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SEMINÁRIO_III_CIT_LEONARDO_RODRIGUES_DE_LIMA

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Módulo Controle da Incidência Tributária 
Seminário III - Sistema, Competência e Princípios 
 
 
Seminário III 
SISTEMA, COMPETÊNCIA E PRINCÍPIOS 
 
Aluno: Leonardo Rodrigues de Lima 
 
Questões 
 
1. Que é sistema? Há diferença entre sistema e ordenamento jurídico? Pode-se 
dizer que o direito positivo se caracteriza como um sistema? 
O Professor Paulo de Barros Carvalho, na obra Curso de direito tributário, 2021, 
p. 141, define sistema como um objeto formado por porções que se vinculam sob um 
princípio unitário, ou como composição de partes orientadas por um condutor comum. 
Sendo assim, explica que onde houver um conjunto de elementos relacionados entre si, 
diante de uma referência comum e determinada, traduz a real noção de sistema. 
Enquanto o Professor Tércio Sampaio Ferraz Jr. entende que sistema é 
equivalente a um conjunto de elementos e estruturas complexos das relações que entre 
elas se estabelecem. 
Além disso, os sistemas podem ser classificados como reais ou empíricos e 
sistemas proposicionais. O sistema real pode ser entendido como objetos do mundo 
físico e social, enquanto o sistema empírico é formado por proposições e pressupostos, 
traduzindo-se em linguagem. O sistema proposicional é meramente formal, como na 
lógica e na matemática, onde as partes componentes são entidades ideais. 
Em relação às diferenças entre sistema e ordenamento jurídico, é importante 
destacar que existem. Sendo assim, ordenamento jurídico pode ser definido como o 
direito positivado de forma bruta, aquele elaborado pelos entes políticos competentes, 
disposto em estrutura hierarquizada, que se opera tanto no aspecto material quanto no 
formal ou processual, ao passo que o sistema pode ser resumido como a ação dos 
operadores do direito na aplicação da hermenêutica, ou seja, a efetiva interpretação da 
intenção do legislador quando da criação de uma lei, obedecendo a hierarquia das 
normas. 
Ante o exposto, não é possível dizer que o direito positivo se caracteriza como 
um sistema. Cumpre ressaltar que o direito positivo por si só, não alcança a definição de 
sistema. Dito isso, o conjunto de normas jurídicas resultam no ordenamento jurídico, 
enquanto sistema para se materializar, faz-se imprescindível a interferência do jurista na 
 Módulo Controle da Incidência Tributária 
Seminário III - Sistema, Competência e Princípios 
 
 
interpretação da letra da lei. Sendo assim, o direito posto é equivalente à positivação de 
normas jurídicas. Para que seja um sistema jurídico, é necessária a efetiva atividade do 
jurista, que outorga às normas jurídicas o sentido superior de um todo organizado, 
resultado da interpretação da norma. 
 
2. Que se entende por “sistema constitucional tributário”? Qual sua função no 
direito tributário? 
Paulo de Barros Carvalho, na obra Curso de direito tributário, 2021, p. 158, 
define o sistema constitucional tributário como “quadro orgânico das normas que 
versem sobre matéria tributária, em nível constitucional”. Além disso, acrescenta que o 
referido sistema realiza as funções do todo, disciplinando sobres os poderes capitais dos 
sujeitos ativos da relação tributária, somado à medida que assegurem as garantias 
imprescindíveis à liberdade das pessoas (sujeitos passivos) em detrimento dos poderes 
do Estado, resultando em segurança jurídica que se estabelece entre Administração 
Pública e administrados. 
Em resumo, o sistema constitucional tributário pode ser entendido como um 
conjunto de princípios e normas constitucionais que determinam as diretrizes que 
regulam as situações relativas ao direito tributário. Dito isso, pode-se dizer que as 
normas tributárias derivadas da Constituição encontram-se sob a influência de muitos 
princípios constitucionais, que se irradia por toda a legislação tributária derivada. 
 A função do sistema constitucional tributário pode ser traduzida como a 
existência de princípios constitucionais de ordem tributária que definem regras, normas, 
poderes, espécies, deveres e outros, diretamente relacionados ao campo tributário, 
estabelecendo diretrizes ao legislador infraconstitucional para inserir no mundo jurídico 
normas que se coadunam com os princípios estabelecidos pela Carta Magna. Em outras 
palavras, pode se dizer que sua função é de dispor sobre os poderes do Estado, no 
campo da tributação, ao passo que estabelece medidas que assegurem as garantias à 
liberdade da população, diante dos poderes. O resultado disso é um sistema tributário de 
acentuada rigidez. 
 
