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CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO III EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS BATURITÉ – CE 2020 CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO III EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Relatório de Estágio apresentado à disciplina Estágio Supervisionado Obrigatório da Faculdade do Maciço de Baturité, como requisito parcial obrigatório para a conclusão da disciplina de Estágio III - EJA do Curso de Pedagogia. Supervisor Acadêmico: Professor José Felício da Silva BATURITÉ – CE 2020 Minha gratidão a Deus primordialmente e a minha família por estarem ao meu lado, incentivando e acreditando na minha capacidade, não me deixando desistir jamais! SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................5 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................................7 2.1 O que é a EJA?.....................................................................................................................7 2.2 A história da EJA no Brasil..................................................................................................9 2.3 A EJA depois da LDB (Lei 9394/96)..................................................................................12 3 CONHECENDO O CAMPO DE ESTÁGIO.....................................................................15 3.1 Aspectos materiais, físicos e socioeconômicos da escola..................................................15 3.2 Corpo discente: expectativas e possibilidades de aprendizagem........................................17 3.3 Corpo docente: formação, planejamento, avaliação e concepções.....................................18 3.4 Direção e equipe técnica: organização das ações e seu projeto político pedagógico .........19 4 EXPERIÊNCIAS DOCENTES...........................................................................................21 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................23 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................25 7 ANEXOS ..............................................................................................................................26 5 1 INTRODUÇÃO A prática do Estágio Supervisionado é caracterizado como atividade indispensável na construçao de docentes nos cursos de licenciatura, é um desenvolvimento de aprendizagem essencial a um profissional que ansia realmente estar preparado para confrontar os desafios encontrados no decorrer da sua profissão e deve acontecer durante o curso de formação acadêmica. Acontece mediante um período de vivência em ambientes escolares, onde o profissional entra em contato com a realidade educacional nas instituiçoes de ensino, proporcionando o mesmo solidificar os conhecimentos teóricos obtidos no decorrer do curso e atempar a relação entre teoria e prática. O Estágio Supervisionado transfigura-se um elemento curricular que promove ao aprendiz a reflexão contextualizada, ofertando situações para que se transforme no fundador de sua própria prática. Um bom estágio deve proporcionar ao futuro professor capacidade de enfrentar e superar os desafios da profissão. É uma etapa considerável para sua ampliação profissional, pois um estágio bem executado, comprometido é garantia de sucesso em sala de aula, porém o estágio é apenas o ponto de partida, a busca pelo crescimento deve ser incessantemente. Para Tardif (2002), o estágio supervisionado constitui uma das etapas mais importantes na vida acadêmica dos alunos de licenciatura e, cumprindo as exigências da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), a partir do ano de 2006 se constitui numa proposta de estágio supervisionado com o objetivo de oportunizar ao aluno a observação, a pesquisa, o planejamento, a execução e a avaliação de diferentes atividades pedagógicas; uma aproximação da teoria acadêmica com a prática em sala de aula. Desse modo, o estágio supervisionado promove ao futuro profissional o dominio de ferramentas teóricas e práticas fundamentais no desepenho de suas funções. Averigua-se através dessa atividade beneficiar a prática e instigar o desenvolvimento, na área profissional dos conhecimentos práticos e teóricos obtidos no decorrer do curso nas instituições superiores de educação, assim como, auxiliar por meio de diversos locais de ensino, a ampliação do universo cultural dos universitários e futuros pedagogos. Outras finalidades previstas no estágio supervisionado são: desenvolver competências, hábitos e comportamentos referentes ao exercicio do magistério e produzir requisitos para que os estagiários atuem com mais confiança e visão crítica no local em que trabalha. Assim, nesse trabalho temos o objetivo de descrever nossas experiências, conhecimentos e práticas adquiridos durante o Estágio Supervisionado III, na modalidade de 6 ensino Educação de Jovens e Adultos (EJA), no curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade do Maciço do Baturité no estado do Ceará. Nesse ano de 2020 o Brasil está vivenciando momentos árduos com o aparecimento da pandemia da COVID-19 pelo novo coronavírus (SARS-COV-2) que se aprensentou como um dos maiores desafios sanitários em escala global deste século. O insuficiente conhecimento científico sobre o novo coronavírus, sua alta agilidade de disseminação e capacidade de acarretar mortes em cidadões desprotegidos, criaram incertezas acerca das quais seriam as mais sensatas estratégias a serem aplicadas para a defrontação da epidemia em diversas partes do mundo. Os desafios foram e são ainda enormes, por que pouco se sabe a respeito das características de propagação da COVID-19 na conjuntura de enorme desequilíbrio social, com cidadões mantendo-se em condições arriscada de moradia e saneamento, sem acesso à água e em total situação de aglomeração. Um dos meios de prevenção para tentar amenizar a proliferação da epidemia foi a adoção do isolamento social, vertical e horizontal. Fecharam-se empresas e escolas, e milhares de crianças, jovens e adultos foram sujeitos a essencial suspensão das aulas com o objetivo de tentar amenizar a propagação do novo coronavírus estabelecendo entre outras demandas, a necessidade de atenção constante em relação a meios para garantir qualidade de vida e saúde de todos os integrantes da comunidade escolástica, sem expor os demais direitos em perigo. Assim, não foi possível executar o estágio como deveria e como sempre foi, presencial , vivenciando o dia a dia dos profissionais de educação, planejando e executando tais