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RESUMO II UNIDADE – PROCESSOS COGNITIVOS II · Emoção: resposta automática, intensa e rápida, inconsciente e/ou consciente, perante um estímulo ou impulso neuronal que leva o organismo a produzir uma ação. · Para Damásio, as emoções são um meio natural de avaliar o ambiente que nos rodeia e de reagir de forma adaptativa. · Twain refere que as emoções são expressões afetivas intensas dirigidas a alguém ou a alguma coisa, levando em conta que se diferencia de sentimento, por este ser menos intenso e mais durável do que as emoções. · Magalhães se refere às emoções como sendo uma das experiências mais marcantes do ser humano e uma construção psicológica na qual interagem diversos e complexos componentes cognitivos, fisiológicos e subjetivos. · Ekman refere que as emoções determinam a qualidade de vida dos indivíduos e ocorrem em cada relacionamento do ser humano (amizades, trabalho, família). - As emoções tanto podem fazer com que o indivíduo se sinta bem, como podem causar danos neste. · As emoções podem, assim, manifestar-se em distintos sistemas de resposta e a sua avaliação poderá basear-se em vários indicadores. A emoção pode espelhar-se em termos de comportamento expressivo (expressões faciais), indicadores fisiológicos (frequência cardíaca e respiração) e neurológicos (potenciais evocados). · A emoção tem um papel primordial na adaptação e integração do indivíduo às circunstâncias e experiências do dia-a-dia. · As emoções podem, ainda, motivar o sujeito para a realização da concretização de um sonho ou mesmo na procura de melhores condições de vida. · Emoção: É um estado mental subjetivo associado a uma ampla variedade de sentimentos, comportamentos e pensamentos. Ela desempenha um papel central nas atividades humanas, já que as emoções alteram a atenção e o nível do comportamento resultando em diferentes respostas do indivíduo. Pode ser considerada como uma espécie de depósito de influências aprendidas e inatas. FISIOLOGIA DAS EMOÇÕES: · Considera-se que os circuitos neurofisiológicos centrais da emoção são constituídos pelos centros emocionais ligados ao sistema límbico, com destaque para a amígdala, atualmente, considerada essencial para a emoção; e pelos centros emocionais neocorticais > refere-se aos lobos pré-frontais. · Sistema límbico. · A amígdala situa-se no centro do cérebro, junto do tálamo e do hipotálamo, estando envolvida na resposta de lutar ou fugir, razão pela qual, é chamada de “sentinela psicológica do cérebro”, pois tem o papel principal no controle da emoção. · O neocórtex é uma espécie de “gestor emocional”, pois enquanto a amígdala funciona desencadeando uma reação ansiosa e impulsiva, o neocórtex permite uma resposta muito mais moderada e adequada. Lóbulos pré-frontais > amortecem os excessos da amígdala. · O córtex pré-frontal é a região do cérebro responsável pela memória de trabalho > os circuitos que ligam o cérebro límbico aos lóbulos pré-frontais apresentam que os sinais de uma emoção forte – ira, medo, etc. – podem criar uma estática neuronal, sabotando a capacidade do lobo frontal de manter essa memória. · Ou seja, quando estamos emocionalmente perturbados, dizemos que “não conseguimos pensar corretamente”, sendo também a razão pela qual uma perturbação emocional contínua pode criar déficits nas faculdades intelectuais da criança, diminuindo a sua capacidade para aprender. Estes déficits nem sempre são detectados pelos testes de QI, embora se revelem na constante agitação e impulsividade da criança. · Quando o sistema límbico, o neocórtex, a amígdala e os lóbulos pré-frontais interagem bem, complementando-se, a Inteligência Emocional aumenta e o mesmo acontece com capacidade intelectual. NEUROBIOLOGIA DAS EMOÇÕES · Sistema límbico: envolve as estruturas ligadas as emoções > circuito neuronal relacionado as respostas emocionais e aos impulsos motivacionais (estruturas como: hipotálamo, núcleos da base, amigdala, área pré-frontal, cerebelo, septo e hipocampo – possui relação direta com processos emocionais). · A indução de alegria – resposta à identificação de expressões faciais de felicidade - provocou a ativação dos gânglios basais, incluindo o estriado ventral. · Descrições neuroanatômicas de lesões das vias cérebro-pontocerebelares em indivíduos com riso e choro patológicos sugerem que o cerebelo seja uma estrutura envolvida na associação entre a execução do riso e do choro e o contexto cognitivo e situacional em questão. · Quando tal estrutura está