3. Que é princípio, como é e para que serve? Há diferença entre regras e 
princípios? No caso de conflito, qual deve prevalecer? E no caso de conflito entre 
princípios, qual critério deve informar a solução? 
Paulo de Barros Carvalho, na obra Direito tributário: linguagem e método, 2018, 
p. 265, define princípio como um vocábulo que possui uma infinidade de acepções, 
podendo variar conforme os valores de uma sociedade em um dado momento histórico. 
No campo do direito, pode ser resumido como a linguagem capaz de traduzir para o 
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mundo jurídico-prescritivo, não o real, mas um ponto de vista sobre o caso concreto, 
caracterizado segundo os padrões de valores daquele que o interpreta. 
Por conseguinte, leciona na obra Curso de direito tributário, 2021, p. 161, que os 
princípios possuem quatro usos distintos para o termo, quais sejam: “a) como norma 
jurídica de posição privilegiada e portadora de valor expressivo; b) como norma jurídica 
de posição privilegiada que estipula limites objetivos; c) como os valores insertos em 
regras jurídicas de posição privilegiada, mas considerados independentemente das 
estruturas normativas; e d) como o limite objetivo estipulado em regra de forte 
hierarquia, tomado, porém, sem levar em conta a estrutura da norma.”. 
Para Miguel Reale, Filosofia do Direito, 1986, p. 60, os princípios servem como 
alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de 
conceitos relativos à dada porção da realidade. Às vezes também se denominam 
princípios certas proposições, que apesar de não serem evidentes ou resultantes de 
evidências, são assumidas como fundantes da validez de um sistema particular de 
conhecimentos, como seus pressupostos necessários. Dito isso, entendo que os 
princípios servem como fundamento para embasar interpretações, entendimentos e até 
mesmo como fundamento para aplicação da lei a um caso concreto, podendo ser 
aplicado nas mais diversas situações, além de possibilitar uma flexibilização, haja vista 
que o entendimento pode mudar conforme o processo evolutivo da sociedade. 
Em relação a diferença entre regras e princípios, podemos dizer que as regras 
são normas que foram concebidas para serem efetivamente cumpridas, restando apenas 
definir se a referida regra será efetivamente aplicada ao caso concreto, considerando 
critérios como a validade da norma, a cronologia, a vigência, a eficácia, a hierarquia, e a 
especialidade, entre outros. Parafraseando Alexy, 2012, p.86-87, o único 
questionamento que pode ser feito quanto a elas é se aquela determinada norma se 
aplica ou não ao caso concreto, sendo impossível vislumbrar certo grau de possibilidade 
quanto ao cumprimento de determinada regra, haja vista que essas foram feitas para 
serem cumpridas na forma prescrita. Sendo assim, se uma regra é válida, então há de se 
fazer exatamente o que ela exige, nem mais, nem menos. 
Por conseguinte, os princípios norteiam a ordem jurídica no sentido de que algo 
se realize na maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas reais e 
existentes. Desse modo, os princípios são utilizados como forma de subsidiar o direito 
referente ao que pode ser aplicado em menor ou em maior grau, levando em conta a 
ponderação entre a possibilidade jurídica e a possibilidade real de adequação do fato à 
norma. 
Sendo assim, a diferença entre regras e princípios pode ser resumidada seguinte 
forma: regras foram feitas para serem cumpridas, expressam um comportamento que 
deve ser adotado, tem um conteúdo deontológico, expressam uma hipótese que, se 
verificada, resultará em aplicação precisa, enquanto os princípios, parafraseando 
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CUNHA, 2008, p. 146, trazem em seu bojo um conteúdo axiológico, possuindo um grau 
elevado de vaguidade e indeterminação, o que, por conseguinte, possibilita ao cientista 
jurídico uma margem para a interpretação hermenêutica da norma-princípio para 
aplicação conforme o caso concreto. 
No caso de conflito entre regra e princípio, entendo que o que deve prevalecer é 
a aplicação do princípio, tendo em vista que este tem status de valor, estando acima da 
regra. Para corroborar tal entendimento, Paulo de Barros Carvalho leciona que os 
princípios devem ser considerados como norma jurídica de posição privilegiada, tendo 
em vista que estipula limites objetivos. 
Como se não bastasse, nos ensina MELLO, 1981, p. 230: 
Princípio Jurídico é o mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro 
alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes 
normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata 
compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a 
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe 
dá sentido harmônico. 
Dito isso, entendo que os princípios possuem função norteadora para a 
construção das normas. Sendo assim, considero, com a máxima vênia, que os princípios 
possuem valor hierarquicamente superior sobre a regra, por deter a finalidade de 
manutenção da uniformização do sistema jurídico. Isso posto, no caso de uma regra 
estar em desacordo com o sistema jurídico, a referida falha será efetivamente corrigida 
por meio da aplicação do princípio. 
 Referente ao critério utilizado para resolução de conflitos entre princípios, 
cumpre ressaltar que os princípios não possuem hierarquia, não se sobrepõem, e, 
tampouco, resultam em exceções aos outros. Isso posto, faz-se necessário a utilização 
do sistema da ponderação, que consiste em solução racional, prevalecendo a aplicação 
de um sobre os outros com o objetivo de melhor solução do caso concreto. Sendo assim, 
é dever do intérprete jurídico verificar a dimensão de peso entre os princípios colidentes 
com base no caso concreto e expor argumentativamente qual deles deverá ser aplicado, 
com base em uma ponderação de valores e pesos entre os princípios colidentes, sem que 
isso, contudo, cause a revogação do princípio que teve sua aplicação excluída no caso 
concreto do ordenamento jurídico. 
 
