Prévia do material em texto
AULA 1 – DIREITO CIVIL TEMA: Parte Geral PROFESSORA MONITORA: Maria Eduarda Caraciolo (@eduardacaraciolo) Pessoa Física/Natural A pessoa física/natural é, de acordo com o código civil, o ente dotado de complexidade biopsicológica. Antigamente, dizia-se que a pessoa natural era o ente biologicamente criado, porém existem também métodos artificiais de criação, como por exemplo, a inseminação artificial, sendo assim, esse conceito parou de ser adotado. A Personalidade Jurídica é a aptidão para contrair deveres e titularizar direitos, ou seja, é o atributo para ser sujeito de direito. Todas as pessoas possuem personalidade jurídica, essa inicia-se a partir do nascimento com vida. Nascer com vida, para o código civil, significa respirar. Sendo assim, respirou adquiriu personalidade jurídica, ainda que venha a falecer minutos depois. O Nascituro é o ente concebido, mas não nascido. O código civil trata do nascituro no artigo 2º quando põe a salvo seus direitos desde a concepção. Ou seja, o nascituro tem direitos extrapatrimoniais, como por exemplo, direito à vida. Após o nascimento com vida é que vai obter a Personalidade Jurídica e poderá ter direitos patrimoniais. A Capacidade Civil é o limitador da Personalidade Jurídica. Ela pode ser: Capacidade Civil de Direito/Gozo ou Capacidade de Fato/Exercício/Atividade. ● Capacidade de Direito/Gozo: é uma derivação da personalidade jurídica, todos possuem. É a capacidade de adquirir direitos e deveres. ● Capacidade de Fato/Exercício/Atividade: nem todos possuem, é a capacidade para exercer por si só os atos da vida civil. Quem possui Capacidade de Direito/Gozo mais Capacidade de Fato/Exercício/Atividade, é considerado plenamente ou Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br absolutamentecapaz. Se nem todos possuem Capacidade de Fato/Exercício/Gozo, então existem pessoas incapazes. A incapacidade pode ser absoluta ou relativa. ● Incapacidade absoluta (Art. 3º C.C): os menores de 16 (dezesseis) anos - chamados de menor impúbere. ● Incapacidade relativa (Art. 4º C.C): ✔ I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; ✔ II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; ✔ III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, nãopuderem exprimir sua vontade; ✔ IV - os pródigos. ✔ A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Os Silvícolas são considerados absolutamente incapazes) Os absolutamente incapazes são representados e os relativamente incapazes são assistidos. A Emancipação é a antecipação da capacidade plena através da autorização dos representantes legais do menor, do juiz ou pela superveniência de fato a que a lei atribui força para tanto. Seguindo isso, a emancipação pode ser: Voluntária, Judicial ou Legal. ● Voluntária ocorre pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independente de homologação judicial, desde que o menor possua 16 anos completos. ● Judicial ocorre pela concessão do juiz, ao menor com 16 anos completos, a pedido do tutor ao tutelado, ou pelos pais quando há discordância entre eles. ● Legal ocorre automaticamente quando atinge-se uma das hipóteses elencadas no artigo 5º do C.C: ✔ pelo casamento; ✔ pelo exercício de emprego público efetivo; ✔ pela colação de grau em curso de ensino superior; ✔ pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br Direitos da Personalidade São direitos subjetivos, fundamentais, deferidos à pessoa, e objetivam garantir o exercício pleno da personalidade jurídica. Algumas de suas características estão previstas no Art. 11, vale lembrarque esse artigo é exemplificativo, ou seja, ele não prevê todas as características. Assim, pode-se dizer que os Direitos da Personalidade são: ➢ Intransmissíveis ➢ Irrenunciáveis ➢ Indisponíveis ➢ Absolutos (oponibilidade erga omnes) ➢ Imprescritíveis ➢ Vitalícios Em relação ao fato de serem vitalícios, isso quer dizer que eles duram enquanto a personalidade jurídica durar, ou seja, a vida inteira. É importante observar o Art. 12 do C.C que traz a lesão indireta. Essa ocorre quando a lesão, por exemplo, à honra do indivíduo ocorre após seu falecimento, e