lesionada há transição incompleta das informações, provocando um comportamento inadequado ao seu contexto. · O SNA está diretamente envolvido nas denominadas “situações de luta e/ou fuga” e imobilização. · Tais ocorrências estão intrinsecamente relacionadas a um mecanismo de neurocepção, que se caracteriza pela capacidade de o indivíduo de agir conforme sua percepção de segurança ou ameaça a respeito do meio onde ele se encontra. Essa percepção pode ser dada, por exemplo, pelo tom da voz ou pelos movimentos e expressões faciais da pessoa ou do animal com quem ele se comunica. · As informações que chegam ao cérebro percorrem um determinado trajeto ao longo do qual são processadas. Em seguida, direcionam-se para as estruturas límbicas e paralímbicas, pelo circuito de Papez, ou por outras vias, para adquirirem significado emocional, dirigindo-se para determinadas regiões do córtex cerebral, permitindo que sejam tomadas decisões e desencadeadas ações – processos relacionados à autonomia – função geralmente dependente do córtex frontal ou pré-frontal. · Outra estrutura importante na integração emoção/razão é a ínsula, a qual é ativada durante a indução de recordações de momentos vividos por um indivíduo, as quais provoquem uma sensação específica, seja de felicidade, tristeza, prazer, raiva ou qualquer outra. · Entretanto a ínsula não é ativada quando a mesma sensação é provocada no mesmo indivíduo por um filme, por exemplo, sugerindo que tal estrutura esteja envolvida nos aspectos de avaliação, experimentação ou de expressão de uma emoção gerada internamente. · EMOÇÕES E QUALIDADE DE VIDA: · É importante saber que, do ponto de vista psicológico, existem emoções naturais e fisiológicas, que aparecem em todas as pessoas e que apresentam um relevante substrato biológico. · Este é o caso da alegria, do medo ou da raiva, entre outras emoções que podem ser agradáveis ou desagradáveis. As emoções naturais levam o indivíduo a mobilizar-se para a atividade e tomam parte na comunicação interpessoal. · As emoções podem ser essenciais ao bem-estar psicológico e a qualidade de vida do indivíduo. · As emoções desempenham um papel importante nos estados de saúde e na doença através das suas propriedades motivacionais. Graças a esta propriedade motivacional, as emoções têm a capacidade de modificar os comportamentos saudáveis, tais como os exercícios físicos, a dieta equilibrada, o descanso, etc., o que leva muitas vezes à adoção de comportamentos menos saudáveis. · As emoções que causam bem-estar ao indivíduo são consideradas como sendo emoções positivas, pois são as emoções que o indivíduo busca constantemente, enquanto as emoções que provocam mal-estar e constrangimento do indivíduo são consideradas emoções negativas, sendo aquelas que os indivíduos tentam evitar e que não gostam de sentir. · As emoções positivas são aquelas que o ser humano se sente “obrigado” a buscar (ele continua buscando situações que lhe são agradáveis, por exemplo), já as emoções negativas são aquelas que conduzem a pessoa a sentir um tipo de repulsa e que a afasta do estímulo que está causando aquele sentimento nocivo. · Diferença entre emoções negativas e positivas: - Emoções negativas > em períodos de grande stress as pessoas desenvolvem muitas reações emocionais negativas, o que leva ao aparecimento de certas doenças relacionadas com o sistema imunológico, como é o caso da gripe, herpes, diarreias, ou outras infeções. - Emoções positivas > ajudam a manter e/ou recuperar a saúde do indivíduo, provocando o riso e a alegria. · De um modo geral, as emoçõesnegativas tendem a restringir os comportamentos das pessoas direcionando-as para atuações muito específicas, as emoções positivas possuem a qualidade de alargar a abertura das pessoas às experiências que as rodeiam. EMOÇÕES BÁSICAS: · Inatas, geneticamente programadas e essenciais para a sobrevivência do organismo. · As emoções básicas são intimas pois não existe controle da vontade em sentir devido ao fato de essas serem predeterminadas pela psicofisiologia. · As emoções básicas (primárias) são inatas, pré-organizadas e estão ligadas ao processo adaptativo do ser humano. · As emoções básicas são também socialmente construídas, pois quando aprendemos um termo para designar uma emoção, aprendemos segundo o jogo linguístico no qual aquela emoção é classificada, conforme as regras e padrões de uma determinada cultura. ALEGRIA: · A alegria é uma das emoções básicas que é ativada por acontecimentos favoráveis, afetando os indivíduos de forma