Buscar

1° Avaliação Feito (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
FACULDADE DE DIREITO E CIÊNCIAS DO ESTADO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III
RECURSO DE APELAÇÃO
INTEGRANTES:	Anderson Cardoso Duque (Turma A)
 Camila Cordeiro de Sá Neta (Turma B)
 César Henrique Silva Diniz (Turma B)
 Fernanda Quirino Pereira (Turma B)
João Lucas (Turma B)
Lucas Rodrigues Azevedo Coelho (Turma B)
Marck Carvalho Leao (Turma B)
Rúbia Bragança Pimenta Arouca (Turma A)
Sarah Regina Januário da Cruz (Turma B)
Thiago Mendes Oliveira (Turma A)
Anderson Cardoso Duque (Turma A)
PROFESSOR: 	Dierle Nunes
BELO HORIZONTE
2021
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 20ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA- ESTADO DO PARANÁ
Protocolo nº 14.395-2021
Requerente: Machado & Beltrami Imobiliária Ltda.
Requerido: Arquimedes Pierangeli
MACHADO & BELTRAMI IMOBILIÁRIA LTDA, já qualificado nos autos da Ação Tal, processo em epígrafe, que move em face de ARQUIMEDES PIERANGELI, também já qualificada nos autos, vem, por via de seu procurador que esta subscreve, não se conformando com a sentença proferida às fls. 05- 11, interpor o presente
RECURSO DE APELAÇÃO
Com base nos arts. 1.009 a 1.014, ambos do CPC/15, requer, na oportunidade, digne-se Vossa Excelência de receber este recurso, remetendo os autos à segunda instância, cumpridas as necessárias formalidades legais, como medida de inteira justiça.
Termos em que,
Pede o deferimento.
Curitiba, 16 de junho de 2021.
José Fernandes Vilas Boas
OAB/MG 105278
RAZÕES RECURSAIS
Apelante: MACHADO & BELTRAMI IMOBILIÁRIA LTDA
Apelada: ARQUIMEDES PIERANGELI
Origem: processo nº 26.082.017, 20ª Vara Cível- Comarca de Curitiba
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÃMARA.
Eméritos Desembargadores,
I – BREVE SÍNTESE DO PROCESSO
Trata-se de ação de cobrança em que o autor, ora apelado, requer a cobrança de R$1.5000.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) referentes ao pagamento do valor dos honorários contratuais, acrescidos de correção monetária e juros de mora. O autor requereu como prova: seu próprio depoimento pessoal, a juntada do próprio contrato, além da aprovação do projeto pelo Município e do certificado de vistoria e conclusão de obra. No que diz respeito à sucumbência, requereu a condenação da ré ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios, em 20% do valor da condenação, nos termos do art. 85, § 2º do CPC. 
Em sede de contestação, o requerido, ora apelante, alegou: a) preliminarmente, a violação à cláusula contratual que exigia uma sessão prévia de mediação extrajudicial; b) sua ilegitimidade passiva, eis que a contratação ocorreu em benefício de terceiros, pleiteando sua substituição pela pessoa física de André (um dos sócios da empresa), nos termos do art. 338 do CPC, ou ao menos a inclusão deste como litisconsorte passivo necessário; c) a nulidade da contratação, eis que somente André assinou o contrato de prestação de serviços; d) independentemente da nulidade formal pela ausência das assinaturas, que também não poderia ser responsabilizada pelo ato de André, já que este praticou contratação estranha ao objeto social (compra, venda e locação de imóveis), nos termos do art. 1.015, parágrafo único, inciso III do CC/2002; e) por fim, a suspensão da inscrição do arquiteto perante o CREA durante o período de acompanhamento da obra e a exorbitância do valor dos honorários arquitetônicos, fora dos padrões habitualmente adotados no mercado. Pediu a realização de prova pericial a fim de aferir o valor correto dos honorários, considerando a metragem construída e os valores praticados no mercado. Requereu também a ouvida de André como testemunha, a fim de comprovar que a contratação não se deu em benefício da empresa.
