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Fluxograma de atendimento e avaliação em casos de queimadura na demanda espontânea da APS Ministério da Saúde Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (SGTES) Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES) Coordenação Geral de Ações Educacionais (CGAED/DEGES/SGTES/MS) Carolina Vaccari Simaan Rosany Ferreira Rios Fonseca Janainna Nogueira da Silva Débora Dutra Emanuelle Carvalho Brasil de Albuquerque Validadoras técnicas Departamento da Saúde da Família (DESF/SAPS) Amanda Firme Carletto Beatriz Zocal da Silva Erika Rodrigues de Almeida Michelle Leite da Silva Wendy Rayanne Fernandes dos Santos Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador (CGSAT) Flávia Nogueira e Ferreira de Sousa - Coordenadora-Geral Ana Cristina Martins de Melo - Coordenadora-Substituta Nathalie Alves Agripino Coordenação de Produção Pedagógica Paola Trindade Garcia Coordenação de Ofertas Educacionais Elza Bernardes Monier Coordenação de Tecnologia da Informação Mário Antônio Meireles Teixeira Coordenação de Comunicação e Design Gráfico Bruno Serviliano Santos Farias Professor-autor Carlos Henrique Martinez Vaz Validadora pedagógica Cadidja Dayane Sousa do Carmo Revisora textual Talita Guimarães Santos Sousa Designer instrucional Emanuelle Christina Pereira Nascimento Designer gráfico Jackeline Mendes Pereira COMO CITAR ESTE MATERIAL VAZ, Carlos Henrique Martinez. Fluxograma de atendimento e avaliação em casos de queimadura na demanda espontânea da APS. In: UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARA- NHÃO. Cuidado nas queixas comuns no atendimento à demanda espontânea na Atenção Primária à Saúde. Cuidado aos pacientes vítimas de queimadura. São Luís: UNA-SUS; UFMA, 2021. © 2022. Ministério da Saúde. Sistema Universidade Aberta do SUS. Fundação Oswaldo Cruz & Universidade Federal do Mara- nhão. É permitida a reprodução, disseminação e utilização desta obra, em parte ou em sua totalidade, nos termos da licença para usuário final do Acervo de Recursos Educacionais em Saúde (ARES). Deve ser citada a fonte e é vedada sua utilização comercial, sem a autorização expressa dos seus autores, conf. Lei de Direitos Autorais-LDA. (Lei n.09.610, de 19 de fevereiro de 1998). Créditos Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília - UNB Validadora técnica Cláudia Brandão Gonçalves Silva Universidade Federal do Maranhão - UFMA Reitor Prof. Dr. Natalino Salgado Filho Diretoria de Tecnologias na Educação – DTED/UFMA Profa. Dra. Ana Emilia Figueiredo de Oliveira Universidade Aberta do SUS da Universidade Federal do Maranhão - UNA-SUS/UFMA Coordenação Geral Ana Emilia Figueiredo de Oliveira Gestão de projetos Deysianne Costa das Chagas Sumário Apresentação .................................................................................................................... 1. ATENDIMENTO DA EQUIPE AO PACIENTE QUEIMADO ............................................. 2. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA ................................................................................................ 3. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA .......................................................................................... 4. FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO E AVALIAÇÃO EM CASOS .................................. DE QUEIMADURA NA DEMANDA ESPONTÂNEA DA APS Considerações finais ....................................................................................................... Referências ...................................................................................................................... 4 5 6 9 10 11 12 Apresentação OBJETIVO Ao final deste recurso, você será capaz de explicar o fluxo de trabalho na APS em casos de queimaduras. Olá, aluna(o)! As queimaduras são situações bem frequentes na Atenção Primária à Saúde (APS). Elas podem ocorrer em acidentes domésticos, ocasionadas por frituras, assim como em casos externos, ocasionados durante as atividades de trabalho, ou ainda de forma intencional, devido a situações de agressão. Compreendendo que se trata de um trauma que pode ser simples ou evoluir para um caso mais grave, você conhece os fluxos de atendimento, as diretrizes para a avaliação e o manejo pela equipe de saúde diante dessas situações na APS? Neste recurso, você conhecerá essas diretrizes, para que possa contribuir para um diagnóstico mais preciso e iniciar os cuidados a pacientes queimados na APS, entendendo, inclusive, quais casos são de responsabilidade desse nível de atenção e quais devem ter um atendimento de maior suporte em outros pontos da rede de saúde. Bons estudos! Trauma (ATLS, do inglês Advanced Trauma Life Support¹), que requer: 1. ATENDIMENTO DA EQUIPE AO PACIENTE QUEIMADO 5 Proteção e manutenção da permeabilidade de vias aéreas; Assistência ventilatória e cardiovascular; Atendimento às lesões associadas: queimaduras ou traumas (comuns em vítimas intoxicadas em incêndios). O atendimento, em tempo oportuno e com medidas simples na Unidade de Saúde, pode a queimados. Iniciar o tratamento da queimadura, principalmente quando for de 2º grau profundo e/ou 3º grau ou ainda a contaminação da ferida. do tipo de queimadura, extensão e profundidade. processo de queimadura. 