direta ou indireta > sinônimo: felicidade, prazer, satisfação, contentamento. · A alegria é uma emoção básica que resulta de uma reação espontânea do organismo diante um acontecimento que a provoca. Este acontecimento produz algo positivo para quem o experimenta. · A alegria é ativada sempre que ocorre uma mudança de situação neutra ou negativa para uma situação positiva > proporciona bem-estar físico e psicológico. · A alegria recompensa os esforços do indivíduo e as suas conquistas, facilita a resolução de problemas e a criatividade e tende a suavizar os efeitos do stress > tende a favorecer uma maior abertura do indivíduo a experiências que o rodeiam. · Essa emoção potencializa a atividade no centro cerebral e inibe pensamentos negativos, potenciando um estado de tranquilidade > a alegria é a emoção básica relacionada com o bem-estar, com os sentimentos positivos e torna os momentos únicos. · É uma emoção positiva, pois provoca boas sensações nos indivíduos que a experienciam. Deste modo, a alegria gera-se devido à libertação de substâncias químicas (por exemplo: dopamina e noradrenalina). · A alegria faz parte das emoções fundamentais para todos os indivíduos, uma vez que é a causa do bom humor e da felicidade dos indivíduos que a vivenciam. Assim, estados positivos podem proteger o sistema imunológico, enquanto estados psicológicos negativos afetam a saúde física. TRISTEZA: · A tristeza é outra emoção básica e está relacionada com perdas significativas, perdas cujo significado é grandemente valorizado pelo indivíduo que sofre a perda. · A tristeza é uma das emoções mais duradouras, sendo vários os tipos de perdas que podem provocar esta emoção. · Existe outras causas para tristeza, como as predisposições anímicas do sujeito, fruto de desequilíbrios químicos cerebrais (diminuição da serotonina). · Tristeza > relacionada ao pessimismo > conduz o indivíduo a focalizar apenas nos aspectos negativos dos eventos > pode gerar a diminuição parcial ou total das atividades que antes provocaram prazer no indivíduo > leva a uma diminuição das interações sociais, perda da motivação e aumento das inquietações íntimas. · A tristeza pode indicar que um objeto ou um estado que se desejava alcançar não foi atingido ou funcionar como sinalizador da existência de algum problema que envolve o indivíduo. · Esta emoção tem uma função adaptativa, na medida em que pode levar o sujeito a avaliar as fontes dos problemas, a procurar suporte social e a favorecer o estreitamento das relações com os outros. · A tristeza aparenta ser uma emoção chave para o desenvolvimento da capacidade de empatia, dado que os aspectos que a acompanham favorecem e dão espaço para que o indivíduo se coloque na perspectiva do outro. · A tristeza que uma perda traz tem certos efeitos inalteráveis: inibe o nosso interesse em diversões e alegrias, fixa a atenção naquilo que se perdeu e retira a nossa energia para iniciar novos empreendimentos, pelo menos, durante algum tempo. · Uma das patologias associadas à não regulação da tristeza é a depressão e estas podem ser vistas como “pólos” de um mesmo processo, devido ao fato de a tristeza ser considerada “fisiológica” e a depressão considerada “patológica”. Estas duas realidades (tristeza e depressão) estão relacionadas em termos neurofisiológicos, sendo cada vez mais frequente a descrição da correlação entre disfunções emocionais e prejuízos das funções neurocognitivas. · A depressão associa-se a déficits em áreas estratégicas do cérebro, incluindo regiões límbicas e, não obstante os fatores emocionais relacionados, há vários determinantes biológicos implicados no seu desenvolvimento > observam-se alterações ocorridas no sistema imunológico. MEDO: · O medo é uma das emoções básicas que está associada ao perigo e tem a função de proteger os indivíduos de determinados riscos que possam ocorrer. · O medo é uma emoção básica, presente desde o nascimento, e muito comum na infância e na adolescência. · Os indivíduos diferem nas emoções, por exemplo: podemos aprender a não ter medo de quase nada ou, observamos que algumas pessoas temem coisas que na verdade não representam qualquer perigo. · Algumas características do medo: ansiedade, apreensão, nervosismo, pavor e preocupação > pode ser breve ou pode durar um longo período de tempo. · A intensidade do medo depende da ameaça, ou seja, da avaliação que o indivíduo faz ao fato de esta ameaça ser imediata ou estar pendente. · Objetivo e função principal do medo: proteger a integridade física e