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DIDÁTICA E METODOLOGIAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA TITULO- MODELO DE APOSTILA 1 1 Sumário DIDÁTICA E METODOLOGIA DE ENSINO NA EDUCAÇÃO FÍSICA FACUMINAS ............................................................................................ 3 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 4 1. OS PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS- METODOLÓGICOS. .......... 6 1.1. As Fases da Educação Física no Brasil ................................... 7 2. TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR ........... 10 3. ABORDAGENS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................... 12 Abordagem higienista ......................................................................... 12 Abordagem Militarista ......................................................................... 13 Abordagem Competitivista ................................................................. 13 Abordagem da Psicomotricidade ....................................................... 14 Abordagem Desenvolvimentista ......................................................... 15 Abordagem Construtivista -Interacionista ........................................... 15 Abordagem dos Jogos Cooperativos ................................................. 16 Abordagem Cultural ........................................................................... 16 Abordagem Humanista ....................................................................... 17 Abordagem da Concepção de Aulas Abertas .................................... 17 Abordagem Saúde Renovada ............................................................ 18 Abordagem Crítico-Superadora ......................................................... 19 Abordagem Crítico-Emancipatória ..................................................... 20 Análise das abordagens ..................................................................... 21 4. A INCLUSÃO DA PESSOA DEFICIENTE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA .............................................................................................................. 22 4.1. O que é deficiência? .................................................................... 23 4.2. O que é Educação Especial? ...................................................... 25 2 2 4.3. Legislação Brasileira ................................................................... 26 4.4. Modalidades de Atendimento Educacional ................................. 29 5. EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA E SEUS OBJETIVOS ............... 32 5.1. A pessoa com deficiência, seu corpo e a educação Física ......... 36 5.2. As pessoas com deficiência e a aprendizagem .......................... 38 REFERÊNCIAS .................................................................................... 40 3 3 FACUMINAS A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 4 INTRODUÇÃO Os aspectos metodológicos que envolvem a Educação Física não diferem substancialmente das demais áreas do conhecimento. A busca por uma estratégia metodológica que possa dar conta das novas necessidades educacionais é uma constante. O ensino vem, historicamente, buscando organizar meios e formas metodológicas que sejam colocadas em prática para o atendimento das exigências que permeiam o mesmo. As tendências educacionais, discutidas por Libâneo e Saviani, já foram suficientemente apresentadas em bibliografia educacional. Apenas para referência podemos recuperar a classificação organizada por Libâneo (1983) onde mostra que o ensino passou por um período denominado de tradicional, onde apareceram as tendências Liberal Conservadora, Renovada Progressista e Renovada Não- progressista; e por um período denominado progressista, onde apareceram as tendências Progressista Libertária, Progressista Libertadora e Progressista dos Conteúdos. Em relação à Educação Física, temos os trabalhos desenvolvidos por Ghiraldelli Jr. (1989) que, a partir de um levantamento histórico, destaca: ... cinco tendências da Educação Física Brasileira: a Ed. Física Higienista (1930); a Educação Física Militarista (1930-1945); a Educação Física Pedagogicista (1945-1964); a Educação Física Competitivista (pós 64) e, finalmente, a Educação Física Popular (p. 16). Dentre as tendências apresentadas por Guiraldelli Jr. pode-se observar na prática cotidiana da Educação Física Escolar, ainda nos dias de hoje, a supremacia da tendência competitivista, ou seja, um ensino “orientado no professor; no produto; nas metas definidas e na intenção racionalista” (Cardoso et al., 1991, p. 40) com promoção da esporte performance tendo o mesmo o caráter de fim e não de meio dentro do processo. A Educação Física escolar segue um contínuo esportivo repetitivo desde a quinta série do primeiro grau 5 5 finalizando com o enfoque recreativo no terceiro grau (Oliveira, 1992). E quais seriam os fatores que poderiam estar impedindo que novas tendências educacionais e novas formas de abordagens de conteúdo dentro da escola pudessem ser colocadas em prática? Para respondermos a esta questão, poderíamos arriscar citando alguns pontos que estariam contribuindo com esse imobilismo pedagógico dentro da área da Educação Física: a falta de preparo que têm os professores para o enfrentamento de novas estratégias metodológicas, a falta de interesse em vivenciar novas abordagens metodológicas, comodismo, a condição de refratário do conhecimento que os docentes assumem no ensino, o medo da instabilidade frente a novos conteúdos e estratégias metodológicas, pois seria um risco assumir a dúvida frente ao aluno, quando no entendimento tradicional o professor tem de saber e o aluno apenas aprender. Assumir uma nova postura educacional, estar aberto a novos entendimentos e práticas pedagógicas, aceitar o aluno como participante e não como objeto a ser lapidado e, aceitar ser também um aprendiz dentro da sala de aula não é uma tarefa fácil de se conseguir. Uma mudança de entendimentos, conceitos e hábitos demandam tempo, muita dedicação e, acima de tudo, muita coragem. Acreditar nesse processo de transformação é acreditar que uma mudança só se dará de forma gradativa e a longo prazo. Esperar mudanças repentinas no processo educacional é ignorar o processo de amadurecimento que cada participante tem de elaborar individualmente e que deve começar no seu próprio interior, para daí poder enxergar-se e enxergar o processo social como um todo. 6 6 1. OS PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS- METODOLÓGICOS. Talvez seja este o momento mais difícil, uma vez queuma abordagem da educação física exige uma nova concepção de métodos. O problema é fugir de uma teorização abstrata, de um praticismo que termine nas velhas e conhecidas receitas. Este é o momento de apontar pistas para o “como fazer”. Hoje, a Educação Física conta com várias propostas metodológicas de destaque. Pode-se perceber que os conteúdos da cultura corporal a serem aprendidos na escola devem emergir na realidade dinâmica e concreta do aluno. Tendo em vista uma nova compreensão dessa realidade social, um novo entendimento que supere o senso comum, o professor orientará, através dos ciclos, uma nova leitura da realidade pelo aluno, com referências cada vez mais amplas. Os métodos e técnicas de ensino devem propiciar oportunidade para que o educando perceba, compare, selecione, classifique, defina, critique, isto é, que elabore por si os frutos de sua aprendizagem. Os métodos e técnicas de ensino são os instrumentos com que efetivar o ensino, realizar a aprendizagem. São os instrumentos de ação da didática, a fim de levar o educando a alcançar objetivos do ensino. Ao longo do processo histórico a Educação Física, sofreu várias influências sejam elas da instituição médica, militar e também pedagógica que marcaram determinados períodos históricos. De acordo Ghiraldelli Junior (1994) a Educação Física vai possuir cinco períodos históricos a Educação Física Higienista, a Militarista, a Pedagogicista, a Competitivista e a Popular que iniciou na década de 80 e estamos presenciando nos dias atuais. 7 7 1.1. As Fases da Educação Física no Brasil Fase Higienista Intrínseca nos interesses políticos, esta tendência colabora com a higienização populacional. Conforme Dario (1999), tem em suas manifestações a obtenção de hábitos de higiene e saúde, valorizando o desenvolvimento do físico e da moral, a partir dos exercícios físicos. Tendo em seu discurso os trabalhadores, à aquisição de hábitos saudáveis e consequentemente um corpo saudável. Oliveira (2006), cita que esta tendência foi reconhecida nas escolas europeias, no fim do século XIX, essa implantação se deu devido à preocupação com a saúde e sua relação entre os benefícios dos exercícios físicos. Fase Militarista A fase denominada militarista muito se assemelha com a pedagogia tradicional, considera-se a ligação referente à rigidez. Soares (1992), ressalta que “o auge da militarização da escola corresponde à execução do projeto de sociedade idealizado pela ditadura do estado novo”. (SOARES et al, 1992, p.53). Identifica- se um marco na história, momento onde a prática de exercícios físicos baseou - se em instituições militares, assumindo valores próprios dessas instituições, que foram historicamente construídos, aplicando a prática de exercícios físicos a Educação Física, sem grandes reflexões, deixando marcas que até hoje podem ser reconhecidas na prática de muitos professores. Oliveira (2006), afirma que no militarismo ‘o professor’ deixa de atender às necessidades do homem total. A ginástica passa a ser vista como uma atividade punitiva, e uma boa aula é 8 8 aquela que esgota o estudante. Entretanto, os responsáveis pelos exercícios físicos não eram professores de Educação Física, mas qualquer um que já tivesse praticado exercícios físicos, figura: 1. Soares (1992), afirma que “neste período, a Educação Física escolar era entendida como atividade exclusivamente prática, fato este que contribuiu para não diferenciá-la da instrução física militar” (SOARES et al, 1992, p.53). Figura: 1 Fase Pedagogicista A fase pedagogicista, tem como características o ensino público e a preocupação com um modelo educativo visto com excelência, onde o estudante é o centro das 9 9 atenções. Aguiar (2005), afirma que no Brasil ela surge por volta de 1950 -1960 e tem como principal orientação a formação do professor. Nessa fase, a Educação Física é vista como algo útil socialmente, devendo ser respeitada acima das lutas políticas dos interesses diversos dos grupos e classes. Fase Tecnicista Nessa fase houve a valorização dos aspectos técnicos, relacionados ao momento histórico, que eram das linhas de produção industrial. Para tanto, utilizou-se dos talentos técnicos desportivos em favor de interesses políticos, entre eles o golpe militar. Segundo Bracht (1999), como os princípios eram os mesmos e o núcleo central era a intervenção no corpo (máquina), com vistas ao seu melhor funcionamento orgânico (para o desempenho atlético -esportivo ou desempenho produtivo). Nesse contexto a esportivização é utilizada como marketing, a fim de desvirtuar ações contrárias ao sistema educativo. Segundo Paixão (2008), outra, importante característica é o uso do esporte como ferramenta de promoção da ideologia do regime estatal. Fase Popular Esta fase está vinculada com a classe operária, desvinculada da prática da elite, passando a pregar uma prática de atividade física voltada para interesse dos trabalhadores com a cooperação e as práticas lúdicas. Ghiraldelli Jr. apud Paixão (2008), afirma que a Educação Física Popular e a atividade física praticada pelo povo, são diferentes, a primeira se caracteriza como uma concepção de Educação Física que surge da prática social dos trabalhadores e 1 0 10 a segunda pela reivindicação de um profissional de Educação Física para as escolas. 2. TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR As tendências pedagógicas divididas em duas linhas que norteiam a prática educacional. São elas Tendência Liberal e Tendência Progressista. Tendência Liberal Tem como principal ideia que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, e cada indivíduo precisa aprender a se adaptar aos valores e normas vigentes na sociedade. Está dividida em: ● Tradicional: o estudante é educado para atingir suas metas pelo seu próprio esforço, cada um tem que lutar pelo que quer; lutar para superar as dificuldades. Não há relação entre o estudante e professor, os conteúdos preparam os educandos para vida, mostrando a verdade social. O professor não interage com os estudantes, não há tempo para dinâmicas, para brincadeiras. Tudo o que importa é o aprender, o conhecimento absoluto. ● Renovada: essa tendência, ainda vêm sendo aplicada nas escolas, por que se torna um pouco difícil dos professores de forma tão rápida mudar toda a sua metodologia. Procura fazer um ensino ativo onde, o estudante tenha experiências sobre as atividades. O educando tem aulas dinâmicas, onde o 1 1 11 professor ensina-o a trabalhar em grupo, educa -o da forma que para ele possa ser mais fácil de aprender. A ideia é de fazer os discentes aprendem praticando. ● Tecnicista: ligada à profissionalização técnica do indivíduo, o conteúdo da realidade não era o essencial, mas a preparação para o mercado de trabalho. A escola utilizava manuais, apostilas e livros com conteúdo técnico. Nessa tendência o professor é um transmissor de conteúdo. 