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LIVRO 1 
BÁSICO 
 
 
 
 
 
 
Governo do Paraná 
SETI 
 
UEL UEM UEPG 
UNI 
CENTRO 
UNI 
OESTE 
UENP 
UNES 
P AR 
 
 
JEFERSON LOZECKYI 
MARILISA DO ROCIO OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
BOM NEGÓCIO PARANÁ 
LIVRO 1 
BÁSICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2022 
 
Autores: JEFERSON LOZECKYI 
 MARILISA DO ROCIO OLIVEIRA 
 
Colaboradores: Edenilson Adão da Roza 
 Eliton Lopes dos Santos 
 Jaqueline Fonseca Rodrigues 
 Joceliane Antunes Araújo Camargo 
 Juvancir da Silva 
 Verlaine Lia Costa 
 
 
 
 
Aldo Nelson Bona 
Superintendente de Ciência tecnologia e Ensino Superior – SETI 
 
Sandra Cristina Ferreira 
Coordenadora do Programa PARANÁ EMPREENDE MAIS 
 
 
 
 
BOM NEGÓCIO PARANÁ 
 
 
Programa Bom Negócio Paraná 
inovando no empreendedorismo paranaense 
 
Em 2012 teve início o Programa Bom Negócio Paraná (PBNP) com o 
propósito de incentivar o desenvolvimento socioeconômico por meio da oferta de 
cursos de capacitação gerencial a micro, pequeno, médio empresários e a MEIs 
(Micro Empreendedores Individuais). Trata-se de uma iniciativa do Governo do 
Estado, custeada com recursos do Fundo Paraná, desenvolvido no âmbito do 
Programa Universidade Sem Fronteiras (USF), vinculado à Superintendência de 
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), executado pelas Instituições 
Estaduais de Ensino Superior do Paraná (IEES), com a parceria da Fomento Paraná 
para a concessão de crédito aos cursistas que queiram empreender. Com as ações 
realizadas, objetiva-se a criação de novos empreendimentos e o fortalecimento dos 
existentes, assim como o incentivo aos empreendimentos geradores de produtos, 
processos, design e serviços inovadores que proporcionem a geração de emprego e 
renda no campo e na cidade. 
Além da qualificação para o empreendedor, o programa estabelece uma 
contínua relação entre a universidade, a sociedade, o setor empresarial e o Estado 
viabilizando a cooperação em prol da produção de conhecimento, desenvolvimento 
de tecnologias inovadoras para o meio empresarial e a criação de riquezas. O 
programa também fortalece o ensino, a pesquisa e a extensão das instituições de 
ensino superior do Paraná, pelo conhecimento empregado e gerado nas áreas de 
Ciências Contábeis, Economia, Administração e Secretariado Executivo, áreas às 
quais pertencem os docentes, os recém formados e os acadêmicos integrantes das 
equipes executoras dos projetos. 
A versão atual do Programa apresenta aos empreendedores possibilidades 
de capacitação gratuita e de qualidade nos níveis Básico e Intermediário, por meio 
de cursos com duração de 68 horas de duração nas modalidades presencial e à 
distância (EAD). Esta iniciativa se constitui em um relevante investimento em área 
estratégica para o crescimento sistêmico do estado e a elevação da qualidade de 
vida da população. 
Desejo sucesso à equipe executora do Programa, bom proveito na formação 
aos cursistas e bons resultados aos empreendimentos que surgirem. 
 
 
Aldo Nelson Bona 
Superintendente de Ciência Tecnologia e Ensino Superior (SETI) 
 
 
BOM NEGÓCIO PARANÁ 
 
 
 
Objetivo 
Estimular o desenvolvimento econômico por meio da capacitação para micro, 
pequenos, médios empresários e microempreendedores individuais (MEI), 
formalizados ou não, promovendo a geração de produtos, serviços ou processos 
inovadores, assim como, emprego e renda. 
 
Missão 
Contribuir para o desenvolvimento social e econômico do Paraná por meio do apoio 
ao empreendedorismo e da inovação. 
 
Visão 
Efetivar o papel social da universidade e do estado enquanto agentes de 
desenvolvimento por meio de projetos que integrem e articulem a sociedade, o 
governo os demais atores do ecossistema de empreendedorismo com enfoque na 
inovação. 
 
Valores 
Ética, espírito empreendedor, espírito de equipe, comprometimento e ênfase em 
resultados, credibilidade e solidez, desenvolvimento de parcerias e produtividade em 
negócios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
Capítulo 1 – Ser Empreendedor – Empreendedorismo 
 Marilisa do Rocio Oliveira 1 
 
Capítulo 2 – Eu versus Meu Negócio 
 Jeferson Lozeckyi 14 
 
Capítulo 3 – Meu Dinheiro – Finanças Pessoais 
 Jeferson Lozeckyi 31 
 
Capítulo 4 – Dinheiro x Lucro – Finanças x Resultado 
 Jeferson Lozeckyi 53 
 
Capítulo 5 – Meu Produto – Marketing 
 Marilisa do Rocio Oliveira 90 
 
Capítulo 6 – Estou Atendendo – Vendas 
 Marilisa do Rocio Oliveira 119 
 
Capítulo 7 – Controle-se – Controles de Gestão 
 Jeferson Lozeckyi 149 
 
Capítulo 8 – Quem Trabalha Comigo – Gestão de Pessoas 
 Marilisa do Rocio Oliveira 169 
 
Capítulo 9 – Planeje-se – Orçamento Empresarial 
 Jeferson Lozeckyi 197 
 
Capítulo 10 – Inove e Cresça – Inovação e Sustentabilidade 
 Marilisa do Rocio Oliveira 218 
 
Referências 
 238 
 
1 
Capítulo 1 – Ser Empreendedor – Empreendedorismo 
Marilisa do Rocio Oliveira 
 
 
 
O empreendedorismo é um movimento extremamente importante na atualidade. O 
desenvolvimento humano e organizacional, os processos de transformação digital e 
de mudanças que ocorrem no mundo dificultam a inserção ou a manutenção do 
indivíduo no emprego formal. O que por alguns é visto como um problema ou uma 
dificuldade, para os mais ousados e arrojados é uma oportunidade: a de 
empreender! 
Não só as empresas precisam se adaptar às mudanças no mercado, também as 
pessoas para que se mantenham competitivas e com competências que sejam 
diferenciais no processo de se identificar oportunidades, gerenciar corretamente os 
recursos disponíveis e assumir riscos para a evolução. 
Seja abrindo seu próprio negócio ou por inovar no seu trabalho ou empresa, a figura 
do empreendedor é destaque para desempenhar papel significativo nessa jornada 
do mercado na atualidade, pois, contribui diretamente com o crescimento 
econômico, com a geração de emprego e de renda. 
O ato de empreender não pode ser considerado recente. É possível observá-lo 
desde o primórdio da humanidade, visto que as ações para realização das 
atividades coletivas já demandavam de ações empreendedoras. 
No Brasil, de acordo com projeto Global Entrepreneurship Monitor – GEM (2018), a 
cada 5 brasileiros, dois são empreendedores. Partindo-se dessa estimativa, pode-se 
dizer que aproximadamente 52 milhões de brasileiros, na faixa entre 18 e 64 anos, 
criam um novo negócio ou atuam na manutenção de empresas já estabelecidas. 
Ainda segundo o projeto Global Entrepreneurship Monitor – GEM (2018), o volume 
de empreendedores estabelecidos em 2018 foi o segundo maior em 19 (dezenove) 
anos, inferior somente ao ano de 2015. 
Vale refletir: O que esses dados revelam? Nos próximos anos, quero fazer parte 
desta estatística? Quais as características das pessoas que empreendem? 
“Esteja sempre pensando em 
como você pode fazer melhor”. 
 Elon Musk 
2 
Para isso, vale estudar o conceito de empreendedorismo, a classificação das 
categorias das motivações que levam as pessoas buscarem as atividades 
empreendedoras, quais os tipos de empreendedorismo, o perfil e as características 
dos empreendedores. 
Tratou-se anteriormente a questão das mudanças no mercado. Como os indivíduos 
têm reagido frente às mudanças? Esse é um tema de estudo que encontra em 
Schumpeter um de seus maiores estudiosos. Economista austríaco, Joseph 
Schumpeter considerava o empreendedorismo como fator fundamental do 
desenvolvimento econômico, sendo que essa afirmação se baseava na criação de 
uma expressão bastante conhecida: “destruição criativa”. 
A destruição criativa descrevia o processo evolutivo da tecnologia e das mudanças 
na indústria e, por conseqüência, na sociedade. A canibalização dos produtos, ou 
seja, quando um novo produto substitui rapidamente um velho produto (por vezes 
não tão velhos) e novas formas de produção substituem as antigas formas. Ou seja, 
a aplicação de processos de criatividade elevamas empresas a inovação, enquanto 
os que não conseguem responder de forma criativa de forma ágil não conseguem 
evoluir com o mercado, e, infelizmente, algumas vezes fecham. Ou seja, a evolução 
é resultado de um processo de destruição e criatividade, destruir o antigo e criar, 
construir o novo. 
 