Intimado, o autor apresentou réplica, às fls 22-25 apontando que: a) a exigência prévia de sessão de mediação não pode impedir o acesso ao Poder Judiciário, conforme garantia constitucional (CF, art. 5º, XXXV); b) foi a própria pessoa jurídica quem firmou a contratação, razão pela qual possui legitimidade passiva e não se faz necessária a inclusão de André como litisconsorte passivo (art. 339, § 2º do CPC); c) a ausência da assinatura do outro sócio não afasta a responsabilidade da empresa, diante da teoria da aparência e do desconhecimento do arquiteto a respeito de tal exigência no contrato social; d) apesar de a construção de imóvel não compor o objeto social da empresa, a atividade não é estranha ao seu objeto, já que o imóvel construído pode vir a interessar aos negócios da pessoa jurídica em questão; e) o trabalho foi efetivamente prestado e, portanto, é devida a contraprestação; f) André sempre teve ciência da suspensão da inscrição perante o CREA e o valor dos honorários arquitetônicos está dentro dos padrões praticados no mercado. E reiterando os termos da exordial.
Sem êxito a tentativa de acordo, passou-se a instrução, findos os debates orais, o nobre magistrado, em sua decisão: a) fixou como pontos controvertidos: a possibilidade da responsabilização da sociedade pelos atos praticados por André; o proveito ou não da contratação em favor da sociedade. b) em relação às provas, indeferiu o depoimento pessoal do autor, por entender desnecessária sua oitiva. Além disso, indeferiu o depoimento de André, ressaltando que o mesmo não poderia ser ouvido como testemunha (art. 447, §2°, III do CPC/15). Ainda, indeferiu a produção de prova pericial requerida pela ré, por entender que o valor dos honorários arquitetônicos fora definido em contrato e inexistiam questões técnicas que demandassem a produção desse tipo de prova. c) ressaltou que diante da desnecessidade de produção de outras provas, determinava a remessa dos autos à contadoria judicial e, posteriormente, que os mesmos viessem conclusos para sentença.
Julgando procedente o pedido e condenando a ré ao pagamento do valor pleiteado, ou seja, R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). 
No entanto, como será demonstrado a seguir, a sentença não merece prosperar, devendo ser anulada ou reformada.
II – RAZÕES DA ANULAÇÃO OU REFORMA 
a- VIOLAÇÃO À CLÁUSULA DE MEDIAÇÃO PRÉVIA
Levando-se em conta que o estabelecimento de cláusula contratual que exigia uma sessão prévia de mediação extrajudicial observou o princípio da boa-fé objetiva, no sentido de ter sido constituído de plena vontade das partes, de modo livre de vícios na concordância de que a mediação extrajudicial é parte integrante do negócio jurídico firmado, não se trata de violação à garantia constitucional de acesso à justiça, mas sim o respeito ao princípio da autonomia da vontade das partes, constituída no momento da constituição do contrato.
O entendimento consolidado pela jurisprudência do STJ reforça a validade de cláusula arbitral em contrato, conforme o julgamento do Resp 791.260, sobre o qual o Ministro relator, o desembargador convocado do TJ/BA Paulo Furtado esclareceu em seu voto:
Não se discute, a constitucionalidade da Lei n.º 9.307/96, pois esta é, por força da jurisprudência do egrégio STF, sabidamente constitucional. A questão, no caso concreto, diz com a possibilidade de as partes disporem/renunciarem, adrede e abstratamente, por convenção contratual, de direitos e garantias individuais, de matriz constitucional, o que agride a consciência jurídica. (RECURSO ESPECIAL Nº 791.260 - RS (2005/0175166-1).