2.1 Tendência Pedagógica Progressista Mostra as finalidades sociopolíticas da educação, sustentada a partir de uma análise crítica da realidade social. Está interligada ao meio social, não tem como institucionalizar-se ao capitalismo, no qual é um instrumento de busca constante dos professores e outras práticas sociais em busca de um bem maior, a educação. A tendência pedagógica progressista se manifesta em três: • Libertadora: sua marca vem de uma atuação ‘'não -formal'‘, onde professores e estudantes entram em uma midiatização pela realidade, extraem o conteúdo de aprendizagem,conscientizando -se dessa realidade, para nela atuarem, participando de uma transformação social. O modo de ensino é aplicado a partir de uma igualdade entre educador e educando, ou seja, o diálogo entre professor e estudante faz com que ambas possam adquirir conhecimento e obter novas experiências de aprendizagem, no qual é feita em torno da prática social. • Libertária: a tendência progressista libertária relaciona que os trabalhos em grupo façam com que os estudantes possam interagir uns com os outros, buscando o conhecimento que é gerado a partir de experiências vividas. Espera-se que a escola exerça uma transformação na personalidade do estudante. A escola transmite o conhecimento a ele, objetivando que o mesmo 1 2 12 possa levar tudo o que aprendeu para sociedade. Põem nas mãos dos educandos os conteúdos mais não são cobrados. • ''Crítico Social dos Conteúdos'': consiste na preparação do estudante para o mundo adulto e suas contradições. Os conteúdos não bastam que sejam apenas ensinados, têm que se ligar a sua significação humana e social, que os mesmos sejam o auxílio ao seu esforço de compreensão da realidade. Confronto de ideias, experiências vividas do estudante. 3. ABORDAGENS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A Educação Física passou por transformações ao longo dos anos. A sua inclusão nas escolas brasileiras se deu através da Reforma Couto Ferraz, em 1851, a qual aborda as condições para ensino da Educação Física. Em 1882, através de reforma realizada por Rui Barbosa, houve uma recomendação que a ginástica constitui se obrigatória para ambos os sexos, e oferecida para Escolas Normais. Somente a partir de 1920, os Estados Brasileiros incluíram a Educação Física na escola. Abordagem higienista A abordagem higienista é baseada na fase higienista da Educação Física, tendo como principal característica a preocupação com a saúde de seus praticantes, pregando a prática de exercícios físicos associados aos bons hábitos de higiene e saúde. Soares (1992), afirma que a burguesia, estava interessada em um trabalhador com um físico bem cuidado. Para alcançar este objetivo, a abordagem tinha em 1 3 13 seu discurso os cuidados com a higiene e com a saúde, orientando a tomar banho, escovar os dentes e lavar as mãos. Tal relação com a saúde, fez com que esta tendência se aproximasse da medicina. Oliveira (2006) questiona: Será o professor de Educação física uma espécie de médico, ou um auxiliar deste? Abordagem Militarista A abordagem militarista buscava tornar seus praticantes homens fortes que pudessem defender a pátria. Essa abordagem possui uma estreita relação com uma educação tradicional. Sua principal característica é a disciplina imposta pelo professor, além da situação de submissão dos estudantes, onde não existe espaço para a troca de conhecimentos, o estudante deve absorver o que o professor apresenta, sem questionar. Ele deve assumir uma posição de respeito às ordens de seus superiores, assim, como os militares respeitam a hierarquia do exército, os estudantes devem respeitar a hierarquia da escola. Onde o professor é seu superior. Soares (1992), complementa que “constrói -se nesse sentido, um projeto de homem disciplinado, obediente, submisso, profundo respeitador da hierarquia social”. (SOARES et al 1992, p.53). Abordagem Competitivista Esta abordagem possui elementos essenciais da fase tecnicista da Educação Física no Brasil. Privilegiando o esporte em detrimento dos demais conteúdos clássicos, destacando um quadro comum em Educação Física escolar, que são os jogos de competição que culminam numa pedagogia que se apresenta e tem 1 4 14 como característica o modelo esportivista de educação. Entende-se que exaltar a competição esportiva é promover o esporte elitista, onde os mais habilidosos possuem papel de destaque e os demais permanecem à margem como ressalta Taffarel (1985) ao comentar sobre “os menos capazes seriam relegados a um segundo plano, como se não lhes fosse dado o direito de valerem-se dos benefícios da educação física”. (TAFFAREL,1985, p.12). Duas características são predominantes nesta abordagem, o caráter seletivo e fator de exclusão. Abordagem da Psicomotricidade É caracterizada pelo surgimento da preocupação com o desenvolvimento da criança e com sua aprendizagem psicomotora. Aprendizagem não está reduzida a gestos técnicos, mas vista de forma ampla onde, devem ser consideradas as qualidades psicomotoras como a lateralidade, o equilíbrio, a coordenação espaço-temporal, o esquema corporal, entre outros. A Abordagem Psicomotricista segundo Freitas (2008), utiliza - se da atividade lúdica como impulsionadora dos processos de desenvolvimento e aprendizagem. Focaliza- se na criança pré-escolar, destacando sua pré -história como fator de adoção de estratégias pedagógicas e de planejamento. Busca analisar e interpretar o jogo infantil e seus significados. Essa abordagem utiliza-se da atividade lúdica, a ação e movimento, como impulsionadora dos processos de desenvolvimento da aprendizagem. Trata das aprendizagens significativas, espontâneas e exploratórias da criança e de suas relações interpessoais. 