 
 
 
Lançamentos cada vez mais rápidos de modelos de aparelhos celular de uma 
mesma marca, no exemplo aqui apresentado, Apple, multinacional norte-
americana: 
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 
iPhone iPhone 
3G 
iPhone 
3Gs 
iPhone4 iPhone 
4Gs 
iPhone 
5 
iPhone 
5s 
iPhone 
6 
iPhone 
6s 
iPhone 
7 
 
2017 2017 2018 2018 2018 2019 
iPhone 8 iPhone X iPhone XS iPhone XS 
max 
iPhone XR ? 
Observe atentamente a agilidade no lançamento de novos modelos no período 
2017-2018. O que esperar para 2019/2020? 
3 
 
 
 
Assim, é possível entender que o empreendedor está atrelado ao processo criativo e 
ao cenário de mudanças, se adaptando no processo para manter a competitividade. 
Na visão de Drucker (1987), o empreendedor vislumbra a mudança como uma 
norma e de forma muito saudável. Por si só, o empreendedor busca no seu dia-a-dia 
as mudanças, reage as mudanças e explora esse universo de oportunidades. 
O empreendedorismo tem uma multiplicidade de conceitos. “Empreendedorismo é 
um neologismo derivado da livre tradução da palavra Entrepreneurship e utilizado 
para designar os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seu 
sistema de atividades, seu universo de atuação.” (DORNELAS, 2011, p. 59). 
Para Dolabela (2010), escritor de extrema relevância na área, o empreendedorismo, 
é um fenômeno relacionado a cultura, que nasce de habilidades, práticas e valores 
das pessoas, implicando assim em uma forma de ser e ver o mundo, e, de travar 
relacionamento com o mundo. Por conseguinte, “o empreendedor é alguém que 
sonha e busca transformar seu sonho em realidade” (DOLABELA, p. 25) 
Na busca de transformação do sonho em realidade, de se relacionar com o mundo e 
como forma de desenvolvimento econômico, o empreendedor põe em prática suas 
atividades para sobreviver ou se realizar pessoalmente. Nesse sentido, é possível 
diferenciar duas categorias de empreendedorismo: 
1. O empreendedorismo por oportunidade nasce do fato da pessoa ter identificado 
no ambiente em que atua uma oportunidade de negócio viável, ou seja, que tem 
potencial e vale a pena investir recursos para desenvolvimento de um novo negócio. 
Uma pessoa que atua em determinada área identifica a oportunidade de explorar 
determinado segmento ainda não antes trabalhado, ou, com baixa concorrência 
devido as suas potencialidades de ganhos financeiros e de realização pessoal. 
2. O empreendedorismo por necessidade ocorre quando, com o próprio nome diz, o 
indivíduo encontra-se em ‘necessidade’ de empreender frente a falta de outras 
possibilidades de ocupação ou geração de renda, assim, criam seus próprios 
negócios para manterem condições dignas de sobrevivência. 
4 
Ocorre por exemplo quando uma pessoa fica desempregada, e, após buscar 
oportunidades no mercado de trabalho não consegue alcançar a tão sonhada vaga 
de emprego. Outro exemplo, frente à exigência de experiência no mercado de 
trabalho alguém que não tenha ou não tenha formas de provar experiências 
anteriores, não restando alternativas, implanta um novo negócio, visto o mesmo não 
exigir comprovação de experiência. 
Seja por necessidade ou por oportunidade, aprender a empreender no cenário atual 
é muito importante, pois, leva o indivíduo a pensar, a criar, a liderar, a se relacionar, 
a agir e inovar. Aqui, pode surgir o questionamento: mas o empreendedorismo não é 
nato, não nasce com a pessoa? Já se provou ao longo dos anos que não. As 
pessoas podem aprender a empreender, adquirir conhecimento e habilidades e 
desenvolver as atitudes para que tenham perfil empreendedor. 
O ex-Secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld disse que: “Há coisas que 
sabemos conhecidas. Essas são coisas que sabemos que sabemos. Há coisas 
que sabemos desconhecidas. Ou seja, há coisas que agora sabemos que não 
sabemos. Mas também há coisas desconhecidas que desconhecemos. Essas são 
coisas que não sabemos que não sabemos”. 
Isso leva a reflexão de que o aprendizado pode acontecer todo o tempo, 
estudando este material, com as experiências de trabalho e relacionamento 
interpessoal, e, é possível constantemente aprender novas coisas. É possível 
transformar os conhecimentos e aprendizado no processo de empreender! 
Sabendo que é possível aprender a ser empreendedor, cabe aqui estudar quais são 
os tipos de empreendedorismo. 
Não existe unanimidade quanto a classificação dos tipos de empreendedorismo, 
mas, de acordo com Pessoa (2005) os três principais são: Empreendedorismo 
Corporativo, amplamente conhecido como o intra-empreendedorismo, é aquele que 
empreende internamente onde trabalha; o Empreendedor Social, que desenvolvem 
empreendimentos de cunho social; e, Empreendedorismo Startup ou de Negócios 
que implanta novos negócios e empresas. 
 
TIPOS DE EMPREENDEDORISMO 
 
EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO 
 
5 
O empreendedorismo corporativo ou o intraempreendedorismo se refere ao 
processo de identificar, desenvolver, captar e implementar novas idéias e 
oportunidades em um negócio ou empresa já existente. O intraempreendedorismo 
se divide em: intraempreendedorismo de valor agregado e intraempreendedorismo 
spin-off, 
No caso do intraempreendedorismo de valor agregado é o empreender internamente 
com gerar inovação e crescimento através de fatores ligados diretamente à 
empresa. São exemplos empresas como o Google e a 3M, que incentivam os 
funcionários a dedicarem aproximadamente 20% do seu tempo de trabalho para 
projetos pessoais, que com o passar do tempo se transformam em produtos para 
essas empresas: exemplo do Gmail, e-mail do Google, e, dos Post-its da 3M. 
No caso do intraempreendedorismo de spin-off é aquele onde a pessoa desenvolve 
idéias não relacionadas ao negócio original da empresa. Um exemplo desse tipo de 
intraempreendedorismo está relacionado ao Playstation, da marca Sony. 
Originalmente uma marca de Walkman e aparelhos de som, um jovem funcionário 
começou a desenvolver um projeto não relacionado aos produtos originais, mas sim, 
em um chip de som voltado para equipamentos de jogos. Um gestor da empresa lhe 
deu uma prova de confiança, lhe incentivou em um ambiente não tão propício 
naquele momento, e hoje os Playstation invadem os lares das famílias no mundo, 
com seus jogos de última geração. 
As organizações devem estimular constantemente o intraempreendedorismo, 
criando um ambiente favorável e aberto para idéias, onde o colaborador se sinta 
apoiado em seu desenvolvimento de projetos e inovações. 
Pinchot (1985) listou 10 mandamentos para o intraempreendedor: 
Faça qualquer trabalho que precise fazer para que seu projeto funcione 
independentemente da descrição de seu cargo; 
Divida o mérito sabiamente; 
Lembre-se de que é mais fácil pedir perdão do que permissão; 
Venha trabalhar a cada dia disposto a ser demitido; 
Peça conselhos antes de pedir recursos; 
Siga sua intuição com relação às pessoas; construa um time com os 
melhores; 
Crie uma coalizão discreta para trabalhar em sua ideia; fazer propaganda 
muito cedo ativa o sistema imunológico da corporação; 
Nunca aposte em uma corrida a não ser que você mesmo esteja 
competindo nela; 
Seja fiel a seus objetivos, mas realista a respeito das formas de como 
alcançá-los; 
6 
Honre seus patrocinadores 
Mesmo que tenham se passado anos desde a listagem, é possível alinhar muitos 
desses mandamentos nas práticas do cotidiano profissional, adaptadas a atualidade 
para que se tenha a difusão das práticas intraempreendedoras. 
 
EMPREENDEDOR SOCIAL 
 
O empreendedorismo social é àquele que há foco no ser humano, na coletividade, 
solidariedade,e, na busca constante de transformar a realidade atual objetivando 
solucionar problemas sociais. O conceito de empreendedorismo social está ainda 
em desenvolvimento, sendo amplamente difundido como o empreendedorismo que 
busca solucionar os problemas da pobreza e da exclusão social. 
Normalmente o empreendedorismo social nasce na integração entre comunidade-
governo-empresas, através de parcerias para a promoção da qualidade de vida da 
comunidade, seja através de benefícios diretos ou indiretos. 
Um exemplo de empreendedorismo social bastante conhecido é o GRAACC, de 
iniciativa do médico pediatra oncológico Antonio Sergio Petrilli. 
Saiba mais acessando o site: https://graacc.org.br/ 
QUEM SOMOS: O GRAACC é uma instituição social sem fins lucrativos 
que nasceu em 1991 para garantir a crianças e adolescentes com câncer 
todas as chances de cura. Para isso, desde 1998, possui um hospital 
que, em parceria técnica-científica com a Universidade Federal de São 
Paulo (UNIFESP), é referência no tratamento da doença, principalmente 
os casos de maior complexidade e alcançando altos índices de cura. Por 
ano, mais de 3.500 pacientes são atendidos. Além de diagnosticar e 
tratar o câncer infantil, o GRAACC atua no desenvolvimento do ensino e 
pesquisa. Fundamentado na parceria universidade, empresa e 
comunidade, o GRAACC conta com a colaboração de milhares de 
empresas e pessoas para existir. 
Ou seja, é uma iniciativa que integra universidades, empresas privadas e a 
sociedade, colaborando diretamente com a melhoria das condições de vida e 
recuperação de crianças e adolescentes acometidos de câncer, através de uma 
gestão sólida. 
 
EMPREENDEDORISMO START-UP OU DE NEGÓCIOS 
 
7 
O tipo mais conhecido, o empreendedorismo de start-up ou de negócios tem como 
objetivo a criação de novos negócios. O empreendedor analisa o mercado, e, ao 
identificar uma oportunidade, lança um novo negócio. 
O empreendedorismo de negócios é das empresas tal qual são conhecidas, como 
exemplo, restaurantes, salão de beleza, supermercado, comércio de roupas, entre 
outros. 
Baggio e Baggio (2014), afirmam que os principais desafios relacionados a esse tipo 
de demanda estão relacionados a suprir uma demanda existente que até então não 
tem sido suprida; ter diferenciais competitivos em um mercado concorrencial; atrair 
clientes; e, alcançar a lucro e produção suficientes à manutenção do 
empreendimento. 
No caso específico de startups, que são empresas que nascem de uma ideia jovem 
e inovadora, com um modelo de negócio disruptivo; contam com três características 
que as diferenciam das demais empresas: o contexto de incertezas, alta 
escalabilidade e um modelo replicável. Ou seja, exigem pessoas que sejam capazes 
de executar várias ações rapidamente, muitos clientes que aceitem pagar pelo 
produto ou serviço e um negócio que seja fácil de ser replicado. São os casos de 
empresas como Uber, empresa de transportes que não tem carros e AirBnb, 
empresa de hotelaria que não possui nenhum hotel, mas, são grandes a partir do 
seu modelo de negócios. 
Para empreender é necessário planejar e se preparar, estar disposto a assumir os 
riscos de um negócio, e, principalmente, trabalhar com afinco para que alcance os 
objetivos traçados durante a fase de planejamento. Muitos são os profissionais que 
quando ficam desempregados ou quando querem ser seus ‘próprios patrões’ se 
aventuram em novos negócios: alguns obtêm resultados e se estabelecem como 
negócios, enquanto outros não. 
Não deixe que isso o desmotive, pois, você através do estudo desses capítulos você 
está se preparando verdadeiramente para ousar e seguir os passos corretos para se 
tornar um empreendedor de sucesso. 
 