ações. Contudo, todo processo aconteceu de forma remota no estabelecimento de ensino EMEIF 04 de Outubro, localizado na Rua Vicente Alves do Vale, s/n no município de Tamboril – Ceará, com a utilização das técnologias whatsapp e google meet e algumas visitas obedecendo os critérios de segurança, como o uso da máscara e respeitando a distância necessária, foi realizado em uma turma de 8º (oitavo) e 9º (nono) ano do Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). A escola é bem ampla composta por 44 ambientes e uma quadra de esporte onde acontece eventos esportivos da escola e alguns eventos do município, a mesma acolhe 759 (setecentos e cinquenta e nove) alunos, sendo direcionada pelo professor especialista Pedro Henrique Leite da Silva que exerce a função de diretor desde 2019, atua na área da educação desde 2010 com as formações acadêmicas seguinte: Licenciatura em ciências Biológicas, Tecnologiaem Gestão Ambiental, Especialização em Gestão Escolar e Especialização em Ciências naturais e exatas. 7 Dispõe de 02 (dois) coordenadores pedagógicos Jaqueline Sampaio do Vale que exerce a função desde 2017, estando na educação desde 1997 concursada como professora do municipio, a mesma é graduada em História e Geografia com Licenciatura Plena, pós graduada em Historia do Brasil e Gestão e Coordenação Escolar e Wenithon Carlos de Sousa (não foi possível falar com o mesmo), 01 (um) secretário, Helais Gomes de Sousa, que trabalha na escola a 7(sete) anos na mesma função sendo formado em Técnico em Secretaria Escolar Licenciatura em Educação Física cursando pedagogia e trabalha na educação a 9 (nove) anos foi efetivado atravéz de concurso público do município. A escola possui 03 (três) auxiliares de secretaria e 01 (um) monitor de laboratório, o corpo docente é composto por 20 (vinte) professores pós-graduados e 48 (quarenta e oito) professores com nível superior, ainda componto o quadro de funcionários 16 (dezesseis) contratos, sendo 07 (sete) auxiliar de serviços gerais, 03 (três) vigias, 02 (dois) porteiros e 04 (quatro) merendeiras. O estágio foi realizado em uma turma de 34 alunos no horário noturno, tendo como professora titular Leila Maria Farias de Araújo que administra as disciplinas de lingua portuguesa, artes e inglês. A escola tem a missão de assegurar um ensino de qualidade, garantindo o acesso e permanência dos alunos na escola, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e conscientes para os desafios do mundo moderno. Seus objetivos e metas são: Elevar o desempenho geral da escola, melhorar as práticas pedagógicas da escola, dinamizar a gestão de pessoas, garantir uma gestão participativa e garantir uma educação especial inclusiva. Em relação ao desenvolvimento: O Ensino Fundamental obedece as diretrizes curriculares do ensino, sendo em 09 anos, e sua proposta curricular é discutida e pautado com todos os professores do município, favorecendo a inter-relação dos diferentes campos do conhecimento, levando consequentemente a pesquisa e a solução de problemas e essa proposta se estrutura em três áreas: Linguagens e Códigos, Cultura e Sociedade e Ciências Naturais e Matemática. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 O que é a EJA? A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino, que percorre todos os níveis da educação Básica do país. Essa modalidade é destinada a jovens e 8 adultos que por razões diversas não deram continuidade em seus estudos e para aqueles que não tiveram o acesso ao Ensino Fundamental e/ou Médio na idade apropriada. O ensino dessa modalidade de Educação de Jovens e Adultos é obrigatória pelos poderes públicos e sua organização, duração e estrutura, respeitando-se as determinações das Diretrizes Nacionais, faz parte da autonomia dos entes federados, isto é, os sistemas estaduais e municipais (ensino fundamental). Esta modalidade de ensino poderá ser ofertada sob forma presencial, semipresencial ou de cursos não presenciais. A oferta de exames supletivos deve ser prestado somente em instituições autorizadas, credenciadas e avalidadas. Para prestar o exame deve-se considerar a idade estabeleciada no artigo 38 da LDBEN, considerando maiores de quinze anos para o ensino fundamenbtal, e maiores de 18 anos para o ensino médio. O aproveitamento de estudo na Educação de Jovens e Adultos é mensionado no Parecer e considerado válido, pois esses alunos trazem “saberes” que foram aprendidos fora dos bancos escolares ou em etapas posteriores alfabetização que podem ser ressignificados e articulados com os saberes escolares. A iniciativa privada também contribui com a Educação de Jovens e Adultos. Há, uma forte presença das entidades do chamado “Sistema S” em programas de educação profissional de nível básico. Com a reforma da educação profissional em curso, as escolas públicas e privadas estão implantando e incrementando programas de educação profissional de nível básico paralelamente à oferta de cursos de educação profissional de nível técnico. Como direito de cidadania, a EJA deve ser um compromisso de institucionalização como política pública própria de uma modalidade dos ensinos fundamental e médio e consequentemente ao direito público subjetivo. E é muito importante que esta política pública seja articulada entre todas as esferas do governo e com a sociedade civil a fim de que a EJA seja assumida, nas suas três funções, como obrigação peremptória, regular, contínua e articulada dos sistemas de ensino dos Municípios, envolvendo os Estados e a União sob a égide da colaboração recíproca. (BRASIL, 2000, p. 53). Para pensarmos sobre o perfil dos alunos da Educação de Jovens e Adultos/ EJA vale pontuar que a identidade da maior parte das pessoas que frequentam a EJA na rede pública são na maioria trabalhadores proletariados ou momentaneamente desempregados, idosos, donas de casa e também jovens, com suas diferenças culturais, etnias, religião e crenças. Para grande parte desses alunos, a escola se apresenta como espaço de sociabilidade e possibilidades, sendo encarada como um importante caminho para a transformação social e a construção de conhecimentos. Tal visão se ampara na perspectiva de que é possível aprender e 9 construir conhecimentos e saberes diversos que tenham significado nas práticas cotidianas, visto que muitas vezes esses alunos vão até a escola após um dia intenso de trabalho e possuem compromissos familiares. Para o aluno que frequenta a EJA uma preocupação permanente é se o conteúdo ministrado em sala de aula pode ser útil no dia a dia. Levando em conta a experiencia de vida dos alunos o professor deve