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SILVA, Silvana. A prática do amor como potência para a construção de uma nova sociedade. HOOKS, Bell. Tudo sobre o amor: Novas perspectivas. trad. BORGES, Stephanie. São Paulo: Elefante, 2021. O desafio da prática do amor é colocá-lo no centro da vida. Tendo o cinismo como maior barreira, intensificando as dúvidas e paralisia, Hooks faz a defesa da prática transformadora do amor, que acaba com o medo e traz a liberdade, “ela nos convoca a regressar ao amor”. Mas o desamor é a ordem do mundo contemporâneo, no qual a cultura atual valoriza o amor como fantasia ou mito, mas não faz o mesmo em relação à arte de amar, “amar dá trabalho, não é essa história perfeita e pronta dos contos de fadas”, e ao mudar a perspectiva do amor, este pode ser revolucionário. No qual o primeiro passo é mudar a ideia de que o amor é apenas um sentimento, e entender que ele também é uma ética de vida. Não está relacionado com fraqueza ou irracionalidade, como diz o senso comum. Pelo contrário, amor é potência pois é a possibilidade de rompermos o ciclo de perpetuação de dores e violências e construir uma “sociedade amorosa”. No livro “Tudo sobre o amor” Hooks relaciona sua teoria do amor com os principais problemas da sociedade, mostrando como o amor é uma força capaz de transformar todas as esferas da vida: a política, a religião, o local de trabalho, o ambiente doméstico e as relações íntimas. Bell Hooks aponta que o amor não está dado: ele é construção cotidiana, que só assumirá sentido na ação, sendo necessário encontrar o significado de amor e aprender a praticá-lo. Outro problema referente ao amor na sociedade contemporânea é a pulverização do seu significado, já que é usado para nomear tudo. A melhor definição de amor é aquela que nos faz pensar o amor como ação, pois ao pensá-lo assim, assumimos a responsabilidade de aprendê-lo enquanto tal. No qual o amor-próprio é a base da prática amorosa, ao dar amor para si prepara-se o interior para ter amor incondicional. E o amor-próprio que faz com que os esforços amorosos com as outras pessoas não falhem, o que é imprescindível pois viver a ética amorosa é escolher conectar com o outro. Outro ponto importante do pensamento de Hooks é de que “não existe amor sem justiça”, pois “onde há abuso, a prática amorosa fracassou”. Refletir sobre as próprias dores servem para escolhermos que os sofrimentos não deixe sequelas para a vida toda, pois temos a capacidade de renovar nosso espírito e nossa alma, mas é difícil conseguirmos sozinhos por isso “a cura é um ato de comunhão”, para isso precisamos conhecer a compaixão e nos envolver num processo de perdão para nos livrarmos de toda bagagem que carregamos e que impede a nossa cura. E também fazer as pazes com nós mesmos e com os outros é o presente que a compaixão e o perdão nos oferecem. Na teoria sobre o amor de hooks é visível as inspirações das igrejas cristãs negras do sul dos Estados Unidos e também da filosofia budista.
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