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Linfadenite Caseosa: Acomete principalmente pequenos ruminantes, conhecida como “mal do caroço” ou “pseudotuberculose”. É uma doença infecto- contagiosa de caráter crônico e debilitante ou caquetizante (emagrecimento progressivo). O quadro clínico característico é a formação de abcessos em linfonodos regionais (superficiais), são os visíveis e palpáveis, sendo eles o parotídeo, retorfaringeo, submandibular, cervical, pré-femural/ pré-crural, mamário e inguinal. O quadro subclínico é característico pelos abcessos em órgãos e em linfonodos internos. Grande parte dos animais estão no quadro subclínico, quando aparece o comprometimento do linfonodo superficial aparece a forma clínica. A linfadenite caseosa é responsável por prejuízos econômicos devido a queda de desempenho, condenação de carcaças, desvalorização do couro, medicamentos e mão de obra. Etiologia: O agente etiológico é o Corynebacterium pseudotuberculosis, um bacilo gram-positivo, pleomórfico (pode ter outras formas- cocobacilo), aeróbico facultativo e cresce em ágar sangue em um período de 24-48h. O agente consegue produzir uma fosfolipase D (exotoxina) que tem capacidade de causar lesão vascular- glicoproteína, termo lábil, hemolítica, necrótica; tem uma camada lipídica que tem a capacidade de produzir toxinas contra os leucócitos (leucotóxica), e capacidade de produzir um processo de caseificação- faz com que o microrganismo torne um parasito intracelular facultativo, o que dificulta ainda mais a detecção do parasito no organismo, dificulta ainda mais a eliminação do parasita no organismo através da medicação. São resistentes, sobrevivem durante 8 meses na pele, vísceras infectadas, fezes, exsudato purulento, solo, locais úmidos e escuros. Resiste em instalações por 4 meses, deixa o ambiente extremamente contaminado. Epidemiologia: Está presente em países com um clima tropica e subtropical. No Brasil ocorre de forma endêmica, aproximadamente tem a prevalência de 30-50% do rebanho, e em criações extensivas a prevalência é inferior a 30%. A morbidade do rebanho é em torno de 15% - vão desenvolver a parte clínica. Os caprinos são mais acometidos que os ovinos. Em ovinos a porta de entrada pode ser pela contaminação da pele após as tosquias e banhos de imersão, formação de abcessos de pele em várias regiões do corpo e reatividade de linfonodos regionais. Em caprinos a infecção ocorre pela alimentação com forragens grosseiras, lesões de animais alimentados em canzis, abcessos na região de cabeça e pescoço. Não tem predisposição por raça ou sexo e os animais acometidos possuem, geralmente, 4 a 5 anos- evolução crônica e a disseminação ocorre de um animal para outro e mantém-se no rebanho. A transmissão por contato direto com conteúdo purulento, seja ele supurado ou drenado. A transmissão por contato indireto ocorre através de equipamentos (tosquiadeiras, tesouras, tatuadores), instalações (apriscos, pisos, cercas, bretes), cochos e bebedouros, cama e solo. Inicialmente tem o quadro subclínico. O período de incubação é longo, varia de 2-6 meses, o favorecimento da infecção pela doença ocorre pelas condições inadequadas dos ambientes, diminuição da imunidade dos animais e ausência de um programa sanitário integrado de prevenção e controle. Patogenia: A infecção ocorre pela contaminação de feridas e/ou pele intacta ou por via digestiva. O agente penetra, causa infecção a exotoxina fosfolipase D dissemina a infecção e a camada lipídica vai promover a resistência as enzimas digestivas do fagócito (neutrófilos e macrófagos). Sinais clínicos: Aumento de volume dos linfonodos periféricos Rompimento dos abcessos- coloração branco ao amarelado e/ou esverdeado, inodoro, consistência (inicialmente pastosa, posteriormente dura e seca com uma aparência laminada). Na maioria dos casos não apresenta outros sinais clínicos Os abcessos podem estar nas