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Curso alimenta e amamenta Brasil

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Amamenta e alimenta Brasil: Recomendações baseadas no 
guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. 
 
> Promoção do aleitamento materno e da alimentação 
complementar saudável na atenção primária à saúde. 
Unidade 1: Alimentação, saúde e desenvolvimento infantil. 
Durante a gestação e nos dois primeiros anos de vida da criança 
(primeiros mil dias) ocorrem processos fundamentais para o 
desenvolvimento infantil. Considera-se primeira infância o período 
que abrange os primeiros seis anos completos ou 72 meses de 
vida. 
É importante compreender que todas as experiências vividas 
durante a primeira infância afetam as condições de vida e saúde 
do bebê e têm reflexos na vida adulta. O desenvolvimento infantil 
é um processo multifatorial que apresenta interferência de 
fatores genéticos e, em especial, dos estímulos e condições do 
meio em que a criança vive, como suporte emocional e cuidados 
de higiene e alimentação. 
O artigo 227 da Constituição Federal brasileira estabelece que é 
dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança o 
direito à vida, à saúde e à alimentação. 
O Brasil ratificou em 1990, a partir do Decreto nº 99.710, de 
1990, o compromisso presente na Convenção sobre os Direitos 
das Crianças das Nações Unidas. Em linhas gerais, o decreto 
estabeleceu a proteção integral aos direitos da criança. 
E, por meio da Lei nº 8.069, de 1990, foi instituído o Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA), um grande avanço no tocante à 
proteção integral à criança e ao adolescente no país. Em 2015, 
foi publicada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da 
Criança (PNAISC), que é resultado de um processo de construção 
participativa, liderado pelo Ministério da Saúde, com envolvimento 
de instituições, especialistas e consultores de Saúde da Criança. 
O objetivo da PNAISC é promover e proteger a saúde da criança 
e o aleitamento materno, mediante atenção e cuidados integrais e 
integrados, da gestação aos 9 anos de vida, com especial atenção 
à primeira infância e às populações de maior vulnerabilidade, 
visando a redução da morbimortalidade e um ambiente facilitador 
à vida com condições dignas de existência e pleno 
desenvolvimento. 
Em 8 de março de 2016, por meio da Lei nº 13.257, o Brasil 
instituiu o Marco Legal da Primeira Infância, como resultado de 
um amplo processo participativo para formulação e 
implementação de políticas públicas para a primeira infância. 
 
A nutrição infantil destaca-se como um dos domínios 
fundamentais para assegurar o pleno desenvolvimento das 
crianças. O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento 
infantil, realizado por profissionais da saúde, é um direito de 
todas as crianças brasileiras presente no ECA. 
Envolve múltiplos aspectos: além da avaliação do estado 
nutricional, deve-se observar os marcos do desenvolvimento 
infantil relacionados às habilidades de cada criança e suas 
interações com pessoas e objetos, que indicam muito sobre seu 
processo de aprendizagem, desenvolvimento cognitivo e 
emocional. 
Por isso, o profissional da saúde precisa estar atento a possíveis 
sinais de atraso no desenvolvimento (como sustentar a cabeça, 
engatinhar, andar, dificuldades na linguagem e na aprendizagem). 
Quanto mais cedo o atraso no desenvolvimento for identificado e 
tratado com atenção e estímulos adequados, melhor será o 
resultado. 
A Caderneta da Criança do Ministério da Saúde é um instrumento 
de coordenação do cuidado que possui informações para o 
acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento da 
criança, pois nela constam os marcos de desenvolvimento 
neuropsicomotor, afetivo e cognitivo/linguagem. 
O aleitamento materno é a estratégia que, isoladamente, mais 
impacta na redução da mortalidade infantil por causas evitáveis. O 
leite materno fornece uma nutrição adequada, ajuda a 
desenvolver a imunidade infantil e contribui na saúde física e 
emocional da criança. 
As mais recentes recomendações da OMS, do Unicef e do MS do 
Brasil reiteram que o aleitamento materno deve ser iniciado na 
primeira hora de vida do bebê e mantido até os 2 anos de idade 
ou mais, sendo exclusivo (sem a oferta de qualquer outro líquido 
ou alimento) até os 6 meses de vida. 
 