psicológica do indivíduo, motivando-o para se libertar ou fugir de situações potencialmente temíveis. · A ativação do medo faz com que o self perceba um certo tipo de ameaça, o que faz ativar esta emoção, a qual uma vez ativada, tem associada, como principal propensão de ação a fuga ou retirada. · Durante a ativação do medo, o indivíduo tende a ter toda a sua atenção concentrada no estímulo ameaçador e na necessidade de se proteger. · O medo é uma reação adaptativa, servindo a um propósito útil: proteger os indivíduos de situações potencialmente perigosas, libertando um fluxo de energia que pode ser usado em qualquer ação que seja necessária para enfrentar o perigo. · Diferentes ameaças resultam num comportamento diferente: a ameaça imediata leva à ação (congelamento ou fuga) que permite lidar com a ameaça. Já a preocupação com uma possível ameaça leva ao aumento da vigilância e tensão muscular. · A resposta a uma ameaça imediata é muitas vezes analgésica, o que reduz a sensação de dor. Já a preocupação com uma ameaça iminente aumenta a dor. · Existe alguma evidência que suporta o fato de uma ameaça imediata e uma ameaça iminente ativarem diferentes áreas cerebrais. · Quando o indivíduo sente qualquer tipo de medo e está consciente do seu medo, é difícil sentir ou pensar mais alguma coisa, pois a sua mente e a sua atenção estão focalizadas somente na ameaça. · Quando há uma ameaça imediata, o indivíduo tem a tendência a se concentrar nesta até que a mesma tenha sido eliminada, mas se ele verificar algum impedimento para a sua solução, os seus sentimentos podem transformar-se em terror. · A emoção medo pode ser observada por meio das respostas motoras (posturas e gestos) e das respostas neurovegetativas (taquicardia e suor). · O medo é esperado e considerado normal em determinadas fases do desenvolvimento, protegendo a pessoa de se colocar em risco. · Mas existem situações em que o medo interfere nas atividades diárias do adolescente e, neste caso, faz com que este necessite de ajuda para ultrapassá-lo, uma vez que o mesmo se poderá tornar patológico e poderá interferir com muitas atividades do adolescente, inibindo a sua participação nas mesmas > o adolescente irá evitar situações as quais sabe que sentirá medo. · Existe um número considerável de perturbações emocionais ligadas ao medo, com consequências individuais, cognitivas e sociais. RAIVA: · A raiva é uma das emoções básicas que está relacionada com a frustração devido à não concretização de objetivos desejados pelos indivíduos. · Raiva: reação acompanhada de pressão sanguíneaaumentada, batimentos cardíacos acelerados e um aumento de hormônios, como adrenalina > sinônimos: revolta, hostilidade, irritabilidade, indignação, ódio, violência. · Ela pode manifestar-se através de comportamentos caracterizados pela violência verbal e física > nível cognitivo: ausência de autocontrole e dificuldade em manter a calma. · É muito comum o indivíduo perceber algum tipo de obstáculo ou entrave à busca dos seus objetivos, o que faz com que a raiva seja muitas vezes ativada. · A raiva é normalmente considerada negativa, porque constitui parte integrante da agressão, da hostilidade e da violência, que são negativas para a sociedade. · No entanto, a raiva não deve ser sentida como negativa, pelo contrário, deve ser vista como funcional, pois esta proporciona ao indivíduo energias para a sua defesa > inclui a organização e regulação de processos fisiológicos e psicológicos relacionados com a autodefesa e com o domínio, além da regulação dos comportamentos sociais e interpessoais. · Muitas vezes, o que nos motiva a regular a nossa raiva é o nosso compromisso de continuar a nossa relação com a pessoa para quem sentimos raiva. · A raiva é a emoção que as pessoas têm mais dificuldade em regular. Contudo, é a mais sedutora das emoções negativas, em que ideias autojustificativas interiores a alimenta, enche a mente com os argumentos mais convincentes para lhes dar razões, dando energia ao indivíduo. RECONHECIMENTO DAS EMOÇÕES BÁSICAS: · EXPRESSÕES FACIAIS: · Segundo Darwin as expressões faciais e corporais das emoções fazem parte do nosso repertório evolutivo, manifestando-se, de modo idêntico, em todos os indivíduos, independentemente da sua etnia ou cultura. · A expressão facial humana transmite informações extremamente necessárias, tais como a identidade, o sexo, a capacidade de contato ocular e expressão emocional, que são determinantes fundamentais na comunicação. · A expressão facial é um ou mais movimentos