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[Digite texto] DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO MÓDULO 3 TÓPICO 1 PROFESSOR ESPECIALISTA LUIS ALBERTO DA SILVA [Digite texto] INTRODUÇÃO Prezado acadêmico (a), Este módulo tem como objetivo compreender melhor o desenvolvimento do homem buscando a compreensão, nesse desenvolvimento, da importância da cultura e suas manifestações contemporâneas. A primeira parte explicita o conceito de cultura como um fazer humano diferente daquilo que foi “dado” pela natureza. A natureza é regular no sentido de funcionamento, é regida por leis invariáveis e deterministas. Um cachorro nasce para fazer o que todo cachorro faz, assim podemos aplicar esse raciocínio a todos os seres da natureza. A regra só não vale bem para o homem, que ao se distanciar da natureza produz cultura. Cultura é o modo como homem agindo sobre a natureza produz seu mundo, o mundo dos humanos. Uma questão de difícil compreensão e que nos insere no plano da reflexão sobre a cultura é: como o homem sendo natureza, portanto dotado das regularidades naturais, deixa de ser unicamente natureza e transforma-se em um ser cultural? A cultura interfere no modo como o homem enxerga o mundo, mas esse próprio enxergar está pleno de construção de si mesmo. No final temos que nos perguntar sempre para entendermos o que esse ser maravilhoso e enigmático produziu: o que é o homem? A antropologia é a ciência responsável por desvendar o homem e seus mistérios. Numa busca incansável procura clarificar questões, elementos materiais, elementos simbólicos solidificados em cada existência cultural para que encontre mais proximamente uma resposta a essa máxima questão. Bons estudos! [Digite texto] MÓDULO 3 – O HOMEM E A CULTURA. Tópico 1 : A CULTURA O que é o homem? É esta a primeira e principal pergunta da filosofia. (...) (Antonio Gramsci) Mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. (Guimarães Rosa) Fonte: http://noticiaagora.net.br/blog/?p=23335 O homem nasce em uma sociedade organizada por uma série de padrões e valores elaborados por seus antecessores, que estabeleceram modos de comportamentos e de crenças com o intuito de organizar a vida social (ou, quem sabe, estabelecer privilégios!). No entanto, com o passar do tempo e com a necessidade de aprimoramento da organização social, estes valores pré-estabelecidos necessitam ser mudados. Essa mudança geralmente causa conflito entre o velho (a tradição – aquilo que já estava fixado) e o novo (o pensamento inovador). No nosso dia a dia não é difícil escutamos as pessoas dizerem algo que revela o pensamento de uma sociedade tradicional (em oposição à mudança de valores): “homem não chora” “homens devem ser os provedores da família” “homens são racionais e objetivos” [Digite texto] Frases como essas revelam certos valores, comportamentos e ideias válidos para certas sociedades e são vistas como algo natural. Isso significa dizer que a sociedade precisa ser organizada por meio de valores, e que todos os seus membros devem acatar esses valores para se constituírem como comunidade. Esse tipo de pensamento considera que o que é determinado pelas convenções culturais são regras universais e devem ser respeitadas como tais, independente de qualquer ação humana. Ou seja, algo criado culturalmente é encarado como natural e imutável. Mas, se prestarmos atenção, facilmente notaremos que muitos desses tipos de frases (que comumente escutamos) estão repletos de contradições e de senso comum, limitando as possibilidades múltiplas da ação do homem no mundo. Desse modo, podemos (e devemos) questionar muitas delas. Vamos examinar uma dessas frases, bastante presente, ainda, em nossa sociedade contemporânea: “homem não chora”. Sem grande esforço podemos notar o caráter machista e, sobretudo, contraditório desta assertiva. Mas... o que pode caracterizar melhor o valor “homem”? O seu posicionamento ético frente à vida ou seu controle emocional, dureza e rigidez em não chorar? Questionamento semelhante podemos fazer em relação à mulher... A posição e o papel que ela ocupou, durante séculos, são mesmo frutos de fragilidades biológicas ou há nisso algum componente cultural? Vamos pensar um pouco! ... uma das características da nossa civilização é ser androcêntrica, ou seja, centrada na figura masculina. Os direitos, deveres, aspirações e sentimentos das mulheres