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Diabetes mellitus FISIOPATOLOGIA Prof.ª Dr.ª Sheila Guimarães Diabetes mellitus Não é uma simples doença, mas sim um grupo de distúrbios metabólicos que compartilha a característica subjacente comum de hiperglicemia. Resulta de um defeito na secreção de insulina, na ação da insulina ou, mais comumente, ambas. Kumar et al, 2010 A hiperglicemia crônica e a desregulação metabólica concomitante podem estar associados a danos secundários em múltiplos sistemas de órgãos, especialmente rins, olhos, nervos, e vasos sanguíneos. Diabetes é um problema de saúde para todos os países, independentemente do seu grau de desenvolvimento. Diabetes mellitus: epidemiologia Em 2015, a Federação Internacional de Diabetes (International Diabetes Federation, IDF) estimou que 8,8% da população mundial com 20 a 79 anos de idade (415 milhões de pessoas) vivia com diabetes. Diretriz Sociedade Brasileira de Diabetes, 2017 - 2018 Existem evidências de que indivíduos com diabetes não controlada ou não tratada desenvolvem mais complicações do que aqueles com o diabetes bem controlado. Fonte: SBD, 2019/2020 Critérios diagnóstico para Pré-diabetes e Diabetes Mellitus • Diagnóstico: ✓ Glicemia de jejum > 126 mg/dl ✓ Glicemia casual > 200 mg/dl ✓ TOTG (teste oral de tolerancia glicose) – duas horas após 75g de glicose ✓ Normoglicêmico – < 140 mg/dl ✓ Pré ou risco aumentado - > 140 e < 200 mg/dl ✓ Diabetes estabelecido - > 200 mg/dl ✓ Obs: 2 ou mais valores devem estar dentro desses limites. Não restringir CHO nos 3 dias anteriores ao exame. Diabetes mellitus estabelecido Fonte: SBD, 2019/2020 FISIOPATOLOGIA Células β, α, δ e PP Porção exócrina Produz enzimas digestivas Porção endócrina Um milhão de pequenos aglomerados de células (Ilhotas de Langerhans) Contém 4 tipos principais de células Podem ser diferenciados por seu conteúdo hormonal Pâncreas β – Insulina α – Glucagon δ – Somatostatina Induz hipoglicemia Induz hiperglicemia Atividade glicogenólica no fígado Suprime insulina e glucagon Células PP Polipeptídeo pancreático Estimulação de enzimas digestivas + ↑ insulina ↓ glucagon ↓glicogênese hepática ↑ captação muscular ↑ lipogênse ↓ lipólise HIPOGLICEMIA Homeostase glicêmica: pós-alimentar +- - ↓ insulina ↑ glucagon ↑glicogênese hepática ↓ captação muscular ↓ lipogênse ↑ lipólise HIPERGLICEMIA Homeostase glicêmica: jejum + - Metabolismo de insulina: células beta pancreática Glicose Glicose Glicose Glicose Metabolismo glicose e insulina: nos tecidos Fonte: https://momentofisioex.wordpress.com/category/sistema-endocrino/ Fosforilação de receptores de insulina e ativação de transportadores de glicose GLUT de tecidos insulinodependentes (adiposo e muscular) Transporte de glicose: especificidades dos GLUTs e dependência/independência de insulina GLUT3 - Expresso em células que dependem muito de glicose GLUT4 - Bastante sensível a insulina e sua expressão na membrana aumenta em resposta a esse hormônio • Tecidos não dependentes de insulina • Cérebro • Hemácias • Cristalino do olho • Células da Medula Renal • Tecidos dependentes de glicose Tecidos não insulino dependentes: Metabolismo glicose e insulina: aspectos nutricional Diabetes Mellitus A classificação reflete o entendimento da patogenia da doença (mecanismos) Alterações nesse metabolismo de glicose leva ao diabetes Classificação • A classificacão do DM tem sido baseada em sua etiologia I. Diabetes Mellitus tipo 1 II. Diabetes Mellitus tipo 2 III. Diabetes Mellitus Gestacional IV. Outros tipos de Diabetes Mellitus (decorrente de defeitos genéticos, associados a outras doenças ou desencadeado pelo uso de fármacos) Diabetes Mellitus: classificação Doença autoimune (autoanticorpos circulantes) caracterizada pela destruição das células β e uma deficiência absoluta de insulina 5% a 10% de todos os casos Pode desenvolver em qualquer idade, entretanto, é mais frequentemente diagnosticado em crianças, adolescentes e, em alguns casos, em adultos jovens Característica nutricional: baixo peso (ação catabólica do glucagon) Possíveis Causas: • Fatores genéticos • Fatores ambientais (algumas infecções virais) Os marcadores conhecidos de autoimunidade são: anticorpo anti-ilhota (islet cell antibody, ICA), autoanticorpo anti-insulina (insulin autoantibody, IAA), anticorpo antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD65), anticorpo antitirosina-fosfatase IA-2 e IA-2B e anticorpo antitransportador de zinco (Znt8) Glucagon, hormônio catabólico produzido pelas células alfa do pâncreas, vai agir no tecido adiposo, no fígado e nos músculos Mantém a hiperglicemia, estimulando a permanência do glucagon, estimula a quebra de glicogênio e a gliconeogênese (quebra de triglicerídeos e proteínas) Catabolismo Metabolismo no DM 1 Perda de peso Triglicerídeos β oxidação dos Ácidos graxos Glicerol Glicose ou piruvato Lipólise nos adipócitos Corpos cetônicos Acetil-CoA + NADH e FADH Princípios de bioquímica de Lehinnger- 5ª Ed. Excedem a capacidade de metabolização hepática Cetose/acidose Consequências metabólicas DM1 Ciclo de crebs Carnitina Acetil-CoA em excesso é desviado para cetogênse hepática Utilizados como fonte de energia para músculo e poupando glicose para o cérebro Fonte de energia Diabetes Mellitus: classificação É causado por uma combinação de resistência periférica à ação da insulina e uma resposta secretória inadequada das células β pancreáticas. 