Tomando-se como norte a Lei n.º 9.307/96, a qual dispõe sobre a arbitragem, não há que se falar em inconstitucionalidade ou percalço ao acesso à justiça, muito pelo contrário, vez que trata-se de liberdade conferida às partes para determinarem tal cláusula contratual. Assim sendo, no próprio julgamento supracitado, consolidou-se que “a previsão contratual de arbitragem ajustada de comum acordo gera a obrigação de as partes submeterem qualquer litígio a um tribunal arbitral. O descumprimento da cláusula de arbitragem acarreta a extinção do processo sem o julgamento do mérito”. 
Nesse sentido, os ministros da 3ª Turma ressaltaramque apesar de a Lei da Arbitragem (Lei 9.307/96) prever o acesso ao Poder Judiciário, essa garantia não pode substituir a apreciação do conflito pelo juízo arbitral. Por fim, o entendimento unânime da 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça é de que quando as partes que assinam um contrato determinam que eventuais conflitos sejam resolvidos por meio de arbitragem, não podem recorrer ao Judiciário sem antes submeter a desavença a um juízo arbitral. 
Tratando-se da boa-fé como princípio contratual geral, sua inobservância fere a própria vontade de negociar inicial, cujos alicerces podem ser observados nos artigos 113 e 187 do Código Civil, a saber:
	 “Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.
Nesse sentido, uma vez que o acordado pelas partes devidamente identificadas no presente processo foi a realização prévia de sessão de mediação, a boa-fé se traduz numa função proibitiva, cuja conduta de não respeitar tal exigência – livremente acordada no contrato em discussão – ultrapassa o razoável fere a boa-fé objetiva, ao negligenciar a expectativa das partes contratantes, às quais não há justificativa para serem frustradas. Ao ofender a boa-fé, trata-se de comportamento abusivo.
Há uma relação jurídica anterior que foi estabelecida pelas partes: a relação jurídica de direito material, sobre a qual se convencionou entre as elas que seria, obrigatoriamente, objeto de sessão prévia de mediação, e, conforme o art. 190 do CPC:
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
Ainda quanto à importância do respeito às vontades expressas no ato de contratar junto à boa-fé e confiança, aduz Martins-Costa:
“Há um dever de coerência consistente em manter-se a palavra dada ou o comportamento manifestado, agindo segundo os fins do contrato, e corresponder à expectativa legitimamente criada pelos próprios atos assim impedindo surpresas desleais, visto que a contradição, a instabilidade comportamental, a inconstância afetam um vínculo que o Ordenamento jurídico pretende dotar de estabilidade.” (MARTINS-COSTA, 2018, p. 254).
Cujo complemento se dá em seguida, na mesma obra – A Boa-Fé no Direito Privado: critérios para a sua aplicação –:
O que a boa-fé tutela, portanto, não é qualquer expectativa [...]. Tutela apenas a confiança investida em virtude de razões que, racionalmente controláveis (ou comprováveis, ou adequadas ao id quod plerumque accidit), foram objeto de ‘investimento de confiança’ pelo destinatário do ato ou comportamento ou omissão aptos a gerar essa confiança qualificada.” (MARTINS-COSTA, 2018, p. 256)
Além do princípio da boa-fé inerente aos contratos, o não cumprimento injustificado da cláusula de sessão de mediação prévia viola outros alicerces da prática social do contrato. Trata-se de desrespeito ao dever de proteção garantido tanto pelo dever de proteção quanto pelo dever de lealdade ou cooperação, no sentido de agir honestamente, colaborando para o alcance das finalidades do contrato, que foram estipuladas nas cláusulas que a parte contrária desrespeita ao não obedecer a exigência firmada em contrato livre, sem vícios. Dessa maneira, não há que se partir de tentativas infundadas para justificar uma desconsideração à cláusula expressa de mediação, mas sim da análise da conduta faltosa da parte ao ajuizar ação de conhecimento.