CARACTERÍSTICAS DE UM EMPREENDEDOR 
 
A forma que uma pessoa pensa, age, seus aspectos culturais e características têm 
relação com a capacidade de empreender. Como dito anteriormente, os 
8 
empreendedores geram desenvolvimento econômico, promovem uma economia 
dinâmica e circular e que gera continuamente novas oportunidades. Assim, o estudo 
dessas características é de suma importância para identificar o perfil empreendedor 
de cada indivíduo. 
As características empreendedoras se buscadas na literatura são muitas e 
diferentes de acordo com autores. 
Quanto ao espírito empreendedor, de acordo com Longenecker, Moore e Petty 
(1998), pode ser identificado através de três características: necessidade de 
realização, disposição para assumir riscos e autoconfiança. 
A necessidade de realização pode se apresentar desde a infância. Enquanto 
algumas pessoas se contentam com o status alcançado em algum momento, outras, 
mesmo que aparentemente realizadas profissionalmente e pessoalmente estão 
sempre almejando maiores resultados ou novas oportunidades. 
A disposição de assumir riscos é decorrente de que ao mesmo tempo que um 
negócio pode dar certo, pode não dar. Logicamente, o empreendedor busca estudar 
o mercado, planejar o negócio, organizar as ações, prazos, recursos, entre outros, 
como forma de minimizar os riscos, mas, eles não deixam de existir. 
A autoconfiança se refere a dominar os problemas e enfrentar os desafios, ou seja, 
sabem dos problemas envolvidos no processo de abrir e gerir seu próprio negócio, 
mas confiam nas suas habilidades de superar os problemas. 
Para refletir: 
Casos de sucesso — como Natura, Microsiga, Gol, TAM, Grupo Ultra — deveriam ser mais 
comentados e discutidos. São lições de empreendedorismo que valem a pena conhecer. Quando 
João Hansen Júnior resolveu optar pelo PVC em tubos e conexões para sistemas hidráulicos no fi 
nal da década de 1950, sua atitude foi considerada coisa de maluco. Sua empresa, Tigre, 
localizada em Joinville, Santa Catarina, estava apenas começando. Hansen precisou vencer forte 
resistência, pois não se acreditava nem se aceitava que o PVC pudesse substituir o ferro usado 
nas tubulações, em uma época em que tinha início o processo de urbanização do país. Hansen foi 
para Hannover, na Alemanha, para participar de uma feira de plástico na qual adquiriu os 
equipamentos necessários para sua fábrica. Acreditou em sua visão e partiu decisivamente para o 
empreendimento. Hoje, a Tigre é uma empresa de grande porte, responsável pelo saneamento 
básico, principalmente em residências, em 90% dos municípios do país. (LAMBRUNHO, 2002, 
p.11) 
 
Para Dornelas (2011), um empreendedor de sucesso apresenta as seguintes 
características: 
a) Assumem riscos calculados: Gerenciam os riscos, sabendo da existência dos 
mesmos, buscando não comprometer a segurança do negócio 
9 
b) Conhecem: Pesquisam exaustivamente, estudam, procuram experiências na área 
que atuam, buscando continuamente expandir os conhecimentos 
c) Criam valor para a sociedade: Buscam soluções que auxiliem no desenvolvimento 
da comunidade, gerando emprega e renda e auxiliando o crescimento da 
sociedade 
d) Dedicados: São dedicados aos seus negócios, comprometidos com as ações 
e) Determinados: Buscam alcançar os resultados que se propuseram 
f) Dinâmicos: Não se acomodam com a rotina 
g) Enriquecem: Não têm o dinheiro como principal objetivo, mas, enxergam o lucro 
como resultado do trabalho intenso e dedicado 
h) Estabelecem boa rede de contatos: Possuem ou conseguem facilmente 
relacionamentos e contatos que podem auxiliar nos seus negócios 
i) Exploram oportunidades: Buscam atualização constante, usam as informações 
para reduzir riscos e aumentarem as chances de sucesso e vislumbrarem novas 
possibilidades 
j) Independentes: Querem ter seus próprios negócios, serem geradores de emprego 
e renda 
k) Líderes e formadores de equipes: Influenciam positivamente as pessoas com 
quem convivem, e, identificam talentos e competências complementares nas 
áreas que não domina ou que precisa de auxílio 
l) Organizados: Captam e alocam recursos humanos, financeiros e materiais da 
melhor forma para ampliar o desempenho dosseus negócios 
m) Otimistas e apaixonados: Sempre enxergam o lado positivo das coisas, aprendem 
com os erros, focam no sucesso não no fracasso, e, são os melhores vendedores 
do seu negócio, visto serem apaixonados pelo que fazem 
n) Planejam: Planejam a criação e os próximos passos para desenvolvimento da 
empresa e das relações com os recursos 
o) Tomam decisões: Têm segurança e tomam decisões acertadas, visto 
programarem suas ações, principalmente em momentos de crise 
p) Visionários: Enxergam longe, além de sonharem, prevêem o futuro para a vida e 
negócio. 
 
Todas as características devem ter equilíbrio, serem acompanhadas de bom senso, 
e, podem ser complementares entre os parceiros de negócios ou colaboradores, 
10 
constituindo um ambiente harmônico e propício ao desenvolvimento de ideias e 
negócios. 
 
 
 
Um bom exercício de autoconhecimento pode ser o preenchimento do seguinte 
quadro tanto por parte do empreendedor ou do futuro empreendedor, seus 
parceiros de negócios e colaboradores: 
Característica 
Muito 
Baixa 
Baixa Média Alta 
Muito 
Alta 
Assumem riscos 
calculados 
 
Conhecem 
Criam valor para 
a sociedade 
 
Dedicados 
Determinados 
Dinâmicos 
Enriquecem 
Estabelecem 
boa rede de 
contatos 
 
Exploram 
oportunidades 
 
Independentes 
Líderes e 
formadores de 
equipes 
 
Organizados 
Otimistas e 
apaixonados 
 
Planejam 
11 
Tomam decisões 
Visionários 
Agora, avalie o quadro individualmente. Como você pode desenvolver as 
características que acha que estão presentes em você de forma baixa ou muito 
baixa? Como você pode explorar mais as suas características que estão na média 
ou alta? E, analise em conjunto com as demais pessoas que se relacionam com 
você: Têm características complementares? Têm características iguais no mesmo 
nível? 
Quando o indivíduo se conhece e conhece os seus pares é mais simples alinhar 
atitudes para que se desenvolvam. Não esqueça, não é necessário ter todas as 
características ao máximo, mas, buscar equilíbrio entre elas! 
 
 
Além disso, é necessário refletir sobre alguns aspectos do processo de empreender: 
 A jornada de trabalho muito provavelmente será maior do que 8 horas/dia, 
provavelmente levará trabalho para casa, seus horários não serão regulares, e, 
talvez precise abrir mão de alguns finais de semana, feriados e férias, por alguns 
meses ou alguns anos, dependendo do andamento do seu negócio; 
 É necessário aceitar o risco de perder o valor investido, ou, ter prejuízo nos 
primeiros meses de trabalho; 
 Poderá levar algum tempo para que os teus rendimentos se igualem ao seu 
salário atual, e, você não terá um ganho regular como em um emprego fixo; 
 As responsabilidades são múltiplas, e, eventualmente as decisões precisam ser 
tomadas individualmente, se engajando para solucionar quaisquer problemas que 
 O tempo de lazer, com família e amigos será reduzido, pois, você estará bastante 
focado no seu negócio. Cabe aqui também buscar um equilíbrio. 
Obviamente, cada negócio e indivíduo têm histórias únicas, assim, essas máximas 
podem variar de acordo com o tipo de negócio, mercado entre outros fatores. 
 
HABILIDADES EMPREENDEDORAS 
 
Importante tal qual identificar as características dos empreendedores é abordar as 
habilidades empreendedoras que são desenvolvidas com o passar do tempo. É o 
talento de transformar os estudos, os conhecimentos adquiridos em ações que 
contribuam para a melhoria de resultados. 
12 
A classificação mais utilizada quanto às habilidades empreendedoras relaciona-se a: 
 Habilidades empreendedoras pessoais: habilidades do próprio indivíduo; 
 Habilidades empreendedoras interpessoais: relativas ao relacionamento, a 
interação entre pessoas; 
E, por conseguinte, as habilidades empreendedoras pessoas e interpessoais podem 
ser divididas em: 
 Habilidades empreendedoras sistematizadas: habilidades que podem ser 
adquiridas a partir de treinamentos; 
 Habilidades empreendedoras profundas: são aquelas que podem ser 
desenvolvidas através de vivência, experiência. 
De acordo com a Escola de Empreendedorismo Zeltzer (2018, s.p.), as listas de 
habilidades são assim dispostas: 
 Pessoais Sistematizadas 
Planejamento – trabalho de preparação para qualquer atividade no qual se estabelecem os 
objetivos, as etapas, os prazos e os meios para a sua concretização. 
Determinação – disposição para realização/conclusão de atividades e superação de obstáculos. 
Visão crítica – capacidade de identificar e avaliar problemas e situações, através de 
representação, categorização, análise e síntese. 
Decisão – capacidade de avaliar várias possibilidades, relacionar os prós e contras de cada uma, e 
decidir pela que melhor atende ao contexto apresentado. 
Busca do conhecimento – capacidade de buscar a informação e conhecimento necessários para 
realização de cada atividade. 
 
 Pessoais Profundas 
Autoconhecimento – ciência dos seus potenciais, motivações e pontos de aprendizagem. 
Autoavaliação – capacidade de enumerar as próprias características e realizações, com a 
avaliação crítica dos aspectos positivos e negativos. 
Autoconfiança – conforto em relação ao autoconhecimento e autoavaliação. Resumido por: “EU 
POSSO”. 
Automotivação – alimentada pela causa pessoal, que dá sentido à vida e projetos de cada um. 
Iniciativa – capacidade de iniciar uma atividade ou colocar em prática uma ideia, por conta própria, 
sem depender da orientação de terceiros. 
Criatividade – capacidade de ter fluência de ideias diferentes do padrão, elaboradas, complexas e 
originais. 
Visão de futuro – visão abstrata de algo que ainda não existe, formulada de forma concreta, 
desenhando o caminho para que ela possa existir. 
13 
Assunção de risco – capacidade de caminhar em relação ao desconhecido, formulando 
hipóteses, tomando decisões e se precavendo em relação às possibilidades de resposta. Quanto 
mais clara é a visão de futuro, maior é a assunção de risco. 
Persistência – um nível superior à determinação, onde a automotivação permite resistir às 
frustrações e superar os obstáculos mais difíceis. 
 
