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Uniformização da jurisprudência Apresentação O princípio da segurança jurídica está presente no ordenamento jurídico, uma vez que é garantido pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. No que condiz ao processo civil, esse princípio se apresenta de forma bastante evidente e relevante, sobretudo após o advento do Código de Processo Civil de 2015, o qual veio ao encontro da realidade processual nesse momento, tendo em vista que o código antigo vinha do ano de 1973. A uniformização da jurisprudência, que hoje é trazida de forma expressa pelo novo ordenamento de processo civil, traz concretude à obediência voltada ao princípio da segurança jurídica presente nos atos processuais. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar sobre a evolução normativa acerca da uniformização da jurisprudência, identificar o que é incidente de resolução de demandas repetitivas e conhecer a teoria dos precedentes judiciais e sua relação com a uniformização da jurisprudência. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Analisar a evolução normativa acerca da uniformização de jurisprudência.○• Explicar o que é incidente de resolução de demandas repetitivas.○• Reconhecer a teoria dos precedentes judiciais e sua relação com a uniformização da jurisprudência. ○• Desafio Você, advogado, é procurado por um cliente enfermo que pretende ajuizar ação contra o Estado, tendo em vista matéria veiculada na imprensa acerca da possibilidade de ilegalidade na cobrança de determinado imposto para pessoas portadoras daquela doença. Já há um recurso processual que tramita no Superior Tribunal de Justiça, considerando a questão de relevância social da matéria. Você protocola ação na comarca competente, e o juiz da comarca suspende o processo. Com base nas informações apresentadas, diga se a ação do juiz de primeiro grau está correta e identifique qual é o incidente apresentado na questão, com dispositivo legal. Infográfico No Infográfico a seguir, você terá uma visão sintetizada acerca da teoria dos precedentes e dos incidentes de uniformização de jurisprudência (IRDR – IAC). Conteúdo do livro O sistema jurídico brasileiro admite e trabalha em torno da aplicação das leis, princípios e normas na fundamentação dos julgados, sendo prioritariamente utilizado esse entendimento no ato decisório. Contudo, ao emitir uma decisão/julgamento, na aplicabilidade da norma ao fato concreto, o juiz perpassa por outros estudos que não somente os legais e, entre tais estudos, quais sejam os sociais e até mesmo através do seu livre convencimento, acaba por formar o seu entendimento, que poderá ser pioneiro naquele assunto ou ramo do direito. Nesse sentido, por meio da aplicabilidade da norma ao fato e do posicionamento dos juízes, acabamos observando muitos julgados sobre a mesma matéria de forma divergente, com interpretações que não são condizentes umas com as outras, de modo a desestabilizar o entendimento jurisprudencial. Assim, se faz necessário, em alguns casos, uniformizar a jurisprudência para que atenda à função jurídica a que se presta, garantindo a segurança jurídica na prestação jurisdicional. No capítulo Uniformização de jurisprudência, do livro Instituições do processo civil, você vai aprender sobre a evolução normativa da uniformização de jurisprudência, conhecerá o incidente de resolução de demandas repetitivas e a teoria dos precedentes judiciais, bem como sua relação com a uniformização da jurisprudência. INSTITUIÇÕES DO PROCESSO CIVIL Rochele Oliveira Revisão técnica: Miguel do Nascimento Costa Advogado Mestre em Direito Público Especialista em Processo Civil Graduado em Ciências Sociais e Jurídicas Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147 I59 Instituições do processo civil / Rafael Ribeiro Albuquerque Adrião... et al.; [revisão técnica: Miguel do Nascimento Costa]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018. 374 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-451-9 1. Direito processual civil. I. Adrião, Rafael Ribeiro Albuquerque. CDU 347.9 Uniformização da jurisprudência Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Analisar a evolução normativa acerca da uniformização de jurisprudência. � Explicar o que é incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR). � Reconhecer a teoria dos precedentes judiciais e sua relação com a uniformização da jurisprudência. Introdução O princípio da segurança jurídica está presente no ordenamento jurídico, estando garantido pela Constituição da Federal (CF) de 1988. No que condiz ao processo civil, esse princípio se apresenta de forma bastante evidente e relevante, sobretudo após o advento do Código de Processo Civil (CPC) de 2015, que veio ao encontro da realidade processual que se apresenta nesse momento, tendo em vista que o CPC antigo vinha do ano de 1973. A uniformização da jurisprudência, que hoje é trazida de forma ex- pressa pelo