Por meio da amamentação, a criança entra em contato com a 
mãe, favorecendo o vínculo afetivo e estímulos dos sentidos 
como visão, olfato, paladar e tato. Além desses aspectos, o leite 
materno contribui para a economia da família. 
As repercussões do aleitamento materno a longo prazo mostram 
ainda que crianças amamentadas por mais tempo estudaram 
mais, tiveram melhor desempenho em testes de inteligência e 
conquistaram melhores salários na vida adulta. Portanto, a 
amamentação das crianças, nos primeiros anos, tem impacto não 
somente na nutrição e saúde, mas também influencia fortemente 
o desenvolvimento humano. 
Por fim, amamentar faz bem a toda sociedade e à natureza 
porque crianças amamentadas são mais saudáveis – a 
amamentação não impacta nos recursos naturais, dispensa a 
produção de plásticos e demais resíduos sólidos. 
Por todos esses benefícios citados, amamentar não deve ser 
considerado um ato solitário, mas sim um bem social que deve ser 
apoiado e estimulado por todos da família e da comunidade 
(empregadores, estabelecimentos e profissionais de ensino e 
saúde, meios de transporte público, espaços públicos, entre 
outros). 
O ECA garante a proteção à amamentação, determinando que o 
poder público, as instituições e os empregadores devem propiciar 
condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive para as 
crianças filhas de mães privadas de liberdade. Mulheres e suas 
famílias devem receber a informação e o apoio necessários para 
que a amamentação aconteça de forma agradável e prazerosa, 
além de orientação sobre o manejo adequado de problemas, caso 
surjam. 
Entende-se por alimentação complementar quaisquer alimentos 
nutritivos sólidos ou líquidos oferecidos à criança em adição ao 
leite materno, devendo ser iniciada aos seis meses de vida. A 
alimentação e nutrição adequadas são essenciais para o 
crescimento e desenvolvimento das crianças. 
A partir de seis meses, além do leite materno, novos alimentos 
saudáveis devem ser oferecidos às crianças e terão papel 
importante na formação dos hábitos alimentares para toda a 
vida, e, além disso, esses alimentos irão fornecer nutrientes que 
desempenham um papel importante na formação dos tecidos e 
sistemas corporais. O Direito Humano à Alimentação Adequada 
(DHAA) é um direito humano básico, garantido pela Constituição 
Brasileira. 
O DHAA pressupõe que todas as pessoas deveriam ter acesso a 
alimentos seguros e saudáveis, em quantidade e qualidade 
suficientes, de forma permanente e regular, ficando, assim, 
livres da fome e bem nutridas. 
Além disso, um estudo avaliou práticas alimentares de crianças 
brasileiras e os fatores associados à qualidade e à diversidade da 
dieta e identificou que iniquidades sociais e situações de 
vulnerabilidade social estão relacionados a menores chances de 
uma alimentação diversificada. 
A desigualdade social é sem dúvidas um fator decisivo para que 
muitas famílias não consigam ter alimentos suficientes para suas 
necessidades básicas (na variedade, quantidade e qualidade 
necessárias). Em outros casos, a influência de campanhas 
publicitárias para compra de alimentos não saudáveis também 
interfere na qualidade da alimentação dos indivíduos. 
A introdução de alimentos seguros do ponto de vista nutricional e 
sanitário, em época oportuna e de forma adequada, previne 
carências nutricionais e tem grande impacto na morbimortalidade 
infantil. 
Em condições de baixo acesso a alimentos saudáveis, ocorrem 
diferentes formas de deficiências nutricionais: desnutrição, 
excesso de peso e carências específicas de micronutrientes 
como ferro, zinco e vitamina A, que podem impactar de maneira 
negativa o desenvolvimento da criança, com repercussões para 
toda a vida. 
 