e expressões dos músculos da face. Estes movimentos geralmente significam a transmissão de algum estado emocional do indivíduo aos seus observadores. As expressões faciais são um meio de comunicação não-verbal. FUNÇÕES DA EMOÇÃO: · As funções das emoções encontram-se ligadas à adaptação e à expressão, funcionando como catalisador entre a conduta e o meio. PERCEPÇÃO: · A percepção é a habilidade para captar, processar e entender a informação que nossos sentidos recebem. É o processo cognitivo que permite interpretar o ambiente com os estímulos que recebemos através dos órgãos sensoriais. TIPOS DE PERCEPÇÃO: · Percepção visual: capacidade de ver e interpretar informações claras do espectro visual que chegam aos olhos. A visão é a percepção de raios luminosos pelo sistema visual. O triângulo de Kaniza demonstra o princípio do fechamento. Tendemos a ver um triângulo branco sobreposto à figura como uma figura completa e fechada, embora ele só seja sugerido por falhas nas demais formas que compõem a figura. · Percepção auditiva: capacidade de receber e interpretar informações que chegam aos ouvidos pelas ondas de frequência através do ar ou de outro meio (som). A audição é a percepção de sons pelos ouvidos. A psicologia, a acústica e a psicoacústica estudam a forma como percebemos os fenômenos sonoros. Uma aplicação importante da percepção auditiva é a música. - Entre os fatores considerados no estudo da percepção auditiva estão: · Percepção de timbres; · Percepção de alturas ou frequências; · Percepção de intensidade sonora ou volume; · Percepção rítmica, que na verdade é uma forma de percepção temporal; · Localização auditiva, um aspecto da percepção espacial, que permite distinguir o local de origem de um som. · Percepção olfativa: capacidade de interpretar informações de substâncias químicas dissolvidas no ar (cheiro). O olfato é a percepção de odores pelo nariz. Este sentido é relativamente tênue (fraco) nos humanos, mas é importante para a alimentação. A memória olfativa também tem uma grande importância afetiva. A perfumaria e a enologia são aplicações dos conhecimentos de percepção olfativa. - Entre outros fatores, a percepção olfativa engloba: . Discriminação de odores, que estuda o que diferencia um odor de outros e o efeito de sua combinação; . O alcance olfativo. - Em alguns animais, como os cães, a percepção olfativa é muito mais desenvolvida e tem uma capacidade de discriminação e alcance muito maior que nos humanos. · Percepção gustativa: capacidade de interpretar informações de substâncias químicas dissolvidas na saliva (gosto). O paladar é a percepção de sabores pela língua. Importante para a alimentação. Embora seja um dos sentidos menos desenvolvidos nos humanos, o paladar é geralmente associado ao prazer e a sociedade contemporânea muitas vezes valoriza o paladar sobre os aspectos nutritivos dos alimentos. - A arte culinária e a enologia são aplicações importantes da percepção gustativa. O principal fator desta modalidade de percepção é a discriminação de sabores. · Percepção tátil: capacidade de interpretar informações de pressão ou vibração captadas na superfície da pele. O tato é sentido pela pele em todo o corpo. Permite reconhecer a presença, forma e tamanho de objetos em contato com o corpo e também sua temperatura. Além disso, o tato é importante para a proteção física e o posicionamento do corpo. - O tato não é distribuído uniformemente pelo corpo. Os dedos da mão possuem uma descriminação muito maior que as demais partes, enquanto algumas partes são mais sensíveis ao calor. O tato tem papel importante na afetividade e no sexo. - Entre os fatores presentes na percepção tátil, estão: . Discriminação tátil, ou capacidade de distinguir objetos de pequenos tamanhos. . Percepção de calor. . A percepção da dor. · Percepção temporal: capacidade para interpretar alterações em estímulos e ser capaz de organizá-los no tempo. Não existem órgãos específicos para a percepção do tempo, no entanto é certo que as pessoas são capazes de sentir a passagem do tempo. - Os experimentos (ressonância magnética) destinam-se a distinguir diferentes tipos de fenômenos relevantes à percepção temporal: . A percepção das durações. . A percepção e a produção de ritmos. . A percepção da ordem temporal e da simultaneidade. - Segundo o psicólogo francês Paul Fraisse, é preciso distinguir a percepção temporal (para durações relativamente curtas, até alguns segundos) e a estimativa temporal que é designada como apreensão de longas durações (desde alguns