Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ASCITE – CIRROSE HEPÁTICA CIRROSE: estágio final da doença hepática crônica, nódulos regenerativos com arquitetura anormal e circundados por fibrose. Quadro irreversível - Classificada por compensada e descompensada. → Descompensada (insuficiência hepática e hipertensão portal): ascite, sangramento por varizes, encefalopatia, hipertensão portal e icterícia EPIDEMIOLOGIA: 100 casos por 100.000 habitantes ETIOLOGIA - causas principais (98% das cirroses): • Hepatite C • Abuso de álcool • Hepatite não alcoólica esteatótica • Hepatite B • Outras causas: hepatopatias colestáticas, autoimunes, colangite biliar primária, hemocromatose, doença de Wilson, deficiência de antitripsina - Exclusão de causas potenciais: cirrose criptogênica; hepatite não alcoólica esteatótica PATOLOGIA • Marcador chave: ativação das células hepáticas estreladas (Células de ito) - que tem como função estocar retinoides (vitamina A) - com perda do deposito de vitamina A → desenvolvem reticulo endoplasmático rugoso → secretam matriz extracelular (colágeno tipo I e III, glicoproteínas) → acumulam no espaço de Disse → diferenciam- se em miofibroblastos hepáticos contráteis • Sinusoides hepáticos não tem membrana basal e tem fenestrações amplas → deposição de colágeno no espaço de disse leva as células endoteliais dos sinusoides a perder as fenestrações → capilarização dos sinusoides hepáticos → altera trocas entre plasma e hepatócitos, reduz o diâmetro dos sinusoides que é exacerbado pela contração das células estreladas. COMPLICAÇÕES - INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA E HIPERTENSÃO PORTAL: Estado circulatório hiperdinâmico, insuficiência hepática, desenvolvimento de varizes esofágicas e ascite 2ªrio ao quadro circulatório hiperdinâmico e hipertensão portal. • Insuficiência hepática: consequência de hipertensão portal e insuficiência hepática, icterícia da insuficiência hepática • Ascite: pode ser complicada por infecção - peritonite bacteriana espontânea (PBE) e por insuficiência renal funcional, relacionada a vasoconstrição - síndrome hepatorrenal Fisiopatologia • Hipertensão portal na cirrose: pelo aumento da resistência ao fluxo hepático. Resistencia vascular sinusoidal , do fluxo e resistência hepática → deposição de tecido fibrose e compressão dos sinusoides por nódulos regenerativos; VASOCONSTRIÇÃO ativa, suscetível a ação de vasodilatadores como nitroprussiato → deficiência de ác. Nítrico e aumentado de atividade de vasoconstritores • Fase inicial da hipertensão portal: esplenomegalia, redução de plaquetas, colaterais insuficientes para descomprimir sistema porta viram fonte adicional de resistência ao fluxo portal → fluxo para veia porta aumenta por vasodilatação esplênica (produção aumentada de óxido nítrico extra-hepático) Paradoxo da hipertensão porta: redução de oxido nítrico hepático aumenta a resistência do sistema porta; induz o AUMENTO DA PRODUÇÃO DE OXIDO NÍTRICO EXTRA- HEPÁTICO → fluxo portal aumentado com resistência intrahepática elevada + hipertensão porta (de 2 – 5 mmHg aumenta para 6 – 10 mmHg = abertura de circulação colateral) Complicador: vasodilatação sistêmica devido a vasodilatação esplênica leva a redução do volume efetivo arterial e ativação de sistemas neuro-humorais (SRAA), retenção da Na+, expansão plasmática e circulação hiperdinâmica. MANUTENÇÃO DA HIPERTENSÃO PORTAL E FORMAÇÃO DE VARIZES Cirrose - comprometimento FUNÇÃO HEPATOCELULAR - albumina = edema - Bilirrubina DIRETA = icterícia - Acúmulo de toxinas = ENCEFALOPATIA - TGO, TGP Bilirrubina HIPERTENSÃO PORTAL - ASCITE (Processo inflamatória fibrótico) Sd. Hepatorrenal e PBE - Varizes esofágicas = hematêmese - Cabeça de medusa - ENCEFALOPATIA Varizes e hemorragia: • Formação de colaterais porto-sistêmicas → mais comum pela gástrica esquerda cujo ramo anterior dá origem as varizes de esófago • Pressão normal 3-5 mmHg, pressão superior a 10- 12 mmHg formação de varizes e sangramento. > 20 mmHg MUITO complicado Ascite e síndrome hepatorenal: Ascite: acúmulo de liq. Intraperitoneal 2ª a hipertensão nos sinusóides hepáticos e retenção de Na+. • Cirrose: aumenta pressão no território porta por fibrose do espaço de Disse + nódulos regenerativos componente funcional → tônus vascular pós- sinusoidal aumentado. • Limiar de pressão para ascite 12 mmHg (semelhante às varizes). Resposta de retenção de Na+ restaura o volume efetivo intrarterial e permite formação continua de ascite. • Deflagrador da retenção de Na+ → vasodilatação (aumenta produção de óxido nítrico extrahepático); inibição de síntese de óxido nítrico em animais → natriurese, diminuição da aldosterona plasmática, e diminuição de ascite. Sindrome hepatorenal: Progressão da Cirrose/hipertensão portal → vasodilatação mais pronunciada maior ativação do SRAA, ativação simpática, maior retenção de Na+, H20 → vasoconstrição renal → síndrome hepatorenal manifesta. Peritonite bacteriana espontânea: • Infecção bacteriana peritoneal: pode ocorrer s/perfuração de víscera ou focos intra-abdominais como abcesso, pancreatite, colecistite. • Translocação bacteriana: migração bacteriana do lúmen intestinal para linfonodos mesentéricos e outros locais extra intestinais (provável mecanismo da peritonite espontânea bacteriana). • Defesas imunológicas locais e sistêmicas e favorecem translocação + desvio sanguíneo para colaterais porto sistêmicos fora da ação de macrófagos (células de Kupffer) dos sinusoides hepáticos → bacteremias mais prolongadas/ colonização da ascite • PBE: pts com defesa diminuem da ascite, nível baixo de complemento na ascite. • Redução de mobilidade intestinal: aumenta o crescimento bacteriano → chance maior de translocação bacteriana. • Infecções TGI: pioram a disfunção renal → maior vasodilatação e piora do quadro hiperdinamico. Sd. hepato-renal por complicação Encefalopatia hepática Encefalopatia: • Disfunção por insuficiência hepática isolada ou c/desvio circulatório porto- sistêmico. • Maior toxina responsável → amônia, normal removida pelo fígado - Redução de capacidade metabólica da amônia (insuficiência hepática) + desvio porto-sistêmico. - Aumento da amônia → tóxico para astrócitos → lesões estruturais características da encefalopatia hepática (astrocitose tipo Alzheimer II), • Regulação positiva com nº dos receptores benzodiazepínicos do tipo periférico nos astrócitos → são os estimuladores mais potentes para produção de neuroesteróides. • Neuroesteróides → maiores moduladores do GABA → depressão cortical e encefalopatia hepática. • Manganês: acumula no globus pallidus no encéfalo → piora função motora. Icterícia: • Reflete incapacidade de metabolizar e excretar bilirubina insuficiência hepática. • Hepatopatias por doença colestática c/ cirrose: icterícia é mais relacionada ao dano dos canais biliares que a insuficiência hepática. • Indicadores de função hepática celular adicionais: encefalopatia, t1 INR – esclarecimento do maior contribuidor para hiperbilirrubinemia. - Exames