À vista disso, a 28ª Vara Cível de São Paulo na Apelação nº 1006599-41.2014.8.26.0100 de 2017 decidiu por manter a sentença que determinava a extinção de um processo, sem a resolução do mérito, pelo reconhecimento do descumprimento de uma cláusula compromissória onde era previsto que quaisquer controvérsias, litígios ou conflitos decorrentes da interpretação, cumprimento ou execução do ajuste firmado pelas partes deveriam ser definitivamente resolvidos pela arbitragem, estando em conformidade com o Regulamento de Arbitragem da Câmara de Mediação e Arbitragem de São Paulo. O órgão julgador cita a doutrina de Daniel Amorim Assunção Neves que diz:
 “Como determina a Lei 9.307/1996, a convenção de arbitragem é um gênero, do qual a cláusula compromissória (antes da formação da lide) e o compromisso arbitral (depois de instaurada a lide) são espécies. A existência de qualquer uma das espécies de convenção de arbitragem gera a extinção do processo sem resolução de mérito porque, havendo a opção pela arbitragem, a intervenção jurisdicional é indevida. Sendo o direito de ação disponível, também é disponível o direito de exercê-lo perante a jurisdição, não havendo na escolha da arbitragem pelas partes qualquer ofensa ao princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF)” - Novo CVC Comentado, Ed, Juspodivm, 2017, pg. 821.
Tendo isso em vista, e também levando em consideração a importância do cumprimento do princípio da boa-fé objetiva para que se mantenha a coerência e a lealdade aos termos firmados no momento do contrato, o fato de ambas as partes terem estabelecido livremente a mediação para a solução de conflitos é inquestionável que toda a controvérsia sobre o cumprimento da cláusula contratual que obriga a outorga das garantias deva ser dirimida pelo juízo arbitral, conforme foi explícito no contrato. r. Sentença proferida pelo juiz a quo na Ação de Cobrança proposta pela apelante em face do apelado, julgando o seu pedido improcedente, deve ser modificada in totum, uma vez que a importância reivindicada na inicial traduz-se em uma obrigação de única e inteira responsabilidade do comprador, conforme previsão contratual.
A afirmação acima evidenciada, nos termos dos documentos acostados aos autos, encontra respaldo no fato de que vigoram no direito brasileiro, como vigas mestras de sustentação das relações jurídicas, os princípios da liberdade de contratar e do efeito vinculante dos contratos, entendimento este corroborado pela jurisprudência pátria, in verbis:
“Em havendo estipulação contratual obrigando o comprador, não cabe declaração de indébito, uma vez que deve prevalecer o brocardo latino pacta sunt servanda”.
Ainda, no mesmo sentido, são lícitas, em geral, todas as condições que a lei não vedar expressamente, daí não havendo outro entendimento para o caso em questão.
b– PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA (NECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVA ORAL E PERICIAL)
A partir do que se pode constatar da contestação à exordial, houve requerimento expresso no que concerne à produção de provas, visando a que no decorrer da marcha processual constem exauridos todos os meios que sustentem os fatos narrados pela apelante. 
Nesse sentido, em síntese, pleiteou-se especificamente pela realização de prova pericial a fim de aferir o valor correto dos honorários, considerando a metragem construída e os valores praticados no mercado, assim como pela produção de prova oral de André como testemunha, objetivando comprovar que a contratação não se deu em benefício da empresa.
Com efeito, mediante a produção de prova oral e pericial, por certo acarretaria na nulidade do contrato discutido. Além disso, restaria pendente comprovar que cumpriu os requisitos previstos nos arts. 166 e 171 do Código Civil.
Imprescindível, portanto, é a necessidade do deferimento da produção de provas oral e pericial, que in casu demandaria oitiva de testemunha e prova pericial demandando a expertise de profissional para nortear com exatidão o cálculo de honorários, visto o significativo valor contratual e as oscilações de mercado.
Ademais, cabe pontuar que, na sentença, um dos argumentos utilizados para evidenciar a nulidade do contrato foi justamente por ter sido assinado pelo sócio André Beltrami.Ora, nota-se que André Beltrami é sócio minoritário (com 30% das quotas) e não possui poder de tomar decisões pela empresa de forma isolada, tendo em vista a previsão estipulada no contrato social.