cavidades torácicas e abdominais, menor proporção atinge o SNC, glândula mamária, escroto e articulações, síndrome da ovelha magra (não ganha peso). Patologia Clínica: Na enfermidade aguda pode ter uma leucocitose (produção de linfócitos e neutrófilos), anemia crônica, hiperproteinemia, hiperfibrinogenemia- decorrente do processo inflamatório, hipergamaglobulinemia. Na enfermidade crônica os achados laboratoriais estão normais, o que dificulta o diagnóstico na patologia clínica. Patologia: Presença de abscessos nos linfonodos: consistência caseosa, coloração branco ao amarelado e/ou esverdeado, aspecto laminado devido ao processo de necrose das diversas capsulas. Diagnóstico: O diagnóstico é presuntivo devido a presença de abcessos nos linfonodos. O diagnóstico definitivo é realizado pelo isolamento do Corynebacterium pseudotuberculosis da secreção, obtido por meio de biópsia. Para controle ou para casos subclínicos pode-se utilizar as técnicas sorológicas como o teste de ELISA- na Europa é utilizada para programa de erradicação da doença (se der positivo sacrifica o animal), possui especificidade de 99% e sensibilidade de 99,8%; ou a inibição sinérgica da hemólise (ISH)- não é suficientemente específico para utilização em práticas de descarte, os títulos acima 1:4- indica infecção, os títulos de 1:5:12 é indicativo de abcessos internos, a especificidade é de 96% e sensibilidade de 98%. OBS: Técnica de sensibilidade (semelhante ao teste de tuberculina para detectar tuberculose), denominado de linfadenia- inocula 0,1 mL por via intradérmica na região escapular, os animais positivos irão apresentar reação alérgica local após 48h de inoculação com um aumento da espessura da dobra da pele (1,6 a 12,2 mm). Os animais negativos a variação da espessura da dobra da pele é de 0 a 1,5mm. Para fazer o diagnostico diferencial deve-se diferenciar os abcessos causados por Arcanobacterium pyogenes ou Staphylococcus aureus. E a presença de edema submandibular causado por fascíola hepática, hemoncose. Em casos subclínico, pode ser pneumonia progressiva ovina crônica (PPOC), pneumonia supurativa crônica, artrite- encefalite caprina (CAE), tuberculose e parasitose. Tratamento: O tratamento acaba sendo ineficaz, pois a utilização de antibióticos, como penicilina, ampicilina, cloranfenicol, eritromicina, genramicina e tetraciclina não neutraliza o Corynebacterium pseudotuberculosis, visto que os níveis de antibiótico no abcesso é baixo devido à capsula fibrosa ou a presença de secreção purulenta e o fato a bactéria intracelular nas células fagocíticas são leucotóxicas. Como tratamento faz-se a drenagem de abcessos realizando a tricotomia da região afetada, anti-sepsia com álcool iodado 5% (tintura de iodo 10% + álcool 70%) ou clorexidine 2%, faz-se a incisão da região ventral do abcesso e retira o conteúdo caseoso do abcesso com o uso de luvas e saco plástico. Limpa internamente com uma gaze ou algodão enrolado em uma pinça, aplicar solução de iodo 10% interna e externamente; queimar e enterrar o material purulento (pus- visto que o agente sobrevive até 4 meses no ambiente), desinfectar os instrumentos utilizados com álcool iodado. Os animais tratos so devem retornar ao rebanho depois da completa cicatrização da lesão e deve-se fazer a eliminação dos animais com abcessos reincidentes Controle e profilaxia: • Higiene das práticas de manejo • Isolamento e tratamento dos animais • Descarte dos animais doentes • Desinfecção dos fômites e instalações- formol 5%, clorexidine 2%, hipoclorito de sódio 2,5%, amônia quaternária 2% • Controle do trânsito dos animais • Vacinação- utilizando a 1002 atenuada de Conynebacterium pseudotuberculosis, é uma cepa atenuada, a recomendação é fazer dose reforço 21-28 dias após a primovacinação, a primeira vacinaçãodeve ser feita aos 3 meses e faz-se a revacinação semestral ou anual.
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