Buscar

E-book - Nutrição Funcional, Ney Felipe

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 101 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 101 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 101 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2
www.uniguacu.com.br
Sobre o autor
Ney Felipe Fernandes, 
Nutricionista(CRN/84085), 
Doutorando em Saúde Pública (UCES), 
Mestre em Biologia Molecular (UFPR), 
Pós graduado em Fisiologia do Exercício 
(UVA),
Fundador da Nutrição Avançada 
3
www.uniguacu.com.br
Sumário
CAPÍTULO 1 - A NUTRIÇÃO ESTÁ EVOLUINDO ......................................................6
Como chegamos até aqui .................................................................................................................7
CAPÍTULO 2 - INFLAMAÇÃO E ESTRESSE OXIDATIVO .....................................8
Bases do sistema imunológico .................................................................................................... 10
PRRs .............................................................................................................................................................11
DAMPS e PAMPs ...................................................................................................................................11
Citocinas Pró-Inflamatórias .......................................................................................................... 13
NFKB .......................................................................................................................................................... 14
Obesidade e Inflamação .................................................................................................................. 17
Estresse oxidativo .............................................................................................................................24
Nrf2 ............................................................................................................................................................ 26
Enzimas antioxidantes ..................................................................................................................... 31
CAPÍTULO 3 - NUTRIÇÃO MOLECULAR ................................................................ 32
Nutrigenética ........................................................................................................................................34
Nutrigenômica .....................................................................................................................................38
Epigenética ............................................................................................................................................. 41
CAPÍTULO 4 - ALIMENTOS FUNCIONAIS E COMPOSTOS BIOATIVOS .43
Gorduras .................................................................................................................................................45
Fitoquímicos ..........................................................................................................................................53
Pré e Probióticos ................................................................................................................................ 76
CAPÍTULO 5 - FÓRMULAS MANIPULADAS E HORMESE ............................... 81
Hormese ..................................................................................................................................................82
Fórmulas manipuladas para emagrecimento, pós-ciclo,
ansiedade longevidade ...................................................................................................................82
CAPÍTULO 6 - NUTRIÇÃO FUNCIONAL NA PRÁTICA:
COMO ATENDER? ............................................................................................................. 85
CAPÍTULO 7 - EXERCÍCIOS PARA A FIXAÇÃO ....................................................89
CAPÍTULO 8 - REFERÊNCIAS ....................................................................................... 91
4
www.uniguacu.com.br
“Estudamos a CÉLULA para 
entender os ALIMENTOS para 
ajudar SERES HUMANOS”
 Ney Felipe Fernandes
5
www.uniguacu.com.br
A NUTRIÇÃO ESTÁ 
EVOLUINDO
6
www.uniguacu.com.br
Como chegamos até aqui 
Quando vemos as pessoas falando apenas sobre calorias, 
sabemos que isso é apenas a ponta do iceberg mas não toda a nutrição. 
Quando falamos sobre nutrição estamos falando sobre compostos 
bioativos, fatores de transcrição, modulação do microbioma, nutrigenética, 
nutrigenômica, epigenética, nutrição comportamental.
Portanto para o aluno mais atento as atualizações científicas, 
torna-se impossível um olhar reducionista na nutrição. É preciso estudar, 
se aprofundar, mas também saber aplicar corretamente e modificar a 
vida das pessoas através da alimentação. 
O presente material traz enorme acervo científico. É uma diretriz 
segura para o aluno se guiar e se maravilhar com a nutrição funcional.
7
www.uniguacu.com.br
INFLAMAÇÃO E ESTRESSE 
OXIDATIVO
8
www.uniguacu.com.br
Inflamação e Estresse Oxidadativo
 Vamos iniciar esse tópico explicando um pouco sobre a 
inflamação e posteriormente entender algumas questões relacionadas. A 
inflamação é definida como um processo fisiológico do organismo que surge 
em consequência de uma agressão e tem efeito benéfico quando ocorre na 
medida correta de resposta ao estímulo, mas pode ter um efeito deletério, 
se ocorrer de forma excessiva e contínua [1]. 
Quando a inflamação é aguda, a resposta inflamatória é 
considerada fisiológica; no entanto, uma resposta inflamatória crônica 
(que pode durar semanas, meses ou anos), pode resultar em um dano 
celular, associando-se ao desenvolvimento de várias patologias e à 
diminuição da sobrevida humana [2]. Entretanto, um equilíbrio entre as 
moléculas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias é fundamental no controle 
da progressão de doenças e na resolução da resposta inflamatória [3].
O processo de inflamação crônica subclínica é o agente central 
do processo de envelhecimento do ser humano. Isso porque esse tipo de 
inflamação - que não se pode observar a olho nu e age de forma silenciosa 
no organismo. Diante da ocorrência cada vez mais crescente de doenças 
crônicas com inflamação subclínica tais como obesidade, doenças 
cardiovasculares, tromboembólicas e aterogênicas, tem havido um 
esforço na busca da compreensão acerca dos mecanismos que envolvem 
esses processos inflamatórios e se há algum fator que pode preceder um 
risco futuro de desenvolvimento dessas doenças [4]. 
O estresse oxidativo tem um papel importante no envelhecimento, 
afetando a velocidade a que este acontece. O aumento do estresse 
oxidativo com o envelhecimento conduz à ativação da via do NF-kB (via 
mais sensível, falaremos sobre ele daqui a pouco), levando ao aumento de 
citocinas pró-inflamatórias. Se no estresse oxidativo temos acúmulo de 
ROS, na inflamação crônica (ou subclínica) temos acúmulo de citocinas 
pró-inflamatórias. 
9
www.uniguacu.com.br
Bases do sistema imunológico 
 A função imunológica tem sido conceitualmente dividida 
em imunidade inata e imunidade adaptativa, na qual a imunidade inata 
representa uma resposta rápida e estereotipada a um número grande, 
mas limitado, de estímulos. Podem ser representadas por barreiras 
físicas, químicas e biológicas, células especializadas e moléculas 
solúveis, presentes em todos os indivíduos, independentemente 
de contato prévio com imunógenos ou agentes agressores, e não 
se alteram qualitativa ou quantitativamente após o contato [5]. 
 As principais células efetoras da imunidade inata são: macrófagos, 
neutrófilos, células dendríticas e células Natural Killer (NK). Fagocitose, 
liberação de mediadores inflamatórios, ativação de proteínas do sistema 
complemento, bem como síntese de proteínas de fase aguda, citocinas 
e quimiocinas são os principais mecanismos na imunidade inata. 
Moléculas tais como lipopolissacarídeos, resíduos de manose e ácidos 
teicóicos, comumente encontradas na superfície de microorganismos, 
constituem Padrões Moleculares Associados a Patógenos(PAMPs) e 
ativam a resposta imune inata, por interação com diferentes receptores 
conhecidos como Receptores de Reconhecimento de Padrões 
(PRR), dentre os quais a família dos receptores Toll-like (TLRs) [6]. 
 Essa interação é semelhante à complementaridade entre antígeno e 
anticorpo ou entre antígeno e receptor de linfócitos T (TCR), mas, nesse 
caso, não há diversidade nem capacidade adaptativa para a geração de 
novos receptores ou reconhecimento de novos padrões moleculares que 
não aqueles já programados no código genético.
 A inflamação pode se dar por duas formas: substâncias que 
ativam nossos PRRs e adipócitos inflamados 
Para entender de forma mais profunda esse assunto, devemos 
rever algumas bases do sistema imunológico do organismo humano. 
10
www.uniguacu.com.br
Figura 1. Reconhecimento PAMP e PRR
PRRs
Os PRRs são receptores de reconhecimento de padrão. 
Os alvos dos PRRs são referidos como padrões moleculares 
associados a patógenos (PAMPs), embora estejam presentes tanto em 
microorganismos patogênicos quanto em não patogênicos. 
DAMPS e PAMPs
Os DAMP (Padrões Moleculares Associado a Danos) e os 
PAMPs (Padrões moleculares associados a patógenos) bacterianos 
são freqüentemente componentes da parede celular, tais como 
lipopolissacarídeo, peptidoglicano, ácidos lipoteóicos e lipoproteínas da 
parede celular.
Um importante PAMP fúngico é o β-glucan, que é um 
componente das paredes celulares fúngicas. A detecção destas 
estruturas pelo sistema imunológico inato pode sinalizar a presença 
de microorganismos. O reconhecimento de vírus também segue, em 
parte, este princípio. Ou seja, minha célula reconhece que estou em um 
momento de estresse, de perigo [7]. 
11
www.uniguacu.com.br
Figura 2. TNF na indução de NF-kb.
Os PAMPs são bem adequados para o reconhecimento 
imunológico inato por três razões principais. 
 1. são invariantes entre microrganismos de uma determinada 
classe
2. são produtos de vias que são exclusivas dos 
microorganismos, permitindo a discriminação entre moléculas próprias e 
não próprias. 
 3. têm papéis essenciais na fisiologia microbiana, limitando 
a capacidade dos microrganismos de escapar do reconhecimento 
imunológico inato através da evolução adaptativa dessas moléculas. 
Entre os vários PRRs envolvidos NA ativação de complemento 
e fagocitose, os TLRs se destacam por seu papel central na ligação 
a patógenos e iniciação da resposta inflamatória. Esses receptores 
estão presentes principalmente em macrófagos, neutrófilos e células 
dendríticas (DCs). Atualmente, 11 diferentes TLRs já foram identificados, 
alguns localizados na membrana celular, outros no interior das células 
[8]. TLR4 e NLRP3 (conhecido como complexo Inflamassoma). TLR4 é 
um receptor que reconhece um padrão molecular de uma bactéria gram 
negativa. 
12
www.uniguacu.com.br
Na figura 2 podemos observar o TLR4 sendo ativado pelo LPS 
(lipopolissacarídeos produzidos por bactérias gram negativas) que irá 
induzir a ação da IKK (quinase de IKB), a qual promove a fosforilação do 
substrato dela, o IKB. O IKB quando fosforilado não consegue ter força 
para segurar o NF-kb no citosol, e assim o NF-kB que deveria estar preso 
para não ir para o núcleo ativar a inflamação, pois NF-kb no núcleo induz 
a formação de mediadores inflamatórios. 
