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Inflamação Aguda A inflamação aguda apresenta três componentes principais: (1) Dilatação de vasos pequenos, o que desencadeia aumento no fluxo sanguíneo; (2) Aumento da permeabilidade da microvasculatura, permitindo que proteínas plasmáticas e leucócitos deixem a circulação; (3) Emigração dos leucócitos da microcirculação, que se acumulam no foco da lesão e são ativados a fim de eliminar o agente agressor. Reações dos Vasos Sanguíneos na Inflamação Aguda As reações vasculares da inflamação aguda consistem em alterações no fluxo sanguíneo e na permeabilidade dos vasos, ambos destinados a maximizar o movimento das proteínas plasmáticas e dos leucócitos para fora da circulação em direção ao local da infecção ou lesão. O extravasamento de líquidos, proteínas e células sanguíneas do sistema vascular para tecidos intersticiais ou cavidades corporais é conhecido como exsudação. Exsudato é um líquido extravascular que contém alta concentração de proteína e detritos celulares. Sua presença indica que há aumento na permeabilidade de pequenos vasos sanguíneos, geralmente durante a reação inflamatória. Em contrapartida, o transudato é um líquido com baixo teor de proteínas, pouco ou nenhum material celular e baixa gravidade específica. É essencialmente um ultrafiltrado de plasma sanguíneo que é produzido como resultado do desequilíbrio osmótico ou hidrostático em vasos com permeabilidade vascular normal Inflamação aguda Alterações no Fluxo e no Calibre Vascular • A vasodilatação é seguida rapidamente pelo aumento da permeabilidade da microvasculatura, com extravasamento de fluido rico em proteínas (um exsudato) nos tecidos extravasculares. • A perda de líquido e o aumento do diâmetro do vaso desencadeiam lentidão no fluxo sanguíneo, concentração de hemácias em vasos pequenos e aumento da viscosidade do sangue. Essas alterações resultam em estase do fluxo sanguíneo, engurgitamento de pequenos vasos cheios de hemácias que se movem lentamente, características observadas histopatologicamente como congestão vascular e, externamente, como vermelhidão localizada (eritema) do tecido envolvido. • À medida que a estase se desenvolve, leucócitos sanguíneos, principalmente neutrófilos, acumulam-se ao longo do endotélio vascular. Ao mesmo tempo, as células endoteliais são ativadas por mediadores produzidos nos locais de infecção e de dano tecidual, e expressam níveis aumentados de moléculas de adesão. Os leucócitos então aderem ao endotélio e logo em seguida migram através da parede vascular para o tecido intersticial, em uma sequência descrita mais adiante. Aumento da Permeabilidade Vascular (Extravasamento Vascular) • A retração das células endoteliais que resulta na abertura de lacunas interendoteliais é o mecanismo mais comum de extravasamento vascular. É desencadeada por histamina, bradicinina, leucotrienos e outros mediadores químicos. Ocorre rapidamente após a exposição ao mediador (em 15 a 30 minutos) e geralmente é de curta duração; • Lesão endotelial, resultando em necrose e destacamento de células endoteliais. O dano direto ao endotélio é encontrado em lesões graves (p. ex., nas queimaduras) ou é induzido pela ação de microrganismos e toxinas microbianas que apresentam como alvo as células endoteliais. Os neutrófilos que aderem ao endotélio durante a inflamação também podem lesar as células endoteliais e assim amplificar a reação Respostas de Vasos Linfáticos e Linfonodos Além dos vasos sanguíneos, os vasos linfáticos também participam de inflamação aguda. O sistema linfático e os linfonodos filtram e controlam os fluidos extravasculares. Os linfáticos drenam a pequena quantidade de fluido extravascular filtrado fora dos capilares em circunstâncias normais. Na inflamação, o fluxo linfático torna-se aumentado para ajudar a drenar o líquido do edema que se acumula devido ao aumento da permeabilidade vascular. Recrutamento de Leucócitos para Locais de Inflamação Os leucócitos que são recrutados para locais de inflamação desempenham a função- chave de eliminar os agentes ofensivos. Os