4. Identificar, nas situações a seguir, se algum princípio foi desrespeitado e, em 
caso afirmativo, indicar qual: 
a) instituição e regulamentação de dever instrumental por meio de instrução 
normativa; 
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O caso em tela pode ser questionado à violação ao princípio da legalidade 
tributária a instituição e regulamentação de dever instrumental por Instrução Normativa. 
Entendo que não houve desrespeito ao referido princípio, tendo em vista que o 
conteúdo da Instrução Normativa simplesmente explicitou sobre o procedimento 
adotado para obtenção do benefício. 
Sendo assim, conforme já decidido pelo STJ no REsp nº 724.779/RJ, não viola 
qualquer princípio a instituição ou regulamentação de dever instrumental por meio de 
Instrução Normativa. Cumpre ressaltar que para que não haja violação de princípios, é 
imprescindível que o referido conteúdo da IN não produza deveres ou crie interpretação 
que possibilitem violação da legislação tributária vigente. 
Ante o exposto, entendo que a instituição e regulamentação de dever 
instrumental, no caso em tela, não violou nenhum princípio. 
b) estipulação de graus de risco da atividade laborativa (para o SAT) por meio de 
decreto; 
O caso em tela pode ser questionado à violação aos princípios da legalidade e da 
isonomia, a estipulação de graus de risco da atividade laborativa (para o SAT) por meio 
de decreto. 
Entendo que não houve desrespeito aos referidos princípios, tendo em vista que 
é consolidado o entendimento do STF, por meio do RE nº 343.446, de que a instituição 
de contribuição para o custeio do SAT é constitucional. 
Dito isso, a Corte afastou-se a alegação de ofensa ao princípio da legalidade, 
bem como ressaltou que eventual conflito entre a lei instituidora da contribuição ao 
SAT e os decretos que a regulamentaram é questão de índole ordinária. Ademais, não 
vislumbro ofensa ao princípio da legalidade, haja vista que, no caso em tela, não se trata 
de criação ou modificação de tributo, porém, de sua mera regulação. 
Referente ao desrespeito ao princípio da isonomia, entendo que a mera 
estipulação de diferentes graus de risco não resulta em tratamento desigual, pelo 
contrário, corrobora a ideia de isonomia, ao passo que determina um tratamento 
uniforme para situações distintas. 
Ante o exposto, entendo que a estipulação de graus de risco da atividade 
laborativa (para o SAT) por meio de decreto, no caso em tela, não violou nenhum 
princípio. 
c) multas sancionatórias na percentagem de 75%; 
No caso em tela, pode ser questionado à violação ao princípio da vedação 
constitucional do tributo confiscatório. 
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Primeiramente, é importante definir que a multa tributária existe com o objetivo 
de coibir a prática de ilícitos tributários. É um mecanismo coercitivo do Estado para 
impor ao sujeito passivo uma punição pela violação de direito da relação tributária. 
Entendo que é necessário um equilíbrio na instituição dos percentuais de 
aplicação da multa, haja vista que a vedação à utilização de tributo com efeito de 
confisco é prescrita no art. 150, IV da Constituição Federal. Não vejo razoabilidade na 
aplicação de uma alíquota que corresponda a 75% da obrigação principal. 
Na análise do AI n. 786.224 AgRg/SP, verifica-se que foi aplicada multa 
(obrigação acessória) pelo não recolhimento de ICMS. Cumpre ressaltar que no 
julgamento da apelação, foi decretado o cancelamento da exação, resultando na extinção 
da obrigação principal, restando somente a obrigação tributária. Em virtude disso, houve 
substancial alteração no quadro fático original, uma vez que a multa aplicada, que era 
acessória à penalidade principal (não recolhimento do ICMS) passou a ser ‘isolada’, 
ante a exclusão da tributação. Sendo assim, entendo que a multa, no caso concreto, fere 
o princípio da vedação ao confisco, haja vista que com a extinção da obrigação 
principal, a obrigação acessória não deveria existir, em virtude da desvinculação do fato 
gerador de incidência tributária, qual seja a obrigação principal. 
Ante o exposto, entendo que a estipulação de multas sancionatórias na 
percentagem de 75%, no caso em tela, violou o princípio da vedação ao confisco, tendo 
em vista que a obrigação principal foi extinta. Sendo assim, a multa cobrada 
isoladamente, desvinculada de uma obrigação principal na percentagem de 75% fere o 
princípio da vedação ao confisco. 
d) imposto de importação com alíquota de 150%; 
No caso em tela, não vislumbro violação a nenhum princípio por ocasião de 
determinação, pelo ente tributante, de alíquota de 150% para o imposto de importação. 
Isso porque o imposto de importação possui caráter eminentemente extrafiscal, atuando 
como regulador de mercado, auxiliando no equilíbrio da balança comercial e protegendo 
os produtos nacionais da concorrência, algumas vezes desleal, de produtos estrangeiros. 
Cumpre ressaltar que a determinação da alíquota do imposto de importação está 
diretamente ligada à essencialidade do bem tributado. Sendo assim, no caso de um 
produto não essencial, a aplicação de uma alíquota elevada refletirá diretamente no 
princípioda capacidade contributiva. 
 Ante o exposto, entendo que imposto de importação com alíquota de 
150% não ofende nenhum princípio. 
e) lei municipal ou distrital que institui responsabilidade pelo crédito tributário a 
terceira pessoa; 
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No caso em tela, não vislumbro violação a nenhum princípio por ocasião de lei 
municipal ou distrital que institui responsabilidade pelo crédito tributário a terceira 
pessoa. Para corroborar tal afirmação, vejamos a redação do art. 6º da Lei 
Complementar nº 116/2003: 
 Art. 6º Os Municípios e o Distrito Federal, mediante lei, poderão 
atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a 
terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, 
excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em 
caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida 
obrigação, inclusive no que se refere à multa e aos acréscimos legais. 
Como a instituição de responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa 
encontra abrigo na legislação e considerando que o entre tributante, seja municipal ou 
distrital, possua a competência legal para instituição da exação, não restam dúvidas 
quanto à obediência aos princípios da legalidade e da competência tributária. 
f) elaboração, pelo CONFAZ, de lista de produtos semielaborados sujeitos à 
incidência do ICMS; 
No caso em tela, não verifico desrespeito a nenhum princípio a elaboração, pelo 
CONFAZ, de lista de produtos semielaborados sujeitos à incidência do ICMS. 
Entendo que não houve desrespeito a nenhum princípio, tomando como base a 
decisão prolatada no AgRg no AI n. 809.531, cujo entendimento da Corte foi pela 
constitucionalidade da competência do CONFAZ para relacionar os produtos 
semielaborados. Sendo assim, o legislador complementar conferiu aos convênios tão 
somente a faculdade de relacionar os produtos semielaborados destinados ao exterior 
que estariam sujeitos ao ICMS. No caso concreto, verifica-se que a lista elaborada pelo 
CONFAZ possui caráter meramente exemplificativo, adicionado ao fato de ser o 
CONFOR órgão legítimo para a elaboração da referida lista, não podendo prosperar 
ofensa a qualquer princípio. 
Ante o exposto, entendo que não houve violação a nenhum princípio. 
g) penhora, em execução fiscal, de automóvel de pequeno valor utilizado para 
transportar portador de necessidades especiais; 
No caso em tela, pode ser questionado à violação ao princípio da dignidade da 
pessoa humana. 
Entendo que houve desrespeito ao referido princípio, tendo em vista que, no 
caso em tela, o bem objeto da penhora é de pequeno valor e é indispensável à existência 
digna do executado. Sendo assim, no conflito entre o interesse patrimonial do credor e o 
princípio da dignidade da pessoa humana, verifica-se claramente uma colisão de 
interesses. Por conseguinte, na ponderação entre a dignidade da pessoa humana e o 
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interesse patrimonial do credor, não restam dúvidas de que subsiste um interesse mais 
relevante, qual seja a dignidade da pessoa humana. 
No REsp 1436739/PR, entendo que o Rel. Ministro Humberto Martins foi muito 
assertivo ao decidir que é adequado e proporcional considerar impenhorável o referido 
bem constrito. Isto porque é utilizado para transportar portador de necessidades 
especiais e possui pequeno valor, razão pela qual deve ser mantida a desconstituição de 
penhora, sob pena de comprometer a dignidade humana do devedor. 
Ante o exposto, entendo que de acordo com as peculiaridades do caso concreto, a 
penhora, em execução fiscal, de automóvel de pequeno valor utilizado para transportar 
portador de necessidades especiais ofendeu o princípio da dignidade da pessoa humana. 
h) quebra do sigilo bancário em favor da fiscalização. 
O caso em tela pode ser questionado à violação aos princípios constitucionais da 
intimidade, privacidade, sigilo das informações fiscais e do devido processo legal. 
Entendo que houve desrespeito aos referidos princípios, tendo em vista que para 
a autorização da quebra do sigilo fiscal, é necessário percorrer algumas formalidades 
legais. Entendo isso no caso em tela pelo fato de não constar a existência de processo 
administrativo prévio. Importante mencionar que o STF destacou que mesmo sem a 
necessidade de autorização judicial, para que seja efetuada a quebra do sigilo, há a 
necessidade de um processo administrativo em curso. Sendo assim, para que a quebra 
do sigilo fiscal não ofenda os princípios mencionados no parágrafo anterior, é 
imprescindível a realização de prévia notificação ao contribuinte e a garantia da 
aplicação dos princípios do contraditório e da ampla defesa. 
Sendo assim, conforme disciplina a Lei Complementar nº 105/2001, que dispõe 
sobre o sigilo das operações de instituições financeiras e dá outras providências, a 
quebra do sigilo fiscal não poderá ser realizada sem o cumprimento das formalidades 
legais pelo sujeito ativo. 
i) a imposição da desistência das discussões judiciais e administrativas para adesão 
a parcelamento de débitos. 
No caso em tela, pode ser questionado primeiramente a ofensa ao princípio da 
inafastabilidade da jurisdição, prevista no artigo 5º, inciso XXXV, da CF/88, que 
dispõe: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. 
Como se não bastasse, é possível também questionar a violação aos princípios do 
contraditório e ampla defesa e do devido processo legal. 
Entendo que houve desrespeito aos referidos princípios, tendo em vista que, no 
caso concreto, o sujeito passivo utiliza de imposições coercitivas para que o contribuinte 
desista de discussões judiciais e administrativas como requisito para adesão a 
parcelamento de débitos fiscais. 
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Cumpre ressaltar que a concessão de parcelamentos pelo ente tributante é ato 
discricionário, inexistindo previsão legal que determine a efetiva desistência das 
discussões judiciais e administrativas para a efetivação do parcelamento. Diante disso, 
não restam dúvidas de que a condição imposta pelo fisco não pode restringir o gozo de 
direitos fundamentais garantidos pela nossa Carta Magna. 
Ante o exposto, entendo que houve violação aos princípios da inafastabilidade 
da jurisdição, do contraditório e ampla defesa e do devido processo legal. 
j) desconsideração de negócio jurídico realizado pelo contribuinte mediante 
planejamento tributário em razão de ausência de propósito negocial nos atos 
praticados pelo contribuinte. 
No caso em tela, pode ser questionado à violação aos princípios da legalidade 
tributária e da livre iniciativa. 
Entendo que houve desrespeito aos referidos princípios, tendo em vista a 
desconsideração de negócio jurídico realizado pelo contribuinte mediante planejamento 
tributário, sob o argumento de ausência de propósito negocial nos atos praticados não 
pode prosperar. 
Isso porque no caso em tela, não há que se falar em conduta ilícita, haja vista 
que não estão presentes os pressupostos de simulação, ilusão ou dissimulação das 
operações empresariais com o intuito de ocultar ou mascarar a ocorrência de fato 
gerador do tributo. 
Pelo contrário. O que efetivamente ocorre é a realização de negócio jurídico 
indireto, pois o sujeito passivo nada oculta ao fisco, deixando evidente qual o negócio 
jurídico praticado, não podendo ser confundido com evasão fiscal. 
Sendo assim, conforme o contribuinte ao se valer do planejamento tributário, 
está respeitando o princípio da legalidade e da livre iniciativa. 
 