complementares: INR, pró- trombina, plasminogênio... Complicações cardiopulmonares: • Quadro circulatório hiperdinâmico → IC de alto débito c/ redução da utilização periférica de O2 à cardiomiopatia da cirrose. • Vasodilatação na circulação pulmonar → hipoxemia característica da síndrome hepatopulmonar. Capilares pulmonares: 8 micra (praticamente uma hemácia por vez); na cirrose dilatação até 500 micra. • Desregulagem de ventilação/perfusão pulmonar c/ "SHUNT" DIREITA - ESQUERDA que pode ser significativo. • Em alguns pacientes → exposição do leito pulmonar a vasoconstritores produzidos na circulação esplâncnica, componente funcional de hipertensão pulmonar potencialmente reversível. • Evolução com proliferação endotelial + mais vasoconstrição e microtromboses in situ→ obliteração de vasos e hipertensão arterial porto pulmonar irreversível QUADRO CLÍNICO • Depende do estágio da cirrose • Fase inicial, cirrose compensada seguida de fase com progressão rápida de sintomas relacionados a hipertensão portal, disfunção hepatica ou ambos – cirrose descompensada • Fase compensada: função hepática é praticamente preservada, a pressão do sistema porta elevada, mas não no nível de provocar ascite/sangramento. • Progressão da doença → piora da pressão porta, da função hepática com ascite, sangramento varicoso, encefalopatia e icterícia. • Qualquer dessas complicações clínicas sinaliza passagem da fase compensada para a descompensada. • Aceleração do quadro para refratariedade e morte: deflagrada por sangramento digestivo recorrente, insuficiência renal, ascite refratária/síndrome hepatorenal, síndrome hepatopulmonar, sepse – peritonite bacteriana espontânea. • CARCINOMA HEPATOCELULAR acelera o curso da doença em qualquer fase. Transição de fase compensada para compensada 5- 7% dos pacientes/ano. CIRROSE COMPENSADA: • Maior parte dos pct s/sintomas, diagnóstico durante seguimento de doença hepática crônica, incidentalmente em exame fisico de rotina, testes bioquímicos, exame de imagem pedido por outra razão, endoscopia com varizes esofágicas ou detecção de nódulos hepáticos durante cirurgia. • Queixas dessa fase: fadiga inespecífica, perda de peso, massa muscular reduzida, redução de libido ou distúrbio de sono. • 40% desses pacientes tem varizes de esófago. Varizes s/ sangramento não implica em diagnóstico de cirrose descompensada. só é descompensado se SANGRAR!!! CIRROSE DESCOMPENSADA: • Existem sinais de descompensação: ascite, varizes de esófago c/hemorragia digestiva, ictericia, encefalopatia hepática, ou qualquer combinação desses sinais e sintomas. • Ascite é o mais frequente, presente em 80% desses pacientes. - Hemorragia por varizes: 50% dos pts diagnosticados recentemente com cirrose. - Prevalência correlaciona com severidade da graduação da cirrose > 40% em Child A e até 85% em pacientes com Child C. - Aparecimento das varizes e progressão do crescimento taxas de 7-8% por ano. - 1º hemorragia em pts com varizes pequenas: taxa de 5% por ano. - Varizes médias e grandes › sangram aproximadamente 15% por ano. - Preditores independentes de sangramento: varizes grandes, disfunção hepática grave, sulcos vermelhos periféricos às varizes são manifestação clínica do sangramento à melena, hematêmese, ambos - Em geral 50% pts após 6 anos em fase compensada desadaptam ASCITE E HIPONATREMIA • Ascite: causa mais comum de descompensação, 7 - 10% dos pacientes c/ cirrose por ano • Sintomas: aumento da circunferência abdominal, ganho de peso