leucócitos mais importantes nas reações inflamatórias típicas são aqueles capazes de fagocitose, ou seja, neutrófilos e macrófagos. Os neutrófilos são produzidos na medula óssea e rapidamente recrutados para locais de inflamação; os macrófagos respondem de forma mais lenta. Esses leucócitos ingerem e destroem bactérias e outros microrganismos, bem como tecido necrótico e substâncias estranhas. Os macrófagos também produzem fatores de crescimento que ajudam no reparo. Um preço a se pagar pela potência defensiva dos leucócitos é que, quando fortemente ativados, podem induzir danos teciduais e prolongar a inflamação, porque os produtos leucocitários que destroem os microrganismos e ajudam a “limpar” os tecidos necróticos também podem produzir “danos colaterais” aos tecidos normais do hospedeiro. A jornada dos leucócitos do lúmen do vaso para o tecido é um processo que ocorre em múltiplas etapas, sendo mediado e controlado por moléculas de adesão e citocinas. Os leucócitos geralmente fluem rapidamente no sangue e, na inflamação, devem ser interrompidos e depois levados ao agente agressor ou ao local de danos teciduais, fora dos vasos. Esse processo pode ser dividido em fases, consistindo primeiro na adesão de leucócitos ao endotélio no local da inflamação, depois na transmigração dos leucócitos através da parede do vaso e movimento das células em direção ao agente agressor. Diferentes moléculas desempenham funções importantes em cada uma dessas etapas. Adesão dos Leucócitos ao Endotélio Quando o sangue flui dos capilares para as vênulas pós-capilares, as células circulantes são varridas pelo fluxo laminar contra a parede do vaso. As hemácias, sendo menores, tendem a se mover mais rapidamente do que os leucócitos, que são maiores. Como resultado, as hemácias ficam confinadas à coluna axial central e os leucócitos são empurrados para a parede do vaso, mas o fluxo evita que as células se liguem ao endotélio. À medida que o fluxo sanguíneo se torna mais lento no início da inflamação (estase), as condições hemodinâmicas mudam (diminuição do esforço de cisalhamento da parede) e mais leucócitos assumem uma posição periférica ao longo da superfície endotelial. Esse processo de redistribuição dos leucócitos é chamado marginação. Ao se aproximar da parede do vaso, os leucócitos são capazes de detectar e reagir às alterações do endotélio. Se as células endoteliais são ativadas por citocinas e outros mediadores produzidos localmente, elas expressam moléculas de adesão às quais os leucócitos se prendem frouxamente. Os leucócitos ligam-se e destacam-se e, assim, começam a rolar na superfície endotelial, em um processo chamado rolamento. As células finalmente param em algum ponto em que aderem firmemente (de forma semelhante a seixos sobre os quais corre o fluxo sem perturbá-los). A ligação dos leucócitos às células endoteliais é mediada por moléculas de adesão complementares aos dois tipos de células cuja expressão é reforçada pelas citocinas. Estas são secretadas por células teciduais em resposta aos microrganismos e outros agentes prejudiciais, garantindo assim que os leucócitos sejam recrutados para os tecidos em que esses estímulos estão presentes. As duas principais famílias de moléculas envolvidas na adesão e migração dos leucócitos são as selectinas e as integrinas (Tabela 3.4). Essas moléculas são expressas em leucócitos e células endoteliais, assim como nos seus ligantes. • Selectinas medeiam as interações iniciais fracas entre os leucócitos e o endotélio. As selectinas são receptores expressos nos leucócitos e no endotélio que contêm um domínio extracelular que se liga aos açúcares (daí a parte lectina do nome). Os três membros desta família são E-selectina (também chamada CD62E), expressa em células endoteliais;P-selectina (CD62P), presente nas plaquetas e no endotélio; e L-selectina (CD62L), encontrada na superfície da maioria dos leucócitos. Da mesma forma, a E- selectina e o ligante para L-selectina são expressos no endotélio somente após a estimulação pela IL-1 e pelo fator de necrose tumoral (TNF), citocinas produzidas por