 Interpessoais Sistematizadas 
Trabalho em equipe – capacidade de realizar atividades com grupos de pessoas que possuem 
características, opiniões e interesses diferentes. 
Comunicação – capacidade de expressar as próprias idéias (se fazer entender) e de compreender 
as idéias dos outros. 
Negociação – capacidade de discutir problemas e impasses, enumerando os aspectos positivos e 
negativos, e decidindo em conjunto a solução que será adotada, de forma que todos os 
participantes se sintam atendidos. 
Persuasão – capacidade de expressar suas idéias, detalhando os pontos positivos, e 
avaliando/mitigando os problemas referentes aos pontos negativos, desta forma convencendo os 
outros da sua aplicabilidade. 
 
 Interpessoais Profundas 
Cooperação – capacidade de se unir a pessoas em torno de um propósito. 
Sinergia – capacidade de gerar empatia, colaboração e resultados significativos no trabalho em 
equipe. 
Flexibilidade – capacidade de elaborar várias alternativas para uma atividade ou problema, 
receptividade para compreender e avaliar alternativas dos outros, e capacidade de aceitar 
alternativas que sejam de consenso do grupo, mesmo que não sejam suas preferidas. 
 
Assim, a partir do estudado até agora, não esqueça de que as características e 
habilidades podem ser desenvolvidas ao longo do tempo, e, conte sempre com as 
pessoas com que se relaciona, seja do trabalho, da família, dos colegas de estudo, 
para manter-se sempre em busca de novas experiências e conhecimentos. 
Busque sempre o conhecimento técnico, mas, também, tenha paixão e acredite no 
que você faz. A paixão nos move a buscar sempre maiores resultados. 
Planeje o que quer fazer, busque minimizar os riscos conhecendo e estudando o 
que querfazer e como fazer, confie em você mesmo e nas pessoas que você 
trabalha, sejam seus parceiros de negócios ou colaboradores, entenda que erros 
acontecerão no processo de construção de uma ideia ou negócios, mas, não se 
deixe abater: use o erro como ferramenta de aprendizado, e, continue! 
14 
Principalmente, invista em você, na sua qualificação, procurando sempre se 
atualizar e estar alinhado com o caminho certo que quiser seguir. 
========================================================================= 
Atividades de Acompanhamento 
Como você adaptaria os 10 Mandamentos do Intraempreendedorismo para a 
atualidade 
Conseguiu se identificar em algum dos tipos de empreendedorismo? Quais são as 
tuas motivações para ser um intraempreendedor, um empreendedor social ou um 
empreendedor de negócios? 
Desenvolva um plano de ação para desenvolvimento ou melhoria das suas 
características empreendedoras a partir do quadro de Autoconhecimento. 
 
 
15 
Capítulo 2 – Eu versus Meu Negócio 
Jeferson Lozeckyi 
 
 
 
Um grande número de pessoas tem sonhos de montar um negócio próprio, tem uma 
ideia que poderia se transformar numa atividade econômica de sucesso. Boa parte 
dessas pessoas fica só no mundo dos sonhos e nunca levam sua ideia adiante. 
Mas, como visto no capítulo anterior, existem os Empreendedores, que vencem a 
insegurança e decidem apostar no seu sonho: criam um novo empreendimento. 
Uma parcela desses empreendedores vai ser bem sucedida, montará um negócio 
lucrativo e provavelmente irá enriquecer com ele. Mas outra parcela corre o risco de 
ver seus sonhos virarem pesadelos, de perder dinheiro, se endividar por anos. 
Qual a diferença entre eles? Como estar no grupo dos bem sucedidos? Como 
espantar o fracasso? Como fazer seu empreendimento prosperar? 
Algumas coisas são necessárias para que isso aconteça: trabalho árduo, dedicação, 
muita disciplina, entre outros. Mas existem coisas que são FUNDAMENTAIS para 
um negócio de sucesso. Já vimos que é fundamental estar preparado, buscar 
manter um processo de capacitação constante, buscar conhecer todos os aspectos 
que dizem respeito a um empreendimento. Agora a palavra-chave é Planejamento. 
 
PLANEJAMENTO 
 
Essa deve ser a primeira palavra que deve vir à mente do futuro empresário, quando 
pensar em iniciar um negócio. 
 
 
 
 
Deve-se pensar em todos os aspectos que envolvem a atividade, colocar no papel 
tudo aquilo que se conseguir, relacionado à nova atividade econômica. 
“Se um homem não sabe a que 
porto se dirige, nenhum vento lhe 
será favorável”. Sêneca 
Planejar significa traçar os caminhos que nos levarão aos nossos objetivos, 
envolve o exercício de projetar cenários futuros. Como estarei se meus planos 
acontecerem como eu espero e desejo. 
16 
Mosimann e Fisch (1999, p. 45) apresentam algumas características do 
planejamento, que nos ajudam a entender bem sua importância: 
 
a. O planejamento antecede as operações. Estas devem ser compatíveis 
com o que foi estabelecido no planejamento. 
b. O planejamento sempre existe um uma empresa, embora muitas vezes 
não esteja expresso ou difundido. Quando informal, estará contido, no 
mínimo, no cérebro do dirigente. 
c. O planejamento deve ser um processo dinâmico, associado ao controle 
permanente, para poder se adaptar às mudanças ambientais. Quando não 
há planejamento, não pode haver controle. 
d) O planejamento tende a reduzir as incertezas e, conseqüentemente, os 
riscos envolvidos no processo decisório, aumentando a probabilidade de 
alcance dos objetivos estabelecidos para a empresa. 
e. O planejamento deve interagir permanentemente com o controle, para 
que se possa saber se está sendo eficaz, isto é, alcançando seus objetivos, 
pois planejamento sem controle não tem eficácia. 
f. Associado ao controle, o planejamento serve para a avaliação de 
desempenho da empresa e das áreas. 
 
No decorrer deste curso são trabalhados outros aspectos do planejamento e sua 
relação com o controle permanente, assim como diversas ferramentas que auxiliam 
os empreendedores no processo de gestão de seu negócio. 
 
FORMALIZAÇÃO DO NEGÓCIO 
 
Quando se decide iniciar um negócio de sucesso, um dos primeiros itens a ser 
planejado diz respeito à formalização desse negócio. Seja de forma individual ou na 
forma de uma sociedade, deve-se pensar bem qual a melhor forma de se constituir a 
futura empresa. 
 
 
 
Existem várias formas jurídicas de se formalizar um negócio. As mais comuns são: 
 
 Micro Empreendedor Individual – MEI. 
 
Essa figura jurídica foi criada pela Lei Complementar 128/2008, com vigência a partir 
de 01/07/2009. Trata-se de uma forma muito simplificada de formalização da 
atividade econômica, destinada a pequenos negócios. 
Por mais que muitos negócios sigam informalmente por algum tempo, essa 
informalidade é um dos principais entraves para o seu crescimento. 
17 
Em 2019, para atuar como MEI o faturamento é limitado a R$ 81.000,00 por ano. 
Quem abrir o MEI durante o ano, o limite é proporcional: de R$ 6.750,00 por mês. 
O MEI pode contratar no máximo 01 (um) empregado. A tributação é reduzida, tanto 
sobre o faturamento (paga-se uma taxa fixa), quando sobre o empregado registrado. 
Vale a pena buscar mais informações sobre essa modalidade. 
 
 
 
 Empresário Individual – EI. 
 
O Empresário Individual é uma forma parecida com o MEI, mas nesse caso não há 
limite de faturamento (salvo para definir seu enquadramento tributário). 
Outra diferença importante é que o MEI não pode fazer parte de outra empresa, 
enquanto que o Empresário Individual pode fazer. 
O Empresário Individual também não pode ter sócios, na verdade ele se declara 
formalmente como empresário e, assim, legaliza seu negócio. 
Uma das desvantagens do Empresário Individual é que o patrimônio pessoal dos 
sócios pode ser usado para pagamento de débitos da empresa. 
 
 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI. 
 
A Eireli é regulamentada pela Lei 12.441/11.Segundo o SEBRAE (2019), “Eireli é a 
sigla de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, um novo modelo de 
empreendimento criado em 2011 com o objetivo de legalizar seu negócio como 
sociedade limitada, eliminando a figura do sócio “fantasma”. Com o Eireli, o 
empresário pode abrir sua empresa com apenas um sócio: ele mesmo”. 
A principal vantagem da Eireli é a separação do patrimônio pessoal (do sócio) do 
patrimônio da empresa. Assim, não há risco de comprometer o patrimônio do sócio 
para pagar dívidas da empresa (exceto em caso de fraude ou de alguma atividade 
ilícita da empresa). 
Como desvantagem está a exigência de um capital mínimo de 100 (cem) vezes o 
valor do salário mínimo. 
 
 Sociedade Limitada – Ltda. 
Atenção: veja mais informações no site: http://www.portaldoempreendedor.gov.br/ 
18 
 
Diferentemente da Eireli, a Sociedade Limitada deve ter, no mínimo, 2 (dois) sócios, 
que têm cotas do capital social da empresa. O valor do capital de cada sócio deve 
ser registrado no Contrato Social, bem como a forma como eles entregarão esse 
capital para a empresa. 
Uma das principais características desse tipo de empresa é que a responsabilidade 
dos sócios é limitada ao valor das suas cotas. Exceção a isso, ocorre quando a 
sociedade (ou algum dos sócios) realizar alguma atividade ilícita ou no caso de 
fraude; nesse caso o patrimônio pessoal do(s) sócio(s) poderá ser acionado. 
 
 
 
 
 Sociedade Anônima – S.A. 
 
A Sociedade Anônima é um tipo de empresa onde o capital social é dividido em 
ações (não em cotas como na Ltda.). Nesse tipo de empresa, a responsabilidade 
dos acionistas é limitada ao capital de suas ações. 
É um tipo de sociedade mais comum para grandes empresas. 
O funcionamento das Sociedades Anônimas, no Brasil, é regulamentado pela Lei 
6.404/1976, com respectivas alterações. 
Existem dois tipos de SAs: i) de Capital Aberto, que negociam suas ações na Bolsade Valores ou em mercado de balcão e ii) de Capital Fechado, que não negociam 
suas ações em bolsa ou mercado de balcão. 
 