5. Considere as informações a seguir para responder ao final. 
Regras de Futebol 2018/2019 CBF 
Regra 12 
(...) 
Se o árbitro aplicar uma vantagem depois de uma falta punível com 
cartão amarelo ou expulsão, a advertênciadeve ser aplicada quando a 
bola estiver fora de jogo. 
(...) 
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Num jogo de futebol, um jogador sofre falta, mas segue a jogada e 
marca o gol. Analise o caso sob a ótica das regras e princípios e 
responda: 
a) Há regra existente e aplicável à infração (falta)? Qual o papel desempenhado 
pela lei da vantagem (regra ou princípio)? Princípios podem excepcionar regras? 
Há regra 12 elaborada pela CBF é aplicável a infração (falta). Isso porque a lei 
da vantagem poderá ser adotada em situação de ocorrência de infração (falta), momento 
em que o árbitro é facultado sua aplicação, por ocasião da continuidade de posse de bola 
favorável ao sujeito passivo. Com isso, o jogador vítima da infração tem a oportunidade 
de se beneficiar do ato ilícito cometido pelo adversário. 
Sendo assim, entendo que o papel desempenhado pela lei da vantagem deve ser 
interpretado como princípio, haja vista que em caso de jogada em que o jogador do time 
A sofre uma falta do jogador do time B, resultando em uma vantagem para o time A, 
situação em que a posse de bola continua com o sujeito/equipe que sofreu a infração, 
poderá ser aplicada a lei da vantagem e oportunizar a continuidade da jogada. 
Verificando o juiz que, mesmo com a falta cometida pelo jogador do time B, 
será possível a aplicação da lei da vantagem, caso essa seja punível com cartão amarelo 
ou vermelho, deverá o julgador aplicar a penalidade sobre o ato quando a bola estiver 
fora de jogo. 
No caso em tela, verifica-se claramente a ponderação entre o princípio da lei da 
vantagem versus a regra da aplicação da falta. No caso concreto, ao verificar a 
ocorrência de uma falta, a regra determina que o árbitro interrompa o jogo, por meio da 
marcação de infração e aplique a sanção determinada ao infrator, qual seja cartão 
amarelo ou expulsão do infrator. Verificando o juiz a ocorrência de vantagem para a 
equipe vítima da conduta ilícita, este poderá aplicar o princípio da lei da vantagem, 
possibilitando a sequência da jogada que poderá resultar em gol. Sem prejuízos, caso a 
falta cometida seja punível com cartão amarelo ou infração, o juiz deverá aplicar as 
sanções previstas na regra e punir o infrator. 
 Ante o exposto, verifica-se nitidamente que a marcação da falta e a aplicação das 
sanções (cartão amarelo ou vermelho) consistem em regra, enquanto a lei da vantagem 
se mostra como princípio, considerando que depende da interpretação do julgador ao 
aplicá-la. Isso posto, concluo que princípios podem sim excepcionar regras. 
b) Qual a relação entre a lei da vantagem (futebol) e o brocardo nemo auditur 
turpitudinem allegans (ninguém pode se beneficiar da própria torpeza)? 
Entendo que a lei da vantagem e o brocardo nemo auditur turpitudinem allegans 
(ninguém pode se beneficiar da própria torpeza) são semelhantes, porque trazem em seu 
bojo a mesma essência, qual seja: Caso um agente cometa fato típico, punível e 
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culpável, não poderá alegar que tal conduta foi realizada com o objetivo de proveito 
próprio, prejudicando assim o direito da vítima. 
Sendo assim, por analogia a infração cometida no futebol e a torpeza praticada 
pelo indivíduo, presentes as características de dolo, ato vil e reprovável, não seria justo 
que fossem levadas em consideração para que o julgador atribua direitos/benefícios 
àquele que usa de tão ardilosa malícia em detrimento de outrem. 
c) O gol deve ser validado? Com base na regra ou no princípio? Justifique sua 
resposta. 
Analisando o caso concreto, entendo que o gol deverá ser validado. A 
fundamentação para a validação do gol deverá ser feita sob o manto do princípio da 
aplicação da lei da vantagem. 
Em situação de ocorrência de falta, a regra determina que o árbitro interrompa o 
jogo, por meio da marcação de infração, e aplique a sanção determinada ao infrator, 
qual seja cartão amarelo ou expulsão do infrator. Verificando o juiz a ocorrência de 
vantagem para a equipe vítima da conduta ilícita, este poderá aplicar o princípio da lei 
da vantagem, possibilitando a sequência da jogada que poderá resultar em gol. Sem 
prejuízos, caso a falta cometida seja punível com cartão amarelo ou infração, o juiz 
deverá aplicar as sanções previstas na regra e punir o infrator. 
 Ante o exposto, verifica-se nitidamente que a marcação da falta e a aplicação das 
sanções (cartão amarelo ou vermelho) consistem em regra, enquanto a lei da vantagem 
se mostra como princípio, considerando que depende da interpretação do julgador ao 
aplicá-la. Desse modo, entendo que a validação do gol deverá ser justificada pela 
aplicação do princípio da lei da vantagem. 
 