macrófagos teciduais, células dendríticas, mastócitos e células endoteliais após o encontro com microrganismos e tecidos mortos. Como resultado, os leucócitos se ligam, desligam e se ligam novamente, e assim começam a rolar ao longo da superfície endotelial. Essas discretas interações do rolamento mediadas por selectina reduzem a velocidade dos leucócitos e lhes oferecem a oportunidade de reconhecer moléculas de adesão adicionais no endotélio. • A adesão firme dos leucócitos ao endotélio é mediada por uma família de proteínas da superfície dos leucócitos chamadas integrinas. As integrinas são glicoproteínas transmembranares compostas por duas cadeias que intermedeiam a adesão dos leucócitos ao endotélio, bem como de várias células à matriz extracelular. Em geral, são expressas nas membranas plasmáticas dos leucócitos sob uma forma de baixa afinidade e não aderem aos seus ligantes específicos até que os leucócitos sejam ativados pelas quimiocinas. As quimiocinas são citocinas quimiotáticas que são secretadas por muitas células nos locais de inflamação, se ligam a proteoglicanos de células endoteliais e são encontradas em altas concentrações na superfície endotelial. Quando os leucócitos em rolamento encontram as quimiocinas, as células são ativadas e suas integrinas sofrem alterações conformacionais e agrupam-se, convertendo-se assim para uma forma de alta afinidade. . A combinação da expressão induzida pelas citocinas de ligantes de integrina no endotélio e da maior afinidade das integrinas nos leucócitos resulta na firme ligação mediada por integrina dos leucócitos ao endotélio no local da inflamação. Os leucócitos interrompem o rolamento, e a afinidade das integrinas pelos seus ligantes proporciona sinais que levam a alterações do citoesqueleto que prendem os leucócitos e os ligam firmemente ao endotélio. Migração de Leucócitos Através do Endotélio Após a adesão à superfície endotelial, os leucócitos migram através da parede do vaso, espremendo-se entre as junções intercelulares das células. Este extravasamento de leucócitos, chamado transmigração, ocorre principalmente em vênulas pós-capilares, local em que há retração máxima das células endoteliais. O movimento adicional dos leucócitos é orientado por quimiocinas produzidas nos tecidos extravasculares, que estimulam a movimentação dos leucócitos em direção a um gradiente químico. Além disso, a molécula de adesão celular endotelial plaquetária-1 (PECAM-1) (também chamada CD31), uma molécula de adesão da superfamília de imunoglobulina (Ig) expressa em leucócitos e células endoteliais, medeia os eventos de ligação necessários para que os leucócitos atravessem o endotélio. Após a passagem pelo endotélio, os leucócitos degradam a membrana basal, provavelmente por meio da secreção de colagenases, e entram no tecido extravascular. Em geral, a parede do vaso não é lesada durante a transmigração de leucócitos. Quimiotaxia dos Leucócitos Após o extravasamento da circulação, os leucócitos migram pelos tecidos em direção ao local da lesão por um processo chamado quimiotaxia, que é definido como a locomoção a favor de um gradiente químico. Tanto substâncias exógenas como substâncias endógenas podem atuar como fatores quimiotáticos para os leucócitos, incluindo: • Produtos bacterianos, particularmente os peptídeos com N-formil-metionil terminal. • Citocinas, especialmente as pertencentes à família das quimiocinas. • Componentes do sistema complemento, particularmente o C5a. • Produtos da via da lipoxigenase do metabolismo do ácido araquidônico (AA), particularmente o leucotrieno B4 (LTB4). Esses quimioatratores são produzidos por microrganismos e por células hospedeiras em resposta a infecções e danos teciduais, bem como durante reações imunes. Todos atuam por meio de ligação aos receptores acoplados à proteína G transmembrana-7 na superfície dos leucócitos. Os sinais iniciados a partir desses receptores ativam os segundos mensageiros que induzem a polimerização da actina, o que resulta em quantidades aumentadas em direção à borda da célula e na localização dos filamentos de miosina