recente. • Exame físico: casos leves com macicez móvel de decúbito, flancos salientes, protrusos, • Hiponatremia: Na+ < 130 meq/L > 25% dos pts cirróticos com ascite; poucos sintomas neurológicos devido a instalação lenta. Marcador de gravidade → precursor de má qualidade de vida e encefalopatia hepática. SÍNDROME HEPATORENAL: • Lesão renal nos pacientes com cirrose e ascite extremo do espectro de anormalidades deflagradoras da ascite resultando em VASODILATAÇÃO PERIFÉRICA INTENSA ATIVAÇÃO máxima dos hormônios da retenção de Na+ e H20, vasoconstrição intensa das artérias intrarrenais. Tipo I: rapidamente progressiva: IR + elevação de creatinina em período curto: 15 dias. Tipo 2: progressão mais lenta associada a ascite refratária a diuréticos; pts c/ sindrome hepatorenal RESPONDEM MAL A DIURÉTICOS; ascite tensa, mas nenhum sinal ou sintoma típico dessa entidade. PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA: • 30% dos pts com cirrose internam com infecção bacteriana ou adquirem infecção na interação. Mais comum peritonite bacteriana espontânea • Preditores mais comuns; doença grave e internação POR HEMORRAGIA DIGESTIVA. • Quadro clínico: febre, icterícia, dor abdominal; exame físico com abdome doloroso a palpação, com ou sem descompressão brusca positiva, ileo ou ambos. • 30% dos pacientes com peritonite não mostra sinais e sintomas clínicos da peritonite: piora do grau de insuficiência hepática, disfunção renal aguda ou choque. Dar ANTIBIÓTICO ENCEFALOPATIA HEPÁTICA: • Manifestação neuropsiquiátrica da cirrose: 2 - 3% das pts por ano. Início gradual e raramente fatal. • Quadro clínico: amplo, de pequenas alterações neuropsiquiátricas a estupor e coma. • GRAU I - Alterações comportamentais: padrão sono/vigilia invertido e esquecimento • GRAU II - Confusão, comportamento bizarro, desorientação temporo-espacial. • GRAU III - Letargia, desorientação grave • GRAU IV - Coma • Frequentemente acompanhada por hálito característico, desagradável com "enxofre", semelhante a bolor "fetor hepaticus". Sinal de Flapping (asterixis): tremor de mão que ocorre em uma série de movimentos involuntários rápidos de flexão e extensão do punho. COMPLICAÇÕES PULMONARES: →Sindrome hepatopulmonar: • Dispneia de esforço › 5 - 10% pts graves esperando transplante hepática. • Leva a limitação e debilidade extremas. • Exame fisico: baqueteamento dos dedos, cianose, aranhas vasculares. →Hipertensão pulmonar porto pulmonar: • Dispneia de esforço, sincope e dor torácica. • Exame físico: ictus cordis para esteral de VD e hiperfonese B2. MNEUMÓNICO PARA SINAIS E SINTOMAS: J: aundice (ICTERÍCIA) A: scites U: rinary failure (hepatorenal syndrome) N: eurologic (i.e, hepatic encephalopathy) D: yspnea (hepatopulmonary syndrome) I: nections (increased incidence) C: ongulopathy († PT, bleeding esophageal varices) E: ndocrine (gynecomastia, Spider angiomas, and testicular atrophy) DIAGNÓSTICO • Considerar em todo pct com hepatopatia crônica. • Pcts assintomáticos com cirrose compensada: sinais e sintomas típicos, exame físico e mesmo exames laboratoriais podem ser normais. • Diagnóstico histológico: biópsia hepática "padrão ouro" para diagnóstico. • Procedimento invasivo, sujeito a erro de amostragem; cirrose pode ser demonstrada de forma não cruenta por método de imagem, marcadores biológicos séricos e aferição de rigidez hepática. EXAMES • EXAME FÍSICO: - Estigmas da cirrose: atrofia muscular › regiões bitemporais, região tenar e hipotênar. Aranhas vasculares