preparar as aulas indo além do conteúdo, auxiliando a busca dos alunos jovens e adultos a novas descobertas. Pode-se afirmar que o perfil dos alunos que frequentam a EJA em geral não varia, muitos são em suma jovens e adultos que não puderam, por motivos diversos, dar continuidade nos estudos no período comum e retornam a escola para junto à vida de trabalho concluir etapas escolares importantes. O que se pode perceber é que os alunos que frequentam a EJA têm necessidades específicas e, portanto para garantir frequência e empenho de tais alunos nos processos de aprendizagemn é necessário que os professores tragam para a sala de aula assuntos sobre os quais eles se interessam e que estejam relacionados com o seu universo. Diante de uma realidade complexa, em que muitos adolescentes entram no mercado de trabalho com certa precocidade, é comum a busca pela escolarização, ou mesmo a continuidade nos estudos após um período afastados do ambiente escolar. Tal situação se justifica por uma inserção no mundo do trabalho e a busca por uma identidade e independencia financeira, desse modo, os motivos que fazem com que adolescentes estudem na Educação de Jovens e Adultos são muitos e para se entender um um pouco essa modalidade educativa será apresentado uma breve abordagem histórica da EJA no Brasil. 2.2 A história da EJA no Brasil? Se pesquisarmos a fundo a educação brasilera desde o período colonial, poderemos perceber que ela tinha uma aptidão específica direcionada às crianças, mas indígenas adultos foram também submetidos a uma intensa ação cultural e educacional. A Companhia Missionária de Jesus tinha a função básica de catequizar (iniciação à fé) e alfabetizar na língua portuguesa os indígenas que viviam na colônia brasileira. Com a saída dos jesuítas do Brasil em 1759, a educação de adultos entra em colapso e fica sob a responsabilidade do Império a organização e emprego da educação. A identidade da educação brasileira foi sendo marcada então, pelo o elitismo que restringia a educação às classes mais abastadas. As aulas régias (latim, grego, filosofia e retórica), ênfase da política pombalina, 10 eram designadasespecificamente aos filhos dos colonizadores portugueses (brancos e masculinos), excluindo-se assim as populações negras e indígenas. Dessa forma, a história da educação brasileira foi sendo demarcada por uma situação peculiar que era o conhecimento formal monopolizado pelas classes dominantes. Essa contextualização nos dá a situação em que se iniciou a educação brasileira. É importante lembrar que a partir da constituição Imperial de 1824 procurou-se dar um significado mais amplo para a educação, garantindo a todos os cidadãos a instrução primária. No entanto, essa lei, infelizmente ficou só no papel. Em 1938 foi criado o INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos) e a partir de suas pesquisas e estudos, foi fundando em 1942 o Fundo Nacional do Ensino Primário com o objetivo de realizar programas que ampliasse e incluísse o Ensino Supletivo para adolescentes e adultos. Em 1945, este fundo foi regulamentado, estabelecendo que 25% dos recursos fosse empregado na educação de adolescentes e adultos. Desde o início da década de 40, a educação de jovens e adultos estava em alta. Em 1946 surge a Lei Orgânica do Ensino Primário que previa o ensino supletivo, e em 1947 surgiu um programa, de âmbito nacional, visando atender especificamente às pessoas adultas, com a criação do SEA (Serviço de Educação de Adultos). Um dos motivos para o surgimento da Primeira Campanha Nacional de Alfabetização foi a imensa pressão internacional para a erradicação do analfabetismo nas ditas “nações atrasadas”. Essa pressão internacional se deu pela criação da ONU (Organização das Nações Unidas) e da UNESCO (Órgão das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) após o fim da segunda guerra mundial em 1945. A orientação da ONU e da UNESCO era de que a educação era o meio de desempenhar o desenvolvimento das “nações atrasadas”. Outro fator, que contribuiu à uma educação de massa, é a consideração da pessoa analfabeta como ignorante, incapaz, cabeça dura, sem jeito para as letras. Nesse caso, as pessoas adultas que não fossem alfabetizadas deveriam receber a mesma educação empregada na educação de crianças, pois esses adultos analfabetos estavam inaptos a compreender. Os educadores sentiram a necessidade de romper com os preconceitos que envolviam as pessoas analfabetas. É nessa época que começamos a conhecer um dos maiores pedagogos do país, Paulo Freire. Freire chamava a atenção de que o desenvolvimento educativo deve acontecer contextualizado às necessidades essenciais das pessoas educadas, “com” elas e não “para” elas. Nesse sentido, as pessoas analfabetas não deveriam ser vistas como imaturas e ignorantes, além disso, “o problema do analfabetismo não era o único nem o 11 mais grave da população: as condições de miséria em que vivia o não alfabetizado é que deveriam ser problematizadas” (STEPHANOU; BASTOS (orgs), 2005, p. 268). Podemos citar vários movimentos sociais criados nesse período, tais como: “Movimento de Educação de Base” (1961- CNBB), Movimento de Cultura Popular do Recife (1961), Centros Populares de Cultura (UNE), Campanha de Pé no Chão Também se Aprende (Prefeitura de Natal). Esses programas, através da influência da pedagogia freiriana, identificavam o analfabetismo “não como a causa da situação de pobreza, mas como efeito de uma sociedade injusta e não-igualitária” (STEPHANOU; BASTOS (orgs), 2005, p. 269). Esses movimentos, procuravam reconhecer e valorizar o saber e a cultura popular, considerando assim, a pessoa não alfabetizada uma produtora de conhecimento. entanto, com o Golpe Militar em 31 de março de 1964, esses planos foram interrompidos. Configurava-se assim, o sentido político do Mobral, que procurava responsabilizar o indivíduo de sua situação desconsiderando-o do seu papel de ser sujeito produtor de cultura, sendo identificado como uma “pessoa vazia sem conhecimento, a ser „socializada‟ pelos programas do Mobral” (MEDEIROS, 1999, p. 189). O Mobral procura restabelecer a idéia de que as pessoas que não eram alfabetizadas eram responsáveis por sua situação de analfabetismo e pela situação de subdesenvolvimento do Brasil. Um dos slogans do Mobral era: “você também é responsável, então me ensine a escrever, eu tenho a minha mão domável” (STEPHANOU; BASTOS (orgs), 2005, p. 270).. Com o fim do Mobral em 1985, surgiram outros programas de alfabetização em seu lugar como a Fundação Educar, que estava vinculada especificamente ao Ministério da