é possível requerer judicialmente que essa lesão pare. Quem pode requerer essa medida são os legitimados do Art. 12, ou seja: cônjuge, qualquer parente em linha reta ou colateral até o 4º grau. Os Direitos da Personalidade são classificados em 2 pilares: ● Pilar da Integridade Física: se divide em - tutela do corpo vivo;tutela do corpo morto e autonomia do paciente. - Tutela do corpo vivo (Art. 13 C.C): Ninguém pode dispor do próprio corpo sem que seja por exigência médica. É possível a doação de órgãos, contanto que o órgão seja duplo ou regenerável. -Tutela do corpo morto (Art. 14 C.C): É possível deixar, de forma gratuita, o corpo após a morte para fins de estudo, pesquisa ou transplante. -Autonomia do paciente (Art. 15 C.C): Ninguém pode ser obrigado a submeter-se a tratamento médico ou cirúrgico quepõem risco a vida. Se quiser se submeter, deve consentir expressamente. Em caso de, por algum motivo emergencial, não puder consentir, entende a maior parte da doutrina que o médico deve intervir para a sobrevivência do paciente. ● Pilar da Integridade Psíquica: se divide em – direito à Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br imagem;direito à privacidade; direito ao nome; entre outros. -Direito à imagem (Art. 20 C.C): a imagem é formada pelo retrato, atributo e voz. Todos esses elementos juntos compõem a imagem. Via de regra, só é possível a utilização da imagem por meio de consentimento, que pode ser expressoou tácito. Porém, existem casos em que é possível a utilização da imagem sem consentimento. São esses: ➢ Quando for necessária para a manutenção da ordem pública ou administração da justiça; ➢ Biografias não autorizadas; ➢ Imagem de pessoas públicas em locais públicos; ➢ Imagem de pessoas que estão junto com as pessoas públicas em locais públicos. A imagem de uma pessoa não pode ser utilizada para fins comerciais sem sua prévia autorização, sob pena de responder por dano moral puro. -Direito à vida privada (Art. 21 C.C): deve-se respeitar o direito ao isolamento de cada ser humano, quem não quer que alguns aspectos de sua vida cheguem ao conhecimento de terceiros. -Direito ao nome (Art. 16-19 C.C): composto pelo prenome + sobrenome. Ex: Maria Eduarda Caraciolo (Maria Eduarda é o meu prenome composto + Caraciolo que é o meu sobrenome).Agnome é um elemento acessório acrescido ao nome para evitar homonímias (nomes iguais). Ex: filho, neto, júnior... Não é possível a utilização do nome de forma que leve ao desprezo público, caso contrário, recairá a responsabilidade objetiva, ou seja, independente de culpa. Assim como na imagem, é necessária a autorização para a utilização do nome de forma comercial. O pseudônimo é a forma como a pessoa é socialmente conhecida e recebe a mesma proteção do nome. A Pessoa Jurídica tem personalidade jurídica, sendo assim, também terá direitos da personalidade no que couber. A súmula 227 doSTJ afirma que a pessoa jurídica pode sofrer danos morais. Negócio Jurídico É a manifestação de vontade humana objetivando criar, manter, modificar ou extinguir relações jurídicas. O código civil deixa claro que nos negócios jurídicos, a manifestação de vontade das partes émais Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br relevante do que sua forma. Para ser válido, é necessário que esteja de acordo com os requisitos trazidos no Art. 104 do C.C, são esses: ✔ Agente capaz; ✔ Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;✔ Forma prescrita ou não defesa em lei. Regra geral, a forma do negócio jurídico pode ser livre (instrumento público, particular, expresso, verbal), mas existem alguns casos em que vai ter que obedecer a forma prevista em lei (Art. 108 C.C), como por exemplo, negócios jurídicos que dizem respeito a imóvel com valor superior a 30 vezes o salário mínimo vão ter que ser por meio de escritura pública. ✔ Consentimento válido. Esse consentimento pode ser expresso, verbal ou por silêncio se estiver de acordo com o Art. 111 do C.C, ou seja, quando as circunstâncias permitem e não for necessário o consentimento expresso. Se o Negócio Jurídico não estiver de acordo com esses requisitos devalidade, será