1 5 15 Abordagem Desenvolvimentista Tem como preocupação o desenvolvimento infantil marcado por fases, onde o professor deverá privilegiar as fases da criança em seu desenvolvimento motor, respeitando as transformações afetivas e sociais. Os conteúdos são as habilidades básicas e específicas, jogos, esportes e dança, centrada na adaptação aos valores presentes na sociedade. Abordagem Construtivista -Interacionista Esta abordagem tem como principal característica a importância que se dá às interações da criança com o mundo. Através desse processo interativo a criança deverá desenvolver seu conhecimento, anteriormente adquirido, na resolução de problemas e na construção de um novo conhecimento. A abordagem construtivista-interacionista é reconhecida no Brasil através dos trabalhos de João Batista Freire, e baseada nas ideias de Jean Piaget (1999), que sobre o construtivismo acrescenta que o principal objetivo da educação é criar indivíduos capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram. Uma forte crítica a essa abordagem seria a falta de especificidade em relação aos conteúdos próprios da Educação Física, onde a professora Darido afirma: o que não fica esclarecido na discussão desta questão é qual conhecimento que se deseja construir através da prática em Educação Física Escolar. Se for o mesmo buscado pelas outras disciplinas, tornaria a área um instrumento de auxílio ou de apoio para aprendizagem de outros conteúdos. (DARIDO, 1999, p.7). Na metodologia adotada a construção do conhecimento surge a partir da interação do sujeito com o mundo, respeitar o universo cultural do estudante, explorando as diversas possibilidades educativas de atividades 1 6 16 lúdicas espontâneas, propondo tarefas mais complexas e desafiadoras com vistas a construção do conhecimento, valorizando as experiências e os saberes. A proposta construtivista é trabalhar os métodos diretivos alicerçados na prática da Educação Física. O jogo na abordagem construtivista-interacionista é privilegiado como sendo ‘um instrumento pedagógico. Enquanto a criança brinca, ela aprende, e que esse momento ocorra em um ambiente lúdico e prazeroso. João Batista Freire (1992, p. 13), enfatiza que todas as situações de ensino sejam interessantes para a criança, e que “corpo e mente devem ser entendidos como componentesque integram um único organismo, ambos devem ter assento na escola, não (a mente) para aprender e o outro (o corpo) para transportar, mas ambos para se emancipar”. Abordagem dos Jogos Cooperativos Sugere as práticas da Educação Física Escolar numa perspectiva de cooperação. Broto, apud Darido (1999), deixa claro que o espírito de competição dentro de uma sociedade é condicionado pela estrutura social, onde essa estrutura é que determinará se seus membros irão competir ou cooperar entre si. Esta proposta está comprometida com a transformação social. A proposta de jogos cooperativos rompe os paradigmas da competitividade, sugerindo atividades que contemple a participação de todos, marcada essencialmente pela sensação de vitória coletiva. Abordagem Cultural Nesta abordagem o estudante deve ser reconhecido como um ser social, que tem sua própria história, suas interações sociais concretizadas filogenética e 1 7 17 ontologicamente. Aguiar (2005), acrescenta que movimento humano é o elemento próprio da Educação Física, e reveste -se de uma dimensão humana que extrapola os limites biológicos. Darido (1999), afirma que se um homem fosse considerado igual ao outro, então a prática do professor deveria ser a mesma. Entretanto os homens diferem em sua cultura, e as práticas profissionais também devem se adequar a essas características. Abordagem Humanista Apresenta-se como uma proposta onde a Educação Física propicia aos estudantes a reflexão de suas práticas sobre os valores humanitários. Santos (2003), ao tratar sobre a abordagem humanista afirma que seus objetivos educacionais obedecem ao desenvolvimento psicológico do educando. Possui influências da pedagogia renovada, cria um ambiente nas aulas, onde as atividades contêm elementos que extrapolam ao caráter fisiológico, importante para mesma a reflexão sobre os valores humanitários como a não violência, a solidariedade, o amor ao próximo, características essas recorrentes na pedagogia renovada. “A avaliação valoriza aspectos afetivos (atitudes) com ênfase no auto avaliação” (SANTOS, 2003, p.82). Sendo que a mesma é caracterizada como um dos momentos relevantes para a aplicação desta abordagem, pela sua não-diretividade. Abordagem da Concepção de Aulas Abertas O Modelo de aula aberta está fundamentada nos movimentos das crianças, na história de vida e na construção da biografia esportiva dos estudantes de Educação Física. Essa abordagem parte do próprio estudante, é a partir dele 1 8 18 que surgem as intenções pedagógicas, onde o planejamento do professor dá lugar a uma orientação dos desejos e interesses dos estudantes, como forma de ampliar sua inserção nas aulas, na sociedade e, sendo assim, no mundo. Azevedo e Shigunov (2000), consideram que essa nova visão possibilita ao profissional de Educação Física ter sua preparação alterada na qual lhe permitiria criar outros sentidos de aulas para as crianças no que se refere ao jogo, movimento, esporte e prática docente. O ponto forte dessa concepção de aula está na compreensão dos professores e estudantes sobre o sentido que ela tem e, ao mesmo tempo, sobre os objetivos, conteúdos e métodos. Hildebrandt & Laging (1986), afirmam que: as concepções de ensino são abertas quando os estudantes participam das decisões em relação aos objetivos, conteúdos e âmbitos de transmissão ou dentro desse complexo de decisão. Abordagem Saúde Renovada A Principal característica é promover a saúde através das aulas de Educação Física, trabalha de tal forma que os estudantes busquem adquirir um estilo de vida ativo, inclusive após sua vida escolar. Eles devem construir consciência da importância da prática de exercícios físicos. Xavier (2005), acrescenta que esta abordagem se preocupa em criar hábitos que promovam a saúde, de uma forma que esse aprendizado seja usado também na idade adulta. A abordagem em aptidão física, visava a capacidade de realizar as atividades cotidianas com tranquilidade e menor esforço. Por muito tempo essa abordagem foi trabalhada nas escolas, associada à ideia de saúde. Existem duas abordagens, uma é a aptidão física relacionada à saúde e a outra é a relacionada à performance esportiva. Guedes & Guedes (1993), deixa claro o caráter biologista desta abordagem quando cita que aptidão física relacionada à 1 9 19 saúde abriga aqueles aspectos da função fisiológica, que oferecem alguma proteção aos distúrbios orgânicos provocados por um estilo de vida sedentário. Abordagem Crítico-Superadora Cultura Corporal: a abordagem Crítico Superadora entende a Educação Física como uma disciplina que trata de um tipo de conhecimento chamado de Cultura Corporal, que tem como temas os jogos, os esportes, a