Educação. O seu papel era de supervisionar e acompanhar, junto às constituições e secretarias, o investimento dos recursos transferidos para a execução de seus programas. No entanto, em 1990, com o Governo Collor, a Fundação Educar foi extinta sem ser criado nenhum outro projeto em seu lugar. Porém, poderemos ver que com a República Nova há a primeira explicitação legal dos direitos dos cidadãos que não foram escolarizados na idade ideal, como destaca OLIVEIRA, (2007): O inciso I do artigo 208 indica que o Ensino Fundamental passa a ser obrigatório e gratuito, “assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria”. Em seu artigo 214, a Carta Magna indica também a que legislação “estabelecerá o Plano Nacional de Educação, de duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do poder público que conduzam à • I – erradicação do analfabetismo, • II – universalização do atendimento escola. (OLIVEIRA,2007, p. 04) 12 Cabe lembrar também, que na emenda constitucional N° 14/96 fica estabelecido que a União deverá investir nunca menos que trinta por cento do caput do artigo 212 para a erradicação do analfabetismo e manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental. Assim, com a nova constituição de 1988, prevê-se que todas as pessoas tenham acesso à educação. Paralelamente, foram feitas muitas experiências de universidades, movimentos sociais e organizações não-governamentais em relação à educação. A seguir continuaremos uma breve abordagem da Eja depois da Lei 9294/96. 2.3 A EJA depois da LDB (Lei 9394/96) Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96 de 20 de dezembro de 1996. De acordo com a LDB, é determinado que o Plano Nacional de Educação seja elaborado em concordância com a Declaração Mundial de Educação para Todos, e com base na LDB, foi constituída a Educação de Jovens e Adultos como modalidade de ensino através da resolução CNB/CEB Nº 1, de 5 de julho de 2000, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Ressalta-se ainda o direito a jovens e adultos à educação adequada às suas necessidades peculiares de estudo, e ao poder público fica o dever de oferecer esta educação de forma gratuita a partir de cursos e exames supletivos. No artigo 4º da LDB fica evidenciada a reconfiguração do campo da EJA através de sua caracterização como modalidade de Educação Básica, inteiramente gratuita, tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, respeitando as necessidades e disponibilidades dos jovens e adultos. Nos artigos 37 e 38, que tratam exclusivamente da EJA, o pleno desenvolvimento da pessoa, postulado como princípio legal na Constituição, emerge mais uma vez e pode ser considerado mais um instrumento conceitual que fortalece o princípio que marca um campo de disputa, principalmente garantindo oportunidades educacionais apropriadas, considerando as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) promoveu importantes reformulações na implementação da política nacional da EJA no Brasil, destacando-se, dentre elas, a criação, em 2004, da então Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (SECAD); a aprovação do Fundo de Manutençãoe Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que substituiu o Fundef a partir de 2007, incluindo as matrículas da EJA na 13 previsão dos seus recursos – Lei nº 11.494/07 (BRASIL, 2007); a instituição, em 2007, da proposta de Agenda Territorial de Desenvolvimento Integrado de Alfabetização e de Educação de Jovens e Adultos e a implementação do Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLDEJA) em 2010. De modo geral, no contexto das políticas públicas voltadas para a EJA no governo Dilma, percebeu-se a continuidade das ações já desenvolvidas durante o governo anterior, ressaltando um elemento significativo: a criação do Pronatec, em 2011, que se constitui, resumidamente, em uma ação de oferta de cursos de curta duração ou cursos técnicos, não relacionados à EJA inicialmente, desvinculados com as propostas de elevação de escolaridade, de formação integral e de continuidade do processo de escolarização. O Programa também apresenta uma concepção política que incorpora – ou prioriza – a lógica de transferência de recursos públicos para a iniciativa privada Alguns anos após a publicação das Diretrizes Curriculares foram instituídas, em 2010, as Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos (Resolução CNE/CEB nº 03/2010 – BRASIL, 2010), normatizando os aspectos relativos à duração dos cursos e idade mínima para ingresso na EJA, os exames de avaliação do desempenho dos estudantes, a certificação nos exames de EJA e a Educação de Jovens e Adultos desenvolvida por meio da Educação a Distância. O documento defende que (Art. 2º): Para o melhor desenvolvimento da EJA, cabe a institucionalização de um sistema educacional público de Educação Básica de jovens e adultos, como política pública de Estado e não apenas de governo, assumindo a gestão democrática, contemplando a diversidade de sujeitos aprendizes, proporcionando a conjugação de políticas públicas setoriais e fortalecendo sua vocação como instrumento para a educação ao longo da vida (BRASIL, 2010). Após muitos debates e questões a respeito da idade mínima para o atendimento aos estudantes da EJA, a Resolução, considerando o disposto no artigo 4º, incisos I e VII, da LDB de 1996 e a regra da prioridade para o atendimento da escolarização obrigatória, normatiza a faixa etária para matrícula no Ensino Fundamental em 15 anos completos; e no Ensino Médio, em 18 anos, assim como para a realização de seus exames de conclusão. Na busca pela compreensão dos atuais sujeitos da EJA, passamos a identificar que estamos falando de um campo muito diverso, com muitas particularidades, especificidades e armadilhas. Hoje, principalmente, necessitamos compreender melhor essa modalidade de ensino diante da diversidade do público, levando em consideração, inclusive, suas características no território. Neste sentido, a proposta política que privilegiava a constituição de Agenda 14 Territorial de Desenvolvimento Integrado de Alfabetização e de Educação de Jovens e Adultos representou um importante marco nesta direção, visto que vislumbrava possibilitar melhor compreensão dos dados hoje dispersos em estados, regiões, municípios, bairros e comunidades. Ainda no âmbito do PDE (Plano de Desenvolvimento da Escola), as ações buscaram, também, minimizar a dissociação que havia se instaurado entre a EJA e a Educação Profissional, instituindo-se, em 2005, dois programas: o Programa Nacional de Inclusão de Jovens – Educação, Qualificação e Ação