Além disso, o objeto do contrato pactuado é estranho ao objeto social (compra, venda e locação de imóveis), nos termos do art. 1.015, parágrafo único, inciso III do Código Civil, e os benefícios trazidos na execução do objeto são relacionados exclusivamente a interesses particulares de um sócio minoritário, que não detém o poder de tomar decisões de forma isolada em nome da empresa, que sobremaneira pode ser corroborado em demasia por meio de prova testemunhal.
Urge ainda destacar que o autor não possuía as qualidades legais para executar o objeto, visto que ele sequer detinha a qualificação regular e necessária para exercício das atividades realizadas, tal como o registro regular no CREA, indispensável inclusive por ação volitiva, pois se trata de requisito objetivo, para realização do projeto arquitetônico e do acompanhamento da obra.
Destaca-se ainda que a parte, na relação processual, tem o direito e ônus (NCPC, art. 373, inc. II) de produzir as provas que são imprescindíveis à demonstração da veracidade de seus argumentos, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Nesse norte, cabe transcrever as lições de José Miguel Garcia Medina:
“III. Julgamento imediato do mérito e cerceamento de defesa. Havendo necessidade de produção de provas, não se admite o julgamento imediato do mérito. Ocorre, nesse caso, cerceamento de defesa, devendo ser decretada a nulidade da sentença (cf. STJ, AgRg no AREsp 371.238/GO, Rel. Ministro Humberto Martins, 2ª T., j. 03/01/2013), salvo se, por ocasião do julgamento do recurso, for possível julgar o mérito em favor daquele a quem aproveitaria o reconhecimento da nulidade ...
É tranquila no STJ a orientação de que 'resta configurado o cerceamento de defesa quando o juiz, indeferindo a produção de provas requerida, julga antecipadamente a lide, considerando improcedente a pretensão veiculada justamente porque a parte não comprovou suas alegações' (STJ, REsp 783.185/RJ, ia T., j. 24.04.2007, rel. Min. Luiz Fux).” (MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado: com ... — São Paulo: RT, 2015, p. 595)
(Grifos nossos).
Assim sendo, a ação demanda uma instrução probatória mais acurada, especialmente em relação ao questionamento de responsabilizar a empresa por um contrato firmado sem o consentimento do sócio majoritário, desrespeitando o contrato social, além do escopo contratado não possuir nenhuma relação com o objeto social da empresa (compra, venda e locação de imóveis). 
Outrossim, é consolidado na jurisprudência que o julgamento antecipado da lide sem oportunizar a produção de provas pleiteadas gera nulidade na sentença em virtude do cerceamento de defesa, conforme vejamos o Egrégio Tribunal de Minas Gerais: 
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA - INDEFERIMENTO DE PROVA ORAL - JULGAMENTO ANTECIPADO -IMPOSSIBILIDADE - CERCEAMENTO DE DEFESA - OCORRÊNCIA - NULIDADE DA SENTENÇA.
O julgamento antecipado da lide, sem oportunizar a parte autora a produção das provas requeridas e necessárias ao deslinde da demanda, configura cerceamento de defesa, impondo-se a desconstituição da sentença, para que novo julgamento seja proferido após a realização da prova. (TJMG - Apelação Cível 1.0624.15.000554-1/001, Relator(a): Des.(a) Leite Praça , 19ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 27/02/2020, publicação da súmula em 05/03/2020)
APELAÇÃO CÍVEL - INDENIZAÇÃO - INEXISTÊNCIA DE DÉBITO - REPETIÇÃO DOBRO - SENTENÇA PROFERIDA SEM OPORTUNIZAR A PRODUÇÃO DE PROVAS - CERCEAMENTO DE DEFESA CONFIGURADO. 