Citocinas Pró-Inflamatórias 
Na inflamação, os macrófagos atuam como celulas 
presentadoras de antígenos (APCs), potencializando a ativação de 
linfócitos T e B (LT, LB) pela expressão de moléculas coestimuladoras, 
e liberam citocinas pro-inflamatórias como IL-1, IL-6, IL-12, TNF-α 
e quimiocinas. Também produzem espécies reativas de oxigênio 
(EROs), como ânion superóxido, radical hidroxila e peróxido de 
hidrogênio (H2O2), e interme- diários reativos do nitrogênio cujo 
principal representante é o óxido nítrico (NO) [9]. 
O TNF-α foi originalmente considerado como um fator 
que provocava necrose em células cancerígenas, mas desde 
então tem sido identificado como um regulador chave da resposta 
inflamatória. É produzido predominantemente por macrófagos 
e células T ativadas. O principal estímulo para sua produção são 
os lipopolissacáridos (LPS), moléculas também designadas de 
endotoxinas, derivadas da membrana celular de algumas bactérias. 
Atua nas células endoteliais promovendo vasodilatação e estimula 
a libertação de quimiocinas, que têm ação quimiotática em relação 
aos leucócitos, promovendo, desta forma, a ligação entre as duas 
componentes do sistema imunitário [10, 11]. 
13
www.uniguacu.com.br
 NF-kB
O fator de transcrição nuclear kappa B, NF-kB (do inglês, nuclear 
factor kappa B) foi descrito por Sem e Baltimore em 1986 como uma 
proteína reguladora da expressão gênica de imunoglobulinas em linfócitos 
B. Atualmente, sabe-se que este fator pode modular a transcrição de genes 
ligados à resposta imunológica, tais como: citocinas IL- 1, 2, 6, 8, TNF-α, INF-α 
e β, etc. 
Existem duas vias descritas para a ativação do fator de transcrição 
nuclear NF-kB: clássica (via canônica) e alternativa (via não-canônica). A via 
clássica é a mais comum e está associada à expressão de genes relacionados 
à inflamação, à resposta imunológica inata, à antiapoptose e à sobrevivência 
celular. Já a via alternativa está associada à expressão de genes que atuam no 
desenvolvimento e manutenção de órgãos linfóides secundários (linfonodos, 
baço, tonsilas e placas de Peyer) [12, 13]. 
Figura 3. O TLR4 como mediador no processo inflamatório [14] 
14
www.uniguacu.com.br
Figura 4. Ativação do TLR4 [15] 
Figura 5. Ativação do Inflamassoma [16]
15
www.uniguacu.com.br
Na figura 6 temos a representação gráfica de um estudo de 
8 semanas de dieta saudável (mediterrânea) e depois 4 semanas fast 
food e depois 4 semanas de fast food + 4 semanas de mediterrânea. O 
que o estudo nos faz refletir é que não existe pessoa sem inflamação, 
portanto, nós não precisamos ter medo da inflamação. Percebemos que 
o NLRP3 está altamente ativo na semana do fast food, a célula sente uma 
agressao e realiza uma reprogramação epigenética do sistema imune. 
Figura 7. Papel dos fitoquímicos na ativação do NLRP3 [18, 19] 
Figura 6. NLRP3, um receptor que reconhece
danos moleculares [17] 
16
www.uniguacu.com.br
Na grande maioria dos sujeitos uma dieta inadequada tem 
sido reconhecida como a maior causa da inflamação crônica, de 
origem nutricional. Muitas linhas de evidências sugerem que uma nova 
condição, denominada dismetabolismo nutricional pós-prandial 
(após a refeição) é um importante não-reconhecido distúrbio envolvido 
na gênese da inflamação e da aterosclerose. Refeições com elevada 
densidade calórica, em alimentos processados, facilmente digeridos e 
rapidamente absorvidos ocasionam elevações muito intensas nos níveis 
de glicose e triglicérides (TG) sanguíneos [20, 21]. Ou seja, agudamente 
a entrada rápida de calorias faz com que haja esse estresse oxidativo. 
Imagine que muita energia faz com que a mitocôndria seja saturada de 
elétrons e uma hora, um ficará desemparelhado [22, 23].
Obesidade e Inflamação
A obesidade é definida pela Organização Mundial da Saúde 
(OMS) como acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal, que 
pode prejudicar a saúde. As células adiposas têm, particularmente, uma 
grande capacidade de sintetizar e armazenar triglicerídeos durante 
os períodos de oferta de alimentação. Foi observado que o número de 
adipócitos, tanto para indivíduos magros quanto para obesos, é definido 
durante a infância e adolescência e está sujeito a pequena variação 
durante a vida adulta. 
No entanto, quando a capacidade de estoque é ultrapassada 
(figura 8), ocorre uma alteração na secreção das adipocinas. A 
hipersecreção de adipocinas potencialmente prejudiciais, tais como 
plasminogen activator inhibitor-1 (PAI-1), TNF-α ou visfatina, e a 
hiposecreção de adipocinas potencialmente benéficas, taiscomo a 
adiponectina, podem estar entre os principais mecanismos envolvidos 
nas doenças relacionadas com estilo de vida, incluindo diabete melito 
tipo 2, hiperlipidemia e hipertensão, que são componentes da síndrome 
metabólica (SM). [24, 25].
17
www.uniguacu.com.br
Figura 8. Tecido adiposo em magros e obesos
O desenvolvimento da obesidade tem estimulado 
pesquisadores em todo o mundo a estudar os efeitos da obesidade 
humana, padrões dietéticos e de estilo de vida sobre o equilíbrio 
energético e corporal. Até agora, os estilos de vida sedentários, levando 
a uma redução dos gastos com energia, juntamente com o aumento 
do consumo de energia foram nomeados os principais fatores que 
provocam a obesidade. 
O aumento da obesidade e da prevalência de diabetes tipo 
2 ocorreu em paralelo com um sistema alimentar cada vez mais 
industrializado caracterizado pela produção em larga escala de 
“insumos” agrícolas de alto rendimento e baratos (principalmente milho, 
soja e trigo), o desenvolvimento do chamado padrão dietético ocidental 
tem estado fortemente relacionado com o problema da obesidade. 
18
www.uniguacu.com.br
Figura 9. Comparação entre padrões alimentares e gordura corporal [26]
Pesquisadores investigaram se as pessoas comiam mais 
calorias quando expostas a uma dieta composta de alimentos ultra-
processados em comparação com uma dieta composta de alimentos não 
processados. Apesar das dietas ultra-processadas e não-processadas 
serem combinadas para as calorias apresentadas diariamente, açúcar, 
gordura, fibras e macronutrientes, as pessoas consumiam mais calorias 
quando expostas à dieta ultra-processada em comparação com a 
dieta não-processada. Além disso, as pessoas ganharam peso com a 
dieta ultra-processada e perderam peso com a dieta não processada. 
A limitação do consumo de alimentos ultraprocessados pode ser uma 
estratégia eficaz para prevenção e tratamento da obesidade. 
19
www.uniguacu.com.br
Figura 10. Dietas ultra-processadas versus não-processadas [27] 
Na figura 10, Hall et al. investigaram 20 adultos internados que 
foram expostos a dietas ultra-processadas versus não-processadas 
durante 14 dias cada um, em ordem aleatória. A dieta ultra-processada 
causou um aumento da ingestão de energia e ganho de peso, apesar 
de ter sido adaptada à dieta não-processada para calorias, açúcar, 
gordura, sódio, fibras e macronutrientes apresentados. 
A obesidade e as DCNT e a inflamação possuem um link 
com a biologia molecular. Em 2014, a OMS trouxe o documento 
muito importante chamado “Global status report on noncommunicable 
diseases” sobre o esclarecimento profissional sobre o fato de que 
71% das mortes no mundo, as quais são causadas pelas DCNT 
[28]. Compreendemos que refletir sobre 71% das mortes, onde 
80% são distúrbios cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças 
neurodegenerativas é uma obrigação como profissional da saúde 
ajudar a informar a população, é o nosso papel como nutricionista. 
elevada adiposidade na meia-idade está relacionada a um maior risco de 
doença de Alzheimer, mas os dados sobre esta associação na velhice são 
conflitantes. 
2
0
www.uniguacu.com.br
Figura 11. Origem Molecular das DCNT [29] 
As questões estão além da estética, a incidência da obesidade 
está aumentando em todo o mundo e é especialmente pronunciada 
nos países ocidentais desenvolvidos. Embora as conseqüências da 
obesidade sobre a fisiologia metabólica e cardiovascular estejam bem 
estabelecidas, dados epidemiológicos e experimentais estão começando 
a estabelecer que o sistema nervoso central (SNC) também pode ser 
afetado negativamente pela obesidade e disfunção metabólica induzida 
pela obesidade. Em geral, esses dados sugerem que alterações induzidas 
pela obesidade no metabolismo podem sinergizar significativamente 
com a idade para prejudicar a função cerebral e acelerar doenças 
relacionadas à idade do sistema nervoso [30]. 
2
1
www.uniguacu.com.br
Vários estudos mostraram que a hiperinsulinemia, uma consequência de 
maior adiposidade e resistência à insulina, também está relacionada a um 
maior risco de AD. A hiperinsulinemia é um fator de risco para DMT2, e 
numerosos estudos têm mostrado uma relação de DMT2 com maior risco 
de Alzheimer [31]. 
Os custos totais estimados em um ano com todas as doenças 
relacionadas ao excesso de peso e obesidade são de US $2,1 bilhões; US 
$1,4 bilhões (68,4% dos custos totais) devido a hospitalizações e US $679 
milhões devido a procedimentos ambulatoriais. Aproximadamente 10% 
desses custos são atribuíveis ao excesso de peso e à obesidade, e entre 
2008 a 2010 foi gasto mais de 200 milhões de dólares com a obesidade no 
SUS [32]. Onde os homens apresentam 57,3% de sobrepeso e 17,5% de 
obesidade; e as mulheres 59,8% de sobrepeso e 25,2% de obesidade. 
Em relação ao câncer, de 2014 a 2015, 576 mil casos novos de 
câncer segundo INCA. Em ordem de que 35% das causas de câncer tem 
origem nos hábitos alimentares [33]. 
Figura 12. Distribuição dos tipos mais frequentes de câncer segundo a faixa etária 
2
2
www.uniguacu.com.br
Portanto, precisamos ir além da maça com a fita métrica. 