 
 
Se durante as atividades da empresa os sócios ou administradores agirem de forma 
ilícita, se esses atos causarem danos à empresa ou a terceiros, esses têm a 
obrigação de reparar tais danos. O Código Civil, instituído pela Lei 10.406/2002, 
trata dessas questões. 
Nesse momento, a melhor coisa a ser fazer é procurar um CONTADOR. Ele 
poderá ajudá-lo a escolher a melhor forma jurídica para seu negócio, irá orientá-lo 
bem no processo de formalização e indicar os documentos necessários. 
19 
 
 
CUIDE DO SEU NOME 
 
Outro aspecto importante, quando se pensa em constituir um negócio, diz respeito a 
ter seu CPF em situação regular. Ou como popularmente se trata: estar com o 
“nome limpo”; ou ainda, não possuir nenhuma negativação quanto ao seu nome. 
 
Para se formalizar um negócio é necessário que o contribuinte esteja com o CPF 
regular junto à Receita Federal, do contrário ele poderá ter dificuldades para obter o 
CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) para sua empresa, provavelmente 
não o obterá até que regularize sua situação. O mesmo vale para os demais órgãos 
da Administração Tributária (Agência de Rendas, Município, etc.). 
A existência de pendências tributárias impedirá o empreendedor de obter as 
chamadas “Certidões Negativas” e isso pode travar o processo de regularização de 
seu negócio e o início de suas atividades. Pode ainda impedir que o empreendedor 
realize vendas ou preste serviços para órgão públicos. 
 
 
 
 
 
Além dos órgãos públicos, principalmente da Administração Tributária, o futuro 
empresário deve cuidar para não ter seu nome inscrito em órgãos como: Serasa, 
SPC, Cartório de Protesto e similares. 
Como veremos mais detalhadamente na seqüência, dificilmente se inicia um negócio 
contando apenas com o dinheiro (capital) do empresário ou dos sócios. Há 
necessidade de outras fontes de recursos: bancos, fornecedores, órgãos de 
fomento, entre outros. O chamado “nome sujo” pode atrapalhar na obtenção de 
crédito para o negócio, pois dificilmente alguém irá vender a prazo ou emprestar 
para alguém que esteja inscrito em algum cadastro de maus pagadores. 
A Certidão Negativa é o documento emitido pelos órgãos públicos (Receita 
Federal, Fazenda Estadual, entre outros) que atesta que a pessoa (contribuinte) 
está em situação regular perante aquele órgão. Indica que não existem processos 
ou ações legais contra ele. 
20 
 
 
 
 
 
 
 
NASCE UMA NOVA PESSOA 
 
A contabilidade é mantida para a entidade. o patrimônio dos sócios ou cotistas 
dessa não se confunde, para efeitos contábeis, com o patrimônio da entidade. 
 
 
 
 
 
 
 
INICIANDO O EMPREENDIMENTO - A REGRA DE OURO CONTÁBIL 
 
Agora que já se falou da importância do planejamento, já se pensou na formalização 
do negócio, já se tem um nome limpo e com potencial de crédito, pode-se pensar no 
início do empreendimento: vamos falar do Patrimônio. 
Quando um contador inicia seu curso superior, uma das primeiras coisas que ele 
deve aprender é o “Princípio da Entidade Contábil”. Este princípio diz que: O 
Importância de se ter o nome limpo: 
- Pode-se realizar transações bancárias: abertura de conta-corrente, cartão de 
crédito, empréstimos. São serviços que podem ser obtidos mesmo estando 
“negativado”, mas seu custo vai ser muito maior. 
- Pessoas com “nome sujo” podem não conseguir contratar serviços pós-pagos, 
como telefonia e internet; pois essas empresas consultam o CPF. 
- Ter as dívidas sob controle facilita em muito o planejamento do seu negócio, 
pois não se convive com o fantasma dos órgãos restritivos. 
- Ter muitas dívidas pendentes ou executadas pode trazer dificuldades na 
obtenção de visto para viagens ao exterior, dependendo do país de destino. 
- Ter a consciência tranqüila. Pode não parecer tão importante, mas trabalhar 
com tranqüilidade é muito mais fácil. 
- Um nome limpo é fundamental para se conquistar a independência financeira. 
21 
patrimônio dos sócios ou quotistas de empresa não se confunde, para efeitos de 
Contabilidade, com o patrimônio da empresa. 
Numa linguagem mais simples, pode-se dizer: o que é dos sócios é dos 
sócios, o que é da empresa é da empresa, não se pode misturar. 
Parece uma coisa muito simples e muito óbvia, mas um dos principais erros 
cometidos por empreendedores é: misturar as contas do empresário com as contas 
da empresa; isso é muito comum em micro e pequenas empresas. 
 
 
 
 
Nesse aspecto podem ser apresentados alguns exemplos dessa separação, de 
forma a preservar tanto seu negócio, quando o patrimônio dos sócios: 
 
 Contas bancárias separadas. 
 
A conta em que se movimentam os recursos da empresa deve ser separada da 
conta que o empresário movimenta os seus recursos pessoais. Isso facilita a 
organização e o controle do dinheiro. Deve-se evitar o pagamento da conta de um 
com o dinheiro do outro. 
Após uma boa pesquisa entre os bancos, para se saber qual pratica as melhores 
tarifas, a abertura de uma conta de pessoa jurídica pode trazer vantagens, como 
taxas de juros diferenciadas, prazos maiores para pagamento de empréstimos, 
antecipação de recebíveis, entre outros. 
Há que lembrar que se houver mistura na movimentação dos recursos da empresa 
e dos sócios, os extratos não terão validade para a Contabilidade. Também não 
poderão ser utilizados em eventuais ações judiciais. 
 
 Estabelecer um valor de pró-labore para o proprietário. 
 
Um ponto essencial para o controle dos recursos (e dos gastos) é estabelecer um 
valor fixo para o “salário” do dono do negócio. Esse valor é chamado de pró-labore 
A correta separação do que pertence ao sócio e do que pertence à empresa, por 
si só, não é garantia que se terá sucesso. Mas misturar as contas, os patrimônios, 
poderá levá-lo ao insucesso ou travará seu crescimento. 
22 
(pelo labor, pelo trabalho). Isso exige muito autocontrole, para evitar tirar mais 
dinheiro quando o caixa estiver com saldo satisfatório, assim como postergar 
demais retiradas, quando o caixa está com menos saldo, pois isso pode 
comprometer a saúde financeira pessoal. 
Estude com calma qual será esse valor, levando em conta a capacidade do seu 
negócio e suas necessidades pessoais. 
Também tem que se cuidar para não confundir pró-labore com retirada de lucros. O 
primeiro é fixo, já a retirada de lucros poderá variar, mas só deve ocorrer quando 
efetivamente se comprovar que se obteve lucro, ao final de cada período de sua 
apuração: mês, semestre, ano, etc. 
 
 Pagamento de despesas pessoais como se fossem da empresa. 
 
Verifica-se com freqüência em pequenas empresas, o pagamento de gastos do 
proprietário como se fossem gastos do negócio. Os gastos mais comuns são: água, 
luz, celular, combustível, etc. 
Ou ainda o pagamento integral por parte da empresa de gastos comuns: água, luz, 
internet, aluguel; que atendem tanto à empresa quanto à residência do empresário. 
Dependendo do ramo de atividades, pode ocorrer do empresário (e até familiares) 
pegaram mercadorias para seu consumo. 
É fundamental que esses gastos sejam separados, quando cabe a cada um, 
mesmo que seja de forma aproximada. Como exemplo: X% da conta de luz é 
responsabilidade da empresa e o restante é do empresário; separar o combustível 
usado nas atividades da empresa. 
A parte que couber ao empresário deve ser descontada de seu pró-labore. O 
mesmo vale para as mercadorias por ele consumidas. Contabilmente, pode-se 
registrar a despesa pelo valor integral e a parte descontada do pró-labore 
registrada como recuperação de despesas. 
 
 
 
 
 Pagamento de dívidas pessoais com os recursos da empresa e vice-versa. 
 
Caso haja necessidade de pagar uma dívida pessoal e o empreendedor não tenha 
dinheiro, indica-se transferir o dinheiro para a conta pessoal e depois efetuar o 
23 
pagamento. Ou então,sacar o dinheiro e pagar a conta com ele. Só em ultimo 
caso, fazer o pagamento com débito na conta da empresa. 
Depois esse valor deve ser lançado como: retirada de lucros, antecipação do pró-
labore ou empréstimo para o sócio. Se for o contrário, utilizar-se o dinheiro do sócio 
para pagar conta da empresa, deve-se registrar isso como: empréstimo do sócio. 
 
 Retirada de valores do caixa pelo sócio. 
 
Sempre que ocorrer uma retirada de dinheiro do caixa pelo sócio, deve ser lançado 
nos controles como antecipação do pró-labore. Ao final do mês esses valores são 
descontados, para obter quanto o proprietário ainda tem a receber de seu “salário”. 
Os pequenos saques (comprar um pastel, um pouco de gasolina) são os mais 
preocupantes, pois esses comumente são esquecidos, mas que na somatória 
podem ter valor significativo. 
 
 Compra de bens para uso pessoal em nome da empresa. 
 
Há ainda casos mais peculiares como a aquisição de veículo para uso pessoal e 
dos familiares, em nome da empresa. Como os documentos estão vinculados ao 
CNPJ da empresa, acabam-se pagando com dinheiro da empresa os gastos com 
seguros, IPVA e até mesmo combustível e manutenção, muitas vezes. 
Além do que já foi tratado acima, o pagamento dos gastos pessoais com dinheiro 
da empresa; tem a questão que o valor do patrimônio da empresa estará incorreto. 
Outro problema que pode ocorrer: num eventual acidente com vítimas, causado 
pelo proprietário ou um familiar, a empresa pode ser responsabilizada, por ser a 
proprietária do veículo. 
 
 Utilização de imóvel de propriedade do dono do negócio. 
 
Também é comum a empresa ser instalada em imóvel do sócio/proprietário da 
empresa. Devem-se separar as coisas. O correto é que se faça um contrato de 
aluguel ou de comodato do imóvel para a empresa. 
No caso de aluguel, esse valor pode ser utilizado, inclusive, como forma de 
planejamento tributário do proprietário. 
 
 Mantenha seu Fluxo de Caixa sob controle constante. 
 
24 
Tudo que entrar e sair do caixa da empresa deve ser imediatamente registrado, de 
preferência diariamente. Esse assunto será mais bem explorado nas aulas 
seguintes, com foco em evitar gastos desnecessários e falta de dinheiro para os 
pagamentos necessários. 
Todavia, vale aqui dizer que o Fluxo de Caixa pode ser muito útil para controlar o 
desejo/impulso de usar o dinheiro da empresa para suprir a falta de recursos da 
conta pessoal. Assim evita-se o comprometimento futuro e a viabilidade do negócio. 
 