 
A alimentação complementarsaudável também contribui para a 
prevenção do sobrepeso e da obesidade infantil, considerados 
pela OMS como uma epidemia mundial com forte associação com 
o consumo alimentar e com o nível de atividade física dos 
indivíduos. 
As crianças com obesidade têm a saúde comprometida e correm 
sérios riscos de desenvolver doenças nas articulações e nos 
ossos, diabetes, hipertensão, problemas cardíacos e câncer na 
vida adulta, além de problemas emocionais, que impactam a saúde 
mental das crianças e suas relações interpessoais. 
É fundamental compreender que a obesidade infantil não é uma 
questão do indivíduo e suas escolhas, mas sim resultado da 
influência do ambiente econômico, cultural, político e social. Assim, 
é possível assumir que o enfrentamento parte do planejamento 
de propostas de intervenções que contribuam com o seu 
controle e redução. 
A conscientização dos profissionais sobre a importância do 
cuidado à criança com foco na alimentação saudável e prevenção 
de complicações no seu desenvolvimento futuro deve ser uma 
prioridade de todos. 
Unidade 2: Um panorama sobre a situação do aleitamento 
materno e da alimentação complementar no brasil. 
As pesquisas de abrangência nacional realizadas no Brasil desde a 
década de 1970 têm mostrado grandes avanços na prática da 
amamentação. Os dados do Estudo Nacional de Alimentação e 
Nutrição Infantil (ENANI) mostram que houve melhora nos 
indicadores de aleitamento materno no Brasil no período de 1986 
a 2019. 
Os dados apresentados, de pesquisas e inquéritos nacionais, 
mostram que ainda precisamos avançar nas taxas de aleitamento 
materno e que o consumo de alimentos não recomendados 
acontece cada vez mais precocemente. Esse padrão de consumo 
alimentar está associado à formação de hábitos alimentares 
inadequados que, por sua vez, relacionam-se ao desenvolvimento 
de diferentes formas de má nutrição, incluindo a desnutrição, o 
excesso de peso e as carências nutricionais. 
As causas do excesso de peso na infância estão relacionadas ao 
conjunto de fatores caracterizado por um consumo excessivo de 
alimentos com altos teores de açúcar, gordura e sódio, e pelo 
sedentarismo, influenciados pelo ambiente, pela mídia e publicidade 
de alimentos não saudáveis. 
Em relação às carências de micronutrientes, destaca-se a 
deficiência de ferro. Uma revisão sistemática identificou que há 
uma alta prevalência (> 40%) de anemia em estudos de base 
populacional, indicando que é um problema de alta relevância na 
população brasileira. 
Segundo dados do SISVAN, de 2019, com relação ao estado 
nutricional de um total de 1.487.057 crianças menores de 2 anos 
acompanhadas na APS, 9,74% apresentaram sobrepeso e 7,6% 
obesidade. 
O processo de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) 
corresponde a um conjunto de ações para a descrição contínua 
das condições de alimentação e nutrição de uma população. No 
Brasil, essa vigilância é realizada por meio de inquéritos e 
pesquisas populacionais e pelos profissionais de saúde na atenção 
primária considerando indivíduos de qualquer fase do curso da 
vida atendidos pelo SUS. 
Para isso, profissionais e gestores da saúde contam com o 
SISVAN como ferramenta de gestão das informações de VAN na 
APS para o planejamento e a organização da atenção nutricional 
no SUS. O aperfeiçoamento do SISVAN é uma das diretrizes 
presentes no Decreto nº 408, de 2008, do Conselho Nacional de 
Saúde, como uma das estratégias para a prevenção de todas as 
formas da má nutrição. O SISVAN consolida as informações sobre 
estado nutricional e marcadores de consumo alimentar dos 
brasileiros acompanhados na APS e oferece o diagnóstico 
descritivo e analítico da situação alimentar e nutricional da 
população. 
A partir do diagnóstico alimentar e nutricional individual ou coletivo 
de um território, profissionais e gestores são capazes de 
organizar ações: 
- Ações de promoção da alimentação adequada e saudável; de 
prevenção de agravos relacionados à má alimentação e atenção 
precoce e oportuna aos casos de carências nutricionais 
específicas. 
O SISVAN reúne informações sobre o registro de dados 
antropométricos e de marcadores de consumo alimentar de 
diferentes sistemas de informação, dentre os quais o registro 
realizado pelo próprio SISVAN, pelo Sistema de Informação em 
Saúde para a Atenção Básica (SISAB) e Sistema do Programa 
Bolsa Família (PBF) na Saúde. 
O e-SUS Atenção Primária (e-SUS APS) é uma estratégia do 
Departamento de Saúde da Família para reestruturar as 
informações da APS em nível nacional e se constitui no Sistema 
de Informação da Atenção Primária vigente. 
No e-SUS APS é possível registrar os dados antropométricos e 
de marcadores de consumo alimentar, porém não é possível a 
geração de relatórios, apenas disponíveis no site do SISVAN. O 
registro de dados antropométricos também pode ser realizado 
pelo Sistema do PBF na Saúde a partir do acompanhamento de 
vigilância nutricional de crianças menores de 7 anos, gestantes e 
mulheres beneficiárias ou atendidas pelo programa. 
No SISVAN, é possível obter 2 tipos de relatórios públicos: 
Relatórios de Produção e Consolidados. Esses relatórios podem 
ser gerados com abrangência nacional, regional, estadual, 
municipal e por estabelecimento de saúde. 
É importante salientar que é a partir da coleta e do registro dos 
marcadores de consumo alimentar que os profissionais da 
atenção primária poderão obter informações sobre as práticas 
de aleitamento materno e de alimentação complementar das 
crianças do seu território, permitindo o monitoramento desses 
indicadores, contribuindo para o planejamento de ações e a 
organização dos cuidados adequados à realidade local. 
Indicadores para a avaliação do consumo alimentar de crianças 
menores de 2 anos: aleitamento materno exclusivo de 0-6 
meses; aleitamento materno continuado (6-24 meses); 
diversidade alimentar mínima; frequência mínima e consistência 
adequada; consumo de alimentos fonte de ferro; consumo de 
alimentos fonte de vitamina A; consumo de alimentos 
ultraprocessados; consumo de hambúrgueres e/ou embutidos; 
consumo de macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote; 
consumo de bebidas adoçadas; e consumo de biscoitos recheados, 
doces e guloseimas. 
 
A partir do registro dos dados de marcadores de consumo 
alimentar e dos dados antropométricos, a utilização do SISVAN 
torna-se fundamental para o monitoramento dos indicadores de 
alimentação e do estado nutricional das crianças menores de 2 
anos. Assim, é possível conhecer o perfil alimentar, nutricional e 
epidemiológico do seu local de atuação, incluindo os principais 
agravos e fatores de risco ou proteção à saúde relacionados à 
alimentação e nutrição, e planejar ações na APS. 
Unidade 3: O que influencia as práticas de aleitamento materno 
e alimentação complementar. 
A alimentação da criança é um processo multifatorial, 
socioculturalmente determinado. Portanto, compreender o 
processo da amamentação e alimentação complementar saudável 
no contexto sociocultural da família pode ser bastante desafiador 
e complexo para o profissional da saúde. 
 