6. Que é, como é e para que serve a competência tributária? Quais as 
características da competência tributária? Qual a diferença entre competência 
tributária e capacidade tributária? Analisar a facultatividade do seu exercício 
relativamente à Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n. 101/00), que veda a 
transferência voluntária de receitas a entes que tenham deixado de instituir algum 
tributo de sua competência. 
O Professor Paulo de Barros Carvalho, na obra Curso de direito tributário, 2021, 
p. 238, define a competência tributária, em síntese, como uma das parcelas entre as 
prerrogativas legiferantes de que são portadoras as pessoas políticas, consubstanciada na 
possibilidade de legislar para a produção de normas jurídicas sobre tributos. Diante 
disso, pode-se dizer que a capacidade tributária está diretamente relacionada à aptidão 
constitucional para instituição de tributos. 
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Contudo, é relevante mencionar que a expressão “pessoas políticas” não se 
resume apenas em União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Além dessas pessoas 
políticas, dadas as devidas proporções, não podemos deixar de mencionar que também 
possuem competência, por exemplo, o Chefe do Poder Executivo, ao expedir um 
Decreto sobre Imposto de Renda, o Ministro de Estado por ocasião de edição de 
Instrução Ministerial, o Juiz ao julgar uma lide, o Agente da Administração encarregado 
de lavrar o ato de lançamento, entre outros. 
Referente às características da competência tributárias, são definidas pela 
doutrina, como sendo: 
i) privatividade: relacionado à competência privativa instituída em favor do ente 
federativo para exercê-la; 
ii) indelegabilidade: significa que a competência tributária atribuída a 
determinado ente federativo não poderá ser transferida a outro ente. Somente a pessoa 
jurídica titular da referida competência terá atribuição para exercê-la; 
iii) incaducabilidade: pode ser traduzida como a inexistência de prazo para o 
efetivo exercício da competência tributária, ou seja, a competência não caducará pelo 
decurso do tempo; 
iv) inalterabilidade: tendo em vista a rigidez da nossa Carta Magna, é 
imprescindível a exigência de processo legislativo elaborado para sua alteração, não 
podendo ser exercida a bel prazer do detentor da competência tributária; 
v) irrenunciabilidade: impossibilita que ente público detentor da competência 
tributária a renûncia dessa competência, não podendo desistir da competência que lhe 
fora atribuída; e 
vi) facultatividade do exercício: possibilita a faculdade ao ente tributante para o 
efetivo exercício ou não da competência recebida, ou seja, facultatividade do exercício. 
Em relação à diferença entre competência tributária e capacidade tributária, 
podemos dizer que a primeira está diretamente ligada ao ato de criação do tributo, 
possibilitando legislar, desenhar o perfil jurídico de uma exação ou até mesmo regular 
os expedientes necessários à sua funcionalidade, enquanto a segunda está relacionada à 
exigibilidade do tributo, aptidão para a arrecadação e fiscalização dos tributos, que pode 
ser traduzidacomo a possibilidade de reunir as credenciais necessárias para integrar a 
relação jurídica na qualidade ativa. 
Referente a vedação de transferência voluntária de receitas a entes que tenham 
deixado de instituir algum tributo de sua competência, disciplina o art. 11, parágrafo 
único da Lei Complementar nº 100/2000, que: 
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Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na 
gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os 
tributos da competência constitucional do ente da Federação. 
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias 
para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos 
impostos. 
Da leitura da referida norma, não restam dúvidas quanto à vedação à 
transferência de recursos voluntários para os entes federativos que deixem de instituir 
algum tributo de sua competência, instituídos pela Lei Complementar. 
Como já dito anteriormente, uma das características da competência tributária é 
a facultatividade do exercício, ou seja, o seu pleno exercício é facultativo, inclusive 
quanto aos tributos que se dizem viáveis. Dito isso, entendo que mesmo com a edição 
da Lei de Responsabilidade Fiscal, a qual prevê alguns requisitos essenciais da 
responsabilidade na gestão fiscal, quais sejam: a instituição, previsão e efetiva 
arrecadação de todos os tributos da competência do ente tributante, a característica da 
facultatividade não pode ser levada em consideração como critério punitivo ao 
Município que opta por deixar de instituir tributo de sua competência, resultando na 
vedação da transferência voluntária de receitas. 
Há quem defenda que a LRF criou condições para que os sujeitos tributantes 
possuam a faculdade de renunciar à receita que seria arrecadada com os tributos, por 
questões de custo x benefício, prezando pela responsabilidade na gestão fiscal. Mesmo 
assim, acredito que tal entendimento não pode ser levado em consideração para afirmar 
que a omissão quanto à criação do tributo ou por vontade política superveniente, seja 
critério suficiente para impor vedação à transferência de receitas previstas no pacto 
federativo. 
Vamos considerar que um determinado Município constate que a instituição e 
cobrança de determinado tributo que possua competência resulte em arrecadação 
inferior ao custo da operação? Diante disso, o Município resolve se valer da faculdade 
do exercício da competência tributária, para não instituir determinado tributo, por 
questões de custo x benefício da gestão tributária. Deverá o Município, diante da 
constatação da inviabilidade da instituição do tributo ser punido pela vedação à 
transferência de receitas previstas no pacto federativo? Entendo que não. 
Ante o exposto, com a máxima vênia, entendo que a vedação imposta pela LRF 
fere o que disciplina nossa Carta Magna, que outorga competência para que entes 
políticos editem leis para instituir tributos, combinado com a característica da faculdade 
do exercício de instituição de tributo. Estamos diante de uma lei complementar sendo 
colocada acima da Constituição e dos princípios. 
 