Imediatamente é preciso instruir as pessoas, a faculdade deve ser formadora 
de profissionais da saúde e não deixar profissionais que deixam as pessoas 
leigas bitoladas com informações pelas redes sociais. Em um quadro de 
obesidade, devemos: 
 • entender o comer (por questões emocionais, sociais, genéticas)
 • compreender que o hipotálamo inflama pelo próprio aporte 
errado de kcal (TLR4)
 • verificar a perda dos mecanismos saudáveis para controlar o 
ciclo fome-saciedade
 • Paralelamente a isso, o músculo não consegue dar conta da 
glicose que entra (glicose sobrando = hiperglicemia e hiperinsulinemia)
 • o tecido adiposo começa a hipertrofiar, secretando TNF-a e 
IL-6 que comprometem mais a sinalização de insulina 
 
Figura 13. Comparação dos diferentes tipos de câncer entre os sexos [34, 35] 
2
3
www.uniguacu.com.br
 • a insulina não sinaliza (mais lipólise = aumento de FFA, mas sem 
mitocôndria saudável)
 • comprometimento das papilas gustativas.
Esses mediadores fazem um looping metabólico, como mostra 
a figura 14, de modo a agravar meu estado inflamatório e o quadro da 
obesidade. 
 Estresse oxidativo
É definido como a falta de equilíbrio entre a ocorrência de espécies 
reativas de oxigênio/nitrogênio (ROS/RNS) e a capacidade do organismo 
de contra-atacar sua ação pelos sistemas de proteção antioxidativos. O 
dano induzido por radicais livres em estresse oxidativo foi confirmado como 
um contribuinte para a patogênese e fisiopatologia de muitos problemas 
de saúde crônicos tais como condições neurodegenerativas (Parkinson, 
Alzheimer, doença de Huntington e esclerose lateral amiotrófica) enfisema, 
Figura 14. O ciclo molecular da Obesidade
2
4
www.uniguacu.com.br
Um estresse significa uma sobrecarga no organismo. Se uma 
célula normal começa a ter muitos radicais livres e estes, excedem a 
capacidade de limpeza da célula, temos o processo de estresse oxidativo. 
Não é ruim ter radicais livres, o problema é o desequilíbrio. 
doenças cardiovasculares e inflamatórias, cataratas e câncer. Foi avaliado 
que o estresse oxidativo está correlacionado com mais de 100 doenças, seja 
como fonte ou como resultado [36]. 
 Tem sido descrito que os ciclos repetitivos de hipóxia e 
reoxigenação estão ligados a mudanças na perfusão e pode desencadear 
fatores-chave de transcrição que são regulados por mudanças na 
oxigenação celular e estimulação de citocinas, principalmente Nf-kB. 
Quando a NF-kb está disponível e vai para o núcleo, produz moléculas/
proteínas pró inflamatórias. O conceito de antioxidante biológico refere-se 
a qualquer composto que, quando presente em uma concentração menor 
em comparação com a de um substrato oxidável, é capaz de retardarou 
impedir a oxidação do substrato. As funções antioxidantes implicam redução 
do estresse oxidativo, mutações de DNA, transformações malignas, assim 
como outros parâmetros de danos celulares.
Figura 15. Processo de Estresse Oxidativo
2
5
www.uniguacu.com.br
Figura 16. Radical livre e Antioxidante 
A produção de ROS é natural, no entanto a capacidade antioxidante 
deve ser sempre maior que a pró-oxidante. Por exemplo, em atletas o 
acúmulo de ROS está relacionado a fadiga e controlar ROS está ligado 
com a sua manutenção ou “longevidade esportiva”. Aqui, a questão não é a 
ergogenia (tomar antioxidante para treinar melhor), estamos pensando na 
manutenção do atleta. 
Nrf2
O Fator Nuclear Eritróide relacionado ao fator 2 (Nrf2) é 
considerado o regulador da resposta antioxidante do organismo, 
sendo um mecanismo importante para a manutenção da homeostase 
e sobrevivência celular. Entretanto, a função do Nrf2 não se limita 
somente à resposta antioxidante, pois ao interagir com outras vias 
metabólicas, o Nrf2 possui papel na regulação do metabolismo dos 
lipídios, manutenção da glicemia, resposta inflamatória, entre outros. 
Esse fator fica preso no citosol ligado ao KEAP-1 e quando ocorre um 
estímulo, o NRF2 se desprende para estar solto para ir para o núcleo 
produzir enzimas antioxidantes (glutationa, superóxido dismutase). 
Figura 17. Nrf2 como fator na longevidade [37] 
2
6
www.uniguacu.com.br
A via de sinalização citoprotetora Nrf2 regula a transcrição de uma 
variedade de defesas celulares que reforçam a resposta de um organismo 
às tensões normalmente encontradas durante o metabolismo, bem como a 
proteção contra insultos celulares inesperados contra toxinas ambientais.
Dados recentes também revelam que a sinalização Nrf2 
desempenha um papel importante na redução da resposta inflamatória. O 
Nrf2 também reprime múltiplos genes pró-inflamatórios, incluindo o fator 
de necrose tumoral α (TNFα), e as interleucinas (IL-1β, IL-6), bem como 
moléculas de adesão celular, metabólitos de prostaglandinas, matrizes-
metalloproteinases e óxido nítrico sintase induzível. Pensa-se que isto 
se deve principalmente a sua capacidade de antagonizar a NF-κB (Chen 
et al.2006; Jin et al.2008). Por exemplo, a indução de lipopolissacarídeo 
(LPS) de NF-κB pode ser atenuada por ativadores químicos (por exemplo, 
curcumina ou sulforafano) de Nrf2.
Figura 17. Nrf2 como fator na longevidade [37] 
2
7
www.uniguacu.com.br
O Nrf2 desempenha um papel central na citoproteção, ao 
desintoxicar e eliminar ROS, xenobióticos e carcinógenos eletrofílicos, bem 
como ao remover proteínas e organelas danificada
Figura 18. Artigos que indicam que o aumento de Nrf2 atua na prevenção
e tratamento de doenças
Figura 19. Nrf2 e genes relacionados
2
8
www.uniguacu.com.br
NRf2 e Doenças Neurodegenerativas
A repressão induzida pelo Nrf2 do sistema inflamatório tem implicações 
generalizadas. A inflamação crônica está na etiologia de várias doenças humanas 
degenerativas e promove a patogênese e progressão da doença auto-imune, 
asma, neurodegeneração (por exemplo, doença de Parkinson e Alzheimer), 
fibrose pulmonar, osteoartrite, colite, insuficiência renal, doença cardiovascular, 
aterosclerose e câncer. A neuroinflamação crônica é comumente associada 
a doenças neurodegenerativas e é atribuída à atividade microglial defensiva 
descontrolada. As microglia promovem a cura do cérebro através da remoção 
de patógenos e detritos celulares; e os neurônios danificados liberam estímulos 
químicos que provocam a expansão do pool microglial em resposta ao estresse 
inflamatório e isto, por sua vez, promove mais morte neuronal, neuroinflamação 
crônica e neurodegeneração 
Um medicamento agonista de Nrf2, Tecfidera foi indicado no tratamento 
de esclerose múltipla recorrente-remitente, pois o fumarato de dimetila (substância 
ativa) demonstrou regular positivamente os genes antioxidantes dependentes de 
nrf2 nos pacientes.
Figura 20. Nrf2 e Neuroinflamação 
Nrf2 é um fator de transcrição com alta sensibilidade 
ao estresse oxidativo, podendo controlar as respostas celulares 
antioxidantes e anti-inflamatórias. 
2
9
www.uniguacu.com.br
Figura 21. Exercícios e compostos bioativos parecem ativar Nrf2 
afetando assim Nf-kB.
Tabela 1 . Biomarcadores de dano oxidativo em doenças
humanas [38, 39]
3
0
www.uniguacu.com.br
Figura 22. Via do Nrf2 pelos antioxidantes e exercício 
Como eu identifico a inflamação no meu paciente? Podemos 
utilizar exames para identificar inflamação e ROS, como: PCR, 
Homocisteína, MDA, Relacao GSSH (oxidada) / GSH (reduzida), 
Isoprostano sérico, Adiponectina, Leptina, Insulina, TNF-alfa e IL-6. 
 
 Enzimas antioxidantes 
As lesões causadas pelos radicais livres nas células podem 
ser prevenidas ou reduzidas por meio da atividade de antioxidantes. Os 
antioxidantes podem agir diretamente na neutralização da ação dos 
radicais livres ou participar indiretamente de sistemas enzimáticos 
com essa função [40, 41, 42]. 
 Diretos: Vitamina C, Vitamina E, Selênio
 Indiretos: Fitoquímicos, Exercício Físico
3
1
www.uniguacu.com.br
NUTRIÇÃO
MOLECULAR
3
2
www.uniguacu.com.br
Figura 23. Esquema representativo das interações gene - nutriente
na genômica nutricional 
Figura 24. O dogma central da biologia molecular 
Expressão gênica
3
3
www.uniguacu.com.br
Nutrigenética
O primeiro contato com a nutrigenética pode parecer 
assustador, mas é um assunto interessante. Vamos aprender passo-
a-passo os conceitos. Acredita-se que o termo nutrigenética, do 
ponto de vista histórico, esteja relacionado ao provérbio “Ut quod ali 
cibus est aliis fuat acre venenum” (“o que é alimento para um é para 
outros veneno amargo”), do poeta e filósofo romano Tito Lucrécio 
Caro (99 a.C.-55 a.C.). A nutrigenética tem como foco o estudo dos 
efeitos de variações no DNA, como polimorfismos de nucleotídeo 
único (SNP), variações de números de cópias (CNV) e inserções e 
deleções (INDEL) nas respostas biológicas à ingestão energética, 
de micro e macronutrientes e de compostos bioativos de alimentos 
(CBA).
Um exemplo clássico utilizado em nutrigenética é a 
fenilcetonúria, erro inato do metabolismo, de caráter autossômico 
recessivo raro, causado por mutações no gene que codifica a enzima 
fenilalanina hidroxilase. Temos algo em nossa individualidade que 
responde de maneira diferente aos alimentos, digo que eh “como o 
MEU DNA responde ao alimento”. A primeira vez que esse termo foi 
utilizado foi no livro em 1975 por Brennan e Mulligan [43]. 
vNutrigenética x Nutrigenômica = mesma coisa com um olhar diferente 
3
4
www.uniguacu.com.br
Conceitos básicos 
O corpo humano é formado por trilhões de células. Exceto eritrócitos 
e plaquetas, TODAS as células apresentam o DNA humano. Nossos genes estão 
“guardados” em nosso DNA. Genes são segmentos do DNA responsáveis pela 
produção de um produto biológico. O gene pode ser dividido em duas regiões 
específicas: 
 1) região regulatória 
 2) região codificadora 
A semelhança das sequências genéticas entre dois indivíduos é de 99,5% 
ou seja, todas as outras diferenças como a cor dos olhos, tipo sanguíneo, composição 
corporal e risco para desenvolvimento das DCNT são determinadas por 0,5% de 
variações genéticas. A nutrigenética tem como foco o estudo de:
 • variações no DNA polimorfismos de nucleotídeo único (SNP)
 • variações de números de cópias (CNV)
 • Inserções e deleções (INDEL) nas respostas biológicas a ingestão macro, 
micro e compostos bioativos dos alimentos 
SNP 
Do inglês, polimorfismo de nucleotídeo único, onde verificamos a mudança 
de uma letra na composição, onde o SNP mais estudado é o que faz substituição de A 
por G. SNP correspondem a 90% dos tipos de variações genicas humanas. 
