empregado, as quais são 
naturalmente permitidas pela legislação trabalhista. 
De outra sorte, o princípio da inalterabilidade contratual lesiva, atua rigidamente contra 
as alterações desfavoráveis ao trabalhador, de tal modo que são expressamente vedadas por lei 
laboral, conforme se pode verificar por meio dos artigos 444 e 468, da CLT. 
Em suma, o princípio da inalterabilidade contratual lesiva proíbe a modificação dos 
contratos de maneira prejudicial ao obreiro, mesmo que sejacom o seu consentimento, tal 
alteração será considerada inválida à luz da legislação laboral. 
3.2.5 PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL 
O presente princípio estabelece que uma série de dispositivos legais que buscam 
proteger o salário do empregado, tendo em vista a função social que este desempenha na 
sociedade, bem como ser o salário a mais importante contrapartida da prestação de serviço na 
relação de emprego. A importância do tema é tão expressiva que tal proteção não se limita ao 
ramo justrabalhista, tendo especial proteção por um princípio jurídico geral previsto na 
constituição brasileira, o princípio da dignidade da pessoa humana. 
Projeta-se a partir desse princípio, o princípio da irredutibilidade salarial registrada na 
própria Constituição Federal de 1988 em seu art. 7º, inciso VI. Embora haja sobre o salário uma 
abrangente proteção legal, esta irredutibilidade não é absoluta, sendo comportado pela própria 
Constituição, exceções relacionadas à flexibilização e a redução temporária de salários mediante 
acordo ou convenção coletiva em ocasiões especificas desde que observados critérios 
específicos. 
3.2.6 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE 
Por ser o princípio da primazia da realidade um importante instrumento para 
compreensão do tema proposto no presente estudo, nos deteremos de maneira mais detalhada 
ao presente princípio, o qual será abordado sob a luz do direito laboral para o desfazimento de 
contratações simuladas. 
Chamado também como princípio do contrato realidade, este princípio informa sobre a 
priorização dos fatos ocorridos concretamente durante a prestação dos serviços, sobrepondo-se 
à eventual manifestação de vontade durante a relação jurídica, de forma que a prática habitual 
altera o contrato de trabalho, resultando, desta forma, novos direitos e obrigações entre as 
partes. 
Baseado na busca da verdade real que se mostra muito mais efetiva e intensa, tem sua 
origem no artigo 112 do Código Civil, o qual dispõe que "nas declarações de vontade se 
atenderá mais à atenção nelas consubstanciadas do que ao sentido literal da linguagem", 
destacando-se a prevalência da intenção das partes em detrimento da formal estrutura de sua 
expressão. 
No Direito Juslaboral, o princípio da primazia da realidade encontra seu enfoque no 
artigo 9º da CLT, o qual estabelece que "São nulos de pleno direito os atos praticados com o 
objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente 
Consolidação." 
Assim sendo, temos que o contrato de trabalho não exaure todas as características da 
relação trabalhista existente no instrumento escrito, incorporando todas as atividades e 
características geradoras de direitos ocorridas no cotidiano do empregado durante sua prestação 
de serviço. 
Nas sábias palavras de Arnaldo Sussekind (1993, p. 129) esse princípio se define 
como aquele que, "em razão do qual a relação objetiva evidenciada pelos fatos define a 
verdadeira relação jurídica estipulada pelos contratantes, ainda que sob capa simulada, não 
correspondentes à realidade". 
O valor deste princípio mostra-se especialmente importante quando analisado o 
contexto histórico em que se desenvolveu; em um mundo do trabalho em que o contrato era 
meramente o cumprimento de um formalismo, visto que não possuía vínculos com a realidade 
diária, que em verdade, os contratantes eram totalmente desiguais. 
Para tentar minimizar essas distorções, o Estado passou a interferir nas relações de 
trabalho, criando dispositivos, que muito embora pareçam contraditórios, criavam uma nova 
desigualdade. 
Contrariando o entendimento dos operadores do direito civilista, para os quais todos os 
contratos eram de natureza civil decorrentes do princípio da "pacta sunt servanda", prevalente 
nas relações contratuais civis e livres da intervenção estatal; foi implantado na legislação 
trabalhista o princípio da primazia da realidade com nítida interferência do Estado na formação e 
execução do contrato. 
O Direito do Trabalho surgiu com o objetivo de nivelar as desigualdades consequentes 
da liberdade de contrato entre pessoas com poder e capacidade econômica diferente existente à 
época, contratos que fatalmente conduziriam a diferentes formas de exploração. Tem-se assim, 
que o Direito do Trabalho surgiu para ação pontual da realidade que marca as relações de 
trabalho, realidade esta que por muitas vezes passam distante das formulações legais abstratas 
