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Sthefani Saugo Paiva – Medicina XXXVI – Módulo Hematologia Osteoporose Importância fisiológica do cálcio O cálcio é essencial para vários processos bioquímicos: · Excitabilidade neuromuscular · Contração e motilidade · Citoesqueleto · Coagulação sanguínea · Secreção Hormonal · Secreção e modulação de atividades enzimáticas Concentração plasmática- 8,6 a 10,6 mg/dl (concentração do cálcio total) Dividi-se em: · Forma ionizada (ativa) - 50% · Complexos não iônicos (bicarbonato)- 10% · Fixado às proteínas – 40% -Em um pH 7,4 (normal) - cada g/dl de albumina liga 0,8 mg/dl cálcio. -A ligação vai depender do pH, de quanto cálcio livre, e de quanto albumina está liberada. -PH sanguíneo: acido ↓ ligação e alcalose ↑ ligação. Por exemplo, pacientes com cirrose podem ter hiperalbulemia, devendo ser feito um calculo de quanto cálcio total esse paciente tem. Vitamina D, cálcio e fosfato Principal fonte de vitamina D é o sol, sendo transformado na primeira camada da pele em dihidroxicolesterol em dihidroxivitamina d, passando pelo fígado e transformando em vitamina D1 e D2 e por fim passa pelo rim formando 25-dihidroxivitamina d3 (forma ativa da vitamina D). Não é um hormônio clássico, sendo metabolizado para ativação de outros esteroides (funciona como um cofator para função de outros órgãos). Fonte principal: através da irradiação solar (sol) e alguns alimentos (salmão, alguns vegetais e frutos do mar). Principal função: A vitamina d utiliza o cálcio e fosfato no TGI, fazendo ocorra uma reabsorção a nível intestinal, fazendo com que dessa forma, o cálcio não desiquilibre no corpo. (por isso a importância de um rim funcionando normalmente – para que haja a produção da forma ativa da vitamina D) O individuo ingere diariamente em torno de 1000 mg de cálcio e de fosfato, sendo absorvida no intestino, aproveitada no esqueleto e em outros mecanismos e diariamente é eliminada pelo rim e pelo intestino. Por isso, é importante a ingesta de adequada, pois a quantidade eliminada é bem alta e mesmo não ingerindo a eliminação é realizada diariamente. Ocorrendo um desequilíbrio, favorecendo algumas doenças. Hormônio Paratireoideo (PTH) · É um hormônio secretado pela glândula da tireoide. · Concentração plasmática: 10 a 50 pg/ml (picograma por ml). · PTH é clivado no fígado e metabolizado nos rins. · É um dos principais reguladores do cálcio. Osso: Estimula reabsorção óssea (tira cálcio do osso e manda para corrente sanguínea), estimula osteólise (quebra do osso), estimula ativ. dos osteoclastos (células que fazem reabsorção óssea) e diminui síntese de colágeno pelos osteoblastos. Rim: Estimula a reabsorção de cálcio na alça de Henle (túbulo distal), inibe a reabsorção de fosfato (túbulo proximal), inibe o bicarbonato e estimula ocorrência de alcalose metabólica. TGI: ação direta via a vitamina D impedindo a eliminação de cálcio Funcionamento do mecanismo: ↓ de cálcio ↑ a liberação de PTH ↑ a reabsorção de cálcio do osso, acionando a vitamina d para que rim: ↑ a reabsorção tubular do cálcio e ↓ de fosfato e TGI: ↑ a reabsorção de cálcio todos os mecanismos ↑ o cálcio no sangue, através da reabsorção óssea, renal, intestinal. Calcitonina É um hormônio produzido pelas células parafoliculares (células C). Funcionamento do mecanismo: ↑ de cálcio estimula a liberação de calcitonina na tireoide para tentar inibir a reabsorção óssea. OBS: PTH -> estimula a reabsorção e a calcitonina -> inibi a reabsorção. Osteoporose Definição · Doença