Configura cerceamento de defesa o julgamento antecipado da lide sem oportunizar às partes o direito de produzir prova que possa ser relevante ao desfecho da lide. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.17.079100-8/002, Relator(a): Des.(a) Marcos Henrique Caldeira Brant , 16ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 19/02/2020, publicação da súmula em 21/02/2020).
c- NULIDADE 
c.1
O contrato social diz que cabe a ambos os sócios, de comum acordo, a administração da sociedade empresarial, e que não se pode reconhecer a validade de negócio jurídico formalizado por apenas um deles.
De acordo com o inciso VI do artigo 977 do Código Civil a sociedade será constituída mediante contrato escrito. E que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará as pessoas incumbidas da administração da sociedade, bem como seus poderes.
Sendo a partir da administração da sociedade, e não do mero ato de gestão, que se escolhe o administrador e se estabelece os poderes. No caso concreto, a representação da sociedade será feira obrigatoriamente por ambos os sócios, assim sendo o contrato de prestação de serviços firmado com terceiro não pode ser considerado válido. Neste sentido: 
EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ANULATÓRIA - TERMO DE DESAPROPRIAÇÃO MEDIANTE ACORDO - AUSÊNCIA DE ASSINATURA DE UM DOS SÓCIOS - DESCUMPRIMENTO DO CONTRATO SOCIAL - VÍCIO FORMAL - NULIDADE - REDISCUSSÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO - APURAÇÃO EM LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA.
- Se quando da celebração do negócio entre as partes não foi observada cláusula contratual vigente que determinava a participação de todos os sócios nos atos de alienação dos bens imóveis da sociedade, deve ser reconhecida a nulidade do pacto pela ausência de atuação de um dos sócios administradores.
- O valor da indenização em casos de desapropriação deve corresponder ao valor apurado em avaliação, independentemente de avaliação administrativa. (TJMG - Ap Cível/Rem Necessária 1.0687.13.008175-9/002, Relator(a): Des.(a) Dárcio Lopardi Mendes , 4ª C MARA CÍVEL, julgamento em 14/03/2019, publicação da súmula em 26/03/2019)
Há de citar o artigo 1.010 do Código: ‘‘Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um’’. Soma-se a isso o fato de que existem diversos indícios que o sócio signatário do contrato de prestação de serviços firmou tal negócio para proveito pessoal e não em prol da Pessoa Jurídica, como estabelece o artigo 1.064 do Código Civil. Portanto, naquele contrato, era terceira pessoa estranha à empresa.
c.2
A empresa Machado & Beltrami Imobiliária não poderia contratar uma empresa para fazer o projeto e construção para terceiros, sejam clientes ou não, pois há a exigência de descrição do objeto decorre dos arts. 968, inc. IV; 997, inc. II; 1015, § único, todos do Código Civil; e art. 2º, § 2º, da lei 6.404/76. O decreto 1800/96, que regula o Registro Público Mercantil a cargo das Juntas Comerciais, proíbe o registro dos atos constitutivos em que o objeto não seja preciso e detalhado (art. 53, inc. III, alínea "b", e § 2º). 
Assim sendo, o objeto social da empresa Machado & Beltrami Imobiliária é, exclusivamente, a compra, venda e locação de bens imóveis. Desta forma, não há menção expressa no objeto social da empresa Machado & Beltrami Imobiliária dizendo que esta pode fazer projetos arquitetônicos ou construção para clientes, o que reforça a nulidade do contrato de prestação de serviços firmado com a parte autora. Soma-se a isso o fato de não haver nos autos NENHUM indício de que o imóvel foi construído para posterior comercialização.
Ademais, o administrador de sociedade limitada responde pessoalmente pelos débitos contraídos em nome da pessoa jurídica quando praticar atos dissociados do objeto social, pois é indevida utilização da pessoa jurídica pelo administrador para fazer operações completamente estranhas ao objeto societário (artigo 1.015, parágrafo único, III, do Código Civil). Deste modo, existe a impossibilidade de a Machado & Beltrami Imobiliária atuar no polo passivo da lide. Neste sentido:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO EMPRESARIAL. AÇÃO DE RESPONSABILIZAÇÃO PESSOAL. PREJUÍZOS SOFRIDOS PELA MASSA FALIDA. ATOS PRATICADOS PELO SÓCIO ADMINISTRADOR. DESVIO DEFINALIDADE. TEORIA ULTRA VIRES. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E ILIMITADA. FATO IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DA AUTORA/APELADA. COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA. (ART. 373, II, DO CPC/2015). 