tronco, face, membros superiores; eritema palmar (hipotenar, tenar), de pontas de dedos. - Atrofia muscular marcador de insuficiência hepática. - Aranhas vasculares e eritema › marcadores da vasodilatação/circulação hiperdinâmica. - Redução pilosa do peito e abdome no homem + ginecomastia e atrofia testicular. - Petéquias e equimoses (trombocitopenia e redução de fatores de coagulação). - Contraturas de Dupuytren - espessamento da fáscia palmar acontece principalmente na cirrose alcoólica - Achado patognomônico ao exame fisico: lobo direito pequeno (< 7 cm de hepatimetria na percussão) com lobo ESQUERDO NODULAR E DE CONSISTÊNCIA AUMENTADA. - Esplenomegalia: quando presente indica hipertensão porta. • EXAMES LABORATORIAIS: - Redução de níveis de ALBUMINA; TEMPO DE PRÓ- TROMBINA, elevação de bilirrubinas e de INR; PLAQUETOPENIA < 150 mil → mais sensível e especifico para cirrose (hipertensão portal e hiperesplenismo). - TGP, gama GT, ácido hialurônico, α2 macroglobulina, haptoglobina, inibidor tipo 1 da metaloproteinase tecidual, apoliproteina A. - Combinações desses exames forma usadas para predizer diagnóstico de cirrose mas perderam em acurácia para estudos de imagem. • EXAMES DE IMAGEM: TC de abdome, US, RNM. →Achados típicos para cirrose: - Contorno hepático nodular. - Fígado pequeno com ou sem hipertrofia do lobo esquerdo ou caudado. - Esplenomegalia. - Vasos intra abdominais colaterais hipertensão portal. →Rigidez hepática com aumento da fibrose avaliada por: - US. - Elastografia transitória. - Imagem por impulso de força apósradiação acustica. - RNM. A medida que múltiplos exames de imagem são disponibilizados a combinação de sintomas típicos + achados característicos desses métodos de imagem serão indicativos de cirrose. Biópsia → necessidade de aferição do grau de inflamação ou outros dados histológicos específicos, Biópsia não é necessária para confirmação. Cirrose descompensada: detecção de ascite, sangramento por varizes e encefalopatia em paciente com hepatopatia crônica fecha o diagnóstico. Pcts cirróticos descompensados frequentemente estão mal nutridos, sarcopênicos, com numerosas aranhas vasculares, hipotensão e taquicardia devido ao estado circulatório hiperdinâmico. MEDIDAS DE PRESSÃO PORTAL Medidas diretas da pressão no sistema porta → cateterismo da veia porta, trabalhoso, incômodo, pouco prático, associada a complicações. Cateterismo de veia hepática c/ medida de pressão de oclusão + pressão "livre" → maneira simples, segura, reprodutível e mais usada de mensuração indireta da pressão da veia porta. Medidas de pressão portal = gradiente de pressão venosa hepático › gradiente entre pressão de ociusão da veia hepática (pressão nos sinusóides) e a pressão "livre* da veia hepática (= pressão na VCI) zero de referência Paciente c/ evidências de hipertensão porta (varizes hemorrágicas) › gradiente de pressão venosa hepático útil no diagnóstico diferencial das causas de hipertensão porta. Gradiente normal 3 - 5 mmHg - hipertensão porta pré hepática ex. trombose da veia porta e doenças intra-hepáticas pré-sinusoidais esquistossomose mansônica. Gradiente elevado > 6 mmg patologias sinusoidais causando hipertensão porta como cirrose e pós- sinusoidais como doença venooclusiva hepática. Pts c/ cirrose compensada viral ou alcoólica e gradiente venoso hepático > 10 mmHg (hipertensão porta significante) → preditor de desadaptação. Redução farmacológica de gradiente pressórico hepático elevado - preditora de desfechos favoráveis na