segundos até algumas horas). Estes fatores envolvem ainda os ciclos biológicos, como o ritmo circadiano. · Percepção espacial: capacidade para entender suas relações com o entorno ao seu redor e com você. Não possuímos um órgão específico para a percepção espacial, mas a distância entre os objetos pode ser efetivamente estimada. Isso envolve a percepção da distância e do tamanho relativo dos objetos. - A percepção espacial é supra modal, ou seja, é compartilhada pelas demais modalidades e utiliza elementos da percepção auditiva, visual e temporal. Assim, é possível distinguir se um som procede especificamente de um objeto visto, e se esse objeto (ou o som) está aproximando-se ou afastando-se. · Propriocepção: é a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação as demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico de percepção permite a manutenção do equilíbrio e a realização de diversas atividades práticas. - O conjunto das informações dadas por esses receptores permitem, por exemplo, desviar a cabeça de um galho, mesmo que que não se saiba precisamente a distância segura para se passar, ou mesmo o simples fato de poder tocar os dedos do pé e o calcanhar com os olhos vendados. · Percepção social: estuda a forma como formamos impressões sobre outras pessoas e sobre como fazermos inferências sobre elas > a percepção de certos aspectos relacionados a características humanas, ou mesmo a "construção da percepção" de certas característicashumanas, também pode ser constituída socialmente. - Questões de gênero, raça, nacionalidade, sexualidade e outras, também podem ser interferidas por uma forma de percepção que é construída socialmente. - Essa percepção vale-se especialmente dos estereótipos sociais de que dispomos a partir de crenças partilhadas ou experiências anteriores. DETECÇÃO DE MENTIRAS · A identificação da mentira por meio da observação de gestos e expressões emitidos durante a interação social pode ser considerada, não apenas popular, mas como algo necessário para a sobrevivência e bem-estar social. · Na análise do comportamento, a mentira pode ser considerada um comportamento que é aprendido em contato com a comunidade verbal e tem como principais características obter algum tipo de recompensa. - É observada em todas as faixas etárias e em situações diversas encontradas e vivenciadas no dia a dia. A mentira não é apenas ruim ou imoral, ela tem um valor social significativo principalmente ao se relacionar com outras pessoas. · Os indivíduos sempre se preocuparam em estabelecer critérios que poderiam facilitar a detecção do engano. - Na idade média europeia, por exemplo, quando o controle da igreja era maior, os métodos para identificação da mentira estavam diretamente relacionados a crenças mágicas e religiosas. · Registros ainda mais antigos, mostram que na China, por volta de 1.000 a.C., já utilizavam estratégias para detectar a mentira. · São identificadas alterações fisiológicas no corpo do mentiroso (por exemplo, boca seca, variações no ritmo de respiração, elevação no registro de voz, maneira de movimentar-se ou não) pertinentes aos estados de ansiedade e medo de ter sua mentira exposta. · O pioneiro ao abordar aspectos essenciais da mentira e sobre como detectá-la por intermédio das expressões faciais foi Charles Darwin. · Darwin afirma que alguns movimentos repetidos das expressões faciais podem estar relacionados ao alívio de algumas sensações e/ou sentimentos, tornando-se hábito e passível de identificação, já que têm estimulação direta do sistema nervoso e são apresentados (movimentos) independentemente da escolha do indivíduo, o que demonstra que, por mais habilidoso ou treinado que o suspeito (de mentir) seja, alguns sinais são passíveis de observação. - Darwin levantou a hipótese de que algumas ações musculares faciais associadas as emoções não podem ser conscientemente inibidas, particularmente quando a emoção a ser ocultada é forte > as emoções de alta intensidade são mais difíceis de serem ocultadas do que as de baixa intensidade. · Os comportamentos não verbais (gestos, (micro) expressões corporais e faciais, dentre outros) podem complementar ou contradizer o que está sendo apresentado vocalmente. · O estudo buscou analisar as diferenças do comportamento individualmente e como essas alterações eram representadas por meio da expressão dos indivíduos quando mentiam > com base nos resultados, destaca-se que ao mentir, pode ser observado comportamentos distintos quando comparado a relatos verdadeiros. · Existem