O administrador de sociedade empresária limitada responde pessoalmente pelos prejuízos causados a terceiros pela pessoa jurídica quando agir com excesso de poder, desvio de finalidade, ou, ainda, quando descumprir o seu dever de diligência; à luz do disposto nos artigos 1.011, 1.015 e 1.016, do Código Civil. In casu, resta suficientemente comprovado pelos elementos de convicção carreados o desvio de finalidade praticado pelo sócio administrador da massa falida, razão pela qual deve responder pessoalmente pelos débitos contraídos em nome da sociedade, em atenção à teoria ultra vires. Sob essa perspectiva, correto asseverar que o recorrente não se desincumbiu do ônus que lhe está designado pelo art. 373, II, do CPC, acerca dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito da autora/apelada. (Acórdão 1206198, 00080070820168070015, Relator: CARMELITA BRASIL, 2ª Turma Cível, data de julgamento: 2/10/2019, publicado no DJE: 14/10/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.)
c.3
A validade da prestação de serviços de profissionais das áreas de engenharia civil e arquitetura está vinculada à sua situação regular mediante o conselho responsável por tais categorias, qual seja o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia - CREA. Ora, os conselhos profissionais possuem como principais atribuições as de registrar, fiscalizar e disciplinar as respectivas profissões regulamentadas. Além disso, representam em juízo e fora dele, os interesses gerais e individuais dos profissionais, a fim de assegurar a qualidade dos serviços prestados. Nesse sentido, a própria atuação de profissionais em relação ao CREA traz luz sobre a questão, conforme o artigo 6º da lei 5.194/1966:
“Art. 6º Exerce ilegalmente a profissão de engenheiro, arquiteto ou engenheiro-agrônomo:
... d) o profissional que, suspenso de seu exercício, continue em atividade”
O objetivo primordial não só de estatutos, mas de uma organização institucional por meio do conselho vinculado à categoria, é “garantir que os profissionais atuem dentro dos princípios éticos, de racionalidade e de sustentabilidade do ambiente e preservação da cultura em benefício da sociedade”, conforme o próprio manual de fiscalização do exercício da Arquitetura e Urbanismo, elaborado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.
Por fim, vê-se que a parte autora não teve boa-fé ao continuar prestando seus serviços, pois estava ciente da sua situação de suspenso do órgão de classe e, consequentemente, suspenso das suas atividades laborais e nunca deveria ter concluído tal projeto.
d - DA REVOGAÇÃO DA TUTELA DE EVIDÊNCIA
Sabe-se que tutela provisória é o meio pelo qual o juiz antecipa o provimento jurisdicional de mérito a uma das partes. Nesse sentido, é requisito fundamental para concessão da tutela provisória de evidência a probabilidade do direito. Isso significa dizer, que para a concessão deste provimento jurisdicional antecipado, basta que exista a suposição da verossimilhança, demonstradas por documentos e precedentes, não havendo a necessidade de produção de provas. 
O art. 311 do CPC aborda de forma expressa, um rol taxativo de eventuais hipóteses onde é cabível a tutela de evidência: 
“Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.”
Nesse sentido, a r. sentença concedeu a tutela de evidência, sob o fundamento de estarem preenchidos os requisitos nos termos do inciso II, do artigo acima transcrito. 
Na hipótese do inciso II, é possível a concessão da tutela de evidência por se apresentar um potencial grau de probabilidade do direito do demandante. Essa probabilidade, nos termos da primeira parte do citado inciso, deve ser possível de ser provada bastando apresentação documental para tanto.
Ademais, pela segunda parte deste inciso, é necessário ainda, que a matéria em discussão seja objeto de tese já firmada em súmula vinculante ou julgamento de casos repetitivos.
