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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMERCA DE ______ Felisberto, já qualificado nos autos da ação penal em epígrafe, vem, por intermédio de seu advogado (a) infra-assinado, com escritório na Rua *******, nº ****, bairro ****, município de *******/**, com elucidação aos artigos 396 e 396-A, do Código de Processo Penal, oferecer RESPOSTA À ACUSAÇÃO I. DOS FATOS O requerente foi denunciado pela suposta pratica dos delitos de ameaça - art. 147, Código Penal - em concurso material com o delito de desacato – art. 331, Código Penal. Consoante à denúncia, teria o requerente encaminhando um e-mail de teor ofensivo ao perito que negou seu auxílio doença. Alega que o requerente fez uso de termos que configuram o crime de desacato, bem como, entendeu uma das frases referidas no e-mail caracteriza o crime de ameaça. A partir destes fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face do requerente. Outrossim, tais exposições se dispuseram em sede de inquérito, que como se sabe, é procedimento inquisitivo e proporciona flexibilização do contraditório não tolerando serem executados como incontestes os fatos relatados. Deste modo, por crer não estarem presentes os requisitos para eventual persecução criminal, vem a este Juízo postular e fundamentar conforme o que segue. II. DA FALTA DE JUSTA CAUSA PENAL E INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA No caso dos autos, inexiste materialidade suficiente a favorecer eventual ação penal, dado que as provas juntadas aos autos são oriundas do inquérito policial, não podendo fundamentar eventual sentença condenatória. Todavia, do e-mail juntado ao procedimento inquisitório não há como comprovar legítima e fidedigna a presumida ameaça, o que intrinsecamente prejudica a deflagração da denúncia criminal. Posto isto, por não existirem premissas mínimas para a denúncia, requer seja a denúncia desconsiderada, em conformidade com o artigo 395, III, do Código de Processo Penal. Nada obstante, no corrente cenário existem dúvidas latentes sobre a real existência de infração penal de ameaça ou desacato, visto que sequer houve dolo, assim como a ausência de provas que influi necessariamente que se proceda à absolvição do requerente, nos termos do artigo 386, VI e VIII, do Código de Processo Penal. III. DA ATIPICIDADE DA CONDUTA DESCRITA Como se sabe, o delito de ameaça, do artigo 147, do Código Penal, corresponde em ameaçar alguém de provocar-lhe mal injusto e grave, exigindo-se, como adaptação ao tipo legal, o real dolo do acusado e a probabilidade de a vítima estar realmente amedrontada. O requerente agiu emocionalmente sem qualquer objetivo de provocar na vítima temor apto de caracterizá-lo no dispositivo penal em comento, isto é, não ocorreu seriedade da ameaça capaz de gerar intimidação considerável para o Direito Penal. Observe que, para qualificar o crime de ameaça, esta deve ser verdadeira, idônea e severa, senão analisemos: O crime de ameaça constitui-se no compromisso executado pelo sujeito ativo de um mal injusto e grave feito a alguém, infringindo sua liberdade psíquica. (...) A ameaça para constituir o crime tem que ser idônea, séria e concreta, capaz de efetivamente impingir medo à vítima. (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, parte especial 2: dos crimes contra a pessoa. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 421.) Outrossim, não há que se falar em crime de desacato. Os acontecimentos não apresentam minimamente à descrição do tipo penal previsto no artigo 331 do Estatuto Repressivo. Em conclusão, mostra-se inexorável a absolvição do requerente, mais justamente em razão da ausência de singularidade penal no procedimento visualizado pela acusação, em conformidade com o artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal. IV. DA CONCLUSÃO Aguarda-se, o recebimento desta resposta à acusação, com base no artigo 81, caput, da Lei de Juizados Especiais, requer-se a REJEIÇÃO IMEDIATA da denúncia em virtude da atipicidade da conduta delitiva. Não sendo essa a compreensão, o que se refere apenas por alegar, reserva- se ao direito de resultar em maiores delongas seus argumentos defensivos nas considerações finais assegurando provar o arrazoado por todas as provas em direito processuais penais permitidas, beneficiando-se, especialmente, dos depoimentos das testemunhas arroladas. Consecutivamente, é de se ensejar, o veredicto direcionado a acolher os fundamentos da defesa, concluindo em decisão de mérito absolutório, conforme artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal. V. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: a) O arquivamento do processo, por falta de justa causa para o litígio; b) A absolvição sumária, nas disposições do artigo 397, do Código de Processo Penal; c) A absolvição nos termos do artigo 386, incisos III e VII, por falta de tipicidade e inexistência de provas; d) Requer-se a elaboração de provas por todos os métodos admitidos em direito e, adiante, seja expressa sentença absolutória consoante artigos 386, incisos III, VI e VII, do Código de Processo Penal; e) Acessoriamente, a aplicabilidade de penas restritivas de direito ou multa, das proporções despenalizadoras da Lei 9.099/95 e, não tornando-se o caso, seja aplicada a suspensão relativo do processo. f) Caso ocorra a condenação, seja determinado o regime aberto para cumprimento da pena. Nesses termos, pede-se deferimento. Município, dia ***, de ***** de 2021 Advogado (a) ********* OAB/** nº *****
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