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AULA 08 – VALIDADE DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA E ALCANCE DA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM 1. Validade: · Capacidade (art. 1º); · Arbitrabilidade subjetiva; Art. 1º - LA: As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. 2. Objeto: · Lícito: Não se pode ter uma cláusula compromissória para resolver conflitos sobre o tráfico de entorpecentes. · Possível; · Determinado ou determinável: Se pode ter arbitragem para eventos certos ou eventos futuros, desde que as partes façam um acordo sobre uma relação jurídica definida. A e B não podem, por exemplo, firmar em um contrato que “todo conflito que tivermos será resolvido por arbitragem” (objeto indeterminado). É necessário realizar um recorte mais específico: “todo conflito que tivermos sobre a fazenda será resolvido por arbitragem”. · Arbitrabilidade objetiva (art. 1º): Apenas os conflitos relacionados a direitos patrimoniais disponíveis serão arbitrados. · Forma: A lei exige forma específica (exceção à liberdade da forma) para negócios mais relevantes. A comissão de arbitragem deve ser gravada por escrito (LA, art. 4º, § 1º; CNY, art. 2º, II); · Previsão no instrumento contratual; · Previsão em instrumento apartado; · Previsão em correspondências; Artigo II 1. Cada Estado signatário deverá reconhecer o acordo escrito pelo qual as partes se comprometem a submeter à arbitragem todas as divergências que tenham surgido ou que possam vir a surgir entre si no que diz respeito a um relacionamento jurídico definido, seja ele contratual ou não, com relação a uma matéria passível de solução mediante arbitragem. 2. Entender-se-á por "acordo escrito" uma cláusula arbitral inserida em contrato ou acordo de arbitragem, firmado pelas partes ou contido em troca de cartas ou telegramas.” A sociedade evolui e a norma precisa evoluir junto com a sociedade. É anacrônico mencionar “cartas” e “telegramas”. · Cláusula compromissória em contrato de adesão (art. 4º, § 2º - LA): Aquela que, em virtude de questões econômicas, não há a possibilidade de discussão. Por exemplo, quando alguém vai pegar um empréstimo no banco, geralmente o contrato é muito vantajoso para o banco e à parte só resta aceitar. Concordância expressa do aderente em documento anexo ou em negrito, com assinatura ou visto específicos. Gabriel Seijo considera essas imposições insuficientes para a comprovação da manifestação da vontade. 3. Alcance da convenção de arbitragem: Quando A e B firmam uma convenção de arbitragem, não estão apenas abrindo mão de um direito. Essa renúncia vai além: substituição da jurisdição estatal pela jurisdição privada. Logo, não precisa ser interpretada, necessariamente, de forma restritiva ou ampliativa. Sendo a convenção de arbitragem um negócio jurídico, devemos interpretá-la a luz dos cânones do negócio jurídico (arts. 112 e 113 – CC). Art. 112 – CC: Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. Art. 113 – CC: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. Prioriza-se, destarte, a manifestação da vontade das partes à vontade literal, levando-se em consideração, também, a boa-fé objetiva, os usos e os costumes (“práticas de mercado”). Preza-se pelo princípio da segurança jurídica (previsibilidade). · Alcance subjetivo da convenção de arbitragem: · Sucessores a título inter vivos: Substituição de uma pessoa por outra em certa relação jurídica; · Sucessores a título causa mortis: Quando alguém morre, os seus herdeiros se tornam donos do patrimônio do falecido. Supondo que A tenha vendido uma empresa e colocado uma cláusula compromissória. A morreu. Seus herdeiros estarão sujeitos à referida cláusula compromissória; Signatários e não signatários – consentimento expresso (declarado) e tácito (não se declara por palavras, mas é inferido por condutas): Para a cláusula compromissória, no que tange aos não signatários, estes podem se tornar parte da convenção de arbitragem mediante consentimento tácito (para além do expresso). · No exterior: · Leading case: Caso Dow Chemichal (ICC 4131); · Evolução (ICC 4972, 6519) – controladora; 5730, 5721 – subsidiária); · No Brasil: · Caso Trelleborg (TJSP); Apesar de não terem assinado, os suecos aceitaram tacitamente por meio de condutas reiteradas na negociação. · Caso Continental (STJ): consentimento expresso e tácito – superou a jurisprudência do STJ. Um estrangeiro enviou um contrato por e-mail para um brasileiro. O brasileiro não assinou, mas cumpriu o contrato. O STJ considerou que consentimento tácito era inválido e que o ordenamento jurídico brasileiro exigia o consentimento expresso. O precedente anterior foi superado pelo Caso Continental do STF, o qual teve como relator o Min. Marco Aurélio. Passou-se a admitir, doravante, o consentimento tácito da cláusula compromissória. Próxima aula: Slide 10.
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