cirrose. Sangramento por varizes prévio + gradiente venoso hepático persistentemente > 20 mmHg sangramento de varizes recorrente e óbito. Trabalhos demostram utilidade de terapia farmacológica guiada pelo gradiente venoso na melhora de sobrevida com prevenção de ressangramento varicoso. • ASCITE: - Causa mais frequente é cirrose 80% de todos os casos de ascite. - Metastatização, IC, tuberculose peritoneal 15% dos casos. - Confirmação diagnóstica: US o menos invasivo e mais custo-efetivo. Paracentese diagnóstica: segura, deve ser realizada guiada por US em todo paciente com ascite de início recente sem diagnóstico. - Punção dirigida por US em pequenas ascites e após punção branca. Líquido ascítico: dosagem de albumina, conteúdo proteico, polimorfonucleares, contagem de eritrócitos, cultura e citologia. - Leucócitos e cultura exclusão de peritonite bacteriana espontânea. Citologia: quando houver suspeita de carcinomatose peritoneal Dependendo do quadro clínico: glicose, DHL (suspeita de peritonite bacteriana), lamina cultura para Mycobacterium tuberculosis, amilase (suspeita de pancreatite). • SÍNDROME HEPATORENAL: - Diagnóstico de exclusão › ascite c/ pouca resposta a diurético; hiponatremia trequente. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: incluem fatores de piora da vasodilatação como: - Sepse - Uso de vasodilatadores. - Paracentese volumosa sem reposição volêmica adequada. - Hemorragia digestiva, diurese exacerbada, diarreia (frequentemente induzida por lactulose). - AINs - Drogas nefrotóxicas (ex, aminoglicosídeos). - Diagnóstico feito após suspensão de diuréticos, AINs e expansão do intravascular com albumina isotônica. • PERITONITE BACTERIANA ESPONTANEA: - Diagnóstico precoce: fator chave na condução clínica paracentese diagnóstica obrigatória em qualquer pt com sinais e sintomas de peritonite espontânea (incluindo encefalopatia ou disfunção renal sem causa aparente). - Peritonite espontânea frequentemente assintomática, adquirida na comunidade PARACENTESE DIAGNÓSTICA em todo paciente c/ cirrose internado, independente da causa da internação. - Diagnóstico confirmado > leucócitos polimorfonucleares > 250/ml + DHL ascite/plasma > 1 (N < 0,4). - Bactérias isoladas em apenas 40 - 50% dos casos, correto › líquido ascítico direto no líquido de cultura bacteriana. Glicose na ascite da espontânea > 50 mg%, bacteriana quase indetectável. - Geralmente infecção monobacteriana (Gram –) generalização de antibioticoterapia profilática ≥ aumento de infecções com organismos multirresistentes. - Anaeróbios e fungos são etiologias raras; cultura positiva para anaeróbios ou fungos, flora polimicrobiana peritonite bacteriana secundária (Cefalosporina de 2ª ou 3ª geração) • ENCEFALOPATIA HEPÁTICA: - Diagnóstico - história e exame físico. Alteração de consciência/comportamento + asterixis. - Níveis de amônia não são confiáveis para diagnóstico. Correlação ruim entre nível de amônia e grau de encefalopatia - Níveis altos > 150 mmolL > encefalopatia e podem ser usados para avaliação em pacientes com déficit neurocognitivo de origem desconhecida. - Testes psicométricos e EEG: EEG mostra ondas lentas generalizadas e presença de ondas trifásicas; usados em pesquisa, muito pouco para diagnóstico clínico. - Encefalopatia muito branda ou subclínica é diagnosticada apenas com uso de testes psicométricos e neuropsicológicos de atenção (conexão de números, testes com simbologia digital) e testes psicomotores (encaixe de pinos em superfícies com