Muitas são as influências vividas pela mulher, pela criança e pela 
família que interferem nas decisões de amamentação e 
alimentação. Para que ocorram boas práticas de alimentação nos 
primeiros anos de vida, o apoio da rede familiar e social é 
primordial. Reconhecer as necessidades da mulher que amamenta 
e as de sua família é uma forma de potencializar a vivência 
empoderada da amamentação e da alimentação complementar 
saudável. 
Identificar quais são os fatores que influenciam as práticas de 
amamentação e de alimentação complementar saudável é 
importante para que você, profissional da saúde, em trabalho 
integrado com equipe multidisciplinar/interdisciplinar, possa 
considerá-los, ampliando assim sua visão sobre o processo do 
aleitamento materno e da alimentação complementar ecompreender que esse é um processo complexo e 
multideterminado. 
Assim, é possível fornecer apoio mais efetivo às mulheres e 
famílias com bebês na primeira infância. Para que possamos 
demonstrar estes fatores, vamos inicialmente classificá-los em 
cinco dimensões: biológico/psicológico, cultural, social, processo de 
trabalho e abordagem. Essa classificação tem a finalidade de 
colaborar no raciocínio da influência de cada dimensão, embora 
todas essas dimensões estejam interligadas e exerçam 
influências entre si. 
Unidade 4: A proteção legal da amamentação e da alimentação 
infantil. 
A questão é que essa publicidade influencia no desmame precoce 
e no consumo de alimentos prejudiciais à saúde das crianças. Essa 
influência ocorre tanto com foco nas mães e famílias desde a 
gestação até o pós-parto, com produtos substitutos do leite 
materno, quanto voltado ao público infantil e também sobre 
profissionais da saúde que atendem crianças pequenas. 
Para coibir práticas publicitárias abusivas, o Código de Defesa do 
Consumidor (CDC) considera ilegal qualquer tipo de publicidade de 
produto ou serviço voltada ao público infantil, em qualquer meio de 
comunicação ou espaço de convivência da criança. 
Neste sentido, as leis n° 8.985, de 2012, e nº 12.529, de 2011, 
tornam proibida a comercialização de alimentos que acompanhem 
brinde ou brinquedo, por entenderem que é uma estratégia de 
marketing voltada ao público infantil, bem como a venda casada. 
Alinhando ao Código de Defesa do Consumidor, a Resolução nº 
163, de 2014, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do 
Adolescente (Conanda) acrescenta o conceito de abusividade 
como toda forma de publicidade dirigida diretamente ao público 
infantil com o intuito de incentivar o consumo de produtos e 
serviços. 
 Política Nacional de Alimentação e Nutrição. 
 Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança 
(cuidado desde a gestação até 9 anos de idade). 
 Marco Legal da Primeira Infância (desenvolvimento 
integral da criança até os 6 anos e amplia licença 
paternidade para 20 dias). 
 Licença maternidade/paternidade e pausas para 
amamentação: 120 dias para a mulher registrado pela CLT, 
e direito de 2 períodos de 30min de pausa para 
amamentação até 6 meses da criança. 
 Proteção à mulher estudante. 
 Sala de apoio à amamentação. 
 Filhos de mães submetidas à medida privativa de liberdade 
(lei 11.942 de 2009): direito a berçário até 6 meses. 
 Direito à creche (estabelecimento com mais de 30 
mulheres maiores de 16 anos deve conter local com 
assistência à criança). 
 Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE): rede 
pública. 
 Mulheres infectadas pelo HIV: portaria do SUS número 6, 
de 28/09/2017, garante recebimento de fórmula infantil 
(devido contraindicação do leite materno). 
A NBCAL é regulamentada pela Lei nº 11.265, de 2006, e pelo 
Decreto nº 9.579, de 2018. É um instrumento constitucional 
contra a interferência da publicidade infantil nas práticas de 
alimentação. 
A NBCAL surge em 1988 (revisada em 1992 e 2002), inspirada 
no “Código Internacional de Comercialização de Substitutos do 
Leite Materno”, de 1981, que prevê medidas para coibir práticas 
de publicidade que possam interferir na prática da amamentação 
e introdução de alimentos complementares. 
As estratégias regulamentadas pela NBCAL visam promover, 
proteger e apoiar o aleitamento materno, para garantir a saúde 
infantil. 
A International Baby Food Action Network (IBFAN) Brasil é uma 
organização não governamental que faz parte de uma rede 
internacional (a Rede Internacional em Defesa do Direito de 
Amamentar) formada por mais de 270 grupos de ativistas 
espalhados por 168 países e que atua há 40 anos para a 
melhoria da nutrição e saúde infantis e monitoramento do Código 
Internacional. 
Unidade 5: técnicas de aconselhamento. 
O aconselhamento é uma abordagem ou maneira de atuação do 
profissional, na qual se busca compreender a pessoa que está 
sendo atendida, oferecendo ajuda na tomada de decisões e 
fortalecendo sua autoconfiança. 
Evidências científicas comprovam que o aconselhamento é um 
instrumento efetivo em atendimentos de amamentação, sendo 
capaz de contribuir para a melhora dos indicadores de 
aleitamento materno. 
1) Comunicação não verbal útil: não apressar conversa, 
prestar atenção no paciente e evitar se distrair, remover 
barreiras físicas. 
2) Fazer perguntas abertas: estimulam a pessoa a 
fornecer mais informações (“como, o que, quando, onde, 
por quê?”). 
3) Usar respostas e gestos que demonstram interesse: 
acenar positivamente com a cabeça, sorrir. 
4) Devolver com as suas palavras o que a mulher diz: ao 
repetir você mostra que está ouvindo e estimula a falar 
mais. 
5) Usar a empatia: entender o que ela sente, do ponto de 
vista dela. 
6) Evitar palavras que soam julgamento: “errado, problema, 
certo”. 
 