na parte oposta. O leucócito se move, estendendo pseudópodes que puxam a parte posterior da célula em direção à projeção, assim como as rodas dianteiras puxam um automóvel com tração dianteira. Como resultado, os leucócitos migram em direção ao estímulo inflamatório devido aos fatores quimiotáticos produzidos localmente. A natureza do infiltrado leucocitário varia conforme a idade da resposta inflamatória e o tipo de estímulo. Na maioria das formas de inflamação aguda, há predominância de neutrófilos no infiltrado inflamatório durante as primeiras 6 a 24 horas, sendo gradualmente substituídos por macrófagos derivados de monócitos dentro de 24 a 48 horas. Existem várias razões para a preponderância precoce dos neutrófilos: são mais numerosos no sangue do que outros leucócitos, respondem mais rapidamente às quimiocinas e aderem mais firmemente às moléculas de adesão induzidas nas células endoteliais, como a P-selectina e a E-selectina. A compreensão molecular do recrutamento e migração dos leucócitos proporcionou uma grande quantidade de possíveis alvos terapêuticos para controlar os prejuízos da inflamação. Os agentes que bloqueiam o TNF, uma das principais citocinas de recrutamento de leucócitos, estão entre as terapias mais bem-sucedidas já desenvolvidas para doenças inflamatórias crônicas. Recrutamento de leucócitos para locais de inflamação • Os leucócitos são recrutados do sangue para o tecido extravascular onde os patógenos infecciosos ou os tecidos lesados podem estar localizados, migrando para o local da infecção ou de lesão tecidual e são ativados para executar suas funções. • O recrutamento de leucócitos é um processo de múltiplas etapas, que consiste em aderência e rolamento no endotélio (mediado por selectinas); aderência firme ao endotélio (mediado por integrinas); e migração por entre lacunas interendoteliais. • Várias citocinas promovem a expressão de selectinas e ligantes de integrina no endotélio (TNF, IL-1), aumentam a afinidade das integrinas por seus ligantes (quimiocinas) e promovem a migração direcional dos leucócitos (também quimiocinas). Os macrófagos teciduais e outras células que respondem aos agentes patogênicos ou aos tecidos danificados produzem muitas dessas citocinas. • Os neutrófilos predominam no infiltrado inflamatório inicial e são posteriormente substituídos por monócitos e macrófagos. Fagocitose e Eliminação de Agentes Lesivos O reconhecimento dos microrganismos ou de células mortas induz várias respostas nos leucócitos que são coletivamente chamadas ativação leucocitária. Após os leucócitos (particularmente neutrófilos e monócitos) serem recrutados para o local de infecção ou de lesão tecidual, eles devem ser ativados para executar suas funções. Isso faz todo o sentido porque, enquanto queremos que nossos defensores patrulhem nosso corpo constantemente, seria um desperdício mantê-los com um alto nível de alerta e gastando energia antes de serem necessários. As respostas funcionais mais importantes para a destruição dos microrganismos e outros agentes lesivos são: a fagocitose e a morte intracelular. Várias outras respostas auxiliam as funções defensivas da inflamação e podem contribuir para suas consequências prejudiciais. Fagocitose A fagocitose envolve três etapas sequenciais: (1) Reconhecimento e fixação da partícula a ser ingerida pelo leucócito (2) Engolfamento, com subsequente formação de um vacúolo fagocítico (3) Morte oudegradação do material ingerido. Essas etapas são desencadeadas pela ativação dos fagócitos por microrganismos, detritos necróticos e vários mediadores. Destruição Intracelular de Microrganismos e Detritos A destruição dos microrganismos e dos materiais ingeridos é realizada por espécies reativas de oxigênio (ROS, também chamadas intermediários reativos do oxigênio), espécies reativas de nitrogênio, principalmente derivadas do óxido nítrico (NO) e enzimas lisossômicas Enzimas dos Grânulos e Outras Proteínas. Neutrófilos e monócitos contêm grânulos ricos em enzimas e proteínas antimicrobianas que degradam microrganismos e tecidos mortos e também são capazes de