Comunitária (Projovem) e o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja). Os dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 mostram que o Brasil, embora tenha universalizado o Ensino Fundamental para o público de 6 a 14 anos, ainda tem uma população de mais de 15 milhões de analfabetos e 65 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que não concluíram o Ensino Fundamental; e 22 milhões com 18 anos ou mais que, apesar de terem concluído o Ensino Fundamental, não concluíram o Ensino Médio. Este cenário leva a concluir que a demanda atual por escolarização na EJA ainda é muito grande. Ao contrário do que se pode imaginar, a redução do número de matrículas não está relacionada com a diminuição do número de jovens e adultos que necessitam desta política. De modo geral, no contexto das políticas públicas voltadas para a EJA no governo Dilma, percebeu-se a continuidade das ações já desenvolvidas durante o governo anterior, ressaltando um elemento significativo: a criação do Pronatec, em 2011, que se constitui, resumidamente, em uma ação de oferta de cursos de curta duração ou cursos técnicos, não relacionados à EJA inicialmente, desvinculados com as propostas de elevação de escolaridade, de formação integral e de continuidade do processo de escolarização. O Programa também apresenta uma concepção política que incorpora – ou prioriza – a lógica de transferência de recursos públicos para a iniciativa privada. De maneira geral, concordando com Ventura (2011), apesar da multiplicidade de oferta de programas e das diferenciadas formas de acesso, a EJA ainda não se constituiu, de forma efetiva, como política pública, considerando o caráter focal e aligeirado das iniciativas ditas inclusivas. 15 3 CONHECENDO O CAMPO DE ESTÁGIO 3.1 Aspectos materiais, físicos e socioeconômicos da escola A escola EMEIF 04 de Outubro está localizada na rua Vicente Alves do Vale, s/n no município de Tamboril no Ceará, cep 63750000 esse ano a mesma fez 21 anos de sua inauguração, sendo referência no município por atender a demandas educativas do Ensino Fundamental II e a Educação de Jovens e Adultos (EJA) do município e comunidades vizinhas, atendendo atualmente cerca de 759 alunos. Estrututa física da instituição de ensino 04 de Outubro: Sala da Coordenação Pedagógica e do Coordenador Administratico-financeiro 01 Diretoria 01 Secretária 01 Sala dos Professores 01 Salas de Aula 22 Biblioteca 01 Cantina 01 Banheiros masculinos 03 Banheiros femininos 03 Depósito merenda escolar 01 Banheiro dos funcionários 03 Almoxarifado 01 Laboratórios de ciências 03 Laboratórios de informática 02 A escola funciona em três turnos atendendo 16(dezesseis) turmas no horário matutino, 12(doze) turmas à tarde e 01(uma) turma a noite no caso o Ensino de Jovens e adulto (EJA) com 34 alunos matriculados. A mesma tem a missão de Assegurar um ensino de qualidade, garantindo o acesso e a permânencia dos alunos na escola, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e consciêntes para os desafios do mundo moderno. 16 Os objetivos e metas da institução: Elevar o desempenho geral da escola Aumentar a taxa de aprovação nas disciplinas críticas do 6º ao 9º ano. Reduzir o abandono escolar. Reduzir o analfabetismo funcional. Melhorar as práticas pedagógicas da escola Adotar estratégias de ensino diferenciadas. Dinamizar a gestão de pessoas Valorizar os profissionais e rotina da escola. Garantir uma gestão participativa Fortalecer a atuação de colegiado e segmnetos escolares. Valorizar os profissionais e rotina da escola. Garantir uma educação especial e inclusiva A instituição 04 de Outubro trabalha com alguns projetos pedagógicos e sociais que são: 30 minutos de leitura, práticas laboratoriais, educação financeira, saúde na escola com os professores de educação fisíca, reforço de português e matemática, professores de humanas projeto integrador e também trabalha com o projeto Educação contextualizada, uma alternativa para aproximar escola e comunidade, que prioriza as questões da vida dos alunos, as problemáticas e as potencialidades do contexto local. É um modelo educacionalque defende um currículo escolar no qual o estudante se reconheça e procure compreender o seu próprio ambiente, com disponibilização de recursos materiais. Durante o percurso do estágio as dificuldades foram muitas, o momento que vivenciamos com a pandemia do corona virus dificultou muito nosso trabalho em todos os aspectos, pois todas as ações foram feitas por meio de tecnologias como whatssap e google meet e nem todas as pessoas nas quais precisavamos algumas informaçoes estavam disponíveis, pois o momento estava tenso, além dos momentos dificeis com o aparecimento da COVID-19, todos estavam muito envolvidos com os planejamentos da escola, de como se daria a volta dos dicentes nesse segundo semestre diante de tal situação. Contudo diante dos desafios fizemos o que foi necessário dentro das nossas possibilidades, nos esforçamos e conseguimos realizar nosso trabalho, na qual foi realizado no tempo de cada um que contribui para a realização do mesmo. 17 3.2 Corpo discente: expectativas e possibilidades de aprendizagem Diante do acontecimento da pandemia da COVID-19 pelo novo coronavirus (SARS-COV-2), o processo de estágio sofreu modificações não sendo possível que o estágio de observação e regência acontecesse de forma presencial por causa do isolamento social, uns dos métodos utilizado para tentar amenizar a proriferação do vírus. No entanto a instituição diante da situação e pensando em garantir o ensino aos educandos para que não tivessem maiores prejuízos em sua aprendizagem, adotou o método do ensino remoto, uma solução rápida e acessível para muitas instituições. Os professores da Eja arquitetaram um grupo de whatssap onde seria utilizado para acontecer suas aulas e a professora Leila nos agregou a ele, onde pudemos vivenciar um pouco das metodologias usadas pelos professores e também a participação dos educando. É muito dicífil analisar uma sala de aula, ou a didática do professor através de ensino remoto onde não se tem o contato, olho no olho, o estar perto, a comunicação, a troca de afeto, de conhecimentos, enfim fatores que cointribuem para uma aprendizagem mais eficiênte, com qualidade e dinamismo, onde o professor tenta se reinventar todos os dias e em muitos casos não conseguem trabalhar com o uso das tecnologias. Nesse período onde pudemos acompanhar todo processo educativo através do grupo de whatssap não podemos dizer que ficamos felizes com o que presenciamos, pelo contrário, ficamos muito triste, em uma turma