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7. Proposta de Reforma Tributária Nacional que substitua os impostos estaduais e 
municipais sobre bens e serviços, por um imposto único de competência da União 
por emenda constitucional viola os Princípios do Pacto Federativo e do 
Federalismo Fiscal? E se esta emenda prever expressamente o repasse obrigatório 
da integralidade ou parte do produto da arrecadação desse imposto único para os 
estados e municípios? 
Entendo que uma proposta de reforma tributária nacional com o objetivo de 
substituição de impostos estaduais e municipais sobre bens e serviços, por um imposto 
único de competência da União por emenda constitucional viola os Princípios do Pacto 
Federativo e do Federalismo Fiscal. Isso porque o objeto da proposta de emenda 
constitui matéria protegida pelo instituto de cláusulas pétreas, disciplinadas pelo art. 60, 
§ 4º da nossa Carta Magna. Dito isso, cumpre estabelecer que as cláusulas pétreas são as 
matérias constitucionais que não se sujeitam a abolição ou supressão por parte do poder 
constituinte derivado reformador ou revisor. 
Como se não bastasse, cumpre observar que com a criação do imposto único de 
competência da União dos impostos estaduais e municipais sobre bens e serviço, seriam 
infringidas as características da competência tributária da privatividade: relacionado à 
competência privativa instituída em favor do ente federativo para exercê-la; e da 
indelegabilidade: significa que a competência tributária atribuída a determinado ente 
federativo não poderá ser transferida a outro ente. Somente a pessoa jurídica titular da 
referida competência terá atribuição para exercê-la. 
Mesmo que a referida proposta de emenda estabelecesse expressamente repasse 
obrigatório da integralidade ou parte do produto da arrecadação desse imposto único 
para os estados e municípios seria ela natimorta, pois não há que se falar em legalidade, 
por absoluta impossibilidade legal, tendo em vista ser matéria classificada como 
cláusula pétrea. 
 
