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Casament� Putativ� Camila Rodrigues Carbone Antes de adentrarmos ao assunto, é importante compreender o significado de “putativo”. Putativo deriva do latim “putare”, cujo significado é imaginar. Assim, o casamento putativo pode ser entendido como o casamento “imaginado válido”. Conceitua-se mais formalmente como o matrimônio que, embora padeça de algum vício capaz de torná-lo nulo ou anulável, produz efeitos legais, em respeito à boa-fé de um ou de ambos os consortes. Tem-se por casamento putativo aquele que é maculado por uma das causas de anulabilidade ou nulidade, mas que foi celebrado de boa-fé ao menos por um dos cônjuges. Todos os efeitos jurídicos inerentes ao casamento incidem para o cônjuge de boa-fé e aos filhos que sejam frutos da relação. Destarte, trata-se de tema um tanto quanto complexo, uma vez que engloba diversas possibilidades e regras legais referentes ao matrimônio, uma vez que o objetivo do casamento putativo é a proteção ao cônjuge de boa-fé e à eventual prole oriunda da relação matrimonial. Com efeito, mostra-se imprescindível a explanação acerca das causas de anulabilidade ou nulidade do casamento, haja vista que um dos requisitos para a configuração do casamento putativo é a presença de pelo menos uma dessas causas. No tocante a estas possibilidades, é suficiente a leitura trazida através dos artigos 1.548 e 1.550 do CC/2002 Para que reste caracterizada a putatividade do matrimônio, é indispensável a verificação da boa-fé. O artigo 1.561 do Código Civil, em seu caput, menciona a boa-fé de ambos os cônjuges. Todavia, o § 1º do referido artigo assegura a preservação dos efeitos do casamento nos casos em que há boa-fé de apenas um dos consortes, a exemplo da bigamia. Exige-se ainda a invalidade do casamento, o erro desculpável e a declaração judicial de nulidade ou desconstituição do matrimônio. No que diz respeito ao erro, este pode ser de fato ou de direito, constituindo assim uma rara exceção ao artigo 3º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que veda a possibilidade de alegação do desconhecimento da lei como forma de justificar seu descumprimento. A sentença declaratória de nulidade (ação declaratória de nulidade) ou desconstituição (ação anulatória) do casamento poderá reconhecer ou não a putatividade. Faculta-se às partes alegá-la desde então, dispensando a necessidade de ação autônoma posterior para fazê-lo. Em todo caso, nada impede que o magistrado a reconheça de ofício. A verificação da putatividade produz o aproveitamento dos efeitos jurídicos do casamento, para ambos os cônjuges ou para aquele que agiu de boa-fé. Cessados os direitos e deveres conjugais, os efeitos são: ● Fixação de alimentos; ● Partilha de bens, tal como ocorre num divórcio; ● Uso do nome, quando houver justificado receio de lesão a direito pessoal; ● Subsistência das doações feitas em contemplação de casamento futuro; ● Emancipação ocasionada pelo casamento; Da boa-fé: Para a maioria da doutrina, boa-fé significa o desconhecimento de impedimentos à união conjugal e ela deve existir no momento da celebração. Não há relevância o descobrimento da existência de impedimento após a celebração. Apesar da inexistência de texto expresso, é regra basilar a presunção da boa-fé, devendo prová-la quem a alegar. É de suma importância relembrarmos que o cônjuge de má-fé tem o dever de indenizar o de boa-fé, em virtude do ato ilícito praticado, cujo fundamento se encontra no art. 186 do CC/02. Esta indenização envolve não apenas o dano patrimonial (gastos com o enlace, eventual renúncia a um emprego por conta do casamento) como o moral. Configurada a boa-fé de apenas um dos consortes, tais efeitos somente a este aproveitarão, sendo-lhe assegurado ainda o direito de pleitear reparação pelos danos morais ou materiais suportados. Quando ambos os cônjuges agem de má-fé, não há que se falar em putatividade. Entretanto, sendo o casamento inválido, os filhos havidos serão beneficiados de seus efeitos. Da sentença que declara a putatividade: O reconhecimento da putatividade pressupõe, obrigatoriamente, a decretação da nulidade ou anulação através da ação declaratória de nulidade ou a anulatória, que obedecem o rito ordinário. Cabe, ainda, a cautelar de separação de corpos. Em suma, tem-se por casamento putativo aquele celebrado com a mácula de alguma(s) das causas de nulidade (art. 1.521) ou anulabilidade (arts. 1.556, 1.557 e 1.558) do casamento, gerando, todavia, efeitos jurídicos, mas somente para a prole do casal e para o cônjuge que agiu de boa-fé. Em caso de boa-fé de ambos os cônjuges, os efeitos jurídicos incidem sobre os dois. Por fim, é importante ressaltar que também existe a figura da união estável putativa, que, analogamente ao casamento putativo, estende os direitos inerentes à união estável ao companheiro de boa-fé. Neste caso, é necessária a crença de que não há fatos impeditivos ao matrimônio. Além disso, pode haver o emprego desta modalidade em casos de concubinato, mas um dos requisitos é não saber da existência da outra família do parceiro. REFERÊNCIAS : BRANDÃO, Débora Vanessa Caús. Casamento putativo: um estudo baseado no novo código civil . Disponível em: https://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/9409-9408-1-PB.pdf. Acesso em: 15 set. 2022 DIÁRIO, Direito. O que é o casamento putativo e quais seus efeitos jurídicos? Disponível em: https://direitodiario.com.br/o-que-e-o-casamento-putativo-e-quais-seus-efeito s-juridicos/. Acesso em: 15 set. 2022. OLIVEIRA, Natália. Casamento putativo : linhas gerais sobre conceito, características e efeitos jurídicos. Linhas gerais sobre conceito, características e efeitos jurídicos. Disponível em: https://nataliaolvrm.jusbrasil.com.br/artigos/185085388/casamento-putativo. Acesso em: 15 set. 2022.
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