90% a 95% de todos os casos Característica nutricional: frequentemente relacionado à obesidade Causas: • Fatores genéticos – não há evidência de uma base autoimune. • Fatores ambientais – estilo de vida, hábitos alimentares e associação com obesidade Metabolismo no DM 2 Envolve mais a resistência periférica a insulina. Ainda há insulina circulante e baixa expressão de glucagon Efeito anabólico – ganho de peso Atualização diagnóstico Pré-DM e DM2 (SBD 2022) Obesidade • Existe associação entre morbimortalidade e distribuição da gordura corpórea; • Estando o maior risco relacionado a obesidade andróide, considerada fator de risco para doenças como DCV e DM2. AndrAndróóide ou abdominalide ou abdominal GinGinóóideide ou ou glglúúteofemuralteofemural Risco metabólico Cardiovascular alto Risco metabólico cardiovascular baixo Tecido adiposo subcutâneo Tecido adiposo visceral Mais ativo Citocinas inflamatórias Pouco ativo Depósito Obesidade = inflamação (baixo grau) M1 Essenciais M2 Pró inflamatórios Sinalização intracelular na Resistência a insulina /inflamação Via de sinalização da Insulina e AGL olhos cérebro Rins Circulação periférica Nervos periféricos Pés Complicações da Diabetes Patogenia das complicações na DM Embora os principais tipos de diabetes tenham mecanismos patogênicos diferentes, as complicações em longo prazo que afetam os rins, olhos, nervos e vasos sanguíneos são as mesmas. Morbidade resulta de várias complicações sérias caudadas por lesões envolvendo as artérias musculares de PEQUENO (microvasculares) e grande calibre (doença macrovascular) e disfunção de órgãos alvos A hiperglicemia persistente (glicotoxicidade) parece ser um mediador chave no desenvolvimento das complicações do diabetes mellitus Formação de Produtos Finais de Glicação Avançada (AGEs) se ligam a receptores específicos (RAGE) Precursores dicarbonil derivados de glicose (AGEs) Grupo amino das proteínas intra celulares e extra celulares (RAGE) Células inflamatórias (macrófagos e células T), no endotélio e músculo liso vascular (RAGE) Liberação de citocinas e fatores de crescimento pró-inflamatórios; geração de espécies reativas de oxigênio nas células endoteliais; atividade pró- coagulatória de macrófagos e células endoteliais; proliferação de células musculares lisase síntese de matriz extracelular. Patogenia das complicações na DM: Pé diabético DM 1 – Insulinoterapia plena DM 2 – inicialmente dieta + exercícios; posteriormente antidiabéticos orais isolados ou combinados; em casos de resistência aos ADO, estes podem ser associados à insulinoterapia. Tipos de insulina Ação da insulina humana Pico de insulina humana pela liberação da insulina armazenada. Após, ocorre liberação da insulina pré sintetizada. Ação da insulina rápida e ultra rápida Ultra rápida Deve ser feita refeição com carboidratos alguns minutos após a aplicação subcutânea. Seu pH facilita a absorção subcutânea. Rápida Deve ser feita refeição com carboidratos cerca de 30 minutos após a aplicação subcutânea. Terapia mista: permite pico de insulina (insulinas de ação rápida e ultra rápida) e um efeito platô (ação prolongada das insulinas de ação lenta) Fonte: SBD 2022 Hipoglicemiantes orais: classes Todos tem em comum a necessidade de manutenção da integridade das células b pancreáticas Por esse motivo só possuem indicação na DM 2. Geração: depende da capacidade do hipoglicemiante reduzir os níveis glicêmicos, Quanto maior a geração maior a potência. 350 x maior potência em estimular as células B Ação: facilita a despolarização da membrana das células beta e a liberação de insulina armazenada. Sulfoniluréias: farmacodinâmica Ação: bloqueio dos canais de K+ e estimula a célula assim como a glicose faria entrando na célula beta e ativando a liberação de insulina. Sulfoniluréias: efeitos nutricionais • Hipoglicemia; • Hipoalbuminemia reduz o efeito do fármaco (99,5% ligado); • Atenção a disfunção hepática (hepatotoxidade) e renal; • Reações hematológicas e alérgicas. Biguanidas: mecanismos hipoglicemiantes 1- reduz a síntese de glicose hepática 2- para que estimule a maior utilização de glicose sérica. 3- reduz a biodisponibilidade. Biguanida: efeitos nutricionais • Hipoglicemia; • Hipoalbuminemia reduz o efeito do fármaco; • Pode promover perda de peso; • Diminuição da absorção de vitamina B12 e folato; • Deve ser ingerido com alimentos para evitar efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, alteração no paladar e desconforto abdominal; • Bebidas alcoólicas aumentam o risco de acidose. 44 DIETOTERAPIA NA DM
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