 Mantenha os prazos dos compromissos sob controle. 
 
Como será melhor explorado, um bom controle do “Contas a Pagar” da empresa, 
pode evitar que se misturem as contas da empresa com as contas pessoais. Isso 
evitará atrasos, pagamento de juros, eventuais protestos, inscrição da empresa em 
órgãos como SPC e Serasa, entre outros. 
 
 Receitas dos sócios – valem as mesmas regras dos gastos? 
 
Pode acontecer do empresário, seja nas horas vagas ou durante o funcionamento 
da empresa, realizar alguma atividade que lhe gere uma receita própria. Não é 
incomum se ver esse dinheiro ser canalizado para o caixa da empresa. 
Tal como se expôs quanto aos gastos, também com as receitas isso não pode 
ocorrer. Tal dinheiro deve ser depositado na conta pessoal do empresário. 
Caso ocorra o depósito em conta da empresa, para atender a alguma demanda 
urgente da empresa, deve-se registrar isso como “empréstimo do sócio”, para uma 
posterior devolução para ele. 
 
Ainda nesse assunto de não se misturar o patrimônio do proprietário ou dos sócios 
com o patrimônio da empresa, cabe lembrar um aspecto muito importante. 
Dependendo do nível de confusão entre os patrimônios, especialmente como no 
exemplo de compra de veículo de uso pessoal com dinheiro da empresa, pode 
ocorrer a desconsideração da personalidade jurídica. 
 
 
 
O artigo 50 do Código Civil traz: Em caso de abuso da personalidade jurídica, 
caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz 
decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber 
intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de 
obrigações sejam estendidas aos bens particulares dos administradores ou sócios 
da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. 
25 
 
 
 
Ou seja, mesmo que a empresa esteja constituída como uma Sociedade Limitada ou 
como uma Eireli, os bens pessoais dos sócios podem vir a ser usados para quitação 
de obrigações da empresa, se comprovada essa confusão patrimonial. 
Isso sem contar que essa mistura de patrimônios pode comprometer toda a gestão 
da empresa: se perde a capacidade de apurar o lucro efetivo (ou prejuízo); 
compromete-se o cálculo dos custos de produção (se for indústria); pode-se pagar 
um montante maior de juros do que o realmente necessário por descontrole 
financeiro; as decisões de negócios se tornam inseguras e imprecisas; entre outros. 
 
 
 
 
 
O QUE É PATRIMÔNIO? 
 
Nos tópicos anteriores falou-se bastante em Patrimônio. Mas o que realmente vem a 
ser isso? Qual sua constituição? Quais as origens do patrimônio de uma empresa? 
Quando se fala em patrimônio, a primeira coisa que vem a cabeça é: “tudo aquilo 
que uma pessoa ou uma empresa possui”. Não está errado, mas também não se 
pode resumir a isso. 
Por um lado o patrimônio é composto por tudo aquilo que uma pessoa física ou 
jurídica possui (seus bens), a eles devem ser somados os valores que tem a receber 
de terceiros (seus direitos), mas por outro lado deve-se considerar também aquilo 
que a pessoa deve (sua obrigações). Ou seja, o Patrimônio pode ser definido como: 
o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa ou de um negócio. 
 
BENS OBRIGAÇÕES 
DIREITOS 
Quando a empresa começa a crescer, precisará utilizar softwares para esses 
registros e controles. Mas enquanto ainda se é pequeno, pode-se utilizar 
aplicativos de celular, planilhas de cálculos, etc. 
Tendo consciência da importância disso, pode-se controlar até em cadernos. 
26 
Os artigos 79 a 91 do Código Civil (Lei 10.406 de 10/01/2002) tratam dos Bens, 
apresentando algumas classificações. A primeira delas é em: 
- Imóveis: aqueles que estão vinculados ao solo, não podem ser retirados sem 
perder suas características. Ex.: edifícios, construções, reflorestamento, etc. 
- Móveis: são aqueles que podem ser removidos por si próprios ou por outras 
pessoas: máquinas, equipamentos, estoques, semoventes, etc. 
 
O C.C. ainda traz as definições de: Bens Fungíveis, Consumíveis, Divisíveis, 
Singulares e Coletivos. Isso só para citar as que constam do Código Civil. 
Por sua vez, os Direitos representam os valores a receber de terceiros: clientes, 
funcionários, locatários, sócios*, etc. Em data combinada entre as partes, a empresa 
irá exigir o pagamento desses valores, para integrarem seu Caixa. 
No mesmo sentido, as Obrigações são todos aqueles valores que a empresa deve 
para terceiros, valores que ela terá que pagar em determinada data. 
 
 
 
 
 
 
Veja abaixo um exemplo da composição do Patrimônio: bens, direitos e obrigações. 
COMPOSIÇÃO DO PATRIMÔNIO 
BENS E DIREITOS OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS 
Bens 
Dinheiro em caixa 
Depósitos em bancos 
Mercadorias em estoque 
Terrenos, construções e Imóveis 
Veículos 
Máquinas e equipamentos 
Ferramentas 
Marcas e patentes 
 
Direitos 
Boletos a receber 
Notas promissórias a receber 
Aluguéis a receber 
Vendas no cartão de crédito 
Impostos a recuperar 
Adiantamentos a fornecedores 
Adiantamentos a funcionários 
Ações de outras empresas 
Obrigações 
Fornecedores (boletos) 
Empréstimos/ Financiamentos obtidos 
Salários a pagar 
Adiantamentos de clientes 
Impostos a recolher 
Contribuições a recolher 
Aluguéis a pagar 
Notas Promissórias a pagar 
Contas a pagar 
 
 
Se você analisou bem o quadro acima, deve estar se perguntando: mas e aquele 
quadro em branco, no canto inferior direito? Vamos ver o que vaiali. 
Vale a pena dar uma lida nos 
artigos 79 a 91 do C.C. Em 
WWW.PLANALTO.GOV.BR, 
na aba LEGISLAÇÃO, você 
encontra todos os Códigos, 
Leis, Decretos, MPs, etc. 
Terceiros são pessoas jurídicas ou físicas 
que realizam transações com a empresa. 
Empresa - Sócios/Proprietário - Terceiros 
* Dependendo da transação, os sócios ou 
proprietários serão tratados como terceiros 
27 
É comum vermos pessoas dizerem: “Nossa, como fulano é rico. Aquela empresa 
possui um patrimônio imenso”. Normalmente essa afirmação é feita a partir dos bens 
que essa pessoa aparenta possuir. Mas será que isso realmente reflete a realidade? 
Na verdade, a real noção de riqueza é obtida a partir do conceito de Patrimônio visto 
acima, mas que fica melhor se analisarmos sobre o prisma do Patrimônio Líquido. 
O Patrimônio Líquido pode ser obtido a partir do confronto entre o total dos bens e 
direitos com o total das obrigações, ou seja: 
 
 
 
Utilizando o quadro acima, imaginemos que o total de bens fosse de R$ 943.200,00 
e que seus direitos atingem o montante de R$ 379.550,00, chega-se a um 
patrimônio total de R$ 1.322.750,00. De fato essa empresa é muito rica, não é? 
Não necessariamente. Antes de afirmar isso, é preciso ver qual o valor de suas 
obrigações. Analisando todas elas, imaginemos que somem R$ 1.233.800,00. 
Ou seja, o Patrimônio Líquido dessa empresa é de apenas R$ 88.950,00. 
Podemos perceber que o Patrimônio Líquido ou a riqueza líquida é o que realmente 
importa, seja quando se trata de uma empresa ou mesmo de uma pessoa física. 
Há inúmeros casos de empresas que possuem um patrimônio muito grande: 
imóveis, veículos, máquinas, estoques, etc.; admira-nos ver a extensão de tudo que 
ela possui. 
Mas quando se verifica o valor de suas obrigações, constata-se que não verdade ela 
tem um patrimônio líquido negativo. Ou seja, o valor de suas obrigações é maior do 
que o valor de tudo que ela tem (bens mais direitos). 
 
ORIGENS DO PATRIMÔNIO. ONDE É APLICADO? 
 
Há mais um aspecto que é importante ser estudado pelo empreendedor, mais ainda 
por aquele que pretende iniciar um empreendimento. De onde vêm os recursos que 
serão aplicados no negócio? Quais as origens do Patrimônio da empresa? 
Os recursos necessários para as atividades têm origem de duas fontes: o Capital 
Próprio e os Capitais de Terceiros. 
 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO = BENS + DIREITOS – OBRIGAÇÕES 
28 
a) Capital Próprio 
 
O chamado Capital Próprio é representado pelo investimento que o proprietário ou 
os sócios aplicam na empresa, normalmente chamado de Capital Social. Trata-se 
da primeira fonte de recursos que usualmente o empreendimento tem. Na definição 
do valor desse capital inicial é indispensável o planejamento, tratado anteriormente. 
Não se trata de um exercício fácil, pois é comum ver empresários que querem iniciar 
um negócio quase sem recursos: “compro tudo a prazo”. Isso pode até ser possível, 
mas muito difícil de ocorrer: nunca pode ser usado como regra geral. 
Devemos lembrar que existem diversos gastos no início de um negócio: taxas de 
abertura da empresa, construções e/ou reformas, instalações, materiais diversos, 
propaganda, despesas dos primeiros meses até começar a ter lucro, impostos, etc. 
Além isso, se for um comércio começará seu estoque de mercadorias do zero. 
Depois precisa de um tempo para vender as mercadorias, depois um prazo para 
recebê-las: isso acontecerá antes que vençam os boletos das primeiras compras? 
Se for uma pequena indústria, a questão é mais complexa ainda, pois entremeando 
as compras e as vendas, há o processo de fabricação dos produtos. 
Há que se pensar ainda numa margem de segurança: para atender aos imprevistos, 
eventuais aumentos, erros de cálculos, entre outros. Não há uma regra, mas alguns 
especialistas falam de 5% a 10% do investimento inicial para isso. 
De outro lado, temos ainda os empreendedores excessivamente conservadores que 
“não querem se endividar com nada” e acham que só podem iniciar um negócio se 
tiverem dinheiro para tudo, sem depender de ninguém: “não compro nada fiado”. 
Isso também pode ser um pensamento errado, pois o conservadorismo excessivo 
pode ser um entrave para o crescimento. Muitas vezes é vantajoso “trabalhar com o 
dinheiro dos outros”, ou seja, utilizar-se dos créditos que a empresa possui: prazo 
com fornecedores, linhas de crédito acessíveis para empréstimos. 
29 
 
 
 
 
 
 
O investimento inicial ou capital próprio comporá o Patrimônio Líquido do negócio. A 
ele serão adicionados os lucros gerados pela atividade que os sócios optarem por 
não retirar e reinvestir como aumento do capital da empresa. 
 
b) Capital de Terceiros 
 
Seguindo na linha que se abordou no item “a”, outra fonte de financiamento de 
recursos para um negócio são os chamados “Capitais de Terceiros”. Como visto 
antes, terceiros são as pessoas (físicas ou jurídicas) que não fazem parte da relação 
jurídica direta: empresa e sócios; mas que mantém transações com ela. 
Nesse sentido podemos listar alguns dos mais comuns: 
 
I – Fornecedores. 
 