 • mais frequente: polimorfismos: variações gênicas em frequências mais 
elevadasna população (>1%)
 • mais raro: mutações: variações em menos de 1% dos indivíduos
3
5
www.uniguacu.com.br
 • SNP Silencioso = GUC - Valina (os dois)
 • SNP Nao Sinônimo (ou missense) = UUA (Leucina) → UCA (serina) 
(mutacao) 
 • SNP nonsense = UAU (Tirosina)→ vUAG (sequência Stop) 
(proteína incompleta = modificações, mutações) 
E SE EU TIVESSE UM POLIMORFISMO? 
Em um gene…
 • Pró-inflamatório? (Mais disposição a inflamação)
 • Antioxidante? (Defeito nas defesas antioxidantes)
 • “Queimador de gordura”? 
 • “Produtor de mitocôndria”? 
Figura 25. SNPs
3
6
www.uniguacu.com.br
No artigo intitulado “Polimorfismo promotor do fator de necrose tumoral 
alfa do gene 308: uma análise da associação com a saúde e a doença” foi demonstrado 
que: 
 • o -308G>A eh o polimorfismo mais estudado 
 • Tal polimorfismo na região promotora do TNF-a (proteína inflamatória) 
pode influenciar na atividade transcricional desta citocina, o que favorece o 
desenvolvimento de condições clínicas associadas com a síntese excessiva de TNF-a, 
aumenta o risco de desenvolvimento de doenças como artrite reumatóide, doenças 
inflamatórias intestinais e resistência a insulina [45]. 
 Um artigo que recomendo a leitura é o “Os SNPs associados à obesidade 
no intron 1 do gene FTO afetam os níveis de transcrição primária” onde aborda sobre 
o FTO (Fat mass and obesity associated), esse gene associado a nossa capacidade 
de acumular gordura. Sabe-se que determinados SNPs influenciam na predisposição 
da criança e do adulto na variação do FTO [46]. 
 E a partir daí, quando você começa a entender os SNPs e como eles podem 
atrapalhar, consegue verificar que temos várias proteínas que são responsáveis pela 
longevidade e podemos não ter elas saudáveis, porque desde o nascimento está 
marcado com um SNP. 
No estudo “Associação de polimorfismos PGC-1alfa com a idade de 
início e risco de doença de Parkinson” foi verificado que a PGC1 alfa (proteína mais 
importante para biogênese mitocondrial) sendo um co fator transcricional de genes 
antioxidantes e regulador da biogênese mitocondrial, onde a presença de um SNP 
acarretará em comprometimento da transcrição [47]. 
 Em estudos com a leptina e seu receptor, verifica-se que quando 
o receptor é retirado, os animais analisados se tornam hiperfágicos, comem 
compulsivamente, etc. Ou seja, muitas vezes o problema não está na produção de 
3
7
www.uniguacu.com.br
leptina, mas sim, no receptor do hipotálamo [48, 49, 50]. 
Variações no gene da PGC1a promoveram aumento na resposta insulínica e 
se for conduzido como o estudo fez, utilizando uma dieta baixa em caloria, é verificado 
uma melhora nas pessoas com essa variância genética, ou seja, o controle é feito 
com restrição calórica. A nutrigenética é isso. Vamos ver como a nutrigenômica irá 
influenciar esses casos da nutrigenética.
Nutrigenômica
Nutrigenômica é história, a primeira publicação aconteceu na Revista 
Nature em 2003, o artigo “Nutrigenomics: goals and strategies’ podemos ver como 
acontece a movimentação do nutriente para o núcleo [51]. Relembrando o que vimos 
anteriormente, a expressão gênica é o DNA se expressando, o DNA respondendo 
ao meio externo. Por exemplo, quando você ingere um alimento saudável, seu DNA 
agradece e responde desinflamando o organismo. Quando você agride o DNA, 
ingerindo alimento não saudável, o DNA produz inflamação, respondendo ‘isso é 
tóxico para mim’.
Eu sempre digo que a célula é soberana, a biologia é soberana. 
Como aparece um câncer? Câncer nada mais é quando o DNA chega em 
um ponto e diz: “cansei, você não me escuta, eu fiz tudo o que eu podia”.
A nutrigenômica estuda a forma como as interações entre os componentes 
da alimentação e o genoma afetam o padrão de expressão gênica, como nutrientes 
e compostos bioativos de alimentos modulam o padrão de expressão gênica. Os 
estudos de nutrigenômica ampliam o conhecimento de como a alimentação exerce 
influência em diferentes vias metabólicas e no controle da homeostase e como 
ela pode ser utilizada na redução do risco do desenvolvimento das DCNT [52]. Os 
conceitos básicos da nutrigenômica podem ser resumidos em:
3
8
www.uniguacu.com.br
 1. Nutrientes e compostos bioativos atuam sobre o genoma humano, direta 
ou indiretamente, alterando a expressão ou a estrutura de genes.
 2. Em determinadas circunstâncias e em alguns indivíduos, a alimentação 
pode ser fator de risco relevante para o desenvolvimento de determinadas doenças.
 3. Alguns genes regulados pela alimentação atuam no início, na incidência 
e na progressão e/ou gravidade de DCNT.
 4. O grau com o qual a alimentação influencia o equilíbrio entre saúde e 
doença pode depender da constituição genética do indivíduo.
 5. Intervenções alimentares baseadas no conhecimento das necessidades 
de nutrientes, do estado nutricional individual e do genótipo podem ser utilizadas para 
otimizar a saúde e prevenir ou curar DCNT.
Como nutrientes modulam a expressão gênica? 
 1. Direta (receptores nucleares)
 2. Indireta (pré ou pós transcricional)
Diretamente
O mecanismo ocorre na situação em que a substância interage diretamente 
com elementos regulatórios, basicamente como ligante de receptores nucleares 
ou de fatores de transcrição, o que promove alterações na taxa de transcrição de 
gene(s) alvo. Na figura abaixo, observamos que um ligante de PPAR, como poderia 
ser um Ômega 3, ativa o PPAR que está no citosol e vai para o núcleo produzir por 
exemplo uma proteína que diminui o colesterol. Exemplos de nutrientes que podem 
atuar dessa maneira incluem ácido retinoico, calcitriol, ácidos graxos de cadeia curta 
e longa, esteróis e zinco.
3
9
www.uniguacu.com.br
Indiretamente
No mecanismo indireto de controle de expressão gênica, o nutriente ou 
CBA não se desloca diretamente para o núcleo, mas ativa uma cascata de sinalização 
que resultará na translocação de determinado fator de transcrição do citoplasma 
para o núcleo celular e, consequentemente, na regulação da expressão gênica. CBA 
como o resveratrol e a ginesteína podem influenciar as vias de sinalização celular, 
com ações pós-transcricionais, a modulação da estabilidade do RNAm ou, ainda, sua 
tradução em proteínas nos ribossomos por meio do bloqueio da fosforilação do inibi- 
dor de kappa B (IkB)
Na figura abaixo, observamos que no exemplo, um polifenol, aparece 
enfraquecendo a relação de NRF2 com KEAP-1. Dessa forma, o NRF2 se direciona 
para o núcleo, produzindo uma enzima antioxidante. 
Figura 26. Mecanismo direto pelo receptor PPAR40
www.uniguacu.com.br
Epigenética
O termo epigenética foi usado pela primeira vez em 1942, por Conrad H. 
Waddington para definir “o ramo da biologia que estuda as interações causais entre 
os genes e seus produtos e que levam ao surgimento de determinado fenótipo”.
Apesar de décadas de debate e investigação, a definição de 
epigenética permanece controversa e ambígua. De forma simples e 
abrangente, o termo pode ser empregado para descrever alterações 
reversíveis que ocorrem no perfil de expressão gênica, sem que haja
Linha do tempo da Nutrição
Figura 27. Polifenol com ação na relação Nrf2/KEAP1
4
1
www.uniguacu.com.br
alteração da sequência de DNA, e que são herdadas mesmo na ausência do sinal ou 
evento que as iniciou.
O que a ciência tem nos dito atualmente é que não somos escravos da nossa 
genética. Nossa genética existe e às vezes ela não vai mudar, mas os fatores externos 
podem moldar os nossos resultados. Por exemplo, se eu tiver uma variante em um 
gene tipo um FTO (obesogênico), mas meus pais me colocam nos esportes desde 
criança, me oferecem uma boa alimentação, o resultado disso é o silenciamento do 
gene. Vamos falar sobre isso com os compostos bioativos, onde genes carcinogênicos 
são silenciados pela ingestão de brócolis. 
Para um evento ser considerado epigenético eletem que cumprir com dois 
requisitos: ser hereditário e ser reversível. 
“Nem sempre você é o que você come. Às vezes você é o que sua mãe 
comia”.
Envolve:
 • Metilação DNA <- Principal e mais estudado entre mamíferos 
 • Modificação em histonas (metilação, acetilação, desacetilação, 
ubiquitinação,etc)
 • MiRNA (RNAs não codificantes que atuam como fatores pós 
transcricionais) 
 • Adição de grupamentos metil em Citosinas das regiões promotoras
 • O fator de transcrição não consegue se ligar ao DNA metilado
 • Silenciamento do gene
Figura 28. Fatores dietéticos e a regulação da metilação do DNA 
4
2
www.uniguacu.com.br
ALIMENTOS FUNCIONAIS E 
COMPOSTOS BIOATIVOS
4
3
www.uniguacu.com.br
No japão, em 1980 surgem os “alimentos designados para uso especifico 
de saúde” ou foods for specified health use (FOSHU). A legislação define “alimentos 
com propriedade funcional”, popularmente denominado “alimento funcional”.