se acham há tempos (calculam-se seis milênios!) subordinados aos interesses do patriarcado, isto é, ao sistema de relações sociais que garante a dependência da mulher em relação ao homem. Geralmente as formas de dominação se impõem pela “naturalização”, que consiste em considerar naturais certas características que na verdade foram construídas, a partir das relações sociais. (ARANHA; MARTINS, 1992, p. 183). Voltemos às frases com as quais abrimos essa unidade. O enunciado que aponta os “negros como pessoas preguiçosas” também é enganoso (uma falácia, podemos dizer em termos filosóficos!), pois sabemos que eles foram trazidos escravizados da África pelos colonizadores (é sempre bom lembrar isso!), justamente por serem considerados hábeis ao trabalho e pela grande força física que tinham, necessária ao trabalho nos engenhos de açúcar e nas lavouras de café. [Digite texto] Falácia: Para Aristóteles, qualquer enunciado ou raciocínio falso que, entretanto, simula a veracidade; na escolástica, o termo é utilizado para a caracterização do silogismo sofístico do aristotelismo, que consiste em um raciocínio verossímil, porém inverídico. Além disso, a historiografia brasileira já mostrou que, “por razões econômicas, a elite dominante do século XIX considerou mais lucrativo realizar a abolição da escravatura e substituir os escravos africanos pelos imigrantes europeus.” (CHAUI, 1997, p. 289). Com essa política de troca de mão de obra, os negros foram libertos sem nenhuma condição de trabalho, sem moradia ou educação. Muitos deles, sem ter o que fazer e onde morar, viviam perambulando pelas ruas. Essa situação perversa os transformou, segundo um olhar preconceituoso e não crítico, em preguiçosos. Em resumo, o enunciado, aceito comumente como verdadeiro por uma parte das pessoas, é, na verdade, fruto de uma condição histórica, construída pelo homem. Todos estes enunciados que expressam uma verdade absoluta podem ser, por meio da reflexão crítica, facilmente refutados e percebidos como não naturais. Isso nos mostra que o homem (e sua maneira de pensar e se organizar socialmente) é fruto das condições sociais, políticas, históricas, éticas em que vivem. Dessa forma, a concepção do homem como um ser natural não se sustenta, pois se torna evidente que sua ação em seu meio define seu modo de ser, agir e pensar. Para o filósofo materialista Karl Marx, a cultura de um povo está diretamente ligada a sua história, acionada pelas lutas de classe. O pensador alemão entendia que a cultura de um povo é criada por condições determinadas pelo trabalho e pela organização econômica. A cultura revela os produtos dos embates dos seres humanos, distinguindo-os da natureza, justamente por diferenciá-los uns dos outros, como demonstram as classes antagônicas que compõem a sociedade. Materialismo histórico: Marx e Engels entendiam que não era a consciência do homem que determinava o seu ser, mas sim o ser social que determinava sua consciência. Para eles, as forças econômicas constituíam a estrutura material da sociedade (infraestrutura) que, em dado momento, determinava a superestrutura política, social e ideológica. O materialismo histórico éum materialismo dialético, visto que o mundo é entendido, aqui, como processo, sendo a realidade contraditória e dinâmica. Karl Marx Fonte: http://www.historyguide.org/images/m arx-bio.jpg [Digite texto] A perspectiva antropológica inicialmente considera que os seres humanos se diferenciam da Natureza principalmente pelo desenvolvimento da linguagem e pelo desejo de libertação (inerente ao homem). Aprofundando esta perspectiva, os antropólogos concluíram que o homem se diferenciou da natureza no momento em que começou a estabelecer leis tabus. Tal postura os distinguiria dos animais, inaugurando, com isso, a Cultura, visto que foram geradas regras e normas universais para serem seguidas por todos. Tabu: interdição cultural e/ou religiosa quanto a determinado uso, comportamento, gesto ou linguagem; proibição imposta por costume social ou como medida protetora. A lei é a forma encontrada pelos homens para organizar toda a sociedade. É ela que determina o modo como os indivíduos devem se comportar socialmente. Também é por meio dela que serão transmitidos para as gerações posteriores os seus costumes. Além disso, as leis darão origem às instituições que regerão toda sociedade (religião, família, trabalho, escola, etc.). Nesse