caracterizada por diminuição da concentração da massa óssea e a deterioração da microarquitetura do tecido ósseo → determinando que ocorra um aumento da fragilidade óssea → tendo assim, maior risco de fraturas. · É o distúrbio osteometabólico mais comum. · As fraturas acarretam em uma alta morbidade e mortalidades, aumentando também os custos da saúde pública (pacientes ocupam por mais tempo os leitos, maior necessidade de cirurgias, fisioterapias). · As fraturas mais comuns: Fratura de colles – radio distal (punho); no corpo da vertebra e colo do fêmur. · 1 a cada 2 mulheres brancas e asiáticas; 1 a cada 8 homens e mulheres de outras raças apresentarão fraturas. · Cerca de 17% das mulheres pós-menopausa e 30% >65 anos, apresentarão. · E nos homens cerca de 20%, sendo bem incomum a ocorrência de fraturas. Fisiologia do osso 1) Cortical: · É mais denso e compacto · Parte externa de todos as estruturas esqueléticas; · Compõe cerca de 80% do esqueleto; · Tem função de sustentação do corpo, fornecendo força mecânica e proteção. 2) Trabecular (esponjoso): · É a parte interna dos ossos, corpos vertebrais e pelve; · É a parte que sofre a ação da falta do estrógeno na menopausa (↓ estrógeno e ossos trabecular mais frágil) Perda óssea com a idade: · Mulheres: cerca de 50% do osso trabecular e 30% do cortical; OBS: A mulher tem mais perda de osso trabecular que cortical, por isso os riscos para fratura aumentam na menopausa; · Homens: perdem 25-30% de ambos os ossos. Principais células envolvidas na remodelação óssea: 1) Osteócitos: tecido ósseo estável; 2) Osteoclastos: reabsorção óssea – “Cliva o osso” – Macete: osteoC.. C de COMER o osso. 3) Osteoblastos: formação óssea. (colágeno tipo 1). OBS: a imobilização estimula a reabsorção óssea, favorecendo para o enfraquecimento do osso. Reabsorção óssea: A reabsorção óssea pelos Osteoclastos é estimulada por: PTH; citocinas e interleucina1, que ativam produção do receptor ativador do fator nuclear Kappa B (RANKL) e do fator estimulador de colônia de macrófagos (M-CSF) pelos osteoblastos, fazendo com que inicie a perda óssea. Por outro lado, o hormônio estrógeno, estimulam os osteoblastos a liberarem osteoprotegerina que se liga ao RANKL e impede a ligação com RANK pelos osteoclastos. Hormônios que controlam a Remodelação Óssea: Outros fatores que determina perda maior de massa óssea é o estresse oxidativo, fazendo com que acumule radicais não pareados do oxigênio (ROS), maior apoptose dos osteoblastos, e induz a geração, ativação e sobrevivência dos osteoclastos (pela via RANKL). Síndromes que causam defeito na remodelação óssea: - Doença de paget: ativação descontrolada de osteoclastos e osteoblastos, fazendo com que ocorra formação de ossos frágeis levando a amis fraturas. -Osteogênese imperfeita: é uma condição genética, que causa defeito qualitativo e quantitativo na secreção do colágeno 1, fazendo com que ocorra múltiplas fraturas no decorrer da vida. Fatores de risco para osteoporose · Pico de massa óssea: acontece até o final da 2ª década, influenciado pela genética e por fatores exógenos (ingesta de cálcio; época de puberdade e exercícios físicos). OBS: quanto maior o pico de massa óssea na adolescência, deixando o osso mais forte, menor será a perda óssea. · Fatores genéticos · Idade avançada: ossos menos densos e mais fracos · ↓ Vitamina D · Maior propensão a quedas → causando fraturas · Sexo: feminino · Fatores étnicos e Raciais: mulheres brancas e asiáticas. · Fatores nutricionais · Estilo de vida: Sedentarismo; tabagismo; consumo excessivo de cafeína ou bebidas alcoólicas OBS: Exercícios durante a adolescência e a vida adulta → aumentam a DMO · Hormônios: Hormônios sexuais; Deficiência estrogênica: menopausa precoce; puberdade atrasada; anovulação; Hipogonadismo; Hipercortisolismo; Hiperpara/hipertireoidismo; Hiperprolactinemia; Deficiência de GH; · Medicamentos: uso prolongado de alguns pode favorecer e predispor a doença (ex. corticoide). FRAX: uma ferramenta estatística que calcula a probabilidade de fratura nos próximos 10 anos. Essa ferramenta leva em conta os fatores de risco apresentados pelo indivíduo. A partir de então pode-se calcular a probabilidade de fraturas de quadril e de fraturas maiores (coluna, antebraço, quadril e ombro) nos próximos 10 anos. EUA: indica-se tratamento em pacientes com osteopenia se o risco pelo FRAX em 10 anos for >3% no quadril ou >20% em qualquer sítio. Classificação: Osteoporose Primária: forma mais comum; resulta da perda óssea relacionada com a menopausaou ao envelhecimento (não tem uma origem – é fisiológica, da idade, da menopausa) 1) Osteoporose pós-menopausa Deficiência estrogênica (diminuição). 2) Osteoporose senil · ↓ formação óssea (falência dos osteoblastos) · Reduzida capacidade dos rins em produzirem Vitamina D → ↓absorção intestinal de Cálcio → ↑PTH e reabsorção óssea. Osteoporose Secundária: é causada por medicações ou doenças que predispõem à perda da massa óssea. 1) Osteoporose em homens: · A causa secundária é mais frequente em homens, sendo as principais causas: Alcoolismo, Hipogonadismo, Hipercortisolismo · Em torno de 35 a 50% não é possível identificar a causa do problema – Osteoporose Idiopática Fator de proteção Os homens diferentes das mulheres não têm a menopausa, seguem ao longo da vida a produção de andrógenos (hormônios) que tem a função de formação óssea, sendo um fator de proteção para a perda da massa óssea. 2) Osteoporose induzida por glicocorticóide · desenvolve-se rapidamente, dentro de 3-6 meses. · Mecanismo de patogênese: -↑ apoptose de osteoblastos e osteócitos -Diferenciação prejudicada dos osteoblastos ↓formação óssea -↑ sobrevida dos osteoclastos -Hiperparatireoidismo secundário e inibição da secreção de gonadotrofinas Diagnostico 1-Anamnese 2-Exame físico Avaliar estatura, peso corporal, hipercifose dorsal e outras deformidades esqueléticas 3- Exames complementares: RADIOGRAFIA · Indicado para o diagnóstico de fraturas (osso menos denso) · Não pode ser utilizada para diagnosticar Osteoporose DENSITOMETRIA ÓSSEA “padrão ouro” · A determinação da massa óssea é o melhor indicador mensurável do padrão ósseo e é útil na avaliação do risco de fraturas osteoporóticas · Medida da absorção de dupla energia de raios X (DXA) · 2 sítios devem ser avaliados: Coluna lombar (L1-L4) – osso trabecular e o colo do fêmur – osso cortical. Pode ser avaliado também caso necessário: antebraço distal, calcanhar e falanges. OBS: paciente que ficou muito tempo imobilizado possui uma perda de massa óssea importante devido à falta de impacto que é estimulo para formação óssea. · Escalas de resultados: -T escore: corresponde ao n⁰ de DP (desvio-padrão) distantes da média da DMO em adultos jovens (20 a 30 anos) -> mais utilizado -Z escore: corresponde ao número de DP distantes da média da DMO para a própria idade do paciente (crianças e mulheres na menopausa). Ou seja, é a comparação com um grupo da mesma idade e gênero. -Z escore abaixo de 2 → existência de causas secundárias da osteoporose · Densiometria