Os alimentos funcionais se caracterizam por oferecer vários benefícios 
à saúde além do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo 
desempenhar um papel potencialmente benéfico na redução do risco de doenças 
crônicas degenerativas [53]
Podemos perceber que tem algo aqui que está além de macro e 
micronutrientes. Os compostos bioativos (fitoquímicos das frutas e vegetais) 
são essa fração do alimento que influencia o DNA, por exemplo, a canela 
possui o cinamaldeído que atua no núcleo influenciando a ativação do GLUT4. 
 
 Nutracêuticos 
O nutracêutico refere-se a um alimento ou parte de um alimento que fornece 
benefícios médicos e de saúde (incluindo prevenção e/ou tratamento de doenças). 
Esses produtos possuem nutrientes isolados, em cápsulas e suplementos dietéticos, 
produtos com benefícios, à base de plantas e alimentos processados (como cereais, 
sopas e bebidas) [54, 55]. Vários nutracêuticos podem ser produzidos através de 
métodos fermentativos com o uso de microrganismos. 
Os nutracêuticos podem ser classificados como fibras dietéticas, ácidos 
graxos poliinsaturados, proteínas, peptídios, aminoácidos ou cetoácidos, minerais, 
vitaminas antioxidantes e outros antioxidantes (glutationa, selênio). Por exemplo, na 
uva temos o composto resveratrol, mas se mandamos manipular e encapsular ele 
se torna um nutracêutico [56, 57]. O alvo dos nutracêuticos é significativamente 
diferente dos alimentos funcionais, por várias razões: 
 • enquanto que a prevenção e o tratamento de doenças (apelo médico) 
são relevantes aos nutracêuticos, apenas a redução do risco da doença, e não a 
prevenção e tratamento da doença estão envolvidos com os alimentos funcionais; 
 • enquanto que os nutracêuticos incluem suplementos dietéticos e outros 
tipos de alimentos, os alimentos funcionais devem estar na forma de um alimento 
comum
4
4
www.uniguacu.com.br
Fitoterapia 
O termo Fitoterapia deriva do grego therapeia, tratamento, e phyton, 
vegetal, e diz respeito ao estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura 
das doenças.
Há milhares de anos, o homem vem utilizando os recursos da flora no 
tratamento de diversas patologias. Há relatos, por exemplo, do uso de plantas com 
finalidades terapêuticas por volta de 3.000 a.C. na obra Pen Ts’ao do chinês Shen 
Nung [58]. No ano 78 d.C., o botânico grego Pedanios Dioscorides descreveu cerca de 
600 plantas medicinais, além de produtos minerais e animais no tratado De Materia 
Medica [59, 60]. 
O composto bioativo é facultativo (relacionado com life essential = 
longevidade, vida útil). Nós não esperamos a cura da pessoa, é uma abordagem 
relacionada à longevidade, enquanto a fitoterapia é o tratamento por meio das plantas. 
Gorduras
As gorduras, também chamadas de ácidos graxos, são cadeias de 
hidrocarbonetos com um grupo carboxil em uma extremidade e um grupo metilo 
na outra. A reatividade biológica dos ácidos graxos é definida pelo comprimento da 
cadeia do carbono e pelo número e posição de quaisquer ligações duplas presentes. 
Enquanto os ácidos graxos saturados não contêm ligações duplas dentro 
da cadeia de acilo, os ácidos graxos insaturados contêm pelo menos uma ligação 
dupla. Quando duas ou mais ligações duplas estão presentes, os ácidos graxos 
insaturados são chamados de PUFA. 
Tabela 2. Classes de alimentos funcionais 
4
5
www.uniguacu.com.br
Figura 29. Saturações em moléculas de ácido graxo 
Existem duas famílias de PUFA e são classificados como ômega-3 (n-3) e 
ômega-6 (n-6) com base na localização da última ligação dupla relativa à extremidade 
terminal metílica da molécula. O corpo humano pode produzir todos os ácidos graxos 
que necessita, exceto dois. 
O ácido linolênico (AL, C18:2n-6) (precursor da série n-6 de ácidos graxos) 
e → ácido linolênico (ALA, C18:3n-3) (precursor da série n3 de ácidos graxos) são os 
membros mais simples de cada família de PUFA e são chamados de ácidos graxos 
essenciais, pois o corpo não pode sintetizá-los. 
A PUFA regula uma grande variedade de funções biológicas, dependendo 
da localização da última dupla ligação, que varia de pressão arterial e sangue 
coagulação para o correto desenvolvimento e funcionamento do cérebro e sistema 
nervoso. Além disso, os mediadores lipídicos gerados a partir da cadeia longa 
PUFA (ácido araquidônico (AA) na série n-6 e ácido eicosapentaenoico (EPA) e 
ácido docosahexaenoico (DHA) na série n-3) têm papéis importantes na regulação 
imunológica e na inflamação.
As principais fontes dietéticas de AL incluem óleos vegetais como girassol, 
açafrão e óleo de milho, mas também estão presentes em cereais, gordura animal 
e pão integral. Ricas fontes dietéticas de ALA incluem vegetais de folhas verdes, 
sementes de linhaça [61].
4
6
www.uniguacu.com.br
Os ácidos graxos monoinsaturados (MUFA) mais comuns na nutrição diária 
são o ácido oleico, seguido pelo ácido palmitoleico, e o ácido vacinal. Além disso, o 
ácido oleico representa o MUFA mais alto fornecido na dieta (~90% de todo o MUFA). 
O Instituto Nacional de Medicina, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, 
a Autoridade Européia de Segurança e Alimentação e a Associação Americana de 
Diabetes não fazem recomendações dietéticas para o MUFA. 
Em contraste, a Academia de Nutrição e Dietética assim como a Associação 
Canadense de Dietética recomendam 20% de MUFA do consumo total diário de 
energia, enquanto a Associação Americana do Coração estabelece um limite de 
20% de MUFA em suas respectivas diretrizes. Uma razão para as recomendações 
específicas do MUFA pode ser seu benefício potencial na prevenção primária e 
secundária de doenças cardiovasculares.
EPA x DHA 
 Enquanto o EPA está mais relacionado com aspectos mais 
físicos como saúde de junções articulares e saúde cardíaca. O DHA 
tem maior funcionamento sobre o desenvolvimento cerebral, saúde 
neuronal e saúde ocular. 
Geralmente na dieta ocidental há um desequilíbrio pró-
inflamatório , o que já predispõe a uma dieta pró-inflamatória. A 
ingestão dietética ideal da relação n-6 : n-3 deve ser em torno de 1-4 
: 1. no entanto, de acordo com o mudanças descritas acima na dieta 
ocidental, esta proporção tem agora aumentada para estar na faixa de 
10 : 1 a 20 : 1
Ômega 3 e Performance 
Como funciona a contribuição nesse contexto: 
 • Fluidez dos Eritrócitos: Imagine um eritrócito passando 
por um capilar, entregando oxigênio para o tecido muscular, sendo 
esmagado, ele precisa ter deformidade necessária (mínima) e do 
contrário, algumas substâncias diminuem essa deformidade (colesterol, 
ácido graxo saturado, etc) 
4
7
www.uniguacu.com.br
 • Atenuação de Sintomas de asma induzida pelo exercício (AIE): Atletas de 
corrida, que fazem planilhas de exercício, treinamento ao ar livre, exposição ao frio.
 • Inflamação Muscular: em excesso é ruim 
 • Fadiga Muscular 
 • Expressão Gênica 
A PUFA desempenhaum papel importante na composição de todas as 
membranas celulares onde mantêm a homeostase para a correta função da proteína 
da membrana e influenciam a fluidez da membrana, regulando assim os processos de 
sinalização celular, funções celulares e expressão gênica. Outras funções do PUFA 
exigem seu metabolismo a membros mais insaturados de sua família.
Como a PUFA dá origem a uma variedade de ativos biológicos compostos 
que têm todos papéis importantes na patologia e processos fisiológicos, um 
entendimento adequado é necessários em relação à contribuição desses compostos 
ativos têm sobre os coincidentes aumentos de doenças inflamatórias visto com a 
ruptura do equilíbrio na proporção de n-6 : n3 associada à dieta ocidental. O papel 
do Ômega-6 e seus eicosanóides derivados têm recentemente sido associados ao 
aumento da deposição de placa beta-amiloide em contraste, ômega-3 pode exercer 
papel na prevenção do Alzheimer. 
Ômega 3 e expressão gênica 
O ômega 3 vai ter ação em um determinado local no núcleo, sendo um 
agonista de PPAR’s (fator nuclear envolvido na expressão de genes que modulam 
adipogênese e lipidograma), ou seja, relacionado a saúde do nosso tecido adiposo e 
colesterol. Um estudo recente verificou que uma dieta rica em gordura aumenta a 
expressão de IL 6 e TNFa e atenua a expressão de PPAR’s. 
Os PPAR’s foram descobertos em 1990 em estudos de clonagem com 
roedores, onde os receptores ativados pertencem à superfamília de receptores 
nucleares, como o receptor do hormônio da tireoide (TR), do ácido retinóico (RAR) e 
da vitamina D3 (VDR). Três diferentes tipos foram descritos até o momento: PPARα, 
PPARδ, PPARγ.
 
4
8
www.uniguacu.com.br
Ômega 3 na Inflamação 
 • Altera fatores transcricionais relacionados a inflamação (principalmente 
NFKB)
 • Altera a síntese de resolvinas (o nome já diz, proteínas que resolvem a 
inflamação)
 • Altera o pool de ROS 
 • Modula o pool de eicosanóides e as citocinas e adipocinas
 • Compete pela COX e LOX
 • Altera expressão de PPARs 
Figura 30. Dieta rica em gordura atenua a expressão de PPAR’s
Figura 31. Séries de PUFAs
4
9
www.uniguacu.com.br
Figura 32. Ômega 3 e Ômega 6 utilizam a mesma família de enzimas
COX e LOX
Pela figura 32, podemos observar que pela utilização da mesma via de 
enzimas, a oferta de muito ômega 6, não “sobra” enzima disponível para o ômega 3. 
Em suma, a ingestão adequada das duas séries de ácidos graxos (w3 e w6) garante o 
equilíbrio necessário ao controle dos processos de coagulação e de inflamação.
Em um estudo recente, o pré tratamento com ômega 3 inibiu a fosforilação 
de NFkb e declinou a atividade, ou seja, as células tratadas com ômega 3 demonstraram 
significativo declínio em RNAm de TNFa e expressão proteica desse marcador [62, 
63, 64]. 