ginástica, as lutas, as danças entre outros. Expressão Corporal: na abordagem Crítico Superadora a Expressão Corporal é uma linguagem e objeto de estudos da Cultura Corporal. Abordagem Diagnóstica: a abordagem Crítico Superadora é diagnóstica pois ela se propõe a ler os dados da realidade, interpretá-los e emitir um juízo de valor sobre eles, que depende da perspectiva de quem julga. Abordagem Judicativa: a abordagem Crítico Superadora é judicativa pois julga os elementos da sociedade a partir dos interesses de uma determinada classe social. Abordagem Teleológica: a abordagem Crítico Superadora é teleológica pois busca encaminhar uma direção, uma solução para os problemas sociais da classe social que a reflete. O objetivo da abordagem Crítico Superadora na Educação Física escolar é permitir que os alunos assimilem de forma crítica sua Cultura Corporal, a partir de um resgate do histórico do tema, contextualizando e contestando sua realidade, relacionando-os com temas atuais, contestando também o senso comum, com o objetivo final de superar uma realidade que é desfavorável 2 0 20 socialmente para aquela classe social. A concepção Crítico Superadora na Educação Física escolar também deve ter um papel político-pedagógico, pois devem encaminhar propostas para reflexão, intervenção e superação da realidade social das pessoas Abordagem Crítico-Emancipatória Kunz (apud Azevedo 2009) afirma que a abordagem crítico -emancipatória, caracteriza-se por preocupar em formar um jovem com consciência cidadã e emancipadora, a educação deve ir além do ensino de determinadas técnicas. Darido (1999), afirma, que do ponto de vista das orientações didáticas, o papel do professor na concepção crítico -emancipatória confronta, num primeiro momento, o estudante com a realidade do ensino, o que o autor denominou de transcendência de limites. É uma proposta para a Educação Física escolar centrada no ensino dos esportes, visando fornecer aos professores, que atuam nessa área, elementos para que eles possam superar os modelos atuais de ensino dos esportes na escola. (Xavier, 2005). Concretamente a forma de ensinar pela transparência de limites pressupõe três fases. Na primeira os estudantes descobrem, pela própria experiência manipulativa, as formas e meios para uma participação bem -sucedida em atividades de movimentos e jogos. Na segunda, os estudantes devem manifestar, pela linguagem ou representação cênica, e terceira, e último, depois que experimentaram e a prenderam em uma forma de exposição prática, os estudantes devem aprender a perguntar e questionar sobre sua aprendizagem e descobertas, com a finalidade de entender o significado cultural da aprendizagem. 2 1 21 Análise das abordagens Existe uma inquietação que muitos profissionais de Educação Física, têm em trabalhar compopulações especiais, a preocupação que muitos professores, possuem em trabalhar nas suas aulas. Estamos vivendo a decadência, pois não estamos acompanhando o progresso que tem invadido em todas as áreas do conhecimento. A tendência dos autores é muito similar. A crítica parte, por exemplo, das práticas castradoras e alienantes onde o professor é o centro de tudo e apontam como solução, práticas mais livres em que o centro é o aluno e o professor um orientador ou facilitador da aprendizagem. (Abadio, 2010) As metodologias de ensino analisadas apontam caminhos para o trabalho da Educação Física na escola, buscando a superação de modelos de ensino que existiam na história desta área, que objetivavam corpos perfeitos, adestramento físico, seleção de aptos e inaptos da prática esportiva. Apesar de que nenhuma delas trata direcionada mente relativo ao princípio da inclusão, mais todas surgem como propostas de ensino que podem ser aplicadas, no contexto escolar objetivando este trabalho com os educandos especiais. Dessa forma, é evidente que ao longo da história, buscou uma superação na área de Educação Física, procurando uma forma desta disciplina ser ensinado na escola. Alguns autores buscaram superar questões referentes ao rendimento esportivo, inserido o princípio da inclusão foi o caso de Kunz (1994), porém precisamos aprofundar a nossa literatura, não só na área de Educação Física, como também na Educação, para que venhamos atender a todos, pois sabemos que o 2 2 22 processo de inclusão, vai além de apenas uma proposta, mais uma implementação que ocorra uma transformação em toda a escola e por isso que requer tempo e vontade para conseguimos as mudanças. 4. A INCLUSÃO DA PESSOA DEFICIENTE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Segundo a resolução 2/ 2001 do CNE/CEB, toda pessoa com deficiência tem direito à inclusão escolar e, consequentemente, à inclusão nas aulas de educação física. Porém, a mesma resolução 2/2001, enfatiza que nos casos em que o aluno necessitar de adaptações tão significativas que a escola comum não consiga atendê-las, ela deve ser atendida, em caráter transitório, no ensino especial (BRASIL, 2001). Em função disso, precisamos ter claro que me alguns casos, a pessoa deficiente não apresenta condições momentâneas de ser incluídas nas aulas de educação Física no ensino Regular e que isso não significa exclusão. O atendimento educacional especializado no ensino especial, ao contrário dos que muitos que defendem sua extinção prega, visa à preparação do aluno que momentaneamente não consegue se inseri em programa inclusivo, para que o mesmo, ao se desenvolver a partir dos atendimentos propostos, consiga compreender suas condições e suas relações com o meio em que vive e assim seja incluído em momento propício na escola e na sociedade. 