inválido. A invalidade pode ser absoluta ou relativa. ● Será absoluta nos casos dos Arts. 166 e 167 do C.C. ✔ for celebrado por pessoa absolutamente incapaz; ✔ for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; ✔ o motivo determinante, comum a ambas as partes, forilícito; ✔ não revestir a forma prescrita em lei; ✔ preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; ✔ tiver por objetivo fraudar lei imperativa; ✔ a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. ✔ É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o quese dissimulou, se válido for na substância e na forma. A invalidade absoluta faz com que o negócio jurídico seja nulo, isso porque atinge interesse público. Nesse caso, o juiz poderá reconhecer a invalidade de ofício e não há prazo para argui-la (imprescritível). A sentença que declara o negócio jurídico nulo tem efeitos ex-tunc, ou seja, retroagem e buscamcolocar as partes na situação que se encontravam antes da celebração do negócio. Vale ressaltar que o juiz pode reconhecer o vício de ofício, porém não pode supri-lo (ainda que por vontade das partes). ● Será relativa nos casos do Art. 171 do C.C. Aqui vai uma dica: Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br as invalidades relativas costumam ter maior incidência na prova do que as invalidades absolutas, sendo assim, para não terem que memorizar os dois, memorizem apenas as invalidades relativas e usem o critério lógico na hora da prova: se não forem os casos que vocês memorizaram (invalidade relativa), então será invalidade absoluta. E quais são esses casos de invalidade relativa? ✔ Negócio Jurídico celebrado por relativamente incapaz; ✔ Quando houver vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Nesses casos o negócio será anulável, isso porque atinge interesse privado. Poderá ser confirmado (ratificado) ou convertido em negócio jurídico válido. O juiz não poderá reconhecer a invalidade de ofício, só poderá ser arguida pelos interessados e há prazo decadencial para arguir. Esse prazo pode ser de 4 (regra geral) ou 2 anos (regra supletiva) de acordo com os artigos 178 e 179 do C.C. Os vícios ou defeitos do Negócio Jurídico, podem ser classificadoscomo vícios de consentimento ou vícios sociais. Os vícios de consentimento são aqueles internos ao negócio jurídico e estão relacionados à vontade das partes: ● Erro (Art. 138-144 C.C): É a falsa percepção de realidade. No erro, a pessoa se engana sozinha. Ninguém contribui para sua falsa percepção da realidade. Só irá anular o negócio jurídico se for essencial, ou seja, se o erro for a causa determinante para a prática do negócio. O erro acessório, que apenas influencia para acelebração do negócio, mas não é a causa principal, não gera efeito jurídico. Além disso, para ter a anulação, é necessário que oerro esteja também expresso como causa determinante. ● Dolo (Art. 145-150 C.C): Também é a falsa percepção da realidade, porém porque alguém inseriu a pessoa nela. Uma pessoa engana a outra e, por estar enganada, celebra o negócio jurídico. Para anular o negócio, é necessário que seja principal, porém, ao contrário do erro, o dolo acessório gera efeitos jurídicos e a pessoa que foi enganada poderá requerer perdas e danos contra aquela que a enganou. - O dolo pode ser omissivo quando uma das partes permanece em silêncio intencional em relação ao fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, provando-se que sem a omissão o negócio não se teria celebrado; Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br - O dolo pode ser de terceiro quando uma terceira pessoa, alheia as partes que irão celebrar o negócio jurídico, induz uma delas no erro. Se a parte que se beneficiou tinha conhecimento do dolo de terceiro, o negócio é anulável. Se não tinha conhecimento, então não é anulável, mas aquele que se prejudicou pode requerer perdas e danos contra quem praticou o dolo. - O dolo pode ser do representante pode gerar responsabilidade solidária do representado se a representação for convencional, cabendo ação regressiva contra o representante. Se for legal então o representado só responde na medida do