sentido, a lei não é criada simplesmente para punir ou proibir certas atitudes das pessoas; ela existe para organizar as relações sociais, é, portanto, caracteristicamente humana, diferenciando-se do aspecto natural e biológico e constituindo-se como uma ordem simbólica. O que queremos dizer quando afirmamos que a cultura é uma invenção de uma ordem simbólica? Segundo Marilena Chaui, isso quer dizer que, por meio do símbolo (alguma coisa que se apresenta no lugar de outra e presentifica algo que está ausente), os homens conferem à realidade significado por meio das quais são capazes de se relacionar com o ausente: pela palavra, pelo trabalho, pela memória, pela diferenciação do tempo (passado, presente, futuro), pela diferenciação do espaço (próximo, distante, grande, pequeno, alto, baixo,), pela diferenciação entre o visível e o invisível (os deuses, o passado, o distante no espaço) e pela atribuição de valores às coisas e aos homens (bom, mau, justo, injusto, verdadeiro, falso, belo, feio, possível, impossível, necessário, contingente). (CHAUI, 1997, p. 294). Marilena Chaui Fonte: http://www.estudopratico.com.br/marilena-chaui- biografia-atuacao-politica-e-obras/ [Digite texto] Em Convite à filosofia, Marilena Chaui define Cultura – na perspectiva da Antropologia – por meio de seus três sentidos principais. Vamos a eles: 1- criação da ordem simbólica da lei, isto é, de sistemas de interdições e obrigações, estabelecidos a partir da atribuição de valores a coisas (boas, más, perigosas, sagradas, diabólicas), a humanos e suas relações (diferença sexual e proibição de incesto, virgindade, fertilidade, puro-impuro, virilidade; diferença etária e forma de tratamento dos mais velhos e mais jovens; diferença de autoridade e formas de relação com o poder, etc.) e aos acontecimentos (significado da guerra, da peste, da fome, do nascimento e da morte, obrigações de enterrar os mortos, proibição de ver o parto, etc.); 2- criação de uma ordem simbólica da linguagem, do trabalho, do espaço, do tempo, do sagrado, do visível e do invisível. Os símbolos surgem tanto para representar quanto para interpretar a realidade, dando-lhe sentido pela presença do humano no mundo; 3- conjunto de práticas, comportamentos, ações e instituições pelas quais os humanos se relacionam entre si e com a natureza e dela se distinguem, agindo sobre ela ou através dela, modificando-a. Este conjunto funda a organização social, sua transformação e sua transmissão de geração a geração. (CHAUI, 1997, p. 294-295, grifo da autora). Antropologia: ciência que estuda os diferentes tipos de Cultura em seus vários aspectos (organização familiar, estruturas de poder, linguagem, costumes, etc.). Para a Antropologia, não há apenas uma Cultura, mas uma multiplicidade de expressões culturais ao redor do mundo. Dessa maneira, há modos de vida, valores e crenças distintos espalhados sobre o Globo Terrestre. Muitos destes valores, considerados legítimos pela expressão cultural da qual pertencemos, em outros lugares podem ser vistos como estranhos ou impertinentes. Fonte: http://deboraoliveirapsicologa.blogspot.com.br/ [Digite texto] Além da variação cultural entre comunidades, uma sociedade pode passar por mudanças radicais em seu processo de construção histórica, transformando seus valores e costumes. Aos conceitos de Cultura enumerados por Marilena Chaui, soma-se o mais usual, que a define como expressão de um amplo conhecimento adquirido pela pessoa (por meio da escola ou de leituras) ou, ainda, aquele relacionado à confecção de obras artísticas (obras pictóricas, literárias, musicais, etc.). A cultura é (...) o processo pelo qual o homem acumula as experiências que vai sendo capaz de realizar, discerne entre elas, fixa as de efeito favorável e, como resultado da ação exercida, converte em ideias as imagens e lembranças, a princípio coladas às realidades sensíveis, e depois generalizadas, desse contato inventivo com o mundo natural. (VIEIRA PINTO, 1969, p. 123). De forma geral, em seu sentido amplo, a Cultura pode ser definida como a maneira pela qual os homens se “humanizam” e se organizam em sociedade por meio da política, da economia e da religião, do intelecto e da expressão artística. Compreenda melhor o significado de cultura assistindo aos vídeos abaixo. Vídeo 1: Afinal, o que é CULTURA? https://www.youtube.com/watch?v=-qW_7lwW_30 