2 3 23 Figura:2 4.1. O que é deficiência? Há muitos referenciais que tratam desse assunto e, dentre eles, escolhemos, a princípio, a definição proposta pela convenção da Guatemala (BRASIL, 1999) que descreve o termo deficiência como sendo: Uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária causada ou agravada pelo ambiente econômico e social. As primeiras manifestações sobre o atendimento a pessoas deficientes surgiram no Brasil, inspiradas em experiências na Europa e Estados Unidos, O século XIX foi caracterizado por algumas iniciativas oficiais e isoladas, A partir do século XX a "educação de deficientes" passou a fazer parte da política Brasileira, na qual podemos destacar três períodos o 1º de 1854 a 1956, caracterizado por iniciativas oficiais e particulares isoladas, voltados a alguns indicadores de interesse da sociedade, buscando atender a um benefício em particular, o 2º de 1957 a 1993, marcada por iniciativas oficiais de abrangência nacional, onde o 2 4 24 atendimento aos portadores de deficiência e assumido a nível nacional, pelo governo federal, com a divulgação de algumas campanhas, visando o assistencialismo e o 3º de 1994 em diante, tendo em foco movimentos a favor da inclusão de portadores de necessidades educativas especiais na rede regular de ensino. Quando se trata de Educação Especial ou Educação Física Adaptada, surgem logo termos que se tem muito debatido e discutido nos últimos anos que são a integração e a inclusão. De acordo Bertoni (2011) a integração surgiu em 1970 como um movimento que visava acabar com a segregação, favorecendo a interação entre alunos com deficiência e alunos considerados “normais”. Esse movimento, que teve início nos países escandinavos, se solidificou nos Estados Unidos e se expandiu, posteriormente, por toda a Europa. O princípio da inclusão, teve início nos Estados Unidos, nos anos 70, mais especificamente em 1975, e demarcou a chamada escola inclusiva, com a Lei Pública 94.142 (Bertoni, 2011). É bom sabermos diferenciá-los para analisarmos as propostas de ensino da área de Educação Física. É necessário, entendermos estes termos para verificarmos se durante a nossa ação docente, estamos integrando ou incluindo os nossos estudantes. Sonia Bertoni (2011) aponta que da integração apresenta como pressuposto ideológico, que todos somos iguais e por isso podemos estar juntos. Na inclusão, o princípio básico é que todos somos diferentes e devemos conviver com as diferenças. Diante disto, iremos observar as propostas denominadas críticas da Educação Física e o princípio da inclusão nestas propostas entendendo que: “A proposta da inclusão não se restringe a pessoas com 2 5 25 deficiência. A perspectiva é que todas as pessoas tenham garantidos os direitos de acesso à permanência na educação escolar. ” (Bertoni, 2011, p. 39) Figura:3 4.2. O que é Educação Especial? A resolução N°.2 de 11 de Fevereiro de 2001 do Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Básica, que institui diretrizes nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, define no seu artigo 3°: Por educação Especial, modalidade da educação escolar, entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e em, alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica (BRASIL, 2001). 2 6 26 Figura: 4 Isso significa que o ensino Especial é uma modalidade de ensino que conta com professores especializados no atendimento educacional de pessoas com deficiência e que devem dar apoio e suporte àqueles alunos incluídos no Ensino Regular, além de atender educacionalmente, nos casos em que o aluno não tem condições de ser incluído, por meio de currículo adaptado e/ou funcional, com adaptações pertinentes e compatíveis com as condições de cada um. 4.3. Legislação Brasileira No Brasil, do ponto de vista legal, e seguindo os princípios determinados pelos documentos orientados de âmbito internacional, a educação especial 2 7 27 fundamenta-se na constituição da República Federativa do Brasil, especialmente em seu artigo 208 que determina: Art. 208 – O dever do Estado com a Educação será efetivo mediante a garantia de I- (...) II - (...) III – Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiências, preferencialmente na rede regular de ensino(BRASIL, 1988). No mesmo sentido, o Art. 227 determina: § 1° - Criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos (BRASIL, 1988). O Estatuto da Criança e do adolescente ( 1990) O estatuto da criança e do Adolescente ( Lei 8. 069), que garante os direitos das crianças e dos adolescentes, determina no seu artigo 2° § 1°: ► A criança e o adolescente portadores de deficiências receberão atendimento especializado (BRASIL, 2005). Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN – ( 1996) A LEI 9.394 DE 1996, das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no seu capitulo V ( Da Educação Especial) programa: Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. 2 8 28 § 1°. Haverá,quanto necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridadesda clientela de educação especial. § 2°. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3°. A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil (BRASIL, 1999). Política Nacional para a Integração das Pessoas Portadoras de Deficiência (1999). A Política Nacional para a Integração das Pessoas Portadoras de Deficiência (Decreto 3.298/99) determina: ►Desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de modo a assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiência no contexto socioeconômico e cultural (BRASIL, 1999). Plano Nacional de Educação (2001) Segundo Carvalho, Braga e Dusi (2006), a Lei 10.172/01 que aprovou o Plano Nacional de Educação, estabeleceu vinte e sete objetivos e metas para a educação das pessoas com necessidades educacionais especiais. As autoras sintetizam esses pontos da seguinte forma: ►O desenvolvimento de programas educacionais em todos os municípios – inclusive em parceria com as áreas de saúde e assistência social – visando à ampliação da oferta de atendimento desde a educação infantil até a qualificação profissional dos alunos; 2 9 29 ►O atendimento extraordinário em classes e escolas especiais, o atendimento preferencial na rede regular de ensino, a educação continuada dos professores que estão em exercício e a formação em instituições de ensino superior. 4.4. Modalidades de Atendimento Educacional O atendimento educacional especializado fundamenta-se, hoje, no modelo pedagógico, em substituição aos modelos clínicos que até pouco tempo eram utilizados. Isso significa que hoje se enfatiza a investigação das possibilidades do aluno, visando o desenvolvimento máximo de suas potencialidades. Para tanto, são oferecidas alternativas de atendimento educacional, de acordo com as especificações do aluno, conforme se segue: ►Modalidades que favoreçam a integração Classe comum com serviços de apoio especializado. Nesse caso, o aluno é atendido em escolas inclusivas, junto com os alunos que não tem necessidades educacionais especiais. 