contribuir para a lesão tecidual. Esses grânulos são ativamente secretados e então diferenciados dos lisossomos clássicos. Os neutrófilos possuem dois tipos principais de grânulos. Os grânulos específicos menores (ou secundários) contêm lisozima, colagenase, gelatinase, lactoferrina, ativador do plasminogênio, histaminase e fosfatase alcalina. Os grânulos azurófilos maiores (ou primários) contêm MPO, fatores bactericidas (como defensinas), hidrolases ácidas e várias proteases neutras (elastase, catepsina G, colagenases inespecíficas, proteinase 3). As vesículas fagocíticas contém material engolfado e podem se fundir aos grânulos (e aos lisossomos, como descrito anteriormente) e os materiais ingeridos são destruídos. Além disso, ambos os tipos de grânulos podem sofrer exocitose (degranulação) o que desencadeia a liberação extracelular do conteúdo dos grânulos. Lesão Tecidual Mediada por Leucócitos Os leucócitos são importantes mediadores de lesão nas células e tecidos normais em várias circunstâncias: • Como parte da reação normal de defesa contra mi- crorganismos infecciosos, quando tecidos circunjacentes ao local da infecção sofrem danos colaterais. Em algumas infecções difíceis de erradicar, como a tuberculose e certas doenças virais como a hepatite, a resposta prolongada do hospedeiro contribui mais para a patologia do que o próprio microrganismo. • Quando a resposta inflamatória é inadequadamente direcionada contra os tecidos do hospedeiro, como em certas doenças autoimunes. • Quando o hospedeiro “reage excessivamente” contra substâncias ambientais inofensivas, como nas doenças alérgicas, incluindo a asma e algumas reações a medicamentos. Os danos são causados pelos leucócitos através da liberação de moléculas lesivas. O conteúdo potencialmente tóxico dos grânulos é liberado pelos leucócitos para o meio extracelular através de vários mecanismos. A secreção controlada do conteúdo dos grânulos após a degranulação é uma resposta normal dos leucócitos ativados. Se os fagócitos encontram materiais que não podem ser facilmente ingeridos, como imunocomplexos depositados em superfícies planas (p. ex., a membrana basal glomerular), a incapacidade dos leucócitos de circundar e ingerir estas substâncias (“fagocitose frustrada”) desencadeia uma ativação ainda mais forte, levando à liberação de grandes quantidades de enzimas dos grânulos para o ambiente extracelular. Outras Respostas Funcionais dos Leucócitos Ativados Além de eliminar microrganismos e células mortas, os leucócitos ativados desempenham outras funções na defesa do hospedeiro. Vale ressaltar que essas células, especialmente os macrófagos, produzem citocinas que podem amplificar ou limitar as reações inflamatórias, fatores de crescimento que estimulam a proliferação de células endoteliais e fibroblastos bem como a síntese de colágeno, e enzimas que remodelam o tecido conjuntivo. Por causa dessas atividades, os macrófagos apresentam papel central na orquestração da inflamação crônica e reparo dos tecidos após a inflamação diminuir. Nesta discussão sobre inflamação aguda, enfatizamos a importância dos neutrófilos e dos macrófagos. No entanto, é evidente que alguns linfócitos T, que são células da imunidade adaptativa, também contribuem para inflamação aguda. Resolução da Resposta Inflamatória Aguda Esse poderoso sistema de defesa do hospedeiro, com a capacidade inerente de causar lesão tecidual, precisa de controles rígidos para minimizar os danos. Em parte, a inflamação diminui após o agente agressor ser removido, simplesmente porque os mediadores de inflamação são produzidos em explosões rápidas, apenas enquanto o estímulo persiste, apresentam meia-vida curta e são degradados após a sua liberação. Os neutrófilos também apresentam meia-vida curta nos tecidos e morrem por apoptose em poucas horas, até um dia ou dois após deixarem o sangue. Além disso, à medida que a inflamação se desenvolve, o processo desencadeia vários sinais de parada, que interrompem ativamente a reação. Esses mecanismos ativos de término da reação incluem a troca do tipo de metabólito do ácido