ou mascarada pela liberdade contratual, situação em que o princípio da primazia da realidade 
tem sua expressão máxima. 
Segundo o entendimento de Sérgio Pinto MARTINS, (2002, p. 79) o princípio da 
primazia da realidade reside no sentido de que a verdade está muito mais nos fatos efetivamente 
constatados do que propriamente nos documentos a eles relacionados, este último, de menor 
importância ao se fazer essa comparação. 
Neste mesmo sentido é o ensino de Maurício Godinho DELGADO (2013. p. 200) 
segundo o qual, o presente princípio, denominado de princípio da primazia da realidade sobre a 
forma, revela-se como importante ferramenta na busca da verdade real nos litígios trabalhistas, 
desta forma: 
O princípio da primazia da realidade sobre a forma constitui-
se em poderoso instrumento para a pesquisa e encontro da verdade 
real em uma situação de litígio trabalhista. Não deve, contudo, ser 
brandido unilateralmente pelo operador jurídico. Desde que a forma 
não seja da essência do ato, o intérprete e aplicador do direito deve 
investigar e aferir se a substância da regra protetiva trabalhista foi 
atendida na prática concreta efetivada entre as partes, ainda que não 
seguida estritamente a conduta especificada pela legislação. 
Algumas considerações a respeito deste princípio são de grande valor para uma 
concreta interpretação e compreensão dos reais propósitos desse trabalho, para tanto, faremos 
menção de precisas e minuciosas observações de Plá RODRIGUES (1997, p. 217) sobre o 
princípio da primazia da realidade: 
[...] o princípio da primazia da realidade significa que, em 
caso de discordância entre o que ocorre na prática e o que emerge de 
documentos ou acordos, deve-se dar preferência ao primeiro, isto é, 
ao que sucede no terreno dos fatos. 
Esclarece ainda o jurista (RODRIGUEZ, 1997, p. 224) que o: 
desajuste entre os fatos e a forma pode ter diferentes 
procedências: 1) resultar de uma intenção deliberada de fingir ou 
simular uma situação jurídica distinta da real (esta que nos dará 
suporte à defesa do tema relacionado neste trabalho); [...] 2) provir de 
um erro; [...] 3) derivar de uma falta de atualização dos dados; [...] 4) 
originar-se da falta de cumprimento de requisitos formais. 
Em qualquer das quatro hipóteses apontadas por Plá Rodrigues, os fatos devem 
prevalecer sobre as formas. 
Assim sendo, cabe apontar que a aplicação deste princípio acarreta, 
consequentemente, na relativização da prova documental, a qual, dada a sua formalidade, pode 
ser constatada por outros princípios ou meios processuais do direito trabalhista, de tal maneira 
que se impera a aplicação desse princípio sempre que surgirem situações em que os fatos 
falarem mais do que as próprias provas surgidas na busca de solução de litígios trabalhistas, de 
modo que a produção de provas seja realizada em condições de igualdade pelas partes. Deve-
se, contudo, trazer à lembrança que a proteção ao obreiro não é ilimitada, devendo ser facultada, 
constantemente, a oportunidade para que se alcance uma decisão de maneira justa, mesmo que 
contrário ao interesse do empregado. 
Por derradeiro, Plá Rodrigues formulou o princípio da primazia da realidade 
defendendo a prevalência da realidade juslaborativa sobre as formas normativas escritas, de 
maneira que havendo discordância entre o que realmente ocorre na prática e o registrado em 
documentos e acordos, deve prevalecer o que ocorre no terreno dos fatos; é a idéia do contrato 
realidade defendida por Mário de la Cueva, no qual os efeitos jurídicos e aaplicação do Direito 
do Trabalho não decorrem do acordo de vontades que integram o contrato de trabalho, mas, sim, 
da execução deste pela atuação do trabalhador na empresa. 
 
BIBLIOGRAFIA 
BELÉM, Evandro de Oliveira e OLIVA, José Roberto Dantas. A 
importância do princípio da proteção na esfera do Direito do Trabalho. 
2009. Disponível em: 
<http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/2110/218
2>. Acesso em: 03.12.13. 
CAMPOS, Eduardo de Oliveira. A dignidade da pessoa humana 
como função social do contrato individual de trabalho – considerações 
sobre a necessidade da ratificação da Convenção 158 da OIT. Universidade 
Católica de Goiás, 2009. Disponível em: 
<http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5330> Acesso em 14 set. 2013. 
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 10. ed. 
São Paulo: LTR, 2013. 
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 15ª ed., São Paulo: Atlas, 
2002. 
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. 24. 
ed. São Paulo: LTr, 2009. 
RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de direito do trabalho. 2ª ed., 
São Paulo: LTr, 1997. 
RUPRECHT, Alfredo. Os princípios do Direito do Trabalho. São 
Paulo: LTr, 1995. 
 
 
 
http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/2110/2182
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