Vídeo 2: O QUE É CULTURA? /// Publicidade 2014/01 /// CULTURA BRASILEIRA https://www.youtube.com/watch?v=lJLENYca89g Vídeo 3: Olavo de Carvalho - Mas afinal, o que é CULTURA? https://www.youtube.com/watch?v=EdTXjPi7tlQ O homem Mais uma vez estamos diante de uma pergunta aparentemente fácil, mas que demanda certo esforço filosófico; isso porque uma resposta dicionarizada não nos satisfaz aqui. De início, podemos ensaiar uma resposta contrapondo o homem ao animal. Os animais, diferentemente dos homens, vivem em harmonia com a natureza, e, de acordo com sua espécie, desenvolvem hábitos característicos. Um macaco não vive como um leopardo, que não vive como um urso, e assim por diante. Os animais agem por leis biológicas e, por isso, sabemos como cada espécie regularmente se comporta. É sabido que determinados animais, mesmo agindo por instinto, são capazes de desenvolver comportamentos complexos e não previsíveis. Diante de situações problemáticas [Digite texto] ocorridas em seu cotidiano, realizam ações “inteligentes” ligadas à experiência, à vivência em determinada circunstância. É exemplar a capacidade criativa de um macaco que, quando está com fome, desenvolve objetos para alcançar seu alimento. O cachorro também desenvolve habilidades por meio de treinamento (adestramento). No entanto, estas habilidades, como dissemos, estão ligadas a atitudes concretas, pois estão voltadas para suas necessidades básicas, sem nenhum desenvolvimento e aprimoramento posterior. Quando um macaco utiliza um galho de árvore para alcançar seu alimento, ele não “pensa”, posteriormente, em desenvolver um artefato mais sofisticado e prático para colher frutas. Quando um cão aprende a fingir-se de morto, não o faz para evitar o perigo, mas tão somente porque é requisitado por seu dono ou treinador. Tal atitude faz com que o animal se diferencie radicalmente do pensamento racional humano, isso porque “só o homem é transformador da natureza, e o resultado dessa transformação se chama cultura.” (ARANHA; MARTINS, 1992, p.29, grifos das autoras). Esta é a diferença fundamental entre homens e animais: a cultura.O homem é um produtor de cultura; para isso, ele se utiliza da linguagem simbólica. É por meio desse tipo de linguagem abstrata que o homem elabora conceitos universais, aceitos por toda comunidade, capazes de representar o mundo. O signo “automóvel”, por exemplo, é capaz de representar qualquer automóvel e não apenas um tipo carro. Além de representar coisas concretas, o signo também é capaz de representar coisas que não existem neste plano, como o tempo (arbitrado pelas horas, dias, semanas, meses, anos, etc.); assim como seres inexistentes ou não visíveis no plano real (deuses, entidades folclóricas, míticas e fabulares, etc.). Portanto, é por meio da linguagem simbólica que o homem interage com seu meio e cria seu mundo. Fonte: http://mais.espm.br/content/em-busca-da-diversidade-plena [Digite texto] Para o homem interagir em seu meio ele precisa se educar; sem o conhecimento dos conceitos simbólicos, largamente utilizados socialmente, ele não é capaz de viver em comunidade. Vamos pensar um pouco! Um exemplo disso é uma história real ocorrida na Alemanha, no século XIX, onde foi encontrado um jovem (nomeado por Kaspar Hauser) que crescera isolado de tudo. Como ele não havia estabelecido qualquer contato com pessoas, Kaspar desconhecia a língua, os costumes, os valores sociais do mundo que o cercava. Posteriormente, por meio da educação, descobriu-se que ele era um indivíduo extremamente inteligente. O caso de Kaspar Hauser ilustra bem como funciona o processo de inserção do homem na sociedade. Sem o mecanismo de passagem da tradição cultural, sempre transmitido por outros homens, o indivíduo não é capaz de atuar e compreender o mundo social em que está inserido. Uma característica fundamental que distingue o homem do animal é a consciência de si. É por meio dessa consciência que o homem é capaz de refletir sobre si mesmo, sobre as atitudes consideradas corretas (por ele) a serem tomadas em sua vida e sobre o controle de seus instintos básicos (a sexualidade, a agressividade, etc.), que serão submetidos aos valores culturais da sociedade da qual faz parte. É a partir das ações humanas que os indivíduos serão avaliados com bons ou maus, pecadores ou virtuosos, corretos ou incorretos, etc. Outra característica inerente ao humano é