algumas máquinas preparadas para monitoramentos fisiológicos para detectar mentiras, os quais monitoram e medem parâmetros fisiológicos, como a pressão sanguínea, o batimento cardíaco e a amplitude da respiração: - Polígrafo (não é muito confiável) - Eletroencefalograma (EEG) > fiabilidade de 86% - Ressonância Magnética Funcional (RMF) > fiabilidade de 90% a 93% - Microexpressões > fiabilidade de 90% a 95% - Visualização ocular > fiabilidade de 85% a 92% · Informações fisiológicas podem contribuir em uma investigação sobre a veracidade do relato > com essas maquinas tem um maior controle e registro de atividades fisiológicas > com isso são registrados parâmetros de quando o sujeito está dizendo verdade e quando está mentido, no intuito de gerar uma linha de base (fisiológica). · Cada pessoa mente de um jeito e o segredo está em utilizar de ferramentas cientificas para analisar, mensurar e interpretar os comportamentos padrão e os comportamentos desviantes de um sujeito investigado – em outras palavras, a linha de base. TÉCNICAS DE OBSERVAÇÃO NA DETECÇÃO DE MENTIRAS: · Basicamente, as técnicas se baseiam em identificar, por meio da observação (direta ou indireta), frequências em que determinados comportamentos ocorrem, no intuito de verificar possíveis sinais que possam indicar estados emocionais e/ou intenção de mentir. · Os sinais ocorrem “devido à sobrecarga cognitiva gerada para manter a verdade inibida e, ao mesmo tempo, criar a mentira, sem contradições, com coerência e com a quantidade necessária de detalhes”. · Sentimentos como culpa e medo geralmente estão relacionados com o comportamento de mentir, e quando é observado um excesso de alguma dessas emoções, o indivíduo passa a emitir comportamentos passíveis de observação. · Quando há a mentira, o suspeito apresenta com maior frequência: dificuldade para desenvolver o assuntou ou a história; desvia significativamente o olhar; movimenta com menos frequência braços, mãos e cabeça; · A detecção de uma mentira através da observação de padrões comportamentais (verbais e não verbais) pode ocorrer de dois modos: objetivo e subjetivo. - Método objetivo: requer a gravação de um vídeo que, quando analisado, tem uma maior atenção direcionada para a emissão de comportamentos não verbais interpretados como sinais de mentira > busca, com base na expressão facial, possíveis emoções que podem estar destoando do que está sendo verbalizado vocalmente. - Método subjetivo: *Modelo de detecção direta: é solicitado que o participante apenas julgue se o suspeito está mentindo ou não, e a precisão é considerada significativamente baixa. *Modelo de detecção indireta: consiste em observar e analisar comportamentos que, analisados por meio da inferência (dedução feita com base em informações), podem demonstrar se o sujeito está mentindo (é o modelo de detecção da mentira por observação mais vantajoso). · Fatores como alto índice de ansiedade (alterações fisiológicas) podem comprometer o procedimento da análise na detecção de mentiras. · Além disso, o comportamento de mentir é aprendido e desenvolvido ao longo das experiências com a comunidade verbal > uma vez que esse repertório é aprendido e mantido pelas consequências, os sinais apresentados pelo indivíduo quando mente são minimizados ou isentados de qualquer meio de detecção. · A mentira é um comportamento aprendido (não é resultado de algo inato) em contato com a comunidade verbal > é mantida ou não por consequências reforçadoras. · Existem testes que podem colaborar na identificação do comportamento de mentir por meio de análises fisiológicas. · As detecções da mentira por meio da observação de comportamentos verbais e não verbais podem oferecer pistas através de gestos ou de expressões faciais > também são práticos e eficazes. · A mentira é parte integrante das relações humanas, é um comportamento que se faz presente no repertório de atitudes dos indivíduos. · Um mentiroso pode ocultar informações, onde ele não diz tudo o que realmente sabe, ele apenas retém algo sem dizer nada falso, e em contrapartida há pessoas que retêm a verdade e no lugar apresentam informações falsas como se fossem verdadeiras. · A identificação da mentira tem sido estudada por meio da comunicação não verbal, com a análise de gestos, expressões e microexpressões faciais, que podem indicar contradição em relatos verbais. · Os mentirosos tentam controlar as expressões faciais e o comportamento do corpo para tentar enganar os detectores de mentira > ações faciais podem ser