lucro que obteve. - O dolo pode ser bilateral quando ambas as partes tentam enganar uma a outra. Nesse caso o negócio será válido porque ninguém pode se valer da própria torpeza. Coação Moral (Art.151-155 C.C): ameaça psicológica que faz com que a pessoa celebre negócio jurídico por estar com medo. Para ter sua configuração é necessário estarem presentes os seguintesrequisitos: ➢ A coação deve ser essencial; ➢ Deve ser grave; ➢ Injusta (ilícita, contrária ao direito, abusiva); ameaça do exercício normal do direito; ➢ Iminente ou Atual; ➢ A coação deve constituir ameaça de prejuízo a pessoa ou bens da vítima, ou a pessoas da sua família. ● Lesão (Art.157 C.C): para estar presente, é necessário que se tenha dois requisitos: ➢ Objetivo: manifesta desproporção entre parcelas; ➢ Subjetivo: premente necessidade ou falta de experiência. Pode-se tentar a revisão do negócio ou sua anulação. ● Estado de Perigo (Art. 156 C.C): a pessoa, premida da necessidade de salvar-se ou alguém de sua família, assume prestação excessivamente onerosa. A lesão e o estado de perigo são parecidas, mas não se confundem: quando a questão estiver falando de prejuízo ao patrimônio, estará se referindo a lesão; quando estiver falando de prejuízo a saúde/vida então estará se referindo ao estado de perigo. Esses foram os vícios de consentimento. Os vícios sociais são aqueles externos ao negócio jurídico e visam burlar a lei ou prejudicar terceiro: Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br ● Fraude contra credores (Art. 158-165): decorre da prática de atos de disposição patrimonial pelo devedor objetivando esvaziar o seu patrimônio e gerar insolvência em face dos seus credores. Para se configurar é preciso que estejam presentes os seguintes requisitos: ➢ Existência de um crédito; ➢ Uma ação prejudicial ao credor; ➢ Má-fé. Lembrando que a má-fé é presumida nos atos gratuitos, exemplo: doação. ● Diante da fraude, os credores poderão entrar com uma ação pauliana visando anular os atos praticados contra ele, o prazo para a respectiva ação é decadencial de 4 anos. ● Simulação (Art. 167 C.C): declaração enganosa de vontade, visando a produzir efeito diverso daquele indicado pelo negócio. O objetivo é prejudicar terceiros. Pode ser: absoluta ou relativa. ➢ Absoluta: objetivo de burlar as leis e lesar terceiros. A consequência é a anulação no negócio jurídico ➢ Relativa: é quando se pratica um negócio jurídico, mas na verdade queria-se praticar outro. Esse outro negócio que é a verdadeira intenção das partes, é chamado de negócio dissimulado. A consequência pode ser a nulidade ou anulação, depende caso a caso. Via de regra, se o negócio jurídico for válido, ele é eficaz. Porém, é possível existir elementos acessórios que limitam a eficácia do negócio jurídico. São eles: ● Condição (Art. 121-130 C.C): evento futuro e incerto. Pode ser lícita ou ilícita; suspensiva ou resolutiva.A condição lícita é aquela que está de acordo com o ordenamento jurídico; já a ilícita está contrária ao negócio jurídico e assim, será invalidado. Na condição suspensiva, para o negócio jurídico produzir efeitos, é necessário que ela aconteça, já a resolutiva quando ocorre, o negócio jurídico se encerra. ● Termo (Art. 131-135 C.C): evento futuro e certo. Pode ser a quo que é o dia ou momento em que o negócio começa ou ad quem que é quando o negócio termina. ● Encargo ou Modo (Art. 136-137 C.C): ônus imposto para que a pessoa usufrua de um bônus. Esse ônus pode ocorrer nas mais diversas modalidades obrigacionais. Reserva Mental: Ocorre quando uma das partes esconde a real intenção de não Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br cumprir com aquilo que foi pactuado. Isso não importa, vai ter que cumprir com o acordado se a outra parte não souber da real intenção. Porém, se souber a real intenção, esta será válida e não precisa cumprir com o negócio. Nos vemos na aula! Vou explicar tudo pra vocês e trazer muitos exemplos. Caso tenham qualquer dúvida ou dificuldade, podem entrar em contato comigo pelo instagram: (@eduardacaraciolo) Licensed to Thamires Pamela Macedo Moura - pamela.thamires@yahoo.com.br