seu caráter ambíguo. Cada homem é um ser único e complexo. Mesmo que ele esteja inserido em um sistema sociocultural compartilhado por outros, ele não deixará de pensar e avaliar as coisas que o cercam, desejando, muitas vezes, sua mudança, seja para aprimorar-se, seja por não concordar com o modo de vida estabelecido. É esse caráter humano que faz com que determinados costumes estabelecidos sofram mudanças e sejam transformados com a passagem do tempo; a cultura nunca é totalmente estática. Ao transgredir as normas vigentes, é necessário criar outros valores. É nesse sentido que o homem se mostra ambíguo, pois está sempre em busca de si mesmo. Responder à pergunta de abertura dessa aula (“O que é o homem?”) é, portanto, bastante problemática, visto que o objeto do qual se trata é mutável e ambíguo; nas palavras do escritor mineiro Guimarães Rosa: “as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas”. Ao longo de sua caminhada histórica, o conceito de “ser homem” variou muito, [Digite texto] tanto cultura como economicamente: na Grécia Antiga, homem era o cidadão; na Idade Média, apenas o nobre. No mundo contemporâneo, em meio às transformações tecnológicas e científicas, o homem é um indivíduo anônimo em busca de uma nova representação de si mesmo. Para encerrarmos essa unidade, vale a pena nos determos nas palavras do pensador italiano Antonio Gramsci, nas quais ele observa a definição do homem como um problema primeiro e essencial da Filosofia. O que é o homem? É esta a primeira e principal pergunta da filosofia. (...) Se pensamos nisso, a própria pergunta não é uma pergunta abstrata ou “objetiva”. Nasceu daquilo que refletimos sobre nós mesmos e sobre os outros e queremos saber, em relação ao que refletimos e vimos, o que somos e em que coisa nos podemos tornar, se realmente e dentro de que limites somos “artífices de nós próprios”, da nossa vida, do nosso destino. E isto queremos sabê-lo “hoje”, nas condições dadas hoje, pela vida “hodierna” e não por uma vida qualquer e de qualquer homem. (Antonio Gramsci) Assista aos vídeos abaixo e perceba o ponto de vista de filósofos sobre a o significado de ser humano. Vídeo1: Tempode Transcendência (Leonardo Boff) ttps://www.youtube.com/watch?v=2ktoHzeWQps Vídeo2: Sociologia - Concepções de Homem https://www.youtube.com/watch?v=CX10SELOWoU Exercícios Resolvidos Exercício 1 : O conceito antropológico de cultura define o termo como: a) um elemento que aproxima os homens dos animais, já que a cultura é um traço comum a todos os seres vivos. b) uma função orgânica do homem, que acaba sofrendo influência externa. c) um elemento que garante a homogeneidade entre os povos, já que a cultura é a mesma para todos. d) um conjunto de hábitos, crenças, costumes, leis, conhecimento e moral adquiridos pelo homem em sociedade. e) as capacidades e os hábitos esquecidos pelo homem e que ele tenta resgatar por meio da tradição. COMENTÁRIO: A opção correta é letra D. A cultura envolve toda produção humana, material e imaterial. [Digite texto] Exercício 2 : Do ponto de vista sociológico a expressão “diversidade cultural” sustenta: a) o processo por meio do qual as classes dominantes combatem as formas de expressão dos grupos populares. b) a pluralidade de manifestações e expressões como: rituais, práticas, comemorações, lamentações, produtos, hábitos dos grupos que constituem uma sociedade. c) a ideologia subjacente ao exercício da cidadania das classes sociais hegemônicas. d) apenas defesa dos direitos de negros, mulheres e indígenas. e) apenas os direitos de membros das classes subalternos da sociedade. COMENTÁRIO: A opção correta é letra B. A cultura estabelece a identidade de povo, portanto as particularidades como rituais, práticas, comemorações são, muitas vezes, especificidades do grupo, o que o diferencia dos demais. Exercício 3 : Muito tem sido dito acerca da pluralidade das manifestações culturais encontradas na sociedade brasileira. Seríamos uma sociedade cada vez mais diversificada na qual se verificaria a interação de grupos com identidades culturais, plurais variadas e dinâmicas. Em documento elaborado pelo Ministério da Cultura do governo Lula lemos que: “Não por acaso o conceito de antropofagia, originário do modernismo brasileiro, apontaria para uma peculiar capacidade de reelaboração de símbolos e códigos culturais de contextos variados. Diferentes de outros