Em outro estudo publicado em 2015, o grupo tratado com ômega-3 teve a 
expressão reduzida de NF-kB em comparação com os demais grupos. Esse estudo 
fornece evidência de que a suplementação com ômega 3 pode melhorar a inflamação 
em pacientes com anemia falciforme [65]. 
 Entre outros títulos temos: “Inflamação descontrolada participa no 
desenvolvimento de doenças de origem inflamatória”; “A suplementação com EPA + 
DHA demonstra declínio de genes envolvidos na via de NF-kB”; “TNF-a declinou com 
administração de EPA+DHA”. Um aumento na relação de Ômega 6 está envolvido no 
aumento de distúrbios inflamatórios crônicos como esteatose hepática não alcoólica, 
distúrbios cardiovasculares, obesidade, inflamações intestinais, artrite reumatóide e 
Alzheimer” [66, 67, 68]. 
5
0
www.uniguacu.com.br
Azeite de Oliva 
O azeite de oliva possui como composição 80% de Ômega-9 e mais de 30 
tipos de polifenóis, carotenóides e vitamina E. Além do ácido oléico, o azeite de oliva 
contém uma série de compostos bioativos como os polifenóis que são especialmente 
proeminentes no azeite de oliva virgem e extravirgem, mas não no azeite de oliva 
refinado [69, 70]. 
Um polifenol essencial do azeite de oliva é a oleuropeína (um composto que 
gera tirosol e hidroxitirosol), que representa aproximadamente 80% do conteúdo 
fenólico do azeite de oliva e é um potente catador de radicais superóxidos e inibe a 
oxidação do LDL [71, 72]. 
Um estudo publicado em 2013 demonstrou que a ingestão de 4 colheres 
de sopa de Azeite de Oliva ao dia por 5 anos promoveu uma redução de 30% dos 
eventos cardiovasculares [73]. Em indivíduos obesos a ingestão prévia de MUFA e 
PUFA suprimiu o apetite nas refeições [74]. Em roedores 600 mg/kg/dia de MUFA 
diminuiu a ingestão de alimentos na dieta e diminui peso corporal [75]. 
Segundo a metanálise de 2014, o consumo elevado de azeite de oliva 
resultou em redução de 28% dos eventos cardiovasculares e 40% de AVC. Efeito 
esse não observado com MUFA isolado. O consumo de 50 gramas por dia ou mais 
de azeite de oliva extravirgem observou uma redução significativa do risco tanto de 
eventos cardiovasculares combinados quanto de derrame primário [76]. 
Linhaça 
Óleos vegetais, que podem ser definidos como óleos compostos 
principalmente de glicerídeos de ácidos graxos sendo obtidos somente de fontes 
vegetais. O óleo obtido a partir da semente da planta de Linum usitatissimum L. é 
conhecido por suas quantidades consideráveis (> 50% da gordura total) da → - ácido 
linolênico (ALA).
O consumo de 30g (3 colheres de sopa cheias) de linhaça reduziu níveis de 
colesterol e LDL em 7% e 10%, respectivamente, em mulheres em pós-menopausa. 
A linhaça tem sido apontada como um dos alimentos promissores na redução do 
risco cardiovascular, atuando sobre a colesterolemia, a glicemia e manutenção do 
peso corporal. Os óleos vegetais ricos em ALA podem ser usados em um ambiente 
doméstico (em conjunto com dieta) para elevar EPA em tecidos a concentrações 
comparáveis com as associadas com a suplementação de óleo de peixe 
[77, 78].
5
1
www.uniguacu.com.br
comparáveis com as associadas com a suplementação de óleo de peixe [77, 78]. 
 Um estudo Duplo-cego randomizado com 56 participantes utilizaram 3 
gramas de óleo de linhaça ou 3 grama de ácido oléico (em cápsulas) por 12 semanas. 
Foi verificado que o óleo de linhaça aumentou em 60% EPA e em 25% o DPA [79]. 
Figura 33. Composição do óleo de linhaça e do azeite de oliva
Em contrapartida, um estudo observou que o consumo diário de óleo de 
linhaça não conferiu nenhum benefício em marcadores inflamatórios ou bioquímicos 
em adultos jovens de peso normal, que tradicionalmente utilizam o azeite de oliva 
como o principal óleo comestível [80]. 
RESUMO PUFAS 
 • Ingerimos mais ômega 6 do que ômega 3, mas vamos tentar alterar isso. 
Ao final, veremos como na prática fazemos isso com os pacientes. 
 • Esse desbalanço promove uma “inflamação basal” e ROS (Lembre-se: 
atletas tem esses índices naturalmente elevados)
 • O aumento da ingestão de ômega 3 parece estar correlacionado a 
melhora desse quadro 
 • A ingestão de ômega 3 de fontes animais parece ter maior biodisponibilidade 
(por conta das enzimas envolvidas: saturases, alongases)
 • DHA está mais relacionado aos aspectos físicos enquanto EPA está 
mais relacionado aos aspectos cognitivos 
 • DHA e EPA aumentam a expressão gênica antiinflamatória e reduzem a 
expressão gênica inflamatória 
5
2
www.uniguacu.com.br
Figura 34. Subdivisão de compostos bioativos presentes em alimentos de 
Polifenóis 
Os polifenóis representam um grande grupo de pelo menos 10.000 
compostos diferentes que contêm um ou mais anéis aromáticos com um ou mais 
grupos hidroxila ligados a eles, abundantes na maioria das frutas e vegetais como 
metabólitos secundários de plantas. Os polifenóis mais comuns são os flavonóides e 
os ácidos fenólicos, envolvidos na defesa contra diferentes tipos de estresse. 
 Fitoquímicos
 Fitoquímicos são compostos bioativ os de origem vegetal - fração do 
alimento queatinge o DNA, se desloca ao núcleo e produz uma proteína que irá 
produzir algum benefício ao organismo. 
Classificações 5
3
www.uniguacu.com.br
Figura 35. Polifenóis são benzenos hidroxilados
Os flavonóides, talvez o mais importante grupo único de fenólicos em 
alimentos, compreendem um grupo de mais de 4000 compostos aromáticos de 
plantas C15 com múltiplos padrões de substituição (conheça a lista dos compostos 
em www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp/index.html).
Figura 36. Os polifenóis são divididos em flavonoides e não flavonóides 
5
4
www.uniguacu.com.br
Esses compostos oferecem proteção contra espécies reativas de oxigênio 
(ROS) e nitrogênio, luz UV, patógenos, parasitas e predadores de plantas. Além disso, 
eles contribuem para as propriedades organolépticas das plantas, dos alimentos e 
dos cosméticos. 
Os polifenóis dietéticos estão predominantemente presentes em formas 
glicosiladas com um ou mais resíduos de açúcar conjugados a um grupo hidroxila ou 
ao anel aromático (flavonóides são uma exceção notável). Isto representa a principal 
razão de sua baixa absorção no estômago, já que apenas alguns glicosídeos podem 
ser absorvidos no intestino delgado, os demais são absorvidos por difusão passiva no 
cólon. Em comparação com o intestino, o cólon não absorve facilmente os polifenóis. 
Isto também leva a tempos de absorção mais longos, que podem ser de até 9 h.
A eficiência dos polifenóis absorvidos pelo cólon atinge apenas 15%-20% 
do conteúdo total de polifenóis sendo absorvido no intestino. Os glicósidos em fontes 
alimentares de polifenóis permitem assim uma absorção mais rápida e mais eficiente 
dos polifenóis. Entretanto, algumas isoflavonas mostraram absorção superior a suas 
formas glicosiladas. As isoflavonas representam os polifenóis mais bem absorvidos 
junto com o ácido gálico, seguidos por catequinas, flavanonas e glucósidos de 
quercetina. Os polifenóis são após a ingestão submetidos a três tipos principais de 
conjugação: metilação, sulfatação e glucuronidação.
Resveratrol
Um composto não-flavonóide de polifenóis, é encontrado em várias 
plantas, incluindo Vitis vinifera, Arachis hypogaea, e Polygonum cuspidatum, sendo 
um potente agente antioxidante, antibacteriano, anti-inflamatório e anticancerígeno 
em experimentos in vitro e in vivo.
Figura 37. As interações bidirecionais do resveratrol [81]
5
5
www.uniguacu.com.br
O resveratrol pode inibir os distúrbios inflamatórios através das mudanças 
na microbiota intestinal e seus metabólitos microbianos podem reduzir os níveis 
aumentados de ROS, ativar a sinalização Nrf2 e melhorar o estresse oxidativo. 
Figura 38. Estresse oxidativo e da terapia de doenças 
inflamatórias intestinais 
As associações entre a microbiota intestinal, a inflamação intestinal e 
o estresse oxidativo demonstradas na figura 38, onde (a) A homeostase intestinal 
está associada a bactérias entéricas residentes na luz intestinal; e (b) A disbiose 
e o estresse oxidativo no intestino têm sido mostrados como contribuidores da 
patogênese das doenças intestinais. 
Resveratrol atua:
 • Aumentando a razão bacteroidetes/FIrmicutes (o obeso tem razao 
menor +firmicuutes)
 • Aumento de Lactobacillus e Bifidobactérias 
 • Redução de Enterococcus Faecalis
 • Ativando Nrf2 
5
6
www.uniguacu.com.br
Figura 39. O resveratrol serve como estabilizador da interação proteína-
substrato na ativação de SIRT1 humano [82]
Na figura 40 vemos que o resveratrol (assim como o exercício) age na 
expressão de proteínas chamadas FNDC5 e UCP2 de biogênese mitocondrial, ou 
seja, o músculo é estimulado a liberar uma miocina (como uma adipocina, mas do 
músculo), a IRISINA, que têm capacidade em converter tecido adiposo branco em 
tecido adiposo marrom. 
A indução da expressão do gene FNDC5 pode levar a uma maior 
concentração de irisina e consequente aumento da termogênese, com maior 
atividade das proteínas desacopladas (UCPs). O aumento do gasto energético através 
da termogênese pode induzir a perda de peso dos indivíduos [83]. Esse mecanismo 
descoberto pelos pesquisadores foi algo tão surpreendente, que essa proteína foi 
nomeada como Irisina, do grego, deusa da mensagem [84].
A SIRT1, uma proteína tão importante para a longevidade, o resveratrol 
mantém essa proteína estável. A nutrição chegou nesse ponto, podemos dizer como 
o composto age e em qual proteína.