1 2 3 Deve-se fazer o resfriamento da área queimada, podendo ser esta uma medida útil se realizada até quinze minutos após o acidente. O resfriamento pode ser minutos, porém, só tem valor quando aplicado imediatamente após o acidente. A água não precisa estar gelada, pois pode provocar hipotermia, na temperatura 4 Atenção deve ser dada às queimaduras por soda cáustica, quando não devemos colocar líquidos em pequena quantidade. É necessário lavarmos muito, preferencialmente com água corrente. 6 IMPORTANTE Logo que possível, remova todas as roupas, joias, adornos, lentes de contato e fraldas, a menos que estejam aderidas à pele. Uma vez realizado o atendimento tentativa de resfriamento da lesão, inicia-se a Avaliação Primária². Assim como existem protocolos de atendimento dentro da Unidade de Saúde, em caso uma vez que em ocorrências fora da unidade (como numa visita domiciliar, por exemplo), o Suporte Avançado de Vida no Trauma² reforça a orientação de que o atendimento só deve ser iniciado após a checagem da cena, garantindo primeiramente a segurança dos número de pacientes possíveis. a) “Airway”: preservação da via aérea com controle da coluna cervical; Para melhor entender cada um desses pontos, Rice³ e o ATLS¹ trazem os aspectos mais 2. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA Vias Aéreas: “Airway” É fundamental manter as vias aéreas e fornecer oxigênio suplementar em pacientes com grandes queimaduras. Entre os pacientes que manifestam sinais de inalação de fumaça, uma das vias aéreas e não há meios clínicos para determinar quais pacientes o farão. Vale ter atenção especial para isso nas situações em que o acidente ocorreu em local fechado, quando houver envolvimento da face e/ou exposição prolongada à fumaça e aos seus componentes. Deve-se assumir que sempre de colar cervical), mantendo-a até que a presença de fratura seja descartada na reavaliação em unidade hospitalar. Fonte: Alvaro-cabrera. Freepik. 7 Respiração: “Breathing” da respiração. O oxigênio suplementar deve ser fornecido circunferenciais de 3° grau, em tórax, que podem prejudicar a ventilação e impedir a expansão da caixa torácica, devendo ser necessidade (por edema de faringe, queimadura circunferencial a estrutura mínima para isso, a IOT não deve ser atrasada, uma Fonte: Brgfx. Freepik. Circulação: “Circulation” como inferiores. Os possíveis acessos vasculares por ordem de preferência no paciente gravemente queimado são: veia periférica fora de área queimada, veia periférica em área queimada, punção profunda e por último a dissecção venosa. Essa sequência disponíveis estiverem na área queimada, não hesite em usá-las. para iniciar um correto plano de hidratação.Fonte: Macrovector. Freepik. Exame neurológico: “Disability” Cheque o nível de consciência através da Escala de Coma de Glasgow. A desorientação pode estar relacionada à hipóxia, ao uso preexistentes. A analgesia só deve ser realizada após a avaliação neurológica para não mascarar o exame ou mesmo fazer uso de opioides em paciente com comprometimento neurológico. Fonte: Macrovector. Freepik. 8 Exposição do paciente: “Exposition” Expor o paciente e remover, além das roupas, anéis, relógios e queimadura é a lesão mais facilmente visível, mas é extremamente aos pés, procurando a existência de lesões associadas. Após o para reduzir o edema nas queimaduras de face e conservar o paciente aquecido.Fonte: Vectorjuice. Freepik. No exame neurológico, você deverá checar o nível de consciência do paciente, como já aspectos analisados e as pontuações: Escala de Coma de Glasgow Espontânea 4 Abertura ocular À voz 3 À dor 2 Nenhuma 1 Orientado 5 Resposta verbal Confuso 4 Palavras inapropriadas 3 Palavras incompreensíveis 2 Nenhuma 1 Resposta motora Localiza a dor 5 Movimento de retirada 4 Flexão anormal 3 Extensão anormal 2 Nenhuma 1 Nenhuma pupila reage -2 Resposta pupilar Uma pupila reage -1 Duas pupilas reagem 0 9 o intuito de entender melhor a história e os mecanismos associados, como: a origem do ocorrência ou não de explosão; o uso de álcool ou outras drogas pelo paciente; e se houve trauma associado. 3. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Dados pessoais como alergias, status vacinal (principalmente para tétano), nessa etapa. fundamentais no processo de apuração dessas informações. • As lesões intencionais mais comuns são provocadas por cigarro, ferro de passar, • As queimaduras de contato delimitadas, profundidade uniforme e acontecem em áreas usualmente protegidas, enquanto as acidentais acometem mais frequentemente na região anterior do tronco • As queimaduras intencionais por cigarro queimaduras intencionais e acidentais4: Fonte: Adaptado de GONDIM, R. M. F.; MUNOZ, D. R.; PETRI, V. Violência contra a criança: indicadores dermatológicos e diagnósticos diferenciais. Anais Brasileiros de Dermatologia A B Acidente Abuso 10 As queimaduras são quadros muito comuns no atendimento da APS, deste modo, é importante conhecer como funciona o atendimento nesses casos. Veja abaixo um fluxograma de como deve funcionar o atendimento e a classificação de risco em casos de queimadura na Atenção Primária à Saúde. 4. FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO E AVALIAÇÃO EM CASOS DE QUEIMADURA NA DEMANDA ESPONTÂNEA DA APS Fonte: Adaptado de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II). Paciente com queixa de queimadura Apresenta comprometimento de vias aéreas, dispineia grave, ausência de murmúrio vesicular, sibilos, sinais de choque (taquicardia, palidez, hipotensão, diminuição de perfusão periférica) ou alteração do nível de consciência? Lesão por inalação? (depósito de carvão ou ‘chamuscamento’ ao redor da boca ou narinas) Sinais de dificuldade respiratória? Lesão elétrica? Atendimento médico imediato, a fim de estabilizar o quadro Manter vias aéreas, oxigenoterapia, epinefrina, acesso venoso periférico e posição de Trendelenburg (se sinais de choque). Acionar serviço móvel de urgência. Considerar outras medidas a depender do diagnóstico específico. Retorno breve após alta. Dor moderada? Inflamação local? Infecção local? Dor leve? Lembrar que a dor pode estar ausente em queimaduras de 3º grau. Atendimento prioritário Oferecer medidas de conforto (analgésico, antitérmico, realizar o cuidado necessário de acordo com a lesão). Atendimento no dia Paciente deve ser avaliado pela equipe de enfermagem (seguir protocolos), seguido de orientação e, se necessário, atendimento médico. Intervenção programada não é urgente: avaliação inicial da enfermagem e orientações (de acordo com protocolos). Observar a necessidade de agendamento de consulta médica para avaliação do quadro. Atentar para situações de vulnerabilidade para não perder a oportunidade de intervenção. Orientar retorno em caso de agravamento dos sintomas. SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO Considerações finais Neste recurso, você compreendeu que as queimaduras são traumas frequentes na APS, que há um fluxo de atendimento, uma avaliação em casos de queimadura e um manejo adequado por parte da equipe em relação ao paciente. O conhecimento do tipo de queimadura e dos procedimentos a serem feitos quando chega um caso de queimadura na APS assegura um atendimento adequado, pois algumas queimaduras podem ser de origem química. de nível primário ou de maior suporte. Referências 1. AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. ATLS - Advanced Trauma Life Support for Doctors: Student Course Manual. 10 ed. Chicago: American College of Surgeons, 2018. Disponível em: <http://paginas.facmed.unam.mx/deptos/cirugia_/wp-con� tent/uploads/2018/07/Advanced-Trauma-Life-Support.pdf>. 2. NAZÁRIO, Nazaré Otília; LEONARDI, Dilmar Francisco; NITSCHKE, Cesar Augus� to Soares. (Orgs.) Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Saúde Pública. Eventos Agudos em Situações Clínicas: Queimaduras [recurso eletrônico]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2014. 3. RICE, P. L.; ORGILL, D. P. Assessment and classification of burn injury. Feverei� ro, 2021. Disponível em: <https://www.uptodate.com/contents/assessment-an� d-classification-of-burn-injury>. 4. GONDIM, R. M. F.; MUNOZ, D. R.; PETRI, V. Violência contra a criança: indicado� res dermatológicos e diagnósticos diferenciais. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 86, n. 3, p. 527-536, 2011. 5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II) Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/ca� dernos_ab/caderno_28.pdf>. 6. JUNIOR, Evelyn Andrade dos Santos et al. Ocupações com maior risco para acidente com queimaduras. Revista Brasileira de Queimaduras, v. 13, n. 4, p. 260- -264, 2014.