novo ordenamento de processo civil, traz concretude à obe- diência ao princípio da segurança jurídica presente nos atos processuais. Neste capítulo, você vai estudar sobre a evolução normativa acerca da uniformização da jurisprudência, identificar o que é IRDR e conhecer a teoria dos precedentes judiciais e sua relação com a uniformização da jurisprudência. Evolução normativa acerca da uniformização da jurisprudência O instituto de uniformização de jurisprudência, embora esteja previsto no novo ordenamento civil de forma mais clara, é uma prática processual já apli- cada há alguns anos para padronizar as decisões acerca de matérias idênticas dentre os mesmos julgadores/a mesma câmara, uma vez que é muito comum identificarmos muitas decisões divergentes em torno de situações com a mesma problemática. A uniformização de jurisprudência vinha, no CPC de 1973, prevista da seguinte forma: Art. 476. Compete a qualquer juiz, ao dar o voto na turma, câmara, ou grupo de câmaras, solicitar o pronunciamento prévio do tribunal acerca da inter- pretação do direito quando: I – verificar que, a seu respeito, ocorre divergência; II – no julgamento recorrido a interpretação for diversa da que lhe haja dado outra turma, câmara, grupo de câmaras ou câmaras cíveis reunidas. Parágrafo único. A parte poderá, ao arrazoar o recurso ou em petição avulsa, requerer, fundamentadamente, que o julgamento obedeça ao disposto neste artigo. Art. 477. Reconhecida a divergência, será lavrado o acórdão, indo os autos ao presidente do tribunal para designar a sessão de julgamento. A secretaria distribuirá a todos os juízes cópia do acórdão. Art. 478. O tribunal, reconhecendo a divergência, dará a interpretação a ser observada, cabendo a cada juiz emitir o seu voto em exposição fundamentada. Parágrafo único. Em qualquer caso, será ouvido o chefe do Ministério Público que funciona perante o tribunal. Art. 479. O julgamento, tomado pelo voto da maioria absoluta dos membros que integram o tribunal, será objeto de súmula e constituirá precedente na uniformização da jurisprudência. Parágrafo único. Os regimentos internos disporão sobre a publicação no órgão oficial das súmulas de jurisprudência predominante. (BRASIL, 1973, documento on-line) Assim se dava o procedimento para a uniformização da jurisprudência no antigo CPC. Ademais, tínhamos a primeira impressão de que somente o relator poderia provocar esse incidente, quando na realidade ele poderia ser provocado por qualquer das partes, conforme disposto, de forma breve, no parágrafo único do art. 476 do CPC de 1973 (BRASIL, 1973). Mesmo com algumas disposições acerca das decisões divergentes sobre o mesmo tema e da uniformização de jurisprudência necessária por conta disso, Uniformização da jurisprudência2 o CPC era um ordenamento muito antigo e, em que pese suas atualizações, deixava a desejar com relação a muitos temas, como o da uniformização, que foi exposto de forma bem mais clara edidática, adequando a norma à realidade processual vivida nos tribunais. Vejamos o art. 926 do CPC: “Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente” (BRASIL, 2015, documento on-line). Para Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2015. p. 871): [...] a segurança jurídica não é um fim em si mesmo: a interpretação judicial do direito deve ser segura (cognoscível, estável e confiável) a fim de que seja possível a cabal realização dos princípios da liberdade e da igualdade. Ainda, no art. 927 do mesmo Código, podemos observar que o legislador chama a atenção do juiz para que observe as decisões já proferidas e, em caso de alteração de tese jurídica, prevê a possibilidade de realização de audiência pública. Acesse o link ou código a seguir para ler na íntegra o art. 927 do CPC (BRASIL, 2015). https://goo.gl/6b0EbE Então, com o advento do CPC de 2015, podemos dizer que a uniformização de jurisprudência, por ser um instrumento muito utilizado no âmbito processual civil, ganhou um tratamento mais minucioso e dedicado do legislador. Incidente de resolução de demandas repetitivas O IRDR encontra amparo no CPC de 2015, como forma de uniformização de jurisprudência, uma vez que este institui e permite o IRDR quando se tratar 3Uniformização da jurisprudência de processos que versem sobre a mesma discussão de direito repetitivamente. Então, as demandas repetitivas são: [...] aquelas demandas idênticas, seriais, que, em grandes quantidades, são propostas perante o Judiciário. Diz-se que elas são idênticas por terem objeto e causa de pedir idênticas, ainda que mudem as partes. [...] Se trata de fenô- meno inconfundível com o da conexão. Nesta, duas ou mais demandas têm a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. [...] Não se pode, pois, confundir os conceitos de igual (que pressupõe a existência de dois ou mais entes que, comparados, se revelam idênticos) e de mesmo (que pressupõe a existência de um só ente, que se manifesta mais de uma