8. A Emenda Constitucional n. 39/02 acrescentou à Constituição o art. 149-A e 
parágrafo único, dispondo: 
“Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir 
contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço 
de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. 
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se 
refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica”. 
Com fundamento nesse dispositivo, a Prefeitura de Itumambé instituiu 
o seguinte tributo: 
Prefeitura Municipal de Itumambé, Decreto Municipal 3.708 de 
10/10/03 (DOM 13/10/03) 
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Art. 1º Fica instituída contribuição para o custeio do serviço municipal 
de energia elétrica que tem como fato gerador a prestação do serviço 
de energia elétrica pelo Município. 
Art. 2º A base de cálculo é o valor da fatura de consumo de energia 
elétrica. 
§ 1º A alíquota é de 0,5%. 
§ 2º Os contribuintes que morarem na região central pagarão 50% a 
mais do valor devido. 
Art. 3º Contribuinte é o consumidor de energia elétrica. 
Art. 4º Compete à Secretaria de Finanças fiscalizar o abatimento 
realizado pela concessionária. 
Art. 5º A importância devida a título dessa contribuição deve ser paga 
até o último dia do mês subsequente e recolhida pela concessionária 
de energia elétrica juntamente com a fatura mensal de consumo, 
ficando a concessionária responsável pelo abatimento do montante 
recolhido da fatura municipal. 
Parágrafo único. O não-pagamento da contribuição, ou o não repasse, 
implica multa de 150 UFIRs. 
Art. 6º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, devendo 
produzir todos os seus efeitos a partir do dia 01/11/03. 
{...]. 
Pergunta-se: 
a) O sistema constitucional tributário brasileiro admite alterações na faixa de 
competência tributária das pessoas políticas? Há alguma vedação à ampliação da 
competência tributária municipal por meio de emenda constitucional? Em caso 
afirmativo, qual (is)? 
Alterações na faixa de competência tributária das pessoas políticas, por não 
constituírem matéria protegida pelo instituto de cláusulas pétreas, disciplinadas pelo art. 
60, § 4º da nossa Carta Magna, são legalmente possíveis. Dito isso, cumpre estabelecer 
que as cláusulas pétreas são as matérias constitucionais que não se sujeitam a abolição 
ou supressão por parte do poder constituinte derivado reformador ou revisor. Partindo 
dessa premissa, entendo ser legalmente permitida a alteração na faixa de competência 
tributária dos entes federados e da União, desde que seja realizado por meio do 
procedimento adequado, qual seja a Emenda Constitucional.Por absoluta falta de previsão legal quanto à ampliação da competência tributária 
municipal via emenda constitucional, entendo ser legalmente possível. Como se não 
bastasse, vale mencionar que a alteração de competência tributária não afetaria o pacto 
federativo, tendo em vista que as normas orçamentárias garantem a repartição de rendas, 
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não resultando em prejuízo de arrecadação aos outros Entes Tributantes. Porém, cumpre 
ressaltar que se fosse o caso de restrição ou exclusão da competência, não seria 
legalmente possível, haja vista que uma vez definidas as competências pela 
Constituição, não há que se falar em supressão ou exclusão de competências. Sendo 
assim, é possível afirmar que, por falta de vedação legal à ampliação da competência 
tributária municipal, tal ampliação por meio de emenda constitucional é legalmente 
adequada para realizar esta mudança, vedada a supressão ou exclusão de competências. 
b) Os Municípios podem, na criação de tal contribuição, com fundamento no art. 
149-A da CF, utilizar uma das materialidades que lhes foram atribuídas 
constitucionalmente para a instituição de impostos? E das materialidades 
atribuídas aos Estados, Distrito Federal e União por ocasião da repartição 
constitucional das competências para instituição de impostos? Há vedação 
constitucional quanto à materialidade eleita: “consumir energia”? Justifique: 
Em relação à criação de contribuição, com fundamento no art. 149-A da CF, sob 
a alegação de utilizar uma das matérias atribuídas pela CF/88 para instituição de 
impostos, entendo que o município não pode se valer da hipótese de incidência prevista 
para os demais entes federativos, pois irá ferir o princípio da legalidade e resultará em 
ofensa ao sistema de repartição de competências tributárias estabelecido pela 
Constituição Federal. Isso porque é privativo à União a instituição de imposto 
extraordinário sob argumento de que seja da competência de outro ente federativo, de 
acordo com o que disciplina o artigo nº 154, inciso II, da CF/88. Ante o exposto, vale 
asseverar que por ser a competência da União é privativa, só é cabível a ela ingressar no 
âmbito de competência dos Estados e dos Municípios, sendo plenamente vedado a estes 
utilizarem das competências outorgadas a outros entes. 
Referente à vedação constitucional quanto à materialidade eleita: “consumir 
energia”, cumpre mencionar que a Constituição prevê a contribuição para o custeio de 
iluminação pública, devendo ser instituída por lei municipal ou do Distrito Federal, não 
se caracterizando como sanção de ato ilícito e sendo cobrada por meio de atividade 
administrativa plenamente vinculada. Para corroborar tal entendimento, no julgamento 
do RE n. 642.938 AgRg/SP, foi decidido que a contribuição para o custeio do serviço de 
iluminação pública, consoante o disposto no artigo 149-A da CF/88, é constitucional. 
c) Quais princípios tributários não foram observados pela Prefeitura de Itumambé 
ao instituir esse tributo? A Prefeitura pode escolher quais princípios tributários 
quer aplicar e afastar os outros? 
No caso concreto, é flagrante o desrespeito a vários princípios pela Prefeitura de 
Itumambé ao instituir o referido tributo. Podemos citar os seguintes: legalidade, pois 
Decreto não é meio legal para instituição de tributo, o que se realiza por meio de lei; 
isonomia e capacidade contributiva, haja vista que o local do imóvel (centro da cidade), 
por si só, não é critério adequado para demonstrar a igualdade e capacidade contributiva 
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dos contribuintes, da anterioridade, por inobservância a vedação de cobrança de tributo 
no mesmo exercício de sua instituição e da anterioridade nonagesimal, pelo desrespeito 
ao prazo mínimo de 90 dias para a cobrança do tributo, 
Referente a possibilidade de escolha de quais princípios tributários serão 
aplicados e afastados, conforme demonstrado em questões anteriores, vale relembrar 
que os princípios norteiam a ordem jurídica no sentido de que algo se realize na maior 
medida possível, dentro das possibilidades jurídicas reais e existentes. Desse modo, os 
princípios são utilizados como forma de subsidiar o direito referente ao que pode ser 
aplicado em menor ou em maior grau, levando em conta a ponderação entre a 
possibilidade jurídica e a possibilidade real de adequação do fato à norma. Ante o 
exposto, deverá ser realizada a ponderação entre os princípios que serão aplicados no 
caso concreto. 
d) A alteração do prazo de pagamento deve respeitar o princípio da anterioridade? 
Em qual o critério da Regra-Matriz de Incidência figura o prazo para pagamento 
do tributo? 
Sobre o respeito ao princípio da anterioridade em relação a alteração do prazo de 
pagamento, entendo que o referido princípio não é aplicável ao caso concreto, sendo 
necessária a sua observância somente para a instituição e majoração de tributos, com 
fulcro no art. 150, III, b; c da CF/88. Para corroborar tal entendimento, vejamos o REsp 
n. 870.601/SP, que julgou procedente a legalidade da Portaria n. 266/88 do Ministério 
da Fazenda que, com base no art. 66 da Lei n. 7.450/85, alterou o prazo de recolhimento 
de IPI, haja vista que a fixação do prazo para recolhimento do tributo não é matéria 
reservada à lei. 
Em relação ao critério da Regra-Matriz de Incidência do prazo para pagamento 
do tributo, entendo ser uma derivação do critério temporal, tendo em vista que o 
referido critério temporal determina o momento da ocorrência do fato gerador. Sendo 
definido o momento exato de ocorrência do fato imponível, temos o marco temporal em 
que se dará o fato, e, por conseguinte, o vencimento da obrigação tributária. 
 