A utilização do aconselhamento na rotina de trabalho da 
Estratégia Saúde da Família (ESF), como na visita domiciliar 
puerperal, por exemplo, é um importante mecanismo para 
detecção precoce de dificuldades iniciais na amamentação e 
fortalecimento do aleitamento materno. 
Nos atendimentos de mulheres com bebês na primeira infância, 
você pode perceber que muitas delas podem se sentir culpadas 
em relação a algumas situações com seus filhos pequenos, ou 
apresentarem falta de confiança em si mesmas. As pressões 
familiares e sociais podem levá-las a achar que não tem sido boa 
o suficiente. 
Como profissional da saúde, é importante reconhecer esses 
aspectos e usar as habilidades para aumentar a autoconfiança da 
mulher e dar apoio para ajudá-la a se sentir bem consigo mesma. 
Aceitar o que a pessoa pensa ou sente (depois oferecer a 
informação correta). 
Reconhecer e elogiar. 
Oferecer ajuda prática (ex: se a mãe está com sede, fome, 
cansada, posição confortável para segurar o bebê). 
Fornecer informações relevantes em linguagem adequada e 
simples (selecione informações prioritárias). 
Oferecer sugestões e não ordens. 
 
É importante evitar dizer o que a mulher deve fazer e, sim, 
ajudá-la a decidir por si mesma o que é melhor para ela e seu 
bebê. Isso aumenta a confiança materna e o vínculo com 
profissional. 
Unidade 6: Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 
2 anos. 
A nova edição do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras 
menores de 2 anos, lançada em 2019, traz recomendações 
atualizadas e baseadas em evidências cientificas sobre como 
alimentar a criança pequenas com objetivo de promover um 
crescimento e desenvolvimento saudável. Além disso, está 
alinhado ao Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado 
em 2014. 
Ele propõe que alimentos in natura e minimamente processados 
sejam a base da alimentação, limitando o consumo de 
processados e evitando ultraprocessados. Apresenta orientações 
para a composição das refeições tendo como base a valorização 
de preparações culinárias e a importância da dedicação de tempo 
à alimentação, local das refeições e companhia. 
Um aspecto fundamental para a alimentação é que indivíduos e 
famílias disponham de acesso a alimentos adequados e saudáveis 
e também de informação de qualidade para as suas escolhas 
alimentares, favorecendo a autonomia das famílias para consumir 
alimentos e preparações tradicionais ligadas ao seu repertório 
sociocultural e, assim, proporcionar o fortalecimento de sistemas 
alimentares sustentáveis. 
Os princípios do novo Guia Alimentar para Crianças Brasileiras 
menores de 2 anos são: 
a saúde da criança é prioridade absoluta e responsabilidade de 
todos; o ambiente familiar é espaço para a promoção da saúde; 
os primeiros anos de vida são importantes para a formação doshábitos alimentares; o acesso a alimentos adequados e saudáveis 
e a informação de qualidade fortalece a autonomia das famílias; a 
alimentação é uma prática social e cultural; adotar uma 
alimentação adequada e saudável para a criança é uma forma de 
fortalecer sistemas alimentares sustentáveis; e o estímulo à 
autonomia da criança contribui para o desenvolvimento de uma 
relação saudável com a alimentação. 
 