baixo relevo - *pegboard test"). - Rastreamento fino para encefalopatia muito branda não é recomendado pela imprecisão diagnóstica (testes não padronizados) e benefícios de tratamento incertos. COMPLICAÇÕES DA CIRROSE: Varizes e sangramento varicoso: endoscopia digestiva alta - método diagnóstico primordial Classificação na endoscopia Pequenas Retas, mínima protrusão e elevação na mucosa esofágica. Médias Veias tortuosas, < 1/3 do lúmen esofágico. Volumosas Tortuosas, > 1/3 do lúmen esofágico Sangramento - Sangramento vivo de uma variz; mamilo branco sobre uma variz; - Coágulos sobre uma variz - Varizes sem local potencial de sangramento • SÍNDROME HEPATOPULMONAR E HIPERTENSÃO PULMONAR PORTO- PULMONAR: Critério diagnóstico para síndrome hepatopulmonar: PaO2 < 80 mmHg em ar ambiente ou gradiente alvéolo-arterial > 15 mmHg associado a evidência de “SHUNT” PULMONAR DIREITA ESQUERDA (ECO com contraste, mapeamento radioisotópico com macroagregado de albumina marcado com Tc 99m revelando radioatividade cerebral). - Critério diagnóstico para hipertensão pulmonar porto-pulmonar: pressão média na artéria pulmonar > 25mmHg no cateterismo direito, associado a pressão de oclusão de artéria pulmonar (equivalente de pressão de capilar pulmonar) < 15 mmHg. TRATAMENTO DA CIRROSE HEPÁTICA • Princípio geral: idealmente → interrupção e/ou reversão da fibrose. Não se demonstrou efeito de drogas antifibróticas. - Rx da doença de base (hepatite C/hepatite B) correlacionou com reversão da fibrose. TRATAMENTO DE CIRROSE COMPENSADA: - Tratamento da doença de base viral (reduzir fibrose); evitar fatores de agravamento da doença hepática álcool, drogas hepatotóxicas, infecções virais, complicadores como hepatocarcinoma em estágio inicial. - Endoscopia de rastreamento para varizes esofágicas - Probióticos: redução de risco de hospitalização por encefalopatia hepática. TRATAMENTO DA CIRROSE DESCOMPENSADA → deflagradores específicos possibilidade de transplante. VARIZES E SANGRAMENTO • SANGRAMENTO VARICOSO: Redução de pressão no sistema porta reduz risco de hemorragia: ▪ β-bloqueadores não seletivos; PROPRANOLOL 20 mg 2x ao dia como dose inicial; nadolol 20 mg uma vez ao dia. Titulação para FC 50 - 55 bpm/dose máximatolerada (PA sistólica 90 mmHg). Redução de risco de ascite e sangramento. ▪ Ligadura não tem efeito na pressão porta pode levar a sangramento por úlcera induzida pela ligadura. Endoscopia de rastreamento: A cada 2 - 3 anos em pacidentes sem varizes. ▪ A cada 1-2 anos em pct c/ varizes pequenas TRATAMENTO DA ASCITE Restrição de sal e diuréticos base do tratamento. ESPIRONOLACTONA: eficiente que diuréticos de alça. Dose inicial de 100 mg cedo; reajuste a cada 3-4 dias até dose máxima de 400 mg/dia. Paraefeitos hiperpotassemia, ginecomastia dolorosa. - Objetivo perda de peso de 1 Kg na primeira semana e 2 Kg/semana nas semanas seguintes. S/N furosemida 40 - 160 mg/dia se a perda de peso for inadequada ou hiperpotassemia. Interrompido se perda de peso > 0,5 Kg por dia em pacientes sem edema de MI ou > 1 (Kg/dia em pacientes com edema de MI. - Paraefeitos: hipovolemia, hiponatremia, hiperpotassemia, disfunção renal. - Albumina humana 40 gramas 2X/semana EV por 14 dias, seguido de 40 gramas 1 X/semana + espironolactona e furosemida pode melhorar taxa de sobrevida de 18 meses. - Refratariedade (10 - 20% pts) remoção do líquido ascítico + albumina humana 6 - 8 gr/dia principalmente após retirada > 5 litros evitar hipovolemia. - Frequência das paracenteses