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A criopreservação de espermatozoides de peixes

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A criopreservação de espermatozoides de peixes.
Aluno: Luan Brochado da Silva Macedo // Matrícula: 493800 
Em 1980 se iniciaram as pesquisas sobre a criopreservação de espermatozoides de peixes no Brasil, porém não de forma tão avançada ou objetiva, a maior parte das pesquisas efetivas aconteceram na última década. O Brasil estava atrasado pois o primeiro caso de congelamento de espermatozoide de peixe no mundo foi visto em 1950, porém hoje o país conta com mais de 17 espécies de peixes já têm seu protocolo de criopreservação de sêmen determinado, com especial destaque para as famílias Characidae, Prochilodontidae, Anastomidae e Pimelodidade. Isso deve-se muito ao grande avanço tecnológico que vem ocorrendo nos últimos anos. Atualmente são feitas pesquisas que buscam identificar soluções para a aplicação das técnicas de criopreservação de sêmen de peixes em escala comercial, contribuindo assim para o desenvolvimento da piscicultura no país. Hoje, a criopreservação de espermatozoides de peixe é de grande interesse e pode ser usada nos laboratórios para a famosa reprodução. Nesta temperatura a estrutura e funcionalidade de células e tecidos vivos são mantidas, conservando-as geneticamente viáveis e reversivelmente inativas do ponto de vista metabólico (Pegg, 2007). 
Entre os benefícios da criopreservação de sêmen podemos citar: a eliminação do problema causado pela assincronia na maturidade gonadal entre machos e fêmeas; a simplificação do manejo dos reprodutores, podendo-se trabalhar separadamente com machos ou com fêmeas em momentos distintos; a facilidade de transporte de material genético entre pisciculturas, evitando o transporte de animais vivos e seus custos; a formação de bancos de germoplasma que permite a conservação de gametas de animais selecionados em programas de melhoramento ou manipulados geneticamente (triplóides, clones e transgênicos); e o estabelecimento de programas de hibridização utilizando peixes com períodos reprodutivos diferentes (Viveiros, 2005; Maria et al., 2009). Os bancos de germoplasma podem beneficiar também, do ponto de vista genético, a reposição de espécies ameaçadas de extinção, sobreexplotadas ou ameaçadas de sobreexplotação.
Apesar dos inúmeros benefícios, como a conservação de espécies, sabe-se que essas técnicas podem ocasionar danos às células espermáticas. Dessa forma, a fim de manter a viabilidade celular durante o resfriamento e após a descongelação, utiliza-se soluções diluidoras adequadas e busca-se suplementá-las para obter melhores resultados. Portanto, o aprimoramento dessas técnicas torna-se de grande relevância para o desenvolvimento da piscicultura. Uma das grandes dificuldades encontradas, hoje, para essa técnica de congelamento é a retirada total das moléculas de águas que estão presentes no sêmen, evitando assim o congelamento. 
Podemos citar algumas etapas do processo de criopreservação: 
1. Coleta do sêmen; 2. Avaliação microscópica da qualidade seminal; 3. Adição de diluidores e crioprotetores; 4. Envase; 5. Congelamento e armazenamento; 6. Descongelamento; 7. Fertilização e acompanhamento do desenvolvimento embrionário e larval.
Para que isso tudo isso ocorra de forma compatível com o requerido é fundamental que se preste atenção nas etapas pré-congelamento. Durante a coleta de sêmen, problemas como contaminação com água, fezes ou urina podem ativar a motilidade espermática, situação indesejável para as amostras utilizadas no congelamento. A criopreservação envolve a diluição do sêmen em uma solução crioprotetora que deve conter um diluidor, um crioprotetor intracelular e um crioprotetor extracelular para permitir o armazenamento adequado. Esses produtos garantem a não ativação dos espermatozoides durante o armazenamento e protegem as células espermáticas das chamadas crioinjúrias, danos celulares causados pela sua exposição a baixas temperaturas (Suquet et al., 2000; Billard et al., 2004). Entre os diluidores mais conhecidos e utilizados com sucesso na criopreservação de sêmen de peixes nativos brasileiros podemos citar a solução de glicose, geralmente na concentração de 5%. Entre os crioprotetores intracelulares temos o dimetilsulfóxido (DMSO) e o metilglicol. O congelamento envolve perda de água e consequente desidratação celular (Squires et al., 1999). Por outro lado, o descongelamento implica na reidratação das células provocada por um influxo de água (Holt, 2000). Com exceção das células embrionárias de mamíferos, a maioria das células suporta o descongelamento rápido, mesmo que não seja atingida totalmente a sua rehidratação. A rapidez no descongelamento é necessária para evitar a recristalização, ou seja, o reagrupamento de pequenos cristais de gelo que podem ser letais à célula.
Entendo que, a criopreservação de espermas de peixes no Brasil é, por enquanto, algo recente em que pouco progresso prático, em nível comercial e técnico, foi feito. O grande interesse pelo aprimoramento da técnica tem levado cada vez mais ao aumento no número de estudos sobre o tema fazendo com que, já seja possível o início do uso do sêmen congelado na rotina de produção de alevinos em alguns laboratórios públicos e privados de reprodução de peixes. A conservação de sêmen permite a reprodução em cativeiro de espécies de peixes reofílicas e ameaçadas, além de reduzir os custos com reprodutores para os piscicultores, porém são necessários mais estudos para o desenvolvimento de diluentes apropriados para cada espécie, a fim de se obter uma máxima qualidade espermática e, consequentemente, boas taxas de fertilização.
Referências: 
http://www.cbra.org.br/portal/downloads/publicacoes/rbra/v40/n4/p194-199%20(RB689).pdf
http://www.uece.br/cienciaanimal/dmdocuments/CONERA_PALESTRA%20(9).pdf
HOLT, W. V. Fundamental aspects of sperm cryobiology: the importance of species and individual differences. Theriogenology, Woburn, v. 53, n. 1, p. 47-58, 2000.
BILLARD R.J.; COSSON, S.B.; NOVEIRI, M. Cryopreservation and short-term storage of sturgeon sperm, a review. Aquaculture, v. 236, p.1-9, 2004.

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