Se souber administrar seu “Contas a Pagar”, a empresa pode ter os Fornecedores 
como seus principais financiadores (depois dos sócios). Aí podemos listar: matéria 
prima, embalagens, mercadorias, material de expediente e de limpeza, combustível, 
componentes, peças, água, energia elétrica, etc. 
Uma questão que merece muita atenção, quando se usa os fornecedores para 
financiar o negócio, é a diferença entre o preço a prazo e o preço a vista. 
 
II – Instituições financeiras e empresas de crédito. 
 
Quando se fala em investimento inicial, não quer dizer apenas dinheiro. Além do 
dinheiro, o aporte inicial pode ser feito por meio: do imóvel para a empresa atuar, 
veículo de uso da empresa, instalações, maquinários, móveis, entre outros. 
Nunca esquecendo do que foi tratado acima: separar bem o que passou para a 
empresa, daquilo que permanece sendo do proprietário/sócio. 
Também há que se pensar em outros recursos que disponibilizará: conhecimento, 
tempo, mão de obra, experiência, etc. 
30 
As instituições financeiras públicas e privadas (bancos, cooperativas de crédito, 
Caixa Econômica) são uma fonte de recursos comumente utilizada pelas empresas 
e que disponibilizam uma gama grande de opções de empréstimo e financiamentos. 
Algumas vezes até mais que os Fornecedores, talvez seja a fonte mais acionada 
pelas empresas, seja para obter capital de giro, seja para aquisição de bens 
duráveis para o funcionamento da atividade. 
Trata-se de uma fonte importante, mas que exige muito cuidado na sua utilização. 
Como é tratado na seqüência deste material, é preciso um cuidado com questões 
como: preciso mesmo desses recursos? Quanto realmente preciso? Que linha de 
crédito utilizar? Quais os créditos mais baratos e os mais caros? Quais as taxas de 
juros efetivos? Quais as tarifas incidentes? Qual o custo efetivo da dívida? 
 
III – Agências de fomento e instituições governamentais. 
 
Existem agências de fomento e outros órgãos ligados ao governo, que dispõe de 
recursos para as empresas; da maneira especial para micro e pequenas empresas. 
Cabe aqui um destaque para a Fomento Paraná. 
Nesses órgãos ou entidades, o empreendedor muitas vezes pode obter recursos 
com taxas bem mais baixas que as praticadas nas instituições financeiras privadas. 
Dependendo do valor, tanto as taxas podem ser melhores, quanto as exigências 
para se acionar os recursos podem ser facilitadas. 
 
IV – Impostos e contribuições. 
 
Sempre que a empresa faz uma venda, no valor cobrado dos clientes estão inclusos 
impostos e contribuições (ICMS, PIS, IR, ISS). Cada um desses tributos possui uma 
data específica para o seu recolhimento aos cofres públicos. 
Assim sendo, os tributos podem ser considerados como fontes de financiamento da 
atividade, pois a empresa vai cobrando-os diariamente dos clientes, mas só fará seu 
recolhimento no mês seguinte(salvo exceções). 
 
31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atividade 2.1: 
A Empresa Exemplo tinha os seguintes bens, direitos e obrigações em 31/12/2018: 
 
Dinheiro em caixa $ 6.500,00 Construção $ 800.000,00 
Boletos a receber $ 48.900,00 Máquinas $ 120.000,00 
Contas a pagar $ 21.700,00 Empréstimos a pagar $ 82.300,00 
Encargos a pagar $ 90.000,00 Fornecedores $ 114.200,00 
Estoque $ 91.100,00 Terrenos $ 90.000,00 
Depósito no Banco $ 12.550,00 Adiantam. a fornecedor $ 18.800,00 
 
a) O total dos bens. b) O total dos direitos. 
c) O total das obrigações. d) O patrimônio líquido. 
e) O total dos bens móveis. f) O total dos bens imóveis. 
 
 
 
 
CUIDADO – Da mesma forma como os tributos podem financiar (no curto prazo) a 
atividade empresarial, também podem descapitalizar a empresa. 
Se uma empresa vende com prazos longos para receber (6 ou 8 ou 12 parcelas), 
deve lembrar que terá que recolher os tributos já no primeiro mês seguinte à 
venda. 
No longo prazo isso vira um giro de recursos que se equilibra, mas nos primeiros 
meses os tributos podem consumir uma parte do seu capital de giro. 
32 
Atividade 2.2: 
O Sr. H. Polimento está muito satisfeito com sua riqueza acumulada até o momento. 
Ele é considerado uma pessoa muito rica. Seus bens e direitos são: 
 
 Dois automóveis avaliados em R$ 68.000,00 
 Um apartamento de 03 dormitórios avaliado em R$ 309.000,00 
 Uma casa de campo avaliada em R$ 180.000,00 
 Um título de clube avaliado em R$ 12.000,00 
 Dinheiro no bolso R$ 5.500,00 
 Depósitos em vários bancos R$ 11.800,00 
 Ações de empresas R$ 9.000,00 
 Títulos a receber R$ 16.800,00 
 Salários a receber até o final do ano R$ 26.000,00 
 Aparelhos elétricos e eletrônicos avaliados em R$ 11.200,00 
 
Por outro lado, o Sr. H. também algumas obrigações, listadas abaixo: 
 
 Dívida no Sistema Financeiro de Habitação R$ 296.000,00 
 Empréstimo em diversos bancos R$ 136.000,00 
 Títulos a pagar R$ 28.000,00 
 Contas a pagar até o final do ano R$ 25.000,00 
 Financiamento da casa de campo R$ 138.000,00 
 Prestações do título do clube a pagar R$ 8.000,00 
 Prestações diversas R$ 9.000,00 
 
Vamos calcular a riqueza líquida do Sr. Polimento. 
Na resolução desta atividade, lembre-se de separar o que é bem do que é direito. 
 
 
 
 
 
Atividade 2.3: 
De cada item do patrimônio da Empresa X, diga o que é Bem, Direito ou Obrigação. 
NOME DO ELEMENTO PATRIMONIAL Bem x Direito x Obrigação 
1. Ações de outras empresas 
2. Aplicação financeira no banco 
3. Clientes 
4. Comissões a pagar 
5. Empréstimos bancários a pagar 
6. Computador para uso no escritório 
7. Contas a receber de diretores 
8. Contribuições a recolher 
9. Dinheiro no cofre da empresa 
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10. Boletos a receber 
11. Estoque de mercadorias 
12. Empréstimos concedidos a empregados 
13. Financiamentos obtidos 
14. Encargos sociais a recolher 
15. Equipamentos 
16. Estoque de material de expediente 
17. Obras de arte 
18. Fornecedores 
19. Gratificações a pagar 
20. Impostos a recolher 
21. Impostos a recuperar 
22. Instalações 
23. Empréstimos recebidos dos proprietários 
24. Patentes de invenção 
25. Salários a pagar 
26. Saldo na conta bancária 
27. Terrenos 
28. Títulos a pagar 
29. Veículos para uso da empresa 
30. Construções em andamento 
 
Capítulo 3 – Meu Dinheiro – Finanças Pessoais. 
Jeferson Lozeckyi 
 
 
 
Como vimos no capítulo anterior, o que 
chamamos de “Regra de Ouro Contábil”: o patrimônio dos sócios ou proprietários 
não pode se confundir com o patrimônio do negócio ou da empresa. Isso é 
fundamental para que a empresa tenha sua vida própria e não seja afetada pelos 
erros e acertos na gestão dos recursos pessoais. 
A experiência tem mostrado que na prática isso é bem mais difícil de fazer do que na 
teoria. Por mais que o empreendedor saiba que não pode misturar seu dinheiro, 
“Jamais gaste seu dinheiro 
antes de você possuí-lo”. 
Thomas Jefferson 
34 
seus bens, suas dívidas, com os dá empresa; diariamente o carrossel dos negócios 
estará sempre testando seu autocontrole, sua disciplina. 
Pensando nisso, que tal dedicarmos um tempo para vermos como andam as nossas 
finanças pessoais? Afinal, como você poderá administrar o dinheiro de seu negócio, 
se não conseguir controlar nem o seu próprio dinheiro? 
 
POR QUE BUSCAR ESTABILIDADE FINANCEIRA? 
 
Vivendo em sociedade, possuímos necessidades, desejos, anseios, vontades: ter 
uma casa própria, concluir um curso superior, adquirir um veículo, viajar, vestir-se 
bem, o almoço em família no fim de semana, educar os filhos. A lista é grande e 
varia de pessoa para pessoa. O que é necessidade para um pode não ser para 
outro. O que é sonho de um, nem passa pela mente de outro. 
Mas para complicar a situação, somos diariamente bombardeados por propagandas 
dos mais variados produtos e serviços, tentando nos infligir a necessidade de tê-los. 
Para que consigamos realizar os sonhos, satisfazer as necessidades (de forma a 
não se tornarem pesadelos), é preciso trabalhar por nossa estabilidade financeira. 
Planejar as finanças também para evitar uma série de coisas indesejáveis: 
- Os problemas financeiros estão entre as principais causas de divórcio. 
- A instabilidade financeira pode contribuir para desencadear uma série de doenças, 
como: estresse, depressão, gastrite, pressão alta, entre outras relacionadas. 
- Não raramente, questões financeiras costumam causar brigas e desentendimento 
entre amigos, familiares e até colegas de trabalho. 
 
 
NÃO. Não há nenhuma fórmula mágica. Mas há uma série de coisas simples que 
podem te levar a conseguir essa importante estabilidade. 
Você precisa é de um bom Planejamento Financeiro. 
 