5
7
www.uniguacu.com.br
Figura 40. Resveratrol e a expressão de FNDC5 e UCP2
Figura 41. Quantidade de
Resveratrol e benefícios
à saúde [89]
Por meio de um estudo, o resveratrol manipulado foi comparado com suco 
integral e vinho (faltou a fruta in natura, a uva). Para quem gosta de manipulação, os 
resultados demonstraram o melhor resultado com o uso do suco de uva integral [85]
Além disso, o resveratrol protege o rim diabético atenuando o estresse 
oxidativo mediado pela hiperglicemia e as citocinas inflamatórias renais através da 
sinalização Nrf2-Keap1 [86]. Aconteceu o experimento com ratos machos, onde a 
diabetes foi induzida por dose única de estreptozocina (50 mg/kg) via intraperitoneal 
e administrado o resveratrol (5mg/kg/dia) via oral por 30 dias [87, 88].
5
8
www.uniguacu.com.br
Existe resveratrol nas formas trans-resveratrol e cisresveratrol nos sucos 
comerciais produzidos no Brasil, comercializados em Santa Maria. Há diferenças 
na concentração dos polifenóis totais e resveratrol entre os sucos comerciais, o 
que demonstra os diferentes processamentos empregados para a formulação dos 
sucos. O suco de uva é uma fonte alternativa de resveratrol para os abstêmios, pois 
a concentração de trans resveratrol nos sucos de uva elaborados no Brasil variou de 
0,19 a 0,90 mg.L-1 de suco de uva [90]. 
A recomendação a respeito do consumo de vinho tinto segundo a American 
Heart Association é de 90 a 120 mL de vinho/dia, enquanto pela OMS indica no máximo 
0,5g/kg de álcool etílico/ dia. O vinho tem 10 a 12% de álcool , logo 1 taça de 180 ml tem 
aproximadamente 18 a 20g de álcool. Sabe-se que o consumo junto com as refeições.
Antocianinas
As antocianidinas ocorrem naturalmente como glicósidos denominados 
antocianidinas, como corantes universais de plantas, representam os membros mais 
proeminentes do grupo dos bioflavonóides, com mais de 600 estruturas moleculares 
de antocianidina foram identificadas até hoje [91]. 
Com o nome de origem em grego (anthos - azul), principalmente porque elas 
fornecem os tons vermelho, roxo e azul de várias frutas, vegetais, grãos de cereais e 
flores, mas esta cor das antocianidinas é dependente do pH. 
Devido a seus múltiplos efeitos biológicos, as antocianinas podem 
desempenhar um papel na melhoria das qualidades promotoras de saúde dos 
alimentos e as principais fontes de antocianinas incluem chás, mel, vinhos, frutas 
como maçãs, bagas; vegetais como beterraba e cebola; nozes, azeite de oliva, cacau 
e cereais [92]. 
Os principais representantes do grupo das antocianinas constituem 
a delfinidina, pelargonidina, malvidina, cianidina e petunidina e a ingestão diária 
estimada de antocianinas varia entre 500 mg a 1 g, no entanto, pode facilmente atingir 
vários gramas quando um indivíduo está consumindo suplementos flavonóides como 
extratos de sementes de uva, ginkgo biloba, ou picnogenol. As antocianinas são muito 
pouco absorvidas, porém, todos os metabólitos podem não ter sido identificados, 
resultando em uma subestimação de sua biodisponibilidade [93]. 
 (ácido cinâmico aumenta a produção de bile, pois auxilia na digestão e 
emulsificação de gorduras). Lembrando que a diferença entre consumo moderado e 
exagerado pode significar a diferença entre prevenir e aumentar a mortalidade. 
5
9
www.uniguacu.com.br
Figura 42. Nrf2 e Nf Kb como alvo das Antocianinas 
O principal mecanismo molecular potencial do efeito antitumoral das 
antocianinas in vitro acontece através do direcionamento paraRTKs (por exemplo, 
EGFR, PDGFR e VEGF/VEGFR) e atuando no caminho de cascata de sinais Ras-MAPK 
e PI3K/Akt. 
A inflamação também pode ser inibida pelas antocianinas através da ação 
no caminho PI3K/Akt e NF-→B para suprimir a expressão de COX-2 e iNOS e prevenir 
o câncer regulando a expressão de enzimas antioxidantes fase II para alcançar a 
antioxidação através do sistema de sinalização Nrf2/ARE. Durante a iniciação do 
câncer, as antocianinas podem prevenir a transformação maligna, visando o caminho 
MAPK e o fator AP-1 e inibindo a atividade RTK. 
As antocianinas podem iniciar a expressão da p21 e p27, cujos produtos 
podem se combinar com a ciclina CDK múltipla para regular a expressão da CDK-1 e 
CDK-2, inibindo ainda mais a expressão da ciclina B, ciclina A e ciclina E, que promovem 
a expressão dos inibidores de CDK e induzem as células cancerígenas a parar nos 
estágios G0/G1 e G2/M. Durante o desenvolvimento do câncer, as antocianinas podem 
induzir a apoptose das células cancerosas ativando caspases, mediadas por ROS e 
JNK/p38-MAPK [94]. 
Estima-se que as proantocianidinas presentes nas sementes das uvas 
tenham poder antioxidante 20 vezes maior que a vitamina E e 50 vezes maior que o 
da vitamina C [95].
6
0
www.uniguacu.com.br
Quadro 2. Quantificação de antocianina em polpa de açaí congelada 
Açaí 
Palavra de origem Tupi Guarani “Yasai” que significa “fruta chorona”, 
pela disposição em que as frutas estão e pelo sumo que ela possui; o açaí sempre 
foi relacionado a uma fruta calórica, porém ao analisar a composição nutricional 
verificamos que 100 gramas de açaí in natura possui 70 calorias e 4 gramas de 
carboidrato, sendo 3 gramas fibras alimentares. No Brasil não comemos açaí com 
toppings, comemos toppings com açaí; e é por isso que o açaí chora, não pelo formato 
da fruta mas como consumimos. 
Algo interessante é que independente do estado do açaí, seja durante o 
amadurecimento, na polpa ou congelado: o açaí tem as duas principais antocianinas, 
cianidina 3-O-glucosídeo e cianidina 3-O-rutinosida como principais compostos 
antociânicos [97, 98]. 
6
1
www.uniguacu.com.br
Figura 44. Estrutura da antocianina 
 De forma semelhante ao açaí, os morangos são uma das principais fontes 
de antocianinas, particularmente a pelargonidina-3-O-glucósido (P3G), a principal 
antocianina presente nas espécies de morango [99, 100]. 
Um estudo de 2010 comparou diferentes componentes polifenólicos 
de frutos de baga na inibição de α-amilase e α-glucosidase e foi verificado que os 
extratos de mirtilo e groselha-negra, com maior conteúdo de antocianina, foram os 
inibidores mais eficazes da R-glucosidase. Os extratos mais eficazes na inibição da 
R-amilase (morango e framboesa) contêm quantidades consideráveis de taninos 
solúveis. Outros extratos ricos em taninos (uva vermelha, vinho tinto e verde chá) 
também foram inibidores eficazes da R-amilase. De fato, a remoção de taninos de 
extratos de morango com gelatina também removeu a inibição [101, 102]. 
6
2
www.uniguacu.com.br
Figura 45. A pelargonidina-3-O-glucósido (P3G) do morango 
Além disso, também foi verificado o aumento de Nrf2 e a diminuição de 
TNFa na presença da cianidina, mas chega uma dose que o TNFa retorna a expressão, 
falaremos sobre isso em breve, o conceito de hormese. Quando analisamos esses 
resultados, pensamos em uma conduta dietética que inclua os alimentos, não exclua, 
me desculpe os carbofobicos. 
 Algo muito particular do Açaí é a presença de Velutina, uma flavona única 
encontrada na polpa do açaí, com uma capacidade superior de inibir NF-kb [103]. 
Efeitos na redução do fator de necrose tumoral lipopolissacarídeo proinflamatório da 
citocina TNFα e produção de interleucina IL 6 foram avaliados em um estudo publicado 
em 2012. A velutina apresentou a maior potência entre todos os flavonoides na 
redução da produção de TNF-α e IL-6. Este composto inibiu efetivamente a expressão 
de citocinas pró-inflamatórias TNF-α e IL-6 em baixos níveis de micromole, inibindo a 
ativação de NF-κB e a fosforilação p38 e JNK. 
 Mas a inflamação não é boa para hipertrofia? Vamos separar o joio do 
trigo. Temos a inflamação aguda (hipertrofia, queimadura, trauma) e a inflamação 
cronica (forma silenciosa que queremos evitar). O medo das pessoas em ingerir 
nutrientes anti inflamatórios eh por pensar que pode cortar os efeitos da hipertrofia, 
mas não faz sentido, eh bem pelo contrário, vamos analisar um estudo com curcuma:
6
3
www.uniguacu.com.br
Os pesquisadores fizeram uma lesão no músculo da mastigação dos 
ratinhos, o masseter e depois administraram a curcumina [104]. A curcumina é o 
primeiro exemplo de um agente farmacológico com um efeito potente no estímulo da 
regeneração muscular após um trauma. Lesões musculares localizadas, bem como 
difusas, poderiam ser tratadas com curcumina. Uma reparação muscular melhorada 
seria benéfica não apenas no trauma muscular, mas também na cirurgia reconstrutiva 
e em lesões relacionadas ao esporte. Esse estudo avaliou essa lesão (figura x abaixo), 
com administração de 10 mcg de curcuma e observou um nível de regeneração. Com 
a administração de 20mcg obteve regeneração maior, mas com 40 mcg desceu (faixa 
de hormese). 
Portanto, é importante perceber isso, composto bioativo não age 
diretamente como a vitamina C, mas tem a capacidade regenerativa importante na 
inflamação. A ingestão de vitamina C declina biogênese mitocondrial, mas com a 
ingestão concentrada, não tomando um suco de laranja pós treino. 
No estudo, homens suplementados diariamente com uma dose oral de 1 g 
de vitamina C, tiveram prejuízos na capacidade de resistência. Os efeitos adversos 
da vitamina C podem resultar de sua capacidade de reduzir a expressão induzida 
pelo exercício de fatores chave de transcrição envolvidos na biogênese mitocondrial. 
A suplementação de vitamina C diminui a eficiência do treinamento porque impede 
algumas adaptações celulares ao exercício [105]. Recomendamos a leitura do artigo 
sobre Suplementos Antioxidantes e Mortalidade, há uma correlação [106]. 