1. Amamentar até 2 anos ou mais, oferecendo somente o 
leite materno até 6 meses. 
2. Oferecer alimentos in natura ou minimamente 
processados, além do leite materno, a partir dos 6 
meses. 
3. Oferecer água própria para o consumo à criança em 
vez de sucos, refrigerantes e outras bebidas 
açucaradas. 
4. Oferecer a comida amassada quando a criança 
começar a comer outros alimentos além do leite 
materno. 
5. Não oferecer açúcar nem preparações ou produtos 
que contenham açúcar à criança até 2 anos de idade. 
6. Não oferecer alimentos ultraprocessados para a 
criança. 
7. Cozinhar a mesma comida para a criança e para a 
família. 
8. Zelar para que a hora da alimentação da criança seja 
um momento de experiências positivas, aprendizado e 
afeto junto da família. 
9. Prestar atenção aos sinais de fome e saciedade da 
criança e conversar com ela durante a refeição. 
10. Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação da 
criança e da família. 
11. Oferecer à criança alimentação adequada e saudável 
também fora de casa. 
12. Proteger a criança da publicidade de alimentos. 
Unidade 7: o bebê menor de 6 meses. 
O leite materno é o primeiro alimento, que além de proteger 
contra diversas doenças na infância (infecções como pneumonia 
e diarreias) ainda previne doenças futuras como asma, diabetes e 
obesidade. Também traz benefícios à saúde da mulher porque 
reduz a chance de desenvolvimento de câncer de mama, de 
ovário e de útero, além de diabetes. 
O aleitamento materno promove o vínculo afetivo, colabora na 
saúde mental da mulher e no seu potencial de autoconfiança nos 
cuidados com o bebê. Nos primeiros seis meses de vida 
recomenda-se que a criança receba somente o leite materno, 
sem qualquer outro líquido ou alimento. Com o nascimento do bebê, 
é comum surgirem dúvidas sobre a produção e suficiência do leite 
materno. 
Nos primeiros dias da amamentação, o leite materno é chamado 
de colostro, tem uma coloração bem amarelada característica, 
isto porque contém muitas proteínas e anticorpos que ajudam o 
recém-nascido na adaptação inicial à vida fora do útero. 
Após cerca de três a cinco dias pós-parto, acontece a 
apojadura, que é a transição do colostro para o leite “maduro”. 
Porém, a mulher pode experimentar outras modificações de 
coloração e aparência do leite ao longo da sua experiência de 
amamentação. Absolutamente normal, o leite materno é um fluido 
vivo e dinâmico, que se adapta constantemente para atender as 
necessidades do bebê. 
A produção de leite materno é proporcional à quantidade de 
vezes que a mama é esvaziada, logo, quanto mais vezes o bebê 
sugar o peito ou quanto mais a mulher retirar o seu leite, seja 
por extração manual ou com bomba, maior será a quantidade de 
leite materno. Ter uma experiência positiva de aleitamento 
materno depende substancialmente de duas ferramentas: 
informação e apoio. 
Como profissional da saúde, é importante iniciar a abordagem de 
promoção da amamentação durante o pré-natal, contemplando 
prioritariamente informações sobre superioridade da 
amamentação comparada a outras formas de alimentar o bebê, 
posições para amamentação e pega correta. 
As evidências mostram que ações de promoção do aleitamento 
materno mais efetivas na APS iniciam no pré-natal, 
preferencialmente com as atividades em grupo. No puerpério, as 
visitas domiciliares são fundamentais para a identificação de 
dificuldades e o acolhimento em tempo oportuno para evitar a 
interrupção do aleitamento materno. 
É importante respeitar a individualidade da mulher, principalmente 
durante o período pós-parto. As mulheres precisam de tempo, 
privacidade, apoio e autoconfiança para conseguirem ter êxito na 
amamentação. 
> Observação da mamada: A observação da mamada é 
fundamental para se identificar a necessidade de orientações e 
apoio à mulher. Inicialmente, sugere-se observar a posição da 
mãe e do bebê durante a mamada. 
Corpo do bebê se encontra bem próximo do da mãe, todo 
voltado para ela, barriga com barriga? 
Corpo e a cabeça do bebê estão alinhados (pescoço não 
torcido)? 
Braço inferior do bebê está posicionado de maneira que não 
fique entre o corpo do bebê e o corpo da mãe? 
A mãe segura a mama de maneira que a aréola fique livre? 
Pescoço do bebê está levemente estendido? 
Corpo do bebê está curvado sobre a mãe, com as nádegas 
firmemente apoiadas? 
Os dedos da mãe estão posicionados de forma a facilitar a 
pega? (Não se recomenda que os dedos da mãe sejam 
colocados em forma de tesoura, pois dessa maneira podem 
servir de obstáculo entre a boca do bebê e a aréola). 
A pega do bebê é fator decisivo para evitar as principais 
dificuldades na amamentação. 
 
 
Cada gestação é única, assim como cada bebê também é dotado 
de suas singularidades, o que faz com que amamentar seja um 
processo ímpar de aprendizagem para a mãe e para o bebê, 
mesmo para aquelas mulheres que já vivenciaram o processo de 
amamentar outras vezes. 
Para além de identificar aspectos sociais, biológicos e culturais 
que envolvem a amamentação e o puerpério, é fundamental que 
o profissional da saúde também conheça técnicas para alívio dos 
desconfortos causados por dificuldades comuns do aleitamento 
materno. 
Conheça algumas das dificuldades mais recorrentes e a forma de 
manejar adequadamente cada uma delas em: https://unasus-
quali.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/872186/mod_resource/conte
nt/14/build/static/media/info07.c24ad8b7.png. 
Existem também as situações em que algumas mulheres 
produzem um volume de leite maior do que seu bebê é capaz de 
consumir, nesses casos elas podem doar para um Banco de Leite 
Humano. A doadora precisa estar em bom estado de saúde e não 
usar medicamentos que interfiram na amamentação. 
O leite doado é processado e oferecido para bebês prematuros 
e/ou baixo peso internados nas Unidades Neonatais. Para saber 
como doar a mulher pode procurar o Banco de Leite Humano 
mais próximo ou ligar no Disque Saúde 136. 
Amamentação e uso de medicamentos e outras substâncias, do 
Ministério da Saúde: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/amamentacao_uso
_medicamentos_2ed.pdf. 
Oferecer qualquer outro alimento sólido ou líquido antes dos 6 
meses, além prejudicial ao bebê, é completamente desnecessário, 
devendo ser fortemente desaconselhado por profissionais da 
saúde. A prática da amamentação cruzada, ou seja, quando 
mulheres amamentam crianças que não são seus filhos, também 
não é recomendada. 
https://unasus-quali.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/872186/mod_resource/content/14/build/static/media/info07.c24ad8b7.png
https://unasus-quali.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/872186/mod_resource/content/14/build/static/media/info07.c24ad8b7.png
https://unasus-quali.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/872186/mod_resource/content/14/build/static/media/info07.c24ad8b7.png
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/amamentacao_uso_medicamentos_2ed.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/amamentacao_uso_medicamentos_2ed.pdf
Para essas crianças deve haver cuidado adicional na vigilância do 
crescimento e desenvolvimento. 
A qualquer momento é possível restabelecer a amamentação 
exclusiva, se este for o desejo da mãe, caso contrário, como 
profissional da saúde, cabe a você apoiar a mãe nas melhores 
escolhas para a alimentação da criança. Nos casos em que a 
amamentação não está sendo praticada, por impossibilidade ou 
opção da família, o primeiro substituto recomendado é a fórmula 
infantil para lactentes. 
Contudo,o que observamos pelos estudos nacionais, é o uso de 
leite de vaca. É importante lembrar que o leite de vaca integral 
não fornece todos os nutrientes que a criança precisa, contém 
proteínas que demoram mais para serem digeridas e possui 
quantidades insuficientes de vitaminas A, D e C. E para ser 
oferecido para menores de 4 meses, precisa ser diluído em 
água, isso porque os nutrientes presentes no leite de vaca 
sobrecarregam a função renal da criança além de ser 
potencialmente alergênico. 
> Lembrando que o leite de vaca deve ser utilizado somente em 
casos excepcionais, quando não há possibilidade de a criança 
receber o leite materno ou a fórmula infantil. É importante 
também que a criança, nessa situação, receba suplementação 
adequada de vitaminas e minerais. 
 