vez). (CÂMARA, 2015, p. 477) Assim prevê o art. 976 do CPC: Art. 976. É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas quando houver, simultaneamente: I – efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito; II – risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica. (BRASIL, 2015, do- cumento on-line) Segundo Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2015, p. 976-977): Também se exige para o IRDR que a multiplicação, nas várias demandas, da mesma questão de direito gere risco à isonomia e à segurança jurídica. Exige-se risco a ambos os valores. Não se exige, porém, efetiva violação à isonomia ou à segurança jurídica, bastando o risco a que esses interesses sejam afetados por decisões diferentes a respeito da mesma questão de direito em processos distintos. Em regra, decisões diferentes sobre a mesma questão de direito ofendem a isonomia. Porém, isso não basta para admitir o incidente. Para o incidente, é necessário que esse tratamento anti-isonômico repercuta na segurança jurídica, ou seja, no grau de cognoscibilidade, estabilidade e confiança, para a população para as próprias estruturas judiciais, a respeito de como toda a situação será tratada pela Justiça Civil. É inevitável que eventualmente instado a pronunciar-se a respeito de uma mesma questão de direito em vários processos, inexistindo precedente a respeito do assunto, a Justiça Civil produza decisões diferentes. Enquanto isso não afeta a visão de inevitabilidade da resposta jurisdicional única para aquela específica questão de direito, essa divergência é tida como normal, sendo internalizada pelo sistema. Todavia, quando essas respostas diferentes importem em risco de que se perca a referência a respeito de qual é a orientação jurisdicional sobre determinada conduta (rectius, sobre a interpretação adequada para determinada questão de direito), aí se terá o risco à isonomia e à segurança jurídica, de que fala o art. 976, II, do CPC. Uniformização da jurisprudência4 Mais uma vez a segurança jurídica no processo civil ganha espaço e im- portância de forma expressa no novo ordenamento processual civil de 2015. Com o IRDR, é possível garantir a segurança jurídica dos processos e um julgamento paritário às ações de igual pretensão. Não há como atribuir julga- mentos diversos a causas que versem sobre a mesma controvérsia. Os incisos I e II do art. 976 do CPC formam os pressupostos do IRDR, sendo requisitos de admissibilidade para a instauração do incidente: Quando houver, simultaneamente: I – efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito; II – risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica. (BRASIL, 2015, documento on-line) Ainda com relação ao procedimento, é importante a leitura de outro artigo referente ao incidente: Art. 977. O pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente de tribunal: I – pelo juiz ou relator, por ofício; II – pelas partes, por petição; III – pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição. Parágrafo único. O ofício ou a petição será instruído com os documentos necessários à demonstração do preenchimento dos pressupostos para a ins- tauração do incidente. (BRASIL, 2015, documento on-line) Dessa forma, as partes legítimas para pedir a instauração do incidente são aquelas elencadas no art. 977 do CPC, em que o Ministério Público poderá fazê-lo sendo parte processual ou na atuação como fiscal da lei. Para Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2015, p. 976-977), “não há prazo específico para a instauração do incidente”. Art. 978. O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo regimento interno dentre aqueles responsáveis pela uniformização de jurisprudência do tribunal. 5Uniformização da jurisprudência Parágrafo único. O órgão colegiado incumbido de julgar o incidente e de fixar a tese jurídica julgará igualmente o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária de onde se originou o incidente. (BRASIL, 2015, documento on-line) Com a leitura do art. 978 do CPC percebemos que o IRDR tem origem no tribunal, por meio de recurso, remessa necessária ou processo de competência originária. Dessa forma, não há como dizer que um processo de primeiro grau originou o incidente. Esse estudo jurídico e processual, que se finalizará com a uniformização de jurisprudência, somente será realizado no âmbito dos tribunais: Art. 979. A instauração e o julgamento do incidente serão sucedidos da mais ampla e específica divulgação e publicidade, por meio de registro eletrônico no Conselho Nacional de Justiça. § 1º Os tribunais manterão banco eletrônico de dados atualizados com in- formações específicas sobre questões de direito submetidas ao incidente, comunicando-o imediatamente ao Conselho Nacional de Justiça para inclusão no cadastro. § 2º Para possibilitar a identificação dos processos abrangidos pela decisão do incidente, o registro eletrônico das teses jurídicas constantes do cadastro conterá, no