Figura 46. Curcumina na regeneração de lesão muscular 
6
4
www.uniguacu.com.br
Sobre os manipulados, os polifenóis têm dose que variam de 250 - 500mg, 
entre os principais como resveratrol, curcumina, quercetina e genisteína (Quercetina 
= Biodisponibilidade 20 a 50% dose / Catequinas = <2% da dose). 
Glicosinolatos
Desde os anos 80, sabia-se que o consumo de vegetais verdes e amarelos 
(grupo das brássicas e crucíferas: vegetais de folhas verdes, couve, couve-flor, 
brócolis, couve-de-bruxelas, etc.) estava relacionado a uma redução do risco de 
desenvolvimento de certos tipos de câncer. Mais tarde, estudos mostraram que 
essas moléculas eram substratos de glutationa S-transferase (GST), tornando-se 
potenciais agentes protetores contra o desenvolvimento do câncer. 
Os glucosinolatos são uma família de metabólitos secundários derivados 
de aminoácidos caracterizada pela presença de três moléculas: grupo →-D-tioglicose, 
um grupo sulfato e uma cadeia lateral de aminoácido. Existem pelo menos 16 
tipos diferentes de glicosinolatos, como Glicorafanina, Glicoiberina, Glicoalissina, 
Progoitrina, Gliconapina, etc. 
Quando a planta que contém glucosinolatos é mecanicamente danificada 
(cortada, mastigada ou cortada), ou está sob condições de estresse, como uma 
infecção bacteriana ou fúngica, uma hidrolase chamada mirosinase (tioglucoside 
glucoidrolase), que geralmente é separada em um compartimento diferente, é liberada 
para interagir com moléculas de glucorafanina para hidrolisá-la.
A atividade da mirosinase aumenta com a mastigação e diminui com a 
exposição ao calor quando os legumes são cozidos antes de comer, favorecendo a 
presença de glucorafanina e a diminuição da disponibilidade de sulforafano quando 
os vegetais são cozidos antes do consumo. Entretanto, a atividade da mirosinase nãose encontra apenas nas plantas, ela também poderia ser encontrada uma atividade 
equivalente em mamíferos microbiota tioglucosidases do intestino inferior, permitindo 
a hidrólise da glucorafanina e a absorção de sulforafano [107]. 
Tabela 4. Glicosinolatos 
6
5
www.uniguacu.com.br
Os glicosinolatos têm ação no telômero da célula. Os telômeros são 
sequências repetidas e ricas em guanina, localizadas nas extremidades dos 
cromossomos. Eles funcionam como um relógio biológico limitando o potencial de 
proliferação celular com cada divisão celular seguinte. Uma célula, quanto mais se 
divide, mais encurta o telômero (prazo de validade) e a célula tem o mecanismo para 
se replicar, mas pode dar defeitos. Já a célula cancerígena é eterna, o telômero é 
infinito, não encurta [108]. 
Portanto, a telomerase tem sido reconhecida como um fator relevante que 
distingue o câncer das células normais, uma vez que ou é indetectável ou tem baixo 
nível de atividade em células somáticas normais [109, 110]. 
Além disso, o envelhecimento e os radicais livres estão associados à redução 
dos telômeros, fenômeno conhecido como encurtamento telomérico. A telomerase, 
enzima que catalisa a adição de bases nitrogenadas em sequências repetitivas nas 
extremidades dos cromossomos, ajuda a regenerar telômeros. 
Devido à ausência de ação da telomerase em muitas células somáticas, o 
comprimento do telômero vai encurtando a cada divisão celular, até a célula entrar 
em senescência [111] O encurtamento dos telômeros está associado a maior risco 
de aterosclerose, câncer de mama, diabetes mellitus e hipertensão arterial [112]. 
Mulheres com maior estresse psicológico apresentaram maior estresse oxidativo e 
maior taxa de encurtamento dos telômeros [113].
Figura 47. Glicosinolatos 
6
6
www.uniguacu.com.br
O Indol-3-Carbinol age na metilação no DNA
A metilação do DNA é um dos vários mecanismos epigenéticos que podem 
controlar a expressão gênica, sem alterações da sequência de DNA. O Indol-3-Carbinol 
parece manter o balanço entre estrogénio/ testosterona equilibrada, podendo talvez 
nas mulheres, com síndrome pré-menstrual,ajudar a manter a testosterona na sua 
forma ativa livre, promovendo uma melhora na libido e no humor.
O Indol-3-Carbinol pode promover ação antineoplásica em cânceres de 
mama, ovários e da próstata, devido à inibição de um tipo de estrogênio (16-alfa hidroxi-
estrona) que causa danos no DNA inibindo a apoptose das células cancerígenas, e, 
deste modo, promovendo a proliferação destas células tumorais, podendo chegar a 
gerar metástase, que é a disseminação do câncer para outros órgãos.
Sulforafano
O sulforafano (SFN), um isotiocianato derivado de vegetais crucíferos, 
é um composto bioativo comum que tem a capacidade de inibir as deacetilases 
históricas do tipo I e II (HDAC), e é também um agente antioxidante, anticancerígeno 
e quimioterápico.
Figura 48. Telômeros nas extremidades dos cromossomos
6
7
www.uniguacu.com.br
No estudo referenciado em 2012 com repressão epigenética, a miostatina 
(MSTN; anteriormente chamada fator de diferenciação de crescimento 8, GDF8) é um 
membro da superfamília de fator de crescimento transformador-β (TGF-β) é um potente 
inibidor do crescimento do músculo esquelético. Essa nova (ou singular) atividade 
farmacológica dos SFN em células satélites podem permitir o desenvolvimento 
de abordagens para enfraquecer a via da miostatina, em terapias para desordens 
musculares ou melhora da produção de novas fibras musculares [114]. 
Um novo modo de repressão epigenética do MSTN pelo composto bioativo 
SFN, ou seja, em desordens musculares que podem ocasionar perda de massa 
muscular (idosos) podem ser evitadas com índices menores de miostatina [115]. 
Comer um brócolis seria melhor que tomar uma dose de whey? Não, mas 
hábitos de consumo e em nosso dia a dia poderia ser muito interessante. Por último, 
as doses de manipulação seriam de Indol 200mg e Sulfurafano 8mg
Carotenoides 
Chegamos ao terceiro grupo dos compostos bioativos, e uma característica 
muito importante sobre os carotenóides é que possuem uma meia vida longa, temos 
o beta-caroteno, alfa-caroteno e criptoxantina com até 12 dias, a luteína e zeaxantina 
de 33 a 61 dias e o licopeno de 12 a 33 dias. Com essa informação podemos ficar mais 
sossegados com a frequência do consumo, pois isso está relacionado com o caráter 
lipofílico desses compostos. Portanto, o importante é deixar o prato sempre colorido. 
Licopeno
O licopeno, um pigmento vermelho membro da família dos carotenóides, 
é predominantemente encontrado em várias frutas como goiaba, toranja rosa e 
tomate. Evidências de estudos de controle de casos e coorte sugerem que altos 
níveis de ingestão de licopeno na dieta estão associados a um menor risco de câncer 
de próstata e proliferação celular [116].
Embora o licopeno de fontes vegetais naturais exista predominantemente 
na configuração all-E, representando mais de 90% do licopeno total, os tecidos da 
próstata contém 79 a 88% do licopeno total como isômeros Z. Esta diferença sugere 
que os isômeros Z podem ser biologicamente mais ativos do que os isômeros all-E. 
Encontramos o licopeno em diversos alimentos, não somente nos vermelhos, como 
estamos acostumados a estudar [117].
6
8
www.uniguacu.com.br
Estudos mostram que o licopeno inibe a sinalização de IGF-I e androgênio 
na próstata normal de rato e em modelos de câncer de próstata de rato. A hiperplasia 
benigna da próstata é a quarta doença mais comumente diagnosticada em homens 
idosos é uma doença crônica que afeta mais de 50% dos homens de 60 anos e atinge 
aproximadamente 90% aos 85 anos de idade. É a razão mais comum de sintomas do 
trato urinário inferior na mesma faixa etária [118]. 
A finasterida é um conhecido inibidor de 5a-redutase (enzima que converte 
testosterona em dihidrotestosterona DHT) usado para tratamento, mas pode causar 
efeitos adversos como ginecomastia, comprometimento do crescimento muscular e 
miopatia grave devido a sua semelhança estrutural com os hormônios esteróides. 
Podemos observar na figura 50 que o colesterol é convertido em 
testosterona e posteriormente a testosterona pode ser convertida em estradiol pela 
aromatase ou em DHT pela 5a-redutase, mas esse processo final pode ser inibido 
pelo uso de compostos bioativos. Os suplementos fitoterapêuticos, principalmente 
baseados em Serenoa Repens (SeR) derivado de Saw Palmetto, são numerosos e 
utilizados com frequência, pois reduzem a inflamação e diminuem in vivo o suporte 
androgênico ao crescimento das células prostáticas [119, 120]. 
Figura 49. Licopeno e a 5-alpha-redutase 
6
9
www.uniguacu.com.br
Figura 50. Conversão de colesterol em testosterona
Melancia 
A melancia é uma valiosa fonte de antioxidantes naturais com especial 
referência ao licopeno, ácido ascórbico e citrulina. Estes ingredientes funcionais atuam 
como proteção contra problemas de saúde crônicos, como a insurgência do câncer e 
distúrbios cardiovasculares. Os teores de licopeno da melancia vermelha são quase 
40% superiores aos do tomate, ou seja, 4,81 e 3,03 mg/100 g, respectivamente. O 
licopeno de melancia está disponível na forma CIS, diretamente para o corpo humano 
logo após o consumo [121]. 
Citrulina
A citrulina é um aminoácido que é metabolizado a L-arginina e, quando 
administrada oralmente, é mais eficaz para melhorar as concentrações plasmáticas 
porque é não o substrato de arginases hepáticas ou intestinais. A L-arginina é 
um aminoácido semi-essencial que desempenha papéis fisiológicos críticos no 
desenvolvimento muscular e na desintoxicação da amônia; e tem sido investigado para 
uso terapêutico em uma ampla variedade de condições patológicas e é comumente 
usado como suplemento nutricional ergogênico [122]. 
Estudos clínicos em adultos mostraram que a suplementação com arginina, 
administrada na forma de arginina ou de seu precursor,

Outros materiais

Outros materiais