9. Como a conjugação das noções de sistema, competência e princípios com a ideia 
de hierarquia normativa pode significar limitações ao poder de tributar? Qual o 
papel do intérprete nessa construção? 
A conjugação das noções de sistema, competência e princípios deve ser levada 
em consideração para todos os ramos do direito, sem exceção ao direito tributário. É 
sabido que nossa Carta Magna estabeleceu limitações ao poder de tributar no art. 150. É 
notável que o referido artigo contempla vários princípios constitucionais, como: 
- Princípio da legalidade - art. 150, I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o 
estabeleça; 
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- Princípio da isonomia - art. 150, II - instituir tratamento desigual entre contribuintes; 
- Princípio da anterioridade - art. 150 III - cobrar tributos em relação a fatos geradores 
antes do início da vigência de lei; 
- Princípio do não-confisco - art. 150, IV - tributo com efeito de confisco; 
Os princípios constitucionais devem ser considerados no mundo jurídico, tendo 
em vista que norteiam a ordem jurídica no sentido de que algo se realize na maior 
medida possível, dentro das possibilidades jurídicas reais e existentes. Dito isso, o 
sistema, definido anteriormente como conjunto de elementos e estruturas complexos das 
relações que entre elas se estabelecem, e a competência devem refletir as ideias 
estabelecidas pela constituição e os princípio, não podendo o legislador 
infraconstitucional dispor contrariamente a esses, sob o risco de resultar em norma 
inconstitucional. Como citado nas questões anteriores, um ente tributante ao criar uma 
norma tributária, não pode ir de encontro com o previsto na Constituição Federal e nos 
princípios constitucionais. Sendo assim, entendo ser clarividente a existência da 
hierarquia normativa em matéria tributária referente às limitações ao poder de tributar, 
devendo haver simetria entre o sistema normativo tributário e o que é determinado pelos 
princípios constitucionais. 
O papel do intérprete do sistema e dos princípios, além de ser relevante, não étarefa fácil. Isso porque além do dever-fazer, determinado pela norma, ao estipular as 
condutas que deverão ser praticadas, é imprescindível que haja congruência e 
observância aos princípios. Para corroborar tal entendimento, Paulo de Barros Carvalho 
leciona que os princípios devem ser considerados como norma jurídica de posição 
privilegiada, tendo em vista que estipula limites objetivos. Ante o exposto, cabe ao 
intérprete realizar a ponderação entre eles, a fim de tomar uma decisão justa para todos 
os interessados.

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