araquidônico produzido, de leucotrienos proinflamatórios para lipoxinas anti-inflamatórias, e a liberação de citocinas anti- inflamatórias, fator transformador de crescimento β (TGF-β) e IL-10 a partir de macrófagos e outras células. Resumo (Ativação de leucócitos e remoção dos agentes agressores) • Os leucócitos podem eliminar microrganismos e células mortas por meio de fagocitose seguida de destruição nos fagolisossomos. • A destruição é causada por radicais livres (ROS, NO) gerados nos leucócitos ativados e nas enzimas dos grânulos lisossômicos. • Neutrófilos podem expulsar seu conteúdo nuclear para formar redes extracelulares que aprisionam e destroem microrganismos. • As enzimas dos grânulos podem ser liberadas para o meio extracelular. • Os mecanismos que funcionam para eliminar microrganismos e células mortas (que é a função fisiológica da inflamação) também são capazes de lesar tecidos normais (consequências patológicas da inflamação). • Os mediadores anti-inflamatórios terminam a reação inflamatória aguda quando ela não é mais necessária. Mediadores da inflamação Os mediadores da inflamação são as substâncias que iniciam e regulam as reações inflamatórias. Embora o estudante possa ficar preocupado e achar a lista de mediadores assustadora (assim como os professores!), vale destacar que esse conhecimento tem sido usado para desenvolver um grande arsenal de agentes anti-inflamatórios que são usados diariamente por muitas pessoas e que incluem fármacos familiares como o ácido acetilsalicílico e o paracetamol. Os mediadores mais importantes da inflamação aguda são as aminas vasoativas, os produtos lipídicos (prostaglandinas e leucotrienos), as citocinas (incluindo quimiocinas) e os produtos da ativação do complemento). Iniciaremos resumindo as propriedades gerais dos mediadores da inflamação e, em seguida, apresentaremos algumas das moléculas mais importantes. • Os mediadores podem ser produzidos pelas células no local da inflamação, ou podem circular no plasma como precursores inativos que são ativados no local da inflamação. Os principais tipos de células que produzem mediadores de inflamação aguda são os macrófagos teciduais, as células dendríticas e os mastócitos, mas plaquetas, neutrófilos, células endoteliais e a maioria dos epitélios também podem ser induzidos a elaborar alguns mediadores. • Mediadores ativos são produzidos somente em resposta a várias moléculas que estimulam a inflamação, incluindo produtos microbianos e substâncias liberadas a partir de células necróticas. Muitos desses estímulos incitam receptores e vias de sinalização bem-definidas, como descrito anteriormente. A exigência comum para microrganismos ou tecidos mortos agirem como estímulo inicial garante que a inflamação, em geral, seja desencadeada apenas quando e onde for necessária. • A maioria dos mediadores apresenta meia-vida curta. • Um mediador pode estimular a liberação de outros mediadores. Aminas Vasoativas: Histamina e Serotonina As duas principais aminas vasoativas, assim denominadas porque executam ações importantes nos vasos sanguíneos,são a histamina e a serotonina. A histamina provoca a dilatação das arteríolas e aumenta a permeabilidade das vênulas. A histamina também causa contração de alguns músculos lisos, mas os leucotrienos, descritos posteriormente, são muito mais potentes e relevantes como causa de espasmos dos músculos brônquicos, por exemplo, na asma. Metabólitos do Ácido Araquidônico Os mediadores lipídicos prostaglandinas e leucotrienos são produzidos a partir do ácido araquidônico presente em fosfolipídeos da membrana e estimulam reações vasculares e celulares na inflamação aguda. Prostaglandinas As prostaglandinas (PGs) são produzidas por mastócitos, macrófagos, células endoteliais e muitos outros tipos celulares, e estão envolvidas nas reações vasculares e sistêmicas da inflamação. São geradas pelas ações de duas cicloxigenases chamadas COX-1 e COX- 2. A COX-1 é produzida em resposta a estímulos inflamatórios e também é expressa constitutivamente na maioria dos tecidos, onde pode desempenhar uma função homeostática (p. ex., equilíbrio de líquidos e eletrólitos nos rins, citoproteção no trato gastrointestinal). Em contraste, a COX-2 é induzida por estímulos inflamatórios e, portanto, gera as PGs que estão envolvidas nas reações inflamatórias, mas apresenta baixa concentração ou está ausente na maioria dos tecidos normais. • A PGD2 é a principal prostaglandina produzida por mastócitos; juntamente com a PGE2 (mais amplamente distribuída), causa vasodilatação e aumenta a permeabilidade das vênulas pós-capilares, potencializando assim a exsudação e o edema resultante. A PGD2 também é um agente quimiotático para neutrófilos. Lipoxinas As lipoxinas também são geradas a partir do ácido araquidônico pela via da lipoxigenase, mas, ao contrário das prostaglandinas e dos leucotrienos, as lipoxinas suprimem a inflamação inibindo o recrutamento de leucócitos. Elas inibem a quimiotaxia dos neutrófilos e a sua adesão ao endotélio. Citocinas e Quimiocinas As citocinas são proteínas secretadas por muitos tipos celulares (principalmente linfócitos ativados, macrófagos e células dendríticas, mas também por células endoteliais, células epiteliais e do tecido conjuntivo) que medeiam e regulam reações imunes e inflamatórias. Quimiocinas As quimiocinas constituem uma família de proteínas pequenas (8-10 kD) que atuam principalmente como quimiotáticos para tipos específicos de leucócitos. • Inflamação aguda. A maioria das quimiocinas estimula a adesão do leucócito ao endotélio atuando nos leucócitos para aumentar a afinidade das integrinas e também servem como agentes quimiotáticos, guiando os leucócitos para locais de infecção ou lesão tecidual. Como medeiam algumas etapas da reação inflamatória, às vezes são chamadas quimiocinas inflamatórias. Sua produção é induzida por microrganismos e outros estímulos. • Manutenção da arquitetura do tecido. Sistema Complemento O sistema complemento é uma coleção de proteínas solúveis e seus receptores de membrana funcionam principalmente na defesa do hospedeiro contra microrganismos e reações inflamatórias patológicas. Existem mais de 20 proteínas do complemento e algumas delas são numeradas de C1 a C9. Essas proteínas estão envolvidas nos processos da imunidade inata e adaptativa na defesa contra patógenos microbianos. No processo de ativação do complemento, são elaborados vários produtos da clivagem de proteínas do complemento que causam aumento da permeabilidade vascular, quimiotaxia e opsonização. Embora, como se poderia esperar, muitas variáveis possam modificar o processo básico da inflamação, incluindo a natureza e a intensidade da lesão, o local e o tecido afetados, e a capacidade de resposta do hospedeiro, as reações inflamatórias agudas geralmente apresentam um dos três resultados • Resolução completa. Em um mundo perfeito, todas as reações inflamatórias, após a eliminação do agente agressor, deveriam terminar com a restauração do local de inflamação aguda à normalidade. Isso é chamado resolução e é o resultado observado quando a lesão é limitada ou de curta duração, ou quando houve pequena destruição tecidual e as células parenquimatosas danificadas puderam se regenerar. A resolução envolve a remoção de debris celulares e microrganismos por macrófagos e a reabsorção do líquido do edema pelos vasos linfáticos. • Cura por substituição de tecido conjuntivo (cicatrização ou fibrose). Isso ocorre após a destruição substancial de tecido, quando a lesão inflamatória envolve tecidos que são incapazes de regenerar, ou quando há abundante exsudação de fibrina no tecido ou em cavidades serosas que não podem ser adequadamente removidas. Em todas essas situações, o tecido conjuntivo cresce na área da lesão ou exsudato, convertendo- o em uma massa de tecido fibroso. • Progressão da resposta para inflamação crônica. A transição de inflamação aguda para crônica ocorre quando a resposta inflamatória aguda não pode ser resolvida, como resultado da persistência do agente prejudicial ou de alguma interferência no processo normal de cicatrização. Resultados da inflamação aguda
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