> Até 4 meses: adicionar 1 colher de chá de óleo para cada 
100ml da mistura do leite. Após 2 meses o leite integral líquido 
não deverá ser diluído e nem acrescido de óleo. 
Formula infantil: É um produto que resulta da modificação do leite 
de vaca, alterando a quantidade de proteínas, sódio, gorduras, 
açúcares, vitaminas e minerais para melhorar a tolerância pelo 
organismo ainda imaturo do bebê. 
Compostos lácteos: são classificados como produtos 
ultraprocessados, e, portanto, não são indicados para crianças 
menores de 2 anos e não substituem o leite materno. Esses 
compostos lácteos são produzidos com uma mistura de leite (no 
mínimo 51%) e outros ingredientes lácteos ou não lácteos e 
costumam conter açúcar e aditivos alimentares. Suas embalagens 
e rótulos são parecidos com os das fórmulas infantis à base de 
leite de vaca, por isso as famílias devem ser alertadas quanto a 
isso. 
As crianças que recebem fórmula infantil à base de leite de vaca 
poderão iniciar a alimentação complementar a partir dos 6 
meses. Devido à carência de nutrientes do leite de vaca 
modificado, as crianças que recebem esse tipo de leite devem 
iniciar a introdução da alimentação complementar saudável a 
partir dos 4 meses com orientação do profissional da saúde. 
 
 
Quantidade aproximada do almoço e jantar entre 5 e 6 meses - 
2 a 3 colheres de sopa. Essas quantidades servem apenas como 
referência, e não devem ser tomadas com rigidez, uma vez que 
sinais de fome e saciedade da criança devem ser respeitados. 
Unidade 8: Crianças de 6 a 24 meses. 
É no período em que completa 6 meses que a maioria das 
crianças estarão prontas para iniciar a alimentação. Contudo, 
esse primeiro momento é de adaptação: a criança poderá 
recusar o alimento e chorar durante a alimentação. 
A família precisa ser informada de que é importante ter 
paciência, buscando que o momento da refeição seja uma 
experiência amorosa e positiva. Em muitas famílias, o período da 
introdução alimentar coincide com o momento do fim da licença 
maternidade e retorno ao trabalho. 
É importante que as mulheres sejam apoiadas para dar 
continuidade à amamentação até os 2 anos ou mais, mesmo com 
a introdução da alimentação complementar saudável. A mulher 
precisa ser orientada quanto à extração e ao armazenamento do 
leite materno e os cuidadores da criança precisam ser orientados 
sobre como ofertar o leite extraído para o bebê na ausência da 
mãe. Além disso, existem leis que apoiam a mulher trabalhadora 
que amamenta promovendo garantias que facilitam a continuidade 
da amamentação. 
A “Cartilha para a mulher trabalhadora que amamenta” do 
Ministério da Saúde oferece orientações de como manter a 
amamentação e oferecer o seu leite de forma segura, mesmo 
longe do bebê, além das legislações relacionadas à proteção da 
amamentação. 
O apoio da família, dos empregadores, do profissional de saúde e 
das instituições educacionais ou dos responsáveis que cuidam de 
bebês é fundamental para a continuidade do aleitamento. 
A introdução alimentar deve começar com três refeições por 
dia, podendo ser duas refeições de lanche (fruta) e uma de 
comida (almoço ou jantar), ou duas refeições de comida (almoço e 
jantar) e um lanche (fruta). Não é preciso fixar uma regra sobre 
qual refeição oferecer primeiro, mas sim ter a compreensão 
que, ao completar 7 meses, o bebê precisa estar recebendo 
habitualmente três refeições por dia. 
Desde os 6 meses a criança pode receber os mesmos alimentos 
que são preparados para a família, desde que saudáveis. A 
criança precisa comer alimentos de todos os grupos alimentares: 
feijões, carnes e ovos, legumes e verduras, tubérculos, cereais. 
No início da oferta de alimentos, a criança deve receber 
alimentos amassados com o garfo. Conforme a criança cresce e 
se desenvolve, a consistência da alimentação também vai ficando 
menos pastosa para se tornar cada vez mais parecida com a 
consistência da comida da família. 
Destaca-se que o uso do liquidificador, mixer ou peneiras deve 
ser evitado, isso porque a criança que recebe alimentos muito 
líquidos pode ter dificuldade em comer alimentos mais sólidos e 
também porque alimentos como sopas, sucos e caldos, por 
conterem mais água, fornecem menos energia que a criança 
necessitaria. Os alimentos devem ser colocados em pequenas 
quantidades no prato da criança. 
Inicie colocando com uma colher de sobremesa de um alimento de 
cada grupo, aproximadamente, podendo chegar a até três 
colheres de sopa somando o total da refeição no prato. Essa 
quantidade é apenas uma referência e não deve ser encarada 
como uma prescrição rígida. 
Outro ponto importante a ser considerado são os sinais de fome 
mais comuns como pegar ou apontar para a comida. Assim como 
os sinais de saciedade da criança, que são comer mais devagar, 
ficar com a comida parada na boca sem engolir, empurrar o 
alimento. 
 