Com a devida vênia, ao contrário do que entendeu a r. sentença, os documentos arrolados aos autos pela parte Agravada não são suficientes para comprovar os fatos constitutivos de suposto direito. 
Isso porque:
I.	O Contrato de Prestação de Serviços (documento juntado pelo próprio Agravado a fim de demonstrar seu direito) estabelece que as partes devem realizar sessão de mediação na tentativa de autocomposição, antes de ajuizamento de ações. Deste modo, os documentos arrolados demonstram que a Agravada, inclusive, foi contra o contrato por ela celebrado de livre vontade. Ademais, é importante mencionar que a tentativa de autocomposição das partes não exclui do poder judiciário a apreciação de lesão ou ameaça de direito, conforme entendeu a r. sentença;
II.	A construção de imóvel não possui relação com o objeto descrito no contrato social da empresa, o contrato social prevê a assinatura de ambos os sócios nos negócios jurídicos firmados com a empresa como requisito de validade e o Sr.André reconhece que utilizou do serviço para fins de interesse pessoal. Deste modo, a r. sentença indeferiu a ilegitimidade passiva da empresa, sob o argumento de que existe precedente favorável à teoria da aparência do órgão especial do tribunal. É importante frisar que a tutela de evidência é concedida apenas quando não há dúvida e/ou possibilidade de infirmar o direito pretendido. Nesse sentido, o inciso II, do art. 311, do CPC é claro ao determinar que a jurisprudência apta a autorizar a concessão da tutela de evidência são aquelas firmadas em sede de repetitivos ou em súmula vinculante. Não resta clarividente, portanto, a probabilidade do Direito do Apelado sobre a Apelante também neste ponto. 
III.	O Apelado descumpriu a Lei 5.194/66 ao prestar serviço sem a devida inscrição regular no conselho de sua classe, configurando exercício irregular da profissão. Ora, como pode r. sentença entender que está presente a probabilidade do direito do Apelado, quando este age em total desconformidade com o ordenamento jurídico? Novamente, não resta demonstrado a probabilidade do direito. 
IV.	Por último, mas não menos importante, o pedido principal do Apelado é o pagamento de valores a título de honorários arquitetônicos por ele arbitrados. Entretanto, embora esteja previsto em contrato, não é autorizado aos prestadores de serviço cobrarem valores abusivos de seus clientes. Para saber se os valores cobrados estão dentro dos padrões do mercado e, portanto, não são abusivos, é imprescindível a realização de perícia técnica. Ou seja, não há verossimilhança do pedido do Agravado a permitir a concessão da tutela de evidência. Para solucionar o ponto controverso, é necessário a produção de provas de novas provas.
III – REQUERIMENTO
Em virtude do exposto, o Apelante requer que o presente recurso de apelação seja CONHECIDO e, quando de seu julgamento, seja totalmente PROVIDO para:
a) que a ação seja julgada improcedente de pronto, sem análise do mérito mediante a violação da cláusula expressa de mediação prévia; 
b) deferimento da produção de prova oral e prova pericial, mormente o apresentado nos autos, visto que não justifica minimamenteo julgamento antecipado ocorrido, data venia, incorrendo em nítido cerceamento de defesa;
c) nulidade do contrato, de acordo com o art. 166, inciso II do Código Civil, 2002. Pois ao ser suspenso, fora as penalidades na esfera criminal, o sr. ARQUIMEDES não tem condições legais de prestar os serviços de arquiteto e acompanhamento da obra, assim sendo é impossível o Sr. ARQUIMEDES cumprir o objeto do contrato;
d) revogação da tutela de evidência, por não estar a pretensão do Apelado fundada em direito evidente.Posto que, assim julgando, estará esta Corte tutelando o melhor Direito.
Termos em que,
Pede deferimento.
Curitiba, 16 de junho de 2021.
José Fernandes Vilas Boas
OAB/MG 105278

Continue navegando