Óssea – Resultados A densitometria fornece a densidade mineral óssea em um determinado segmento. A depender do gráfico formado poderemos analisar presença de desvio padrão e classificar em normal, osteopenia ou osteoporose Investigação laboratorial Na osteoporose COM fraturas, além dos exames indicados para osteoporose sem fraturas é feito os complementares para investigar a causa. Tratamento Tratamento Não farmacológico: · Dieta balanceada de proteína, cálcio, Vit D. · Evitar fatores que fazem perder massa óssea -> Cessar tabagismo; evitar consumo excessivo de álcool e café · Prática de atividade física (obs: Natação – não serve para melhorar osteoporose) · Estratégias para prevenção de quedas (deixar luzes acessas, colocar tapetes anti-derrapantes). · Quantidades diárias recomendadas (adultos) – Não é reposição Cálcio: 1000 a 1200mg de cálcio elementar Vitamina D: 400 a 2000UI/dia Tratamento farmacológico: · O tratamento para osteoporose não pode ser menos de 2 anos, pois o remodelamento ósseo demora em torno de 120-200 dias, por isso a densitometria óssea para acompanhamento deve ser feita após 1ano e meio a 2 anos de tratamento. Indicação: · Presença de fratura por fragilidade, independente do escore T · Escore T ≤ -2,5 em qualquer sítio válido · Escore entre -1 e -2,5 quando existem forte indícios de risco de fraturas ↑, de acordo com o FRAX. INIBIDORES DA REABSORÇÃO ÓSSEA 1) Bifosfonatos · alendronato, ibandronato, risedronato, zoledronato; · É a primeira linha de tratamento da osteoporose; · Inibem a função dos osteoclastos – não deixa perder osso; · Efeito colateral: intolerância gastrointestinais – náusea, pirose; · O mais utilizado é o Alendronato de sódio 70mg 1 comprimido 1x por semana pela manhã em jejum, deve ser orientado ao paciente para que seja ingerido com um copo cheio de água, e que não pode deitar logo após, pois é necessário que o remédio vá para o estomago, pois se ficar parado no esôfago pode causar erosão. · Deve ser utilizado por no máximo 5 anos, fazendo uma interrupção temporária no tratamento (drug holiday), para que o osso não fique duro demais podendo favorecer a fratura pelo excesso de dureza do osso. · ↑ a DMO e↓ risco relativo de fraturas vertebrais 2) Estrógenos · ↑ a DMO e↓ risco de fraturas vertebrais, não vertebrais e de quadril; · Uso restrito pacientes com sintomas do climatério – mulheres na menopausa · Contraindicado: neo de mama; Neoplasias dependentes de estrógenos; doença hepática grave; distúrbios tromboembólicos. 3) Moduladores seletivos do receptor de estrógeno · Raloxifeno - SERM tem efeito semelhante a ação do estrógeno, mas não causa efeitos trombolítico e de neoplásicos. · Indicado: mulheres na menopausa, mulheres CA de mama ou intolerantes aos bifosfonatos. 4) Calcitonina · Está em desuso -> hormônio produzido pelas células C da tireoide. 5) Denosumab · Conhecido no mercado como Prolia. · Indicado: mulheres pós-menopausa; · Age para evitar a ligação do RANKL · 60mg SC a cada 6 meses (por 2 anos) · ↑ a DMO e↓ risco de fraturas vertebrais, não vertebrais; ESTIMULADORES DA FORMAÇÃO ÓSSEA 6) Teriparatida · Conhecido no mercado como Forteo; · PTH recombinante ou sintético; · PTH de modo intermitente apresenta ação anabólica (+formação do que reabsorção) · Tratamento de uso SC, diariamente e é muito caro; · ↑ DMO e ↓ fraturas vertebrais e não vertebrais · Indicado: casos mais graves com múltiplas fraturas · Efeito colateral: hipercalcemia e hipercalciúria
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