 
 
 
 
 
O Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos 
recomenda não ofertar alimentos que contenham açúcar nos 2 
primeiros anos de vida, e nem alimentos ultraprocessados. 
Alimentos ultraprocessados não devem ser oferecidos, por 
serem nutricionalmente desbalanceados e por conterem muitos 
aditivos. 
Consumir alimentos ultraprocessados pode atrapalhar o apetite 
nas refeições seguintes. O consumo desses alimentos aumenta a 
chance de obesidade na infância e os riscos de doenças crônicas 
da infância até a vida adulta. O cuidado com a saúde dos bebês é 
uma tarefa de todas as pessoas que convivem com o bebê. 
> Ter uma organização no preparo das refeições auxilia na 
agilidade de todo o processo, como planejar as refeições com 
antecedência, adquirir alimentos que estão na época e que são 
naturais da região onde você vive. 
Outro ponto importante são os cuidados de higiene no preparo 
das refeições: utilizar água potável, lavar as mãos, limpar 
utensílios e superfícies e higienizar os alimentos. 
Unidade 9: Promovendo o aleitamento materno e alimentação 
complementar saudável na atenção primária à saúde. 
Para que haja melhora nos indicadores de alimentação e de 
nutrição das crianças brasileiras é fundamental que existam 
investimentos em ações que incentivem a promoção da 
alimentação saudável na atenção primária. 
Nos últimos anos, o MS tem lançado políticas e diretrizes para a 
implementação da promoção da alimentação adequada e saudável, 
das quais podemos citar a revisão da Política Nacional de 
Alimentação e Nutrição, a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil 
(EAAB), o Guia Alimentar para a População Brasileira, o Guia 
Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, entre 
outras. 
As equipes da APS possuem um papel central neste cenário, uma 
vez que são as responsáveis pelas ações educativas coletivas e 
pelo aconselhamento nas consultas individuais. Entretanto, para a 
efetividade das ações de promoção da saúde ainda é preciso 
transpor o obstáculo do reconhecimento das potencialidades 
existentes nos territórios para além dos desafios, que são 
inúmeros. 
Os profissionais da saúde podem incentivar e apoiar ambientes 
promotores de alimentaçãoadequada e saudável, proporcionando 
a interação entre saberes alimentares tradicionais e a produção 
de alimentos locais. 
A EAAB surge neste contexto. Instituída pela Portaria nº 1.920, 
de 5 de setembro de 2013, é uma ação conjunta da 
Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN/SAPS) e da 
Coordenação de Saúde da Criança e Aleitamento Materno 
(COCAM/SAPS), do MS, em parceria com as secretarias 
estaduais e municipais de saúde como resposta aos dados do 
cenário epidemiológico brasileiro. 
Por meio de atividades participativas, a EAAB realiza capacitação 
dos profissionais da saúde para a promoção do aleitamento 
materno e da alimentação complementar saudável como atividade 
de rotina das unidades de saúde da APS, incentivando a troca de 
experiências e a construção do conhecimento a partir da 
realidade local. 
Os tutores da EAAB são os profissionais responsáveis pelas 
oficinas de trabalho nas UBS. O seu papel é apoiar as UBS, por 
meio do acompanhamento e planejamento das ações de 
promoção, de proteção e de apoio ao aleitamento materno e à 
alimentação complementar saudável. Como apoiador da UBS, deve 
oferecer o auxílio necessário para o cumprimento dos critérios 
de certificação, bem como de outras demandas identificadas. 
A metodologia crítico-reflexiva é um dos pilares da EAAB: busca a 
transformação social por meio da mobilização das pessoas, que 
por meio de atividades participativas e lúdicas incentiva a troca 
de experiência, a criatividade e a construção da problematização 
da realidade local. Com isso, pretende-se que o tutor da 
estratégia utilize o enfoque problematizador para incorporar os 
princípios da aprendizagem significativa.

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