é ditada pela rapidez do reaparecimento da ascite. - O shunt percutâneo é mais eficiente que as paracenteses repetidas e prevenir ascite recorrente, mas é associado a mais encefalopatia hepática. Pode ser indicado em pcts com necessidade de > 2 paracenteses/mês. - Outras opções: shunt peritônio venoso, bombas que transportem ascite para a bexiga. TRATAMENTO DA HIPONATREMIA: - Restrição hídrica de 1,5 litros/dia; Rx p/ hiponatremia grave (Na < 130 meq/L) > aderência dificil. - Antagonistas de receptor V2 como TOLVAPTAN podem aumentar a depuração de água livre e aumentar o nível de Na+ em pcts Cirróticos. - Não mostrou melhora de sobrevivência hepatotoxicidade - Como a HIPONATREMIA É MARCADOR DE DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA a droga pode ser usada por período curto como ponte até o transplante hepático. TRATAMENTO DA SÍNDROME HEPATORENAL - Prognóstico reservado apesar da terapia específica. Comprovação de síndrome hepatorenal na ausência de azotemia pré- renal IRA priorizar o pt transplante hepático. - Terapêutica específica como ponte para o transplante: terlipressina, norepinefrina, octreotide + midodrina, albumina, shunt percutâneo diálise com albumina extracorpórea, ultrafiltração c/ albumina como dialisador. - Maior experiência: terlipressina dose de 0,5-2,0 mg EV 4/4 ou 6/6 h maior taxa de reversão da síndrome hepatorenal X placebo. Alternativamente octreotide + midodrina. TRATAMENTO DA ENCEFALOPATIA HEPÁTICA - Redutores da produção de amônina: Lactulose 15 – 30 ml 2x dia para obter 2 a 3 evacuações pastosas/dia TRATAMENTO DA PERITONITE BACTERIANA ESPONTANEA: - Terapia empírica: cefotaxime 2 gr EV 12/12 horas, cefotriaxona 2 gr 1x/dia iniciada no diagnóstico, antes de resultado das culturas. Mínimo de 5 dias. ▪ Pior resposta a tratamento esperada quando: pcts já internados nos últimos 3 meses; especialmente pior resposta se infecção for adquirida após 48 horas de intemação hospitalar. ▪ Percentual mais alto de infecções multirresistentes vancomicina - tazobactam, imipenen, ertapenem até chegada dos resultados de cultura. NÃO USAR AMINOGLICOSIDEO PELO RISCO ELEVADO DE NEFROTOXICIDADE EM PACIENTES CIRRÓTICOS - Paracentese deve ser repetida 48 horas depois de início de antibióticos e comparar com número de polimorfonucleares da entrada mais de 25% de redução. Ausência de resposta busca por peritonite secundaria. - Prevenção de disfunção renal da síndrome hepatorenal ALBUMINA EV 1,5 gr/Kg no diagnóstico e 1 gr/Kg no 3º dia > pode reduzir risco de I. R e mortalidade aguda. Dose máxima por dia 100 gramas/ dia. Não reduz mortalidade nos cirróticos a não ser para a peritonite espontanea. - Pode ser tentado antibiótico não absorvível para prevenção da peritonite espontânea bacteriana e outras infecções nos cirróticos. - Uso indiscriminado de norfloxacina-taxa mais elevada de infecções por bactérias resistentes. Uso protraído justificado em dois grupos de pacientes: ▪ Os que acabaram de se recuperar de episódio de peritonite espontânea. ▪ Pacientes com proteínas na ascite < 1 gr/L cirrose grave, e disfunção circulatória evidenciada por icterícia, hiponatremia, ou disfunção renal TRATAMENTO CIRÚRGICO – TRANPLANTE - Transplante ortotópico é a terapia definitiva recomendada quando o risco de morte é maior que o risco de transplante › escore Child Pugh > 7. - Número de pacientes aguardando órgão é superior ao número de fígados disponíveis; nos EUA 15 - 20% dos pacientes morrem na fila esperando por doador
Compartilhar