reduzidas, mas não eliminadas > para reduzir algo da expressão facial tem que ter uma redução total dos movimentos faciais. · Os mentirosos possuem um desejo maior de serem convincentes, e, portanto, são mais propensos a acompanhar e manter o contato visual com o entrevistador para ver se ele está acreditando, resultado que se opõe a crença de que os mentirosos evitam o contato visual. · Mitomania: desejo compulsivo de mentir sobre assuntos importantes e triviais, independentementeda situação > pessoas que tem compulsão por mentiras e sentem prazer com o estrago causado pela sua mentira. MEMÓRIA COLETIVA E MEMÓRIA INDIVIDUAL · A memória, além de uma definição no aspecto neurofisiológico ou numa abordagem psicanalista, pode ser encarada como um fenômeno social – de expressão tanto individual quanto coletiva > faculdade humana que tem capacidade de conservar certas informações. · Ela exerce influência sobre a história (da sociedade e de cada indivíduo), a política, a linguagem, a cultura e a construção da identidade de um espaço urbano. · Os trabalhos de Maurice Halbwachs trouxeram o fator social ao estudo da memória (acreditava-se que a memória era regida exclusivamente por leis biológicas), mostrando a existência de uma relação intima entre o individual e o coletivo. · Boa parte das lembranças de um indivíduo é relativa a momentos compartilhados com outros, seja no ambiente familiar, no trabalho, na escola, ou, numa escala maior, em um bairro, cidade, ou até país. · Memória individual: são as impressões particulares sobre os fatos, compostas de detalhes e sequencias que organizamos ao recordarmos. - Ponto de vista sobre a memória coletiva. - Qualquer ser humano é resultado, também, das interações sociais que experimentou; além disso, a nossa memória individual ancora-se em diversos pontos de referência como sons, paisagens, sentimentos, elementos do espaço que se encontra, entre outros. - Assim, mesmo que uma lembrança individual não envolva diretamente nenhuma outra pessoa, ela necessariamente se insere no mesmo espaço que o das lembranças de várias outras pessoas. · Memória coletiva: são as impressões e registros de memória significativos para um conjunto de pessoas, porque fazem parte das histórias de vida deste grupo e compõe sua identidade. - Essa memória coletiva, geralmente tenderá a idealizar o passado e, na maioria das vezes, estará vinculada a um acontecimento pontual, que será considerado o de máxima relevância. - É formada por fatos e aspectos julgados importantes e que são guardados como a memória oficial da sociedade mais ampla. Se expressa no que chamamos de lugares da memória > são os memoriais, os monumentos mais importantes, os hinos oficiais, quadros célebres, obras literárias e artísticas que expressam a versão consolidada de um passado coletivo de uma dada sociedade. - O lugar de memória é material, físico, como: museus, arquivos, cemitérios, comemorações, tratados, monumentos, santuários, etc.; é funcional, pois garante a cristalização da lembrança e, consequentemente, sua transmissão; e é simbólica, já que remete a um acontecimento vivido por um grupo minoritário de pessoas, que muitas vezes já nem estão vivas, e, ainda assim, traz uma representação para uma maioria que não participou do acontecimento. · A memória coletiva é um conceito historiográfico definido como um conjunto abstrato de informações referentes a uma comunidade, grupo ou lugar que se constitui a partir de memórias individuais em seu processo de interação social. · A memória coletiva não se desvincula da memória individual e vice-versa. · Epelbain afirma que a distinção entre memória individual e social/coletiva recebeu maior destaque a partir da configuração das orientações psicológicas e sociológicas. · Krüger destacou o a-historicismo: a negligência da perspectiva histórica, citando a importância de se enfatizar a inclusão de tal dimensão social, histórica e cultural > refere-se à negação ou o desconhecimento da relação de determinados temas com a história ou com a cronologia dos fatos. O termo a-historicismo refere-se a ser historicamente impreciso ou ignorante sobre o tema em questão. · Se não houvesse a linguagem, nós não teríamos a memória coletiva. - A memória coletiva representa um conjunto de informações referentes a uma comunidade, se constitui a partir de memórias individuais, se expressa materialmente, ancora-se nos lugares de memória e tem como caminho espontâneo o seu desaparecimento.
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