3 0 30 Figura: 5 Classe de integração inversa que, segundo Carvalho, Braga e Dusi (2006) refere-se a uma classe diferenciada com redução do número de alunos superior à redução de alunos da classe comum e se apresenta como uma alternativa de funcionamento à classe comum estando preconizada no artigo 2° do decreto 22.912/02. Sala de recursos nas escolas comuns, que oferecem atendimento educacional especializado a alunos com necessidades educacionais especiais incluídos no ensino regular. Classe especial nas escolas. Essa modalidade é garantida pelo Art. 9°. Da Resolução 2/2001 do Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Básica. É importante esclarecer que a classe especial, ao contrário do que muitos pensam, contribui para o processo de inclusão do aluno com deficiência, na medida em que favorece, apesar do quadro de deficiência do aluno não permitir que o mesmo seja inserido numa classe comum, que o mesmo tenha oportunidades para vivenciar experiências durante o recreio, a entrada e a saída da escola, as festas e os passeios 3 1 31 ou momentos de lazer oferecidos pela mesma, junto com os demais alunos. Ensino Itinerante realizado por professores especializados em educação especial que fazem visitas periódicas às escolas inclusivas e que apoiam os professores de classes comuns que têm alunos com deficiência incluídos em suas turmas. ►Modalidades mais segregativas: Escola Especial que é uma modalidade de educação para pessoas com deficiência garantida pela Resolução 2/2001 do Conselho Nacional de Educação que, no seu artigo 10 determina que: Os alunos que apresentam necessidades educacionais especiais e requeiram atenção individualizada nas atividades da vida autônoma e social, recursos, ajudas e apoios intensos e contínuos, bem como prover, podem ser atendidos, em caráter extraordinário, em escolas especiais (BRASIL, 2001). Oficina Pedagógica, que é oferecida àqueles alunos que não estão mais em idade escolar e que não tem condições de se incluírem em escolas comuns e precisam de atendimento pedagógico em escolas especiais. Classe Hospitalar e/ou Atendimento Domiciliar, que são garantidos pelo Art. 10 da Resolução 2/2001 do Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Básica, para aqueles alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio. 3 2 32 A escolha da melhor alternativa de atendimento deve levar em conta: ► o grau de deficiência e as potencialidades de cada aluno; ►a idade do aluno; ►o histórico de seu desenvolvimento escolar; ►a disponibilidade de recursos humanos e materiais, existentes na comunidade; ►as condições socioeconômicas e culturais da região. O atendimento educacional especializado para pessoas com necessidades educacionais especiais é similar ao de qualquer outra pessoa. Figura: 6 5. EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA E SEUS OBJETIVOS A educação física tem se mostrado um dos componentes curriculares da escola mais importantes no processo de desenvolvimento da pessoa deficiente e de sua inclusão educacional e na sociedade de forma geral. 3 3 33 Isso se deve ao fato da mesma, além de propiciar condições para que o aluno desenvolva suas potencialidades a partir da melhoria de suas condições cardiorrespiratória e funcional, tem grandes possibilidades de propiciar momentos onde o aluno experimente suas potencialidades, vencendo limites, se inter-relacionando com os demais alunos, melhorando assim, sua autoestima. Cabe ressaltar que o campo da Educação Física que atende as pessoas com deficiência, que já foi chamado Educação Física Especial, é conhecido hoje como EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA que pode ser entendida como: Um programa diversificado de atividades desenvolvimentistas, jogos e ritmos adequados a interesses, capacidades e limitações de estudantes com deficiências que não podem se engajar com participaçãoirrestrita, segura e bem-sucedida em atividades vigorosas de um programa de educação física geral (PEDRINELLI, 1994) Segundo a autora, podemos dizer que essa expressão, EFA, surgiu na década de 1950 e foi definida pela American Association for Helth, Physical Education, Recriation and Dance (AAHPERD). Já rosadas (1994) define a Educação Física Adaptada como sendo: (...) uma área do conhecimento em Educação Física e Esportes que tem por objetivo privilegiar uma população caracterizada como portadora de deficiência ou de necessidades especiais, e desenvolve-se através de Atividades Psicomotoras, Esporte Pedagógico, Recreação e Lazer Especial, e Técnicas de Orientação e Locomoção. Essa Educação Física Adaptada tem ainda como objetivo o desenvolvimento físico e aquisição de destrezas manipulativas, sensório-motoras, de agilidade e força corporal, e da educação desportiva. 3 4 34 Com relação ao esporte para pessoas com deficiência, em 1960, a partir da fusão de duas vertentes da Educação Física para o atendimento a pessoas com necessidades especiais, a médico-higienista e a mais voltada para o esporte, a história muda, sendo realizadas as Olimpíadas dos portadores de Deficiência nas mesmas instalações onde foram realizadas as Olimpíadas de Roma. A partir de 1964, nas Olimpíadas de Tóquio, esses jogos passaram a ser chamados de Jogos Paraolímpicos, considerando que os mesmos eram direcionados a pessoas com paraplegia. Figura: 7 Nesses jogos, que hoje fazem parte do calendário olímpico, sendo requisito obrigatório no caderno de encargos para países que pleiteiem sediar os Jogos Olímpicos, e que, além dos paraplégicos, contam com participação de deficientes visuais, pessoas com lesão cerebral, amputados e pessoas com má 3 5 35 formação congênita, temos as seguintes modalidades esportivas com as adaptações necessárias para proporcionar a prática pelos atletas deficientes: atletismo, basquete em cadeira de rodas, judô para cegos, natação, vôlei sentado, tênis, tênis de mesa, futebol de sete, futebol de cegos, esgrima, ciclismo, halterofilismo, arco e flecha, hipismo e tiro olímpico. Figura: 8 Figura: 9 3 6 36 5.1. A pessoa com deficiência, seu corpo e a educação Física A Educação Física, ao longo de sua história, recebeu influencias do Higienismo, do Militarismo, do Competitivismo e do Pedagogismo que sempre enfatizam o culto ao corpo perfeito, forte, belo, lutador, trabalhador, competidor e vencedor. Passou-se por políticas públicas como a enfatiza pela Portaria Ministerial n° 13, de 01/02/1938, combinada com o Decreto n° 21.241/38, Artigo 27, que determina a “proibição da matricula em estabelecimento de ensino secundário de aluno cujo estado patológico o impedia, permanentemente, das aulas de Educação Física” (CANTARINO FILHO, 1982), que tirava da escola pessoas que não pudessem praticar esta atividade. E mesmo com as novas perspectivas que começaram a se efetivar a partir da década de 1980, a Educação Física escolar ainda não se estruturou a ponto de atender as pessoas que apresentam um corpo fora dos parâmetros sempre determinados pela própria Educação Física. Por causa dessas considerações é importante perguntar: (...) se em função das