povos do mundo, temos a nosso favor uma notável capacidade de acolhimento e transformação enriquecedora daquilo que nos é inicialmente alheio.” (Caderno “Diretrizes Gerais para o Plano Nacional de Cultura”, Brasília, 2007) O mesmo documento fornece as seguintes informações: Considere as seguintes afirmativas: I. A diversidade cultural é um dos problemas que o Brasil precisa superar. II. Como em outros domínios, no campo da produção e divulgação cultural ocorre no Brasil má distribuição dos meios. III. A pluralidade de manifestações culturais convive, no Brasil, com a restrição do acesso de largas parcelas da população a determinados bens culturais. IV. Ao contrário do que ocorre com a internet, há maior equilíbrio entre as regiões no que se refere à distribuição das emissoras de rádio e TV no território brasileiro. Com base em seus conhecimentos e nas informações dispostas acima assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas. a) I e II . b) I e III . c) I e IV . d) II e III . e)III e IV . COMENTÁRIO: A opção correta é letra D. O acesso aos bens culturais no Brasil não acontece de forma isônoma, promovendo também uma desigualdade de oportunidades e condição. Exercício 4 : Para analisarmos os hábitos culturais, devemos nos remeter aos sistemas culturais a que estes pertencem, visto que é a forma da Antropologia entender sua coerência. Desse modo, a afirmação de um nativo (de uma sociedade indígena, por exemplo) de que o Sol gira em torno da Terra seria: a) Ilógica, pois a ciência já comprovou que a Terra (e os planetas) gira(m) em torno do Sol. b) Lógica, pois estaria remetida à lógica interna de seu próprio sistema cultural. c) Lógica, pois o pensamento mágico antecede o pensamento científico e, por isso, é inferior. d) Ilógica, pois os homens sem meios materiais/instrumentais obtêm suas conclusões a partir de suas observações diretas. e) Ilógica, pois de duas premissas particulares nada se pode concluir. COMENTÁRIO: A opção correta é letra B. Toda cultura tem uma lógica interna própria e seu sistema de significados. A expressão é culturalmente compreendida dentro do grupo e pelo grupo. [Digite texto] Exercício 1: A evolução humana é prova de que usamos com racionalidade perfeita nossas culturas e a recriamos a cada dia. Usamos as mãos para evoluir nossos instrumentos tecnológicos; a nossa inteligência para conhecer cada vez mais o universo. Somos capazes de transformar o universo e fazer dele uma morada fantástica. Ás vezes, usamos essa capacidade para transformar nosso cotidiano num inferno. A evolução cultural é a característica mais evidente do ser humano. Mas, a pergunta por que o ser humano evoluiu e evolui? Pode ser respondida de várias maneiras. Assinale o item que responde corretamente a questão acima: a) Porque ele vive em sociedade como as abelhas ou as formigas. b) Porque ele se percebeu capaz de criar, inventar, transformar e descobrir. c) Porque ele é inteligente e tem cérebro. d) Porque ele é capaz de manipular objetos pois tem um polegar opositor. Exercício 2 : Ao acúmulo de conhecimento e experiência das gerações, que propiciaram o avanço tecnológico em várias áreas da atividade humana, denominamos de: a) História b) Cultura c) Ciências d) Razão Exercício 3 : Escolha a ÚNICA alternativa que completa a seguinte frase “quando as pessoas, por causa do progresso tecnológico, intervêm nos costumes, nas tradições, na forma de comunicar, mudando o rosto do mundo...”: a) Confirmam que cultura e tecnologia jamais andam juntas. b) Estão criando novas culturas e recriando as existentes. c) Estão destruindo o cosmos porque as coisas não podem ser mudadas. d) Demonstram que o progresso tecnológico não altera a cultura. GABARITO 1 - B 3 - B 2 - B Proposta de Investigação Aproveite seu momento de descanso e assista ao vídeo “ O Último Samurai” ele permite você compreender o conceito de cultura; construção da identidade social e da auto-identidade; relações interétnicas; socialização; etnocentrismo; difusão cultural; aspectos materiais e não-materiais da cultura; e aspectos da cultura nipônica. Filme: O último Samurai Especificações Técnicas: Mídia: DVD, Ano de produção: 2003, Duração: 144 min., Estúdio: Warner Bros. / Cruise-Wagner Productions / Radar Pictures Inc. / The Bedford Falls Company. Cultural” e “O processo de socialização e as instituições sociais”, O Último Samurai permite discutir: