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5 - Androgênios

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Alexia Almeida – ATM 2025/1 
 
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É o principal androgênio tanto nos homens quanto nas mulheres. Nos 
homens, é sintetizada pelas células de Leydig (localizadas nos túbulos 
seminíferos). Nas mulheres, é sintetizada por vias similares no corpo lúteo e 
no córtex suprarrenal. 
 
Os precursores da testosterona são a desidroepiandrosterona (DHEA) e 
a androstenediona. Ambos são precursores inativos / fracos, ou seja, têm pouca 
função metabólica e efeitos clínicos relacionados à testosterona, são 
convertidas em testosterona, que será uma molécula ativa no processo de 
diferenciação andrógina. 
 
Os androgênios (DHEA e androstenediona) são convertidos 
perifericamente em testosterona. As células de Leydig os secretam para que 
possa haver a síntese nos tecidos periféricos. 
 
A testosterona é sempre mais secretada nos homens do que nas 
mulheres, independente do estágio de vida. O nível sérico de testosterona é 
bem variado dependendo do período de desenvolvimento. 
 
No primeiro trimestre de vida intrauterina, os testículos fetais são 
estimulada os pela gonadotrofina coriônica humana (hCG) (produzida na 
placenta) e começa a secretar testosterona, que é o principal fator da 
diferenciação sexual masculina secundária. 
 
No segundo semestre, a concentração sérica da testosterona é próxima 
da metade da puberdade, aproximadamente 250 ng/dL. Durante a lactância 
há outro pico. Na infância, a quantidade é muito baixa, voltando a subir 
durante a puberdade. Na vida adulta, há um leve declínio (andropausa) e pode 
ser necessário realizar reposição, principalmente se os níveis séricos ficarem 
abaixo de 200 ng/dL. 
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A testosterona age de maneiras diferentes sobre diferentes tecidos, tanto 
diretamente, quanto pela disponibilidade de metábolitos ativos di-
hidrotestosterona (DHT) e estradiol. 
 
É possível realizar perifericamente a conversão de testosterona para 
estradiol com a enzima aromatase (CYP19). Ocorre principalmente em 
mulheres, mas também ocorre em menor quantidade nos homens. 
 
A testosterona é convertida perifericamente em di-hidrotestosterona 
pela enzima 5α-redutase. A di-hidrotestosterona tem mais afinidade com o 
receptor de androgênio, ativando a expressão gênica com mais eficiência / 
tendo mais efeito clínico. Ocorre principalmente nos homens. A di-
hidrotestosterona é o principal metabólito ativo e andrógeno da 
testosterona, que por sua vez, gera as características masculinas 
secundárias. 
 
 As medicações que atuam no ciclo da testosterona são principalmente 
inibidores da 5α-redutase, que diminuem a disponibilidade periférica de DHT, 
como a finasterida (usado na hiperplasia prostática benigna e para evitar 
alopécia e calvície androgenética). 
 
 Há 2 formas de 5α-redutase, o tipo I é encontrado na pele não genital, no 
fígado e nos ossos. O tipo II é encontrado no tecido urogenital dos homens e na 
pele genital de homens e mulheres (principal tipo presente na próstata!!!). A 
finasterida 5mg age sobre o tipo II, já que visa a hiperplasia prostática, 
enquanto a finasterida 1mg age sobre o tipo I, já que visa a calvice. 
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A testosterona pode causar diversos efeitos pois atua por 3 
mecanismos diferentes: 
 
Quando há hiperestímulo do DHT, há aumento das doenças prostáticas 
em adultos. A hiperplasia prostática benigna ocorre quando há muito 
estímulo do receptor de androgênio no tecido prostático, que se desenvolve 
de maneira excessiva. Isso pode causar obstrução da uretra gerando 
desconforto, retenção urinária e prostatite. 
 
O efeito de crescimento ósseo, eritropoiese e aumento da força e massa 
músculo-esquelética ocorre também no uso de testosterona exógena 
injetável ou transdérmica. Qualquer hormônio exógeno faz biofeedback 
negativo, logo, ao perceber o nível alto de testosterona, o sistema gonadal 
inibe a produção de testosterona endógena. Assim, se houver reposição 
hormonal, é necessário parar com o aporte exógeno aos poucos. 
 
Por esse motivo é comum que o uso de “bombas” em academia 
geralmente é em ciclos. O objetivo é ganhar massa muscular, tanto com 
testosterona exógena quanto com fármacos que aumentem a produção 
endógena. 
Alexia Almeida – ATM 2025/1 
 
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A ingestão de testosterona não é eficaz para repor a deficiência, pois 
tem rápido metabolismo hepático (por ser lipofílica), por isso, a maior parte 
das preparações farmacêuticas visa evitar o catabolismo hepático. 
 
• Ésteres de Testosterona: 
 
A esterificação de um ácido graxo no grupo 17α-hidroxila 
da testosterona causa um composto mais lipofílico que a 
testosterona. 
 
Quando um éster como o enantato de testosterona 
(heptanoato) ou o cipionato (ciclopentilpropionato) é dissolvido em 
óleo (mais comumente usado em academias) e administrado a 
homens com hipogonadismo. 
 
O éster sofre hidrolise in vivo e produz concentrações 
séricas de testosterona acima da faixa normal nos primeiros dias 
mas que vão reduzindo até a próxima injeção (2-4 semanas). 
 
Os picos de testosterona são muito mais intensos quando 
a administração é injetável intramuscular. Diminuir a frequência 
das injeções (aumentando a quantidade administrada) causam 
flutuações maiores, levando a resultados terapêuticos precários. 
 
O gel de testosterona causa picos menos intensos e 
sustentam os níveis séricos mais estáveis durante as aplicações. 
 
O adesivo transdérmico de testosterona também causa um 
pico, mas não tão alto quanto na administração injetável IM. 
 
As preparações tópicas são as mais utilizadas justamente 
pela sua estabilidade. A administração tópica mantém os níveis de 
testosterona dentro da faixa terapêutica (em azul nos gráficos). Já 
a administração injetável causa um pico que extrapola a faixa 
terapêutica, podendo causar efeitos adversos como acne, 
irritabilidade, perda de cabelo... 
 
O undecanoato de testosterona pode ser dissolvido em óleo 
e ingerido. Assim, é absorvido pela circulação linfática e contorna 
o catabolismo hepático. Sua forma em óleo pode ser injetado e 
apresenta concentrações séricas mais estáveis por até 2 meses. 
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• Androgênios Alquilados: 
 
São compostos químicos com a adição de um grupo alquila 
à posição 17α da testosterona, retardando o metabolismo 
hepático. 
 
São androgênicos ao serem administrados por V.O, mas são 
menos androgênicos que a testosterona (não elevam/sustentam 
tanto quanto) e causam hepatotoxicidade (que a testosterona 
natural não causa) e por isso, estão entrando em desuso. 
 
Atletas em busca de crescimento muscular utilizam 
ilicitamente esse tipo de fármaco justamente por não elevar 
tanto o nível sérico mas ainda induzir maior crescimento de 
massa muscular. Oxandrolona, por exemplo. 
 
• Sistemas de Liberação Transdérmica: 
 
É o método de administração mais utilizado atualmente. 
São adicionados excipientes (substância colocada junto ao 
fármaco para potencializar/facilitar a absorção pela via de 
administração escolhida) para facilitar a absorção controlada 
através da pele. 
 
Os adesivos foram as primeiras formas de liberação 
transdérmica de testosterona. Mas também existem os géis, que 
são a forma mais indicada de reposição de testosterona, visto 
que não causam um pico inicial tão grande, mesmo comparado 
ao adesivo. 
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 A administração transdérmica não causa efeito adverso (só o normal 
por elevação de testosterona) se a dose não for excessiva. 
 
 Já administração de compostos modificados (alquilados) IM, causam 
efeitos indesejados mesmo quando a dose é apenas para reposição fisiológica. 
 
 Alguns efeitos indesejáveis ocorrem logo após o início da 
administração, mas alguns ocorrem após muitos anos, como a hiperplasia 
prostática benigna (já que a testosterona elevada aumenta o DHT). 
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É a principal indicação para a administração de androgênios. É o déficit 
na concentraçãosérica de testosterona. 
 
 Qualquer uma das preparações podem ser usadas no tratamento, mas 
visto que o objetivo é simular o mais rigorosamente possível as 
concentrações séricas normais, é mais comum usar o gel. 
 
 A determinação das concentrações séricas de testosterona durante o 
tratamento é o aspecto mais importante do monitoramento do tratamento, 
dosando a concentração sérica a cada 2 semanas. 
 
 Para administração IM, a concentração sérica deve ser medida na 
metade do período entre as doses. Nesse momento a testosterona deve estar 
normal, se são estiver, é necessário alterar a dosagem. 
 
 O LH estimula a síntese de testosterona pelos testículos, logo, quando 
há falência de produção testicular de testosterona (doença testicular), os 
níveis de LH estarão altos (pq o corpo está tentando produzir mais 
testosterona). A testosterona age por biofeedback negativo sobre o LH! (LH 
elevado inibe a produção endógena de testosterona). A adequação do 
tratamento pode ser feita pela normalização dos níveis de LH em até 2 meses 
após o início do tratamento (os níveis séricos elevados de testosterona 
durante o tratamento causam diminuição do LH). 
 
 Esses antagonistas são relativamente potentes no bloqueio do receptor, 
mas mesmo assim têm eficácia limitada se utilizados isoladamente, pois ao 
apenas bloquear o receptor, há um aumento (pico) da secreção de LH, que 
estimula a elevação da concentração sérica de testosterona, “ofuscando” o 
efeito do fármaco antagonista do R.A. Alguns exemplos são a flutamida, 
proxalutamida, bicalutamida, nilutamida e enzalutamida. 
 
São usados juntamente com algum análogo do GnRH (hormônio 
liberador de gonadotrofina) no tratamento de câncer de próstata metastático, 
pois o bloqueio do receptor de androgênio diminui o estímulo sobre as células 
prostáticas (até as cancerígenas/neoplásicas/metastáticas). Os análogos do 
GnRH impedem que ocorra o pico de LH. 
 
 
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A flutamida é usada para tratar hirsutismo (aumento da quantidade de 
pelos em locais comuns ao homem, por excesso de androgênios), já que o 
bloqueio dos R.A diminui o estímulo da testosterona sobre o folículo piloso. 
Ela é associada com hepatotoxicidade, por isso, não é recomendada para 
propósitos cosméticos. 
 
Bloqueiam a conversão de testosterona em DHT, especialmente na 
genitália masculina. Como a DHT tem mais afinidade com o RA do que a 
testosterona, bloquear a 5α-redutase diminui a ação do androgênio no tecido 
periférico. 
 
A finasterida (5g) e dutasterida são exemplos. São comumente usados 
para tratar hiperplasia prostática benigna. Impotência e ginecomastia são 
efeitos adversos infrequentes mas documentados. 
 
A (1mg/dia) também é utilizada para calvice e hirsutismo (calvície 
androgênica). Causa o bloqueio da 5α-redutase tipo II, inibindo a ação do DHT 
nos folículos pilosos. 
 
O acompanhamento do tratamento deve ser feito através de 
hemograma completo, enzimas hepáticas, antígeno prostático (PSA), 
testosterona e LH. 
 
Níveis altos de PSA podem indicar hiperplasia prostática.

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