mínimo, os fundamentos determinantes da decisão e os dispositivos normativos a ela relacionados. § 3º Aplica-se o disposto neste artigo ao julgamento de recursos repetitivos e da repercussão geral em recurso extraordinário. Art. 980. O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. (BRASIL, 2015, documento on-line) Além de todo o procedimento demandar uma atenção especial do tribunal, ainda observamos que há um limite temporal para julgamento, expresso no art. 980 do CPC, que será de um ano. Por meio do IRDR, o tribunal julgará um caso que servirá de precedente, ou seja, criará a orientação jurisprudencial para que todos os casos com pretensões de direitos homogêneos (mesmo que em ações individuais) sejam julgados da mesma forma. Nesse diapasão, até que o incidente seja julgado, todas as ações queforam ajuizadas sobre essa matéria incidental serão suspensas, de acordo com o art. 982 do CPC: Art. 982. Admitido o incidente, o relator: I – suspenderá os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitam no Estado ou na região, conforme o caso; Uniformização da jurisprudência6 II – poderá requisitar informações a órgãos em cujo juízo tramita processo no qual se discute o objeto do incidente, que as prestarão no prazo de 15 (quinze) dias; III – intimará o Ministério Público para, querendo, manifestar-se no prazo de 15 (quinze) dias. § 1º A suspensão será comunicada aos órgãos jurisdicionais competentes. § 2º Durante a suspensão, o pedido de tutela de urgência deverá ser dirigido ao juízo onde tramita o processo suspenso. § 3º Visando à garantia da segurança jurídica, qualquer legitimado mencio- nado no art. 977, incisos II e III, poderá requerer, ao tribunal competente para conhecer do recurso extraordinário ou especial, a suspensão de todos os processos individuais ou coletivos em curso no território nacional que versem sobre a questão objeto do incidente já instaurado. § 4º Independentemente dos limites da competência territorial, a parte no processo em curso no qual se discuta a mesma questão objeto do incidente é legitimada para requerer a providência prevista no § 3º deste artigo. § 5º Cessa a suspensão a que se refere o inciso I do caput deste artigo se não for interposto recurso especial ou recurso extraordinário contra a decisão proferida no incidente. (BRASIL, 2015, documento on-line) Então, os processos ajuizados com a intenção de resolver demandas que versem sobre casos repetitivos (buscam direitos homogêneos), em princípio, ficarão suspensos até que seja julgado o incidente e formada a orientação juris- prudencial acerca das demandas. Assim se realiza o julgamento do incidente: Art. 984. No julgamento do incidente, observar-se-á a seguinte ordem: I – o relator fará a exposição do objeto do incidente; II – poderão sustentar suas razões, sucessivamente: a) o autor e o réu do processo originário e o Ministério Público, pelo prazo de 30 (trinta) minutos; b) os demais interessados, no prazo de 30 (trinta) minutos, divididos entre todos, sendo exigida inscrição com 2 (dois) dias de antecedência. § 1º Considerando o número de inscritos, o prazo poderá ser ampliado. § 2º O conteúdo do acórdão abrangerá a análise de todos os fundamentos sus- citados concernentes à tese jurídica discutida, sejam favoráveis ou contrários. (BRASIL, 2015, documento on-line) Com relação ao acórdão, leciona Assis (2016, p. 361): A redação do acórdão, a cargo do redator, observará o modelo erigido no art. 489 para a sentença. Estrutura-se a peça, assim, através de três elementos diferentes: relatório, fundamentação e dispositivo. A bem da verdade, a ordem 7Uniformização da jurisprudência pode ser invertida, passando à frente o dispositivo. E, antes de qualquer um deles, encima do documento, a ementa (art. 943, § 1°). Art. 985. Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada: I – a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou região; II – aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que venham a tramitar no território de competência do tribunal, salvo revisão na forma do art. 986. § 1º Não observada a tese adotada no incidente, caberá reclamação. § 2º Se o incidente tiver por objeto questão relativa a prestação de serviço concedido, permitido ou autorizado, o resultado do julgamento será comuni- cado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora competente para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada. Art. 986. A revisão da tese jurídica firmada no incidente far-se-á pelo mesmo tribunal, de ofício ou mediante requerimento dos legitimados mencionados no art. 977, inciso III. (BRASIL, 2015, documento on-line) A revisão pode consistir na revogação do precedente, substituído por outro, e na sua modificação, mediante fundamentação adequada e específica, resguardando-se os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia (art. 927, § 4°) (ASSIS, 2016). Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou especial, conforme o caso. § 1º O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão constitucional eventualmente discutida. § 2º Apreciado o mérito do recurso, a tese jurídica adotada pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça será aplicada no terri- tório nacional a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito. (BRASIL, 2015, documento on-line) Então, nos termos do art. 987 do CPC, ainda existe a possibilidade de recurso do julgamento, o que acarretará na suspensão do processo e, após seu julgamento, conforme o § 2º, sua aplicação deverá ser obedecida em todo o território nacional em causas que versem sobre a mesma questão de direito de modo. Assim, seja pelo julgamento do IRDR no tribunal ou pelo julgamento de recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) ou no Superior Tribunal de Justiça (STJ), os processos de demandas repetitivas serão suspensos até a decisão da tese jurídica que será adotada, de modo a aplicar o entendimento jurisprudencial agora uniformizado em todos os casos com pretensões idênticas. Uniformização da jurisprudência8 Teoria dos precedentes judiciais e sua relação com a uniformização de jurisprudência A teoria dos precedentes judiciais e a sua compreensão dependem de um maior entendimento acerca do sistema jurídico brasileiro, para que enfim seja possível entender qual é a relação da teoria dos precedentes judiciais com a uniformização da jurisprudência. Sistema jurídico brasileiro A expressão sistema jurídico admite muitas interpretações, inclusive com relação a programas de administração de escritórios. Porém, no contexto processual, quando falamos em sistema jurídico, nos referimos à forma como se dará o entendimento e o processamento das demandas judiciais. Assim, temos duas escolas, que apresentam dois sistemas diferentes, a common law e a civil law. A escola civil law se refere ao modo como os países da América Latina e da Europa Continental aplicam o direito ao caso concreto. De outro lado, a escola common law se refere a como a Inglaterra e algumas de suas ex-colônias tratam a aplicação desse mesmo direito. Tanto a escola civil law quanto a common law, oriunda do sistema anglo- -saxão, adoram, de certa forma, os mecanismos dos precedentes como ferra- menta para fundamentação de casos concretos. A notória diferença entre esses dois sistemas diz respeito: � ao seu alicerce sobre a segurança jurídica – enquanto no sistema civil law a segurança refere-se, principalmente, às leis (e que se desenvolveu de forma intensa no período das codificações surgidas especialmente após a Revolução Francesa), no common law a segurança advém das decisões pretéritas do Poder Judiciário; � ao grau de intensidade em que se utiliza esse mecanismo e à vinculação que o precedente pode ocasionar em fatos futuros (SÁ, 2016). 9Uniformização da jurisprudência No sistema jurídico da common law, quando uma situação que nunca fora julgada antes é apresentada para a Corte, o juiz deverá procurar por fatos ou situações semelhantes ocorridas naquele tribunal. Em nada encontrando, reunirá a Corte, que decidirá com fundamento nos costumes e valores daquela sociedade, criando, assim, um precedente para situações futuras. Assim, na common law a fonte do direito são os costumes e os valores, enquanto que na civil law a fonte de direito são as leis. Nesse contexto, no Brasil, o sistema jurídico utilizado é o civil law, ou seja, baseado em leis e códigos, e não em precedentes e costumes. Porém nem sempre é possível aplicar a letrafria da lei e dar solução à situação fática. A aplicabilidade do código, da letra da lei, necessita de uma análise fática, mas ainda assim, por vezes, não alcança o objetivo maior da demanda, qual seja a justiça, pois, conforme a teoria tridimensional do Direito de 1968, de Reale (1994), o direito não é somente norma, mas é fato e valor. Com essa referência, entendemos que é importante muitas vezes o estudo e a criação do precedente, mesmo em um sistema jurídico baseado em leis, possibilitando, assim, a união de precedentes e a boa aplicação da lei, para fins de justiça e segurança processual. Os precedentes e a uniformização de jurisprudência Conforme Sá (2016), precedente não se confunde com jurisprudência. Juris- prudência é a aglutinação de uma série de julgados seguindo vetorialmente uma mesma direção reiterando o entendimento sobre determinada questão. Portanto, para que se configure “jurisprudência”, é necessário o consórcio de três fatores distintos: a existência de vários julgados; que sejam harmônicos entre si; e que tenham sido proferidos em determinado decurso de tempo (pois apenas a longevidade do posicionamento uniforme pode conferir “força persuasiva” à jurisprudência). É fácil confundir jurisprudência com precedente, em uma primeira aná- lise, mas a conceituação de Sá, referida anteriormente, não deixa dúvidas e esclarece a questão: simplificando, pode ser entendida a jurisprudência como um conglomerado de decisões, não sendo necessário um incidente para que venha a existir. Uniformização da jurisprudência10 Assim, precedente é uma decisão judicial extraída de um caso concreto em que o seu núcleo essencial (ratio) poderá ser diretriz de casos que discutam a mesma questão. O precedente reduz a margem de liberdade dos juízes quanto ao direito, já que os vincula a suas próprias decisões ou de outro órgão (de mesma ou superior hierarquia). Segundo Sá (2016, p. 923-924): Ele não incide sobre o texto e sim sobre a norma (já que ambos não se confun- dem). É sobre a norma (resultado de interpretação sobre o texto) que é objeto de precedente e, portanto, de estabilização. Os precedentes que estabelecem uma dada interpretação à norma jurídica conferem estabilidade jurídica e geram a confiabilidade da sociedade em dada interpretação sobre a norma. Neves (2016, p. 2351) explica que: [...] precedente é um julgamento que sirva como razão de decidir de outro julgamento proferido posteriormente. É natural, portanto, que um julgamento não nasça precedente, mas que se torne um precedente a partir do momento em que é utilizado posteriormente como razão de decidir em outro julgamento. Dessa forma, Tucci (2004, p. 12-13) explica o fundamento da teoria dos precedentes judiciais como sendo aquela que: [...] impõe aos juízes o dever funcional de seguir, nos casos sucessivos, os julgados já proferidos em situações idênticas. Não é suficiente que o órgão jurisdicional encarregado de proferir a decisão examine os precedentes como subsídio persuasivo relevante, a considerar no momento de construir a senten- ça. Estes precedentes, na verdade, são vinculantes, mesmo que exista apenas um único pronunciamento pertinente (precedent in point) de uma corte de hierarquia superior. Essa teoria se formou por meio da preocupação em adequar as decisões geradas da norma aplicada ao fato, aproximando o sistema jurídico brasileiro à estrutura da common law, embora nosso sistema (civil law) seja inalterável, pela própria estrutura constitucional. Dessa forma, o novo Código Civil (CC) veio ao encontro desse anseio e trouxe de forma expressa incidentes capazes de uniformizar a jurisprudência, criando os precedentes, sendo eles o já citado IRDR e o incidente de assunção de competência (IAC). O IRDR encontra previsão nos arts. 976 a 987 do CPC 11Uniformização da jurisprudência e versa sobre as demandas, ainda que processadas de forma individual, que pleiteiem direitos idênticos. Finalmente, o julgamento do recurso ou da causa precisa depender, no todo ou em parte, da questio juris socialmente relevante. Se o julgamento prescindir da adoção de tese jurídica, o incidente assumirá, no caso, função consultiva, não condizendo com a finalidade do instituto. Por exemplo: em determinado tribunal, controverte-se a ocorrência, ou não, da prescrição do fundo de direito, na demanda em que o servidor pleiteia vantagens pecuniárias; todavia, no caso sob julgamento, o órgão fracionário identifica a circunstância peculiar de a lei local excluir do círculo dos beneficiários a categoria profissional a que pertence o autor da demanda (ASSIS, 2016). O IAC está previsto no CPC: Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos. § 1º Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator proporá, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária julgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar. § 2º O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária se reconhecer interesse público na assunção de competência. § 3º O acórdão proferido em assunção de competência vinculará todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão de tese. § 4º Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante questão de direito a respeito da qual seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas do tribunal. (BRASIL, 2015, documento on-line) Em julgamento de relevante questão de direito, com grande repercussão social e sem múltipla repetição (art. 947 do CPC), poderá o relator do recurso, da remessa necessária ou do processo de competência originária propor a assunção de competência para julgá-lo por órgão colegiado que o regimento interno do tribunal indicar (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2015). Rejeitado o incidente, seja qual for o suscitante, nenhum outro julgador poderá renová-lo na sua vez de votar, e o motivo é simples: ou configurou-se a relevante questão de direito “de grande repercussão social”, e o incidente há de ser acolhido, ou inexistem as condições legalmente exigidas, e, nesse caso, cumpriria ao julgador abster-se de suscitá-lo (ASSIS, 2016). Uniformização da jurisprudência12 Portanto, se a demanda versar sobre assunto de grande repercussão e não houver repetição em múltiplos processos, ou seja, várias ações versando sobre a matéria, o instituto correto é o IAC; se a demanda versar sobre assunto de múltipla repetição processual, o instituto adequado será o IRDR. Assim se dá a formação de precedentes, diante da adoção da teoria dos precedentes oriunda da common law e adaptada ao nosso sistema jurídico, na busca pela jurisprudência estável e pela segurança jurídica no direito processual brasileiro. 