de 34 (trinta e quatro) alunos matriculados apenas 09 (nove) alunos participavam isso durante toda a nossa estadia no grupo. Tinha dias que apenas um aluno participava, um avisava que não poderia participar das aulas porque estava trabalhando até tarde, outros estavam em outras cidades, enfim, várias eram as explicações por não estarem acompanhando as aulas, a professora Leila sempre mostrava compreensão e pedia que não deixassem de rever os conteúdos e fazer as atividades depois. Percebemos que a professora Leila tem uma relação bem amigável com seus alunos, apesar da pouca participação dos discentes a mesma sempre procurava em suas falas motivar-los a não desistirem, ao mesmo tempo que usava as notas para motivá-los, falando que através das devolutivas das atividades é que geraria a nota deles, os mesmos demostravam respeito pela mesma. Ficamos nos questionando o por que do não acompanhamento dos alunos as aulas, e percebemos que as aulas eram muito tradicionais, conteúdos e atividades e assim era todos os dias, não havia motivação de forma mais lúdica, é claro que diante da situação é mais complicado certas atividades lúdicas, mas sempre há um jeito de motivar, de fazer com as aulas não sejam tão monotonas e conteudistas. 18 Acreditamos que a motivação deve partir de uma proposta que favoreça a realidade desse público, sabemos que a grande parte dos alunos da EJA, quando em oportunidade de escolarização na idade certa, evadiu da escola por vários motivos, sejam estes sociais, familiares ou até mesmo devido a dificuldade de aprendizagem e a falta de acolhimento das instituições escolares. Sua metodologia era sempre a mesma, as saudações, o pedido para resgistrassem sua presença escrevendo o nome completo, uma pequena fala sobre o conteúdo e o que a mesma esperava dos discentes. Lançava os conteúdos, as vezes textos outras vídeos aulas e em seguida as atividades, a mesma lançava muitas atividades para serem copiadas no caderno. 3.3 Corpo docente: formação, planejamento, avaliação e concepções Todo processo do estágio aconteceu na mesma instituição EMEIF 04 de Outubro e com a mesma professora no caso a regente Maria Leila Farias de Araújo, graduada em Pedagogia e Pós graduada em Língua Portuguesa,efetiva desde 1999, e está na instituição 04 de Outubro a 21 anos. Leila como é chamada por todos se dispos com tamanha paciência, generosidade e profissionalismo a contribuir dentro das possibilidades com a nossa aprendizagem no período que estavamos estagiando mesmo que de forma remota, nos tirando todas as dúvidas que vinham a surgir, assim tornou o momento mais harmonioso. Percebemos que a professora é bem pontual nas suas aulas e seus planos eram bem elaborados apesar de serem bem tradicionalista a forma de passar para os alunos. Diante da metodologia usada nesse momento de corona vírus, onde os professores tem que se reinventarem é dificil fazer avaliações, as incertezas, o medo, a insegurança tudo isso interfere diretamente nas ações e nos fazeres não só de professores, mas de todos os indivíduos. Nesse período que estivemos em contato com a professora Leila foi possível conversarmos um pouco e a mesma nos relatou que o magistério significou a única opção na época que concluiu seus estudos e pensando o quanto gostava de aprender e ensinar, resolveu fazer concurso público e passou, que só descobriu a vocação pelo magistério quando começou a exercer a função e foi virando professora aos poucos “Exercer o ofício de ensinar me ensina, aprendo de verdade a cada dia”. Ainda em suas palavras “Ser professor não é tarefa simples, o cargo requer uma boa formação, grande dose de paciência, criatividade, profissionalismo, ética, capacidade de adaptação, dinamismo e flexibilidade. Mas cada olhar, cada gesto, cada “obrigada professora” não tem preço! Isso tudo é muito gratificante e nos fazem crescer como profissional”. 19 Ainda afirma que “O que me ajuda nessa caminhada é saber que posso contar com a gestão escolar como um grande apoio e ver em meus alunos o grande interesse pelo aprender. E o que dificulta é não poder garantir que estas pessoas tenham condições de dedicar tempo para os estudos. “ Quando nossos alunos da EJA chegam aqui, temos que trabalhar com a autoestima deles, por que se sentem fracassados e incapazes. A escola não pode perder de vista todos esses sentimentos e a bagagem de vida que esses alunos trazem, porque tudo isso interfere na aprendizagem dos mesmo”. E pra finalizar nossa conversa perguntamos qual conselho a professora Leila daria para as pessoas que pretendem ingressar no magistério e a resposta foi a seguinte: “ Ingresse no magistério, pois além de ensinar,é saber viver, conviver, respeitar o próximo e aprender com eles. È muito mais do que exercer uma profissão, é uma vocação, uma missão, um dos quais depende o futuro de uma nação! E tantas vezes é também ser pai, mãe, amigo...”. A instituição é composta por 68 professores, sendo 20 pós graduados e 48 com nível superior. 3.4 Direção e equipe técnica: organização das ações e seu projeto politico pedagógico O Projeto Político Pedagógico (PPP) é um documento que reflete a proposta educacional da instituição escolar, sendo através dele que a comunidade escolar pode desenvolver um trabalho coletivo, cujas responsabilidades pessoais e coletivas são assumidas para execuçãodos objetivos estabelecidos. É um instrumento burocrático por definir a identidade da escola e indicar caminhos para que o ensino seja de qualidade. Seu objetivo é fortalecer a ações educativas desenvolvidas em cada unidade escolar, se refere aos recursos educativos e culturais, capaz de integrar escola, família e comunidade na busca da escola necessária, organizar o trabalho da escola como um todo, levando em consideração sua relação com a comunidade e a realidade social mais ampla. Tivemos acesso ao PPP e podemos observar que a instituição trabalha em concordância com o que está registrado no mesmo. O PPP objetiva uma reorganização, porém, ela só se concretizará, se o processo for contemplado e assumido pelos sujeitos da escola. O envolvimento de todos irá desencadear uma reflexão coletiva, isso implica o esforço da democratização da gestão, entendida como coordenação de esforções individuais e coletivos, em contraponto á tradição consevadora, autoritária e hieráquica da gestão escolar. Assim a construçãodo PPP deve conter os temas como: missão, público-alvo, 20 dados sobre a aprendizagem, relação com as famílias, recursos, diretrizes pedagógicas e planos de ação. O mesmo segue a Lei nº 9.394, de dezembro de 1996, cujo Art. 12 estabelece