Antes de qualquer coisa, é importante dizer que isso é bem mais simples do que 
possa parecer. Mais que conhecimentos, você precisa de disciplina e organização. 
MAS, O QUE FAZER ???? HÁ UMA FÓRMULA MÁGICA PARA ISSO? 
35 
Antes de qualquer coisa, esqueça as pessoas que possam ter dito que “controlar o 
dinheiro é muito complicado, você não vai conseguir”. Provavelmente são pessoas 
que não tiveram força de vontade suficiente para se disciplinarem. 
Também esqueça as vezes que você disse que “não sou bom com matemática”, 
“isso de ficar fazendo conta, não é para mim”. Você só precisa querer e ter a mente 
aberta para aprender. A maioria das coisas se faz sabendo somar e subtrair. 
 
GANHOS X GASTOS 
 
Se perguntássemos “Quem tem dinheiro sobrando”, provavelmente pouquíssimas ou 
nenhuma pessoa se pronunciaria. Ou seja, todos têm necessidade de controlar 
quanto ganha e o quanto gasta. Sem esquecer do economizar. 
Assim sendo, a primeira coisa que temos que ver é como anda o equilíbrio entre o 
quanto você ganha e o quanto você gasta. Você tem economias? 
Marque em qual das situações abaixo você se encaixa: 
 
 
 
 
Se você assinalou a alternativa A: parabéns, você está numa situação privilegiada. 
Mas isso não quer dizer que pode relaxar, a atenção deve ser permanente. 
Se você marcou a situação B, provavelmente você é uma daquelas pessoas que 
tem dificuldade de planejar compras e atividades de longo prazo: um financiamento, 
uma viagem, uma aquisição de maior valor. Cuidado!!!! 
Espera lá, mas e eu que marquei a alternativa C? Eiii... e eu que marquei a D? 
Então vocês estão entre aqueles que realmente precisam prestar bastante atenção 
no que vamos conversar a partir de agora. O caso de vocês é de urgência. 
( A ) Eu gasto menos do que eu ganho. Assim todo mês guardo um pouco. 
( B ) Eu gasto praticamente o mesmo que eu ganho. Vivo no limite do dinheiro. 
( C ) Eu gasto mais do que eu ganho. Minhas dívidas só têm aumentado. 
( D ) Eu não tenho a mínima ideia de como andam minhas finanças. 
36 
 
 
Aprimeira coisa que você precisa fazer é relacionar as suas receitas ou os seus 
ganhos mensais. Que tal começar com o quadro exemplificativo abaixo? 
Descrição Valor 
Receitas Totais................................................................... 
- Salários.......................................................................... 
- Aluguéis......................................................................... 
- Prestação de serviços................................................... 
- Outros:____________________________________ 
 
Bom, essa foi a parte boa. Agora vamos ao outro lado da moeda: as despesas. 
Antes de começarmos a listar as despesas, precisamos lembrar que existem gastos 
que são prioritários (necessários para a nossa sobrevivência) e gastos desejáveis 
(aqueles que podemos abrir mão, não essenciais para a sobrevivência). 
Há várias formas de separar os gastos, dependendo da abordagem de quem trata 
da área. Uma separação interessante é a apresentada por Parreira e Parreira 
(2017), que dividem as despesas em: Prioritárias, Importantes e Desejáveis. 
Nas despesas prioritárias incluem-se aquelas das quais não se pode abrir mão, 
pois são indispensáveis para nossa sobrevivência. Como por exemplo: aluguel,água, 
gás, energia elétrica, mercado, farmácia e por aí em diante. 
Entre as despesas importantes pode-se exemplificar: plano de saúde, combustível, 
lazer, cursos e treinamentos, etc. 
Dentre as despesas Desejáveis podemos considerar: financiamento do carro, 
viagem de férias, passeios de fim de semana, salão de beleza, entre outros. 
Obviamente que essa é uma sugestão de classificação e que os itens que para uns 
são importantes, para outros podem ser prioritários. Por exemplo: para alguém que 
trabalha com vendas, o combustível é prioritário, pois sem ele não tem receita. 
A questão aqui é: quais gastos eu posso cortar, numa situação de necessidade? E 
em que ordem eles podem ser cortados? 
 
“A coisa mais importante a se fazer quando você se 
encontra em um buraco é parar de cavar”. Warren Buffett 
Nunca sabemos quando pode surgir uma situação de 
dificuldade financeira. Devemos ficar atentos. 
37 
 
Outro aspecto que não podemos esquecer são os gastos eventuais como: conserto 
no veículo, reparos na casa (seja própria ou alugada), uma doença que surge. Ou 
ainda aqueles gastos que acontecem em intervalos maiores de tempo: IPTU, IPVA, 
a troca de óleo periódica ou a revisão, etc. Como farei quando eles surgirem? 
Seja qual for a classificação que você dê aos seus gastos, é indispensável identificar 
todos eles e controlá-los periodicamente (no mínimo, mensalmente). 
Que tal agora nós listarmos as despesas mensais que temos em nossa casa? 
Pode-se fazer isso no formulário a seguir, adaptado de Salanek Filho (2012). Há 
uma sugestão de despesas, mas outras podem ser adicionadas ou retiradas, se for 
o caso. Separe o que para você se enquadra em: prioritário, importante e desejável. 
Pode incluir gastos desejáveis, mesmo que ainda não os tenha. Também pode 
indicar gastos eventuais ou de periodicidade maior que o mensal: 
Descrição 
Prioritário, Impor-
tante ou Desejável 
Periodicidade: 
Mês, Semestre, Ano. Valor 
DESPESAS TOTAIS 
Moradia 
- Aluguel 
- Condomínio 
- Prestação da casa 
- Luz 
- Água 
- Gás 
- Impostos 
- Consertos/Manutenção 
- 
- 
Telefone/Celular/Internet 
- Telefone 
- Celular 
- Interne 
- 
- 
 
Alimentação 
- Supermercado 
- Feiras/Panificadora 
- 
38 
- 
Transporte 
- Combustível 
- Prestação do carro 
- Seguro 
- Impostos 
- Estacionamentos 
- Ônibus 
- 
- 
Saúde 
- Farmácia 
- Médicos/dentistas 
- Plano de saúde 
- 
- 
Educação 
- Mensalidades escolares 
- Cursos extras 
- Idiomas/computação 
- Uniformes 
- 
- 
Lazer/informação 
- Academia 
- Jornais/revistas 
- TV por assinatura 
- 
- 
Outros gastos 
- Impostos 
- Viagens 
- 
- 
- 
ECONOMIAS 
- Poupança 
- Outro: 
 
CONTROLE DOS GANHOS (RECEITAS) E DOS GASTOS (DESPESAS) 
 
39 
Uma vez que identificamos quais são nossas receitas e despesas mensais, assim 
como as eventuais, devemos acompanhar como elas estão indo. Para isso é 
importante “ANOTAR” tudo que se ganhou e, principalmente, tudo que se gastou, 
independente de ser um valor grande ou um valor muito pequeno. 
A fim de poder fazer isso, guarde todos os comprovantes dos gastos: notas, 
tickets, recibos, entre outros. Esse é um hábito que muita gente não tem: pedir o 
comprovante. Isso é importante para você cuidar de suas finanças e para que o 
Estado possa arrecadar os tributos necessários para manter os serviços públicos. 
Se não conseguiu o comprovante, anote num pedaço de papel, para depois poder 
transcrever para os seus controles. 
 
 
Quando se menciona “ANOTAR”, há vários maneiras de se fazer isso: 
 Existem diversos aplicativos para celulares, tablets e notebooks, onde se pode 
registrar todas as entradas e saídas de dinheiro. Muitos fazem a conciliação 
entre o estimado e o efetivamente realizado, trazem gráficos dos gastos e das 
receitas, mostrando se aumentaram ou diminuíram, entre outras coisas. 
 Existem páginas da internet que também fazem as coisas acima citadas. Na 
maioria delas, você pode fazer tudo on line. Ou seja, não precisa baixar arquivo 
nenhum em seu computador e pode fazer seus controles onde estiver e até 
mesmo no seu celular. 
 Tais controles podem ser feitos por meio de planilhas eletrônicas no computador 
ou notebook. Não sabe como criar uma? Não é difícil achar quem disponibilize 
isso, inclusive entre os colegas, ou mesmo na internet. 
 Não quer nada disso? Não leva muito jeito com tecnologia? Então pode anotar 
em um simples caderno. Como? Basta usar uma folha para cada receita e cada 
despesa que tenha; a medida que receber ou pagar algo, basta lançar na folha 
correspondente; ao final do mês, some quanto anotou em cada folha: receitas, 
mercado, ônibus, lanches, etc.; passe os totais em uma folha e está pronto. 
 
“Cuidado com as pequenas despesas. Um pequeno vazamento afundará um 
grande navio”. Benjamin Franklin 
VIU COMO É FÁCIL? 
40 
Na medida em que você começa a fazer tal controle, pode comparar quanto ganhou 
e quanto gastou em cada mês com cada tipo de despesa. Com isso poderá saber: 
 Para onde está indo meu dinheiro, onde estou gastando mais? 
 Algum gasto aumentou num mês em relação aos anteriores? 
 Onde preciso economizar, que gasto preciso dar uma segurada? 
 Há algum item onde posso gastar um pouco mais sem peso na consciência? 
 Posso aumentar o valor que vou guardar/poupar? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ORÇAMENTO PESSOAL 
 
ATENÇÃO: 
O controle das finanças pessoais (ganhos e gastos) não é algo que se faz 
sozinho. Esse é um exercício que deve envolver todos na casa: cônjuge, filhos, 
pessoas com quem se divide a moradia. 
Não adiante uma pessoa economizar, controlar, anotar tudo, enquanto que há 
outras que gastam desmedidamente e não controlam nada. Será como esvaziar 
uma piscina com uma peneira. 
Discuta isso com todos que residem no mesmo teto, mostre-lhes a importância de 
tudo que estamos discutindo e aprendendo aqui.Repasse o que aprendeu. 
OUTRA DICA IMPORTANTE: 
Ensine a importância disso tudo para seus filhos, desde pequenos. Lembre-se que 
as crianças aprendem muito mais rápido que os adultos. 
Se você lhes ensinar a ter educação financeira e a dar valor para seu dinheiro 
desde muito cedo, poderá evitar muitas frustrações e muito sofrimento deles no 
futuro. Mostre de onde vem o dinheiro e para onde vai. 
No futuro eles lhe agradecerão por ajudá-los a serem pessoas prósperas. 
41 
No tópico anterior tratamos das receitas e dos gastos depois deles já ocorridos: de 
onde veio e para

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