1. Sobre a evolução histórica da uniformização de jurisprudência, aponte a opção correta. a) A uniformização de jurisprudência sempre foi valorizada de forma expressa pelo ordenamento civil. b) O CPC de 1973 não continha previsão legal sobre a uniformização de jurisprudência. c) De acordo com o CPC de 1973, somente o relator do processo poderia provocar o incidente de uniformização de jurisprudência. d) O CPC de 2015 confere mais relevância à uniformização de jurisprudência, trazendo uma previsão mais minuciosa e específica do que o CPC de 1973. e) O incidente de uniformização de jurisprudência não pode ser provocado pelo Ministério Público. 2. Sobre o IRDR, assinale a alternativa correta. a) Ocorre quando a demanda versar sobre assunto de grande repercussão e não houver repetição em múltiplos processos. b) Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou especial, conforme o caso. c)Não suspende os processos em curso com questões idênticas. d) Será julgado no prazo de 24 meses, prorrogável por igual período. e) Prescinde do princípio da publicidade. 3. Acerca dos incidentes previstos no CPC e da teoria dos precedentes, aponte a afirmação correta. a) O IAC é admissível quando envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social e sem repetição em múltiplos processos. b) A previsão desses incidentes vem ao encontro da teoria dos precedentes, originária da civil law e adotada pelo sistema jurídico brasileiro. c) A teoria dos precedentes não é utilizada no Brasil. d) O IRDR independe dos pressupostos previstos no art. 976 do CPC. 13Uniformização da jurisprudência e) O IAC e o IRDR são instrumentos pelos quais as leis serão formadas e aplicadas em novos processos. 4. Leia as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta. a) O pedido de instauração do incidente será dirigido ao relator. b) A uniformização de jurisprudência não faz coisa julgada. c) A teoria dos precedentes é oriunda da civil law e, portanto, é adotada no Brasil. d) Na common law, sistema jurídico adotado no Brasil, a fonte do direito será a lei, os princípios e as normas. e) Na civil law, sistema jurídico adotado no Brasil, a fonte do direito será a lei, os princípios e as normas. 5. Acerca uniformização de jurisprudência, assinale a alternativa correta. a) Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada apenas às partes interessadas no processo. b) A modificação de tese adotada em julgamento de casos repetitivos prescinde de fundamentação. c) Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. d) Haverá necessidade de pagamento de custas processuais no incidente de resolução de demandas repetitivas. e) A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos deverá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese. ASSIS, A. Manual dos recursos. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. BRASIL. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Dispo- nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5869impressao.htm>. Acesso em: 24 abr. 2018. BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 18 abr. 2018.<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105. htm>. Acesso em: 18 abr. 2018. CÂMARA, A. F. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015. MARINONI, L. G; ARENHART, S. C; MITIDIERO, D. Novo Código de Processo Civil comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. Uniformização da jurisprudência14 NEVES, D. A. A. Manual de processo civil. 8. ed. Salvador: Juspodivm, 2016. REALE, M. Teoria tridimensional do Direito: situação atual. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1994. SÁ, R. M. Manual de Direito Processual Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. TUCCI, J. R. C. Precedente judicial como fonte do Direito. São Paulo: Revista dos Tribu- nais, 2004. Leitura recomendada BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 24 abr. 2018. 15Uniformização da jurisprudência Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: Dica do professor O instituto de uniformização de jurisprudência, embora esteja previsto no novo ordenamento civil de forma mais clara, é uma prática processual já aplicada há alguns anos para padronizar as decisões acerca de matérias idênticas entre os mesmos julgadores/mesma câmara, uma vez que é comum identificarmos muitas decisões divergentes em torno de situações com igual problemática. No entanto, você sabe a diferença entre jurisprudência, súmula e precedente? Veja na Dica do Professor. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/6a966d6f07c8a9b3740d74677d53fda3 Exercícios 1) Sobre a evolução histórica da uniformização de jurisprudência, é correto afirmar que: A) a uniformização de jurisprudência sempre foi valorizada de forma expressa pelo ordenamento civil. B) o Código de Processo Civil de 1973 não continha previsão legal sobre a uniformização de jurisprudência. C) de acordo com o Código de Processo Civil de 1973, somente o relator do processo poderia provocar o incidente de uniformização de jurisprudência. D) o Código de Processo Civil confere mais relevância à uniformização de jurisprudência, trazendo previsão mais minuciosa e específica do que o Código de 1973. E) o incidente de uniformização de jurisprudência não pode ser provocado pelo Ministério Público. 2) Sobre o incidente de resolução de demandas repetitivas, assinale a opção que corresponde à assertiva correta. A) Ocorre quando a demanda versar sobre assunto de grande repercussão e não houver repetição em múltiplos processos. B) Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou especial conforme o caso. C) Não suspende os processos em curso com questões idênticas. D) Será julgado no prazo de 24 meses, prorrogável por igual período. E) Prescinde do princípio da publicidade. 3) Acerca dos incidentes previstos no Código de Processo Civil e a teoria dos precedentes, é correto afirmar que: A) o Incidente de Assunção de Competência é admissível quando envolver relevante questão de direito com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos. B) a previsão desses incidentes vem ao encontro da teoria dos precedentes, originária da Civil Law e adotada pelo sistema jurídico brasileiro. C) a teoria dos precedentes não é utilizada no Brasil. D) o IRDR (Incidente de Resolução das Demandas Repetitivas) independe dos pressupostos previstos no artigo 976 do Código de Processo Civil. E) o Incidente de Assunção de Competência e o Incidente de Resolução das Demandas Repetitivas são instrumentos pelos quais as leis serão formadas e aplicadas em novos processos. 4) Assinale a alternativa correta. A) O pedido de instauração do Incidente de Resolução das Demandas Repetitivas será dirigido pelo relator. B) A uniformização de jurisprudência não faz coisa julgada. C) A teoria dos precedentes é oriunda da Civil Law e, portanto, é adotada no Brasil. D) No Common Law, sistema jurídico adotado no Brasil, a fonte do direito será a lei, os princípios e as normas. E) No Civil Law, sistema jurídico adotado no Brasil, a fonte do direito será a lei, os princípios e as normas. 5) Acerca uniformização de jurisprudência, assinale a alternativa correta. A) Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada apenas às partes interessadas no processo. B) A modificação de tese adotada em julgamento de casos repetitivos prescinde de fundamentação. C) Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. D) Haverá necessidade de pagamento de custas processuais no Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas. E) A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos deverá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese. Na prática Na prática, a suspensão processual, após o recebimento de incidente de uniformização de jurisprudência, poderá demorar um pouco. Esse é o caso dos processos de desaposentação ajuizados contra o Instituto Nacional de Previdência Social, em que o segurado pleiteava se desaposentar para buscar a aposentadoria com valores mais vantajosos e aproveitamento de contribuiçõesmelhores. Tais ações ficaram suspensas até que o incidente de uniformização de jurisprudência, protocolado em 2012, fosse julgado em último grau (exauridos os recursos). Esse foi tema de repercussão geral, através do julgamento do Superior Tribunal de Justiça em recurso especial, que não conheceu o instituto da desaposentação em 2017. Assim, os processos que estavam suspensos, com partes diversas, sobre o mesmo tema, foram todos julgados pela improcedência do pedido de desaposentação, uma vez firmado o precedente pelo STJ. Veja a ementa (resumo) da decisão que instaurou o incidente e da que pôs fim, decidindo a matéria em fase de recurso. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Trabalhando com uma nova lógica: a ascensão dos precedentes no direito brasileiro Artigo sobre a ascensão e importância dos precedentes. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. O desafio de uniformizar a jurisprudência e o papel do Código de Processo Civil de 2015 – novos desafios Dica de leitura sobre uniformização de jurisprudência e o Novo CPC. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Jornal da Justiça – uniformização de jurisprudência Notícia sobre reclamação constitucional admitida contra decisão que negou pedido de uniformização de jurisprudência. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. https://www.conjur.com.br/dl/artigo-trabalhando-logica-ascensao.pdf http://www.tjrj.jus.br/documents/10136/1186838/O-desafio-de-uniformizar-a-jurispud%C3%AAncia-e-o-novo-cpc-via+final.pdf https://www.youtube.com/embed/M4wjIpT75Os
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