as seguintes normas de ensino: I – Elaborar e executar sua proposta pedagógica; II – Administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III – Assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas- aula estabelecidas; IV – Velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V – Prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI – Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processo de integração da sociedade com a escola. VII – Informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola. VIII – Notificar ao conselho tutelar do município, ao juíz competente da comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido por lei. A instituição 04 de Outubro em seu PPP tem a missão de assegurar um ensino de qualidade, garantindo o acesso e a permânencia dos alunos na escola, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e consciêntes para os desafios do mundo moderno. Os objetivos e metas da institução: Elevar o desempenho geral da escola; Aumentar a taxa de aprovação nas disciplinas críticas do 6º ao 9º ano; Reduzir o abandono escolar; Reduzir o analfabetismo funcional; Melhorar as práticas pedagógicas da escola; Adotar estratégias de ensino diferenciadas; Dinamizar a gestão de pessoas; Valorizar os profissionais e rotina da escola; Garantir uma gestão participativa; Fortalecer a atuação de colegiado e segmnetos escolares; Valorizar os profissionais e rotina da escola; Garantir uma educação especial e inclusiva; 21 A instituição 04 de Outubro trabalha com alguns projetos pedagógicos e sociais que são: 30 minutos de leitura, práticas laboratoriais, educação financeira, saúde na escola com os professores de educação fisíca, reforço de português e matemática, professores de humanas projeto integrador e também trabalha com o projeto Educação contextualizada, uma alternativa para aproximar escola e comunidade, que prioriza as questões da vida dos alunos, as problemáticas e as potencialidades do contexto local. É um modelo educacional que defende um currículo escolar no qual o estudante se reconheça e procure compreender o seu próprio ambiente, com disponibilização de recursos materiais. Em relação aos planejamentos acontecem uma vez por mês com todo o corpo docentes, coordenadores e gestor, e semanalmente acontece por componentes curriculares. Diante do momento que vivenciamos com a COVID-19 todos os encontros são através do google meet uma escolha dos próprios docentes para a prevenção do vírus. 4 EXPERIÊNCIAS DOCENTES O Estágio Supervisionado III na modalidade de Ensino de Jovens e Adultos (EJA) me possibiltou conhecer um pouco a prática docente, as possibilidades, o desenvolvimento, e um pouco dos alunos que frequentam o EJA. Antes mesmo de darmos início ao processo de estágio, tivemos uma conversa informal com a professora regente Leila que de início ficou meio apreensiva com o nosso pedido para concluir o estãgio na sua turma, deixou claro que não aceitaria mais que 04 estagiários, tendo em vista que éramos mais de 11 alunos, no primeiro momento se mostrou um pouco inflexível, mas depois da nossa conversa mostrou várias qualidades, nos dando suporte e tirando nossas dúvidas. Também tivemos uma conversa com o diretor Pedro e a coordenadora Jaqueline onde nos apresentamos e falamos um pouco dos nossos objetivos e pedindo permissão e a contribuição dos mesmos para concluirmos o estágio naquela instituição, lembrando que todos esses encontros aconteceram por meio do google meet, fomos muito bem acolhidos por eles, era um momento bem dificil pois estavam em planejamento para o retorno das aulas que seriam remotas, mas com um pouco de paciência e esperando que eles tivessem um tempo disponível para nós deu tudo certo. Diante do momento que vivenciamos com a pandemia da COVID-19, onde todo processo de estágio foi remodelado e tudo aconteceu de forma virtual foi possível que em um grupo de whatssap da turma do EJA pudessemos acompanhar um pouco da vivência escolar 22 desses alunos, era uma turma onde no primeiro semestrre concluíram o oitavo ano e no segundo semestre o nono ano. Uma turma composta por 34 alunos matriculados que segundo a professora Leila todos frequentavam quando eram aulas presenciais, porque não foi o que presenciamos no grupo, e isso nos deixaram muito tristes, teve dias em que apenas um aluno participava, percebemos que são pessoas que precisam de motivação, pessoas com diversos problemas, razões descritas por eles por não estarem participando das aulas. É um publico heterogêneo, que já construiu uma bagagem de conhecimento ao longo da vida. Portanto, o professor deve considerar todas essas particularidades para propor um ensino diferenciado e adequado, que possua sentido para o aluno. Percebemos que a professora Leila tentava por meio de palavras motivá-los, tinha uma interação positiva com os alunos, mas sua metodologia não era muito atrativa para eles muitos conteúdos, muitas atividades para serem todas copiadas no caderno. Para a grande parte daqueles alunos a perspectiva é que é possível aprender e construir conhecimentos e saberes diversos que tenham significado nas práticas cotidianas, visto que muitas vezes esses alunos vão a escola após um dia intenso de trabalho e possuem compromissos famíliares. Nesse período que estivemos no grupo vimos mensagens que dizia assim: “Leila eu tou tento bastante dificuldade pra colocar as atividades em dias”. Resposta da professora: “Da certo amore paciência”. Mensagem de um outro aluno: “Pessoal já sei q não passo msm então vou desistir por aq msm não tenho tempo para fazer as atividades então desde já agradeço os professores(a) e os demais”. Resposta da professora ou demais dirigentes: “nenhuma!”. Ao ler aquele tipo de mensagem nos sentiamos incapaz, aquela sensação de invalidez. Procuramos saber se ouve alguma intervenção em relação à esses alunos e segundo a coordenadora Jaqueline Vale que também é coordenadora da EJA, os professores são orientados a estar sempre motivando a turma, procurando entender suas peculiaridades, que recebam suas atividades nos finais de semana, que em muitos casos é o momento em que podem estar fazendo, mas que essa ação fica a critério do professor que a mesma não pode obrigar o professora receber as atividades fora do horário de suas aulas, já que é de forma remota, e ainda que os professores estão sempre falando com os alunos no privado tentando resolver os problemas que surgem. Diante das observações com relação a turma e a metodologia da professora pensamos junto a professora Leila uma aula diferente, pelo google meet, mas foi uma tentativa em vão, apenas uma aluna compareceu, conversamos explicamos o motivo de 23 estarmos na sala dela, e que queriamos participar de um momento com eles, a aluna achou melhor marcar uma outra data com a esperança que os outros alunos pudessem participar, mas esse momento não aconteceu. Percebemos que lecionar na modalidade EJA não é fácil requer muita flexibilidade, compreensão, responsabilidade, pesquisa e acima de tudo consciênte de que deve buscar por si próprio traçar seu perfil na busca de expandir suas habilidades e competências específicas para desenvolver uma prática pedagógica capaz de conduzir os saberes que serão construídos dentro da complexidade dessa sociedade de conhecimento que envolve a EJA. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estágio supervisionado na Modalidade de Ensino de Jovens e Adultos (EJA) no primeiro momento nos trouxe muitas dúvidas e expectativas de como se daria o trabalho diante da situação em que as escolas estão vivenciando com relação a pandemia da COVID- 19. Estamos passando por tempos jamais imagináveis, onde os professores trabalham como nunca haviam trabalhado, enfrentando os desafios de criar modelos de aulas remotas utilizando recursos digitais, enquanto as instituições escolares permanecem fechadas. No decorrer do estágio foi notável que os alunos estão cansados, com saudades dos amigos, do estar perto, e que os professores estão esgotados pelo excesso de atividades, onde os alunos não tem hora para enviar e ainda a preocupação com os alunos que por alguns motivos não conseguem acompanhar essas aulas. Contudo, o Estágio supervisionado na modalidade do EJA nos levou a refletir sobre vários aspectos, uma delas é que a metodologia usada para trabalhar com esses alunos tem que ser diferenciada, pois esses alunos são pessoas com opniões formadas, que estudam e trabalham, muitas delas são pais e mães de família. Precisa-se ser pensado métodos e conteúdos que despertem interesse nos mesmos e que possam relacionar os conteúdos abordados com suas práticas cotidianas. Os professores do EJA precisam buscar traçar seu perfil na busca mais extensa de habilidades e competências específicas para desenvolver uma metodologia capaz de dar significado a estadia desses alunos na escola. Durante o decorrer do estágio nos deparamos com algumas situações que nos chamou a atenção, uma delas foi uma mensagem enviada por uma aluna que dizia: “Leila eu tou tento bastante dificuldade pra colocar as atividades em dias”. Resposta da professora: “ Da certo amore paciência”. Outro aluno: “Pessoa já sei q não passo msm então vou desistir por aq 24 msm não tenho tempo para fazer as atividades então desde já agradeço os professores (a) e os demais”. Respostas dos professores e gestores: “Nenhuma”. Nesse momento nos sentimos incapazes, frustados, triste, enfim, vários sentimentos que ficou difícil elucidar. Não sabemos se foi correto o que fizemos mas entramos em contato com a coordenadora Jaqueline onde questionamos qual intervenção foi feita com relação aquele aluno que estava querendo desisitir, a coordenadora relatou que todos os professores são orientados a estarem sempre motivando esses alunos, coisa que pouco presenciamos no grupo, além de muitos conteúdos e atividades para serem escritas no caderno, ainda, que os mesmos fossem flexiveis, e compreendessem as peculiaridades de cada aluno, a mesma relata que em relação as entregas de atividades são orientados a receber fora do horário das aulas , mas que não podem exigir que eles o façam, ficando a critério do mesmo. Entramos em contato com o aluno Nathanael conhecido por Natham, também não sabemos se estávamos agindo correto, mas nos sentimos na obrigação como futuros pedagogos a fazer algo para que aquele aluno não desistisse de estudar, nos apresentamos e explicamos o motivo do nosso contato, Natham nos explicou os motivos de sua decisão e diantes desses motivos tentamos dar soluçoes a cada um deles, depois de uma longa conversa , Natham nos prometeu que não iria desistir e que iria até o final e agradeceu pelo apoio( lembrando que tudo aconteceu de forma virtual). A sensação de dever cumprido naquele momento, a descoberta de que é isso mesmo que queremos, ser pessoas capazes de formar pessoas, de agregar as suas vivências, isso não tem explicação. Ser professor na sociedade atual não é tarefa fácil, tem realmente que se identificar com a profissão, e não é só isso, o professor da modalidade da EJA deve buscar traçar seu perfil na busca de ampliar suas habilidades e competências especificas para desenvolver uma boa e satisfatória prática pedagógica, garantindo sua formação continua também por meio de uma busca pessoal e particular, cabe ao mesmo a busca permanente por qualificação para desenvolver ações pedagogicas que atendam as necessidades desse público, lembrando que esses alunos são pessoas que já têm uma visão de mundo baseada nas experiências vividas, já têm suas religiosidades e valores constituidos. São alunos adultos e jovens com idades, origens, vivências profissionais e pessoais, históricos escolares, estruturas de aprendizado diferentes, e que buscam aperfeiçoamento e até mesmo se preparar para enfrentar as diversidades cotidianas. 25 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Conferências Nacionais de Educação: construindo o sistema nacional articulado de educação – o Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação (Documento final). Brasília, DF: MEC, 2010. _______. Lei 11.494 - Regulamenta o FUNDEB, altera a Lei n° 10.195 e dá outras providências. 2007. _______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/19394.htm Acesso em 14 de out.2020. _______. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para educação de jovens e adultos. Brasília.2000. MEDEIROS, Maria do Socorro de Araújo. A Formação de Professores para a Educação de Adultos no Brasil: da História à Ação. Mallorca, 1999, p. 180. OLIVEIRA, Romualdo L. Portela. Educação de Jovens e Adultos: o direito à educação,2007, p. 4. STEPHANOU, Maria; BASTOS, Maria Helena (orgs). Histórias e Memórias da Educação no Brasil. Vol. III. Petrópolis: Vozes, 2005. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002. VENTURA, J. A trajetória histórica da educação de jovens e adultos trabalhadores. In: TIRIBA, L.; CIAVATTA, M. (orgs). Trabalho e Educação de Jovens e Adultos. Brasília: Liber Livro e Editora UFF, 2011, 276p., pp. 57-97. 26 7 ANEXOS Declaração de Aceitação Termo de Compromisso de Estágio Frequência Avaliação do Estagiário
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