heranças das concepções históricas (higienista, pedagogicista, militarista e competitivista) e das dúvidas que cercam as novas concepções da educação Física escolar, ainda não conseguimos incluir aqueles alunos que não se encaixam nos modelos pré- estabelecidos como os “ gordinhos” os “ baixinhos”, os “ magricelos”, os “ inábeis”, os “desajeitados”, entre outros, como podemos agora, incluir pessoas que tem deficiências e que não apresentam as possibilidades e as habilidades exigidas nas aulas tradicionais de Educação física? (BOATO, 2010) 3 7 37 Segundo o autor, cabe a questão: como incluir, num meio que sempre excluiu, classificou, separou, cobrou performances extraordinárias, deixando de lado os “ incapazes”, pessoas que têm deficiência e que historicamente sempre foram excluídas da participação social, se os conteúdos da educação Física Escolar, mesmo diante de toda a evolução dos seus conceitos, não conseguem ainda atender às pessoas que não apresentam competências e habilidades para acompanhar suas propostas, caso das pessoas deficiência que vêm, gradativamente, sendo incluídas nas turmas regulares da Educação Infantil e Ensino fundamental? Para resolver essa questão é muito importante discutir o papel da Educação Física na escola e redimensionar sua função no desenvolvimento dos alunos, de forma a respeitar suas condições, sem desejar o enquadramento em padrões preestabelecidos de corpo, o que, consequentemente, descaracteriza aqueles que não conseguem se encaixar. Figura: 10 Também é importante descaracterizar os atletas que têm deficiência como sendo heróis. A participação em programas esportivos é importante meio para a recuperação da autoestima de pessoas deficientes, além de construir com a melhora de suas condições cardiorrespiratórias e funcionais, porém, a visão de heroísmo imposta pela mídia e pelo senso comum, pode afastar outros praticantes que não se veem capazes de atingir performances extraordinárias. 3 8 38 Dessa forma a pessoa com deficiência que pratica esporte precisa ser vista como uma pessoa comum que se beneficia das propostas da Educação Física para o atendimento educacional especializado para pessoas com necessidades educacionais especiais, descaracterizando olhares que não contribuem para sua inclusão social. 5.2. As pessoas com deficiência e a aprendizagem Quando referimos à pessoa com deficiência, ainda existem muitos mitos, principalmente no que se refere à deficiência intelectual, quanto à aprendizagem. Em função disso, é preciso ficar claro que as pessoas com deficiência, inclusive com deficiência intelectual e com transtornos globais do desenvolvimento, aprendem como qualquer outra pessoa, porém, em função dessa mesma deficiência, pode haver um atraso. Mesmo as pessoas com deficiência intelectual pensam lógica, precisando, em alguns casos, de situações concretas para aprender. Figura: 11 3 9 39 Com relação à Educação Física, mesmo naqueles casos em que o aluno, em função de sua deficiência, não consiga se desenvolver a ponto de praticar esportes e/ ou participar de competições, ele deve usufruir o direito de se beneficiar de todas as possibilidades oferecidas pela Educação física. Independente da deficiência, ou da intensidade com que a mesma afetou uma pessoa, a Educação Física deve ser adequar para que todos a acessem, seja nos programas esportivos, recreativos, escolares ou de melhoria da qualidade de vida, lembrando que, em todos esses programas, além da melhoria da condição cardiorrespiratória e funcional, o aluno tem a se beneficiar com relação à melhoria de sua autoestima, de suas condições afetivas, de suas relações interpessoais e das possibilidades de vivências e convivências que melhoram as chances de inclusão sócio cultural e escolar. ATENÇÃO É IMPORTANTE FRISAR QUE, INDEPENDENTE DO TIPO DE ATENDIMENTO QUE O ALUNO ESTEJA RECEBENDO, DEVE-SE SEMPRE VISAR O DESENVOLVIMENTO MÁXIMO DE SUAS POTENCIALIDADES, RESPEITADAS DUAS LIMITAÇÕES, PROCURANDO SUA PLENA INCLUSÃO NA SOCIEDADE. Figura: 12 4 0 40 6. REFERÊNCIAS AMERICA ASSOCIATION ON MENTAL RETARDATION. Classification, and systems off supports. Washington, DC: AAIDD,2002. ABADIO Apolônio do Carmo (2010) “Atividades Físicas Inclusiva" do livro "Atividade Física, Deficiência e Inclusão Escolar"- Vol. 3. Eliana Lucia Ferreira Organizadora, Niterói: Intertexto. BERTONI, Sonia (2010) Integração e inclusão: similitudes e diferenças. Texto curso em Atividades Físicas para pessoas Especiais; Universidade Federal de Juiz de Fora; Ministério da Educação, 2010. BRASIL. Estatuto da criança e do Adolescente – hora de fazer valer, Brasília: MEC, ACS,2005. -----------. Educação Infantil – Saberes e práticas da inclusão – dificuldades de comunicação e sinalização – Deficiência Física: SEESP/MEC,2003. -------------. Decreto n° 3.956 de 08 de outubro de 2001 que promulga a convenção Interamericana para eliminação de todas as formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Brasília: Presidência da República, 2001. 4 1 41 --------------. Resolução CNE/CEB n° 2, de 11 de Fevereiro de 2001. Brasília: conselho Nacional de educação, 2001. --------------. A Educação Especial no contexto da Lei de diretrizes e Bases da Educação. Brasília: Câmara dos Deputados, 1999. --------------. Decreto n° 3.298 de 20 de dezembro de 1999. Brasília: Presidência da República, 1999. ---------------. Subsídios para Organização e Funcionamento de Serviços de educação Especial – Área da Deficiência auditiva. Brasília: MEC/SEESP,1995(a). ----------------. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE, 1994. ----------------. Declaração de Jontiem. Brasília, INEP/MEC, 1990. ----------------. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Câmara dos Deputados, 1998. 4 2 42 CAPARRÓZ, Francisco Eduardo (2007) Entre a educação física na escola e a educação física da escola. 3ª Ed. Autores Associados, São Paulo, SP. COLETIVO DE AUTORES (1992) Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez. DARIDO, Suraya Cristina. (2003) Educação Física na Escola Questões e Reflexões. Guanabara. FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física. São Paulo: Scipione, 1989. GHIRALDELLI JR, Paulo (1994). Educação Física Progressista: A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos e a Educação Física Brasileira. 5a ed. São Paulo: Ed. Loyola. KUNZ, Eleonor (1994). Transformação Didática - Pedagogia do Esporte. Ed. Unijuí. XAVIER, Lauro Filho; RODELLA, Jeane et al. (2005) Educação Física (Saiba Mais) Rio de Janeiro.
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