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NEUROANATOMOFISIOLOGIA DA DEGLUTIÇÃO 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA ..................................................... Erro! Indicador não definido. 1. ANATOMIA DA DEGLUTIÇÃO ........................................................................ 3 1.1 Anatomia da cavidade oral, boca ......................................................... 4 1.2 Anatomia da faringe ............................................................................. 6 1.2.1 Nasofaringe ............................................................................................ 8 1.2.2 Orofaringe ............................................................................................... 8 1.2.3 Hipofaringe ................................................................................................ 9 1.3 Anatomia da Laringe ...................................................................................... 10 1.4 Anatomia do Esôfago ..................................................................................... 12 1.5 Diferenças Anatômicas entre Crianças e Adultos ................................. 14 2. MASTIGAÇÃO ............................................................................................... 14 2.1 Fases da Mastigação ......................................................................... 15 2.2 Músculos da Mastigação ................................................................... 15 3. O CONCEITO DE DEGLUTIÇÃO .................................................................. 17 4. FISIOLOGIA ................................................................................................... 18 5. FASES DA DEGLUTIÇÃO ............................................................................. 20 5.1 Fase antecipatória ............................................................................. 20 5.2 Fase Preparatória Oral e Oral ............................................................ 21 5.3 Fase Faríngea.................................................................................... 24 5.4 Fase Esofágica .................................................................................. 28 6. CONTROLE NEURAL DA DEGLUTIÇÃO...................................................... 31 7. CONCLUSÃO ................................................... Erro! Indicador não definido. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 37 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. ANATOMIA DA DEGLUTIÇÃO A região oral do ser humano é formada por estruturas externas e internas, que interagem coordenadamente nas funções da mastigação e deglutição. No processo de deglutição, as estruturas externas são constituídas pelos lábios, cavidade da boca, palato, língua e garganta. Internamente, fazem ainda parte estruturas moles e duras, tais como: os ossos (hióide, esfenóide, mandibula e vertebras cervicais), os músculos e outros tecidos (orofaringe, músculos constritores faríngeos, palato mole, língua, epiglote, esófago, cartilagem cricoide e tiróide), os nervos encefálicos (trigémeo V, facial III, glossofaríngeo IX, vago X, hioglosso XII, spinal-cervical e acessório XI). Cada componente tem uma tarefa muito bem definida para a função da mastigação, onde, os lábios formam a porta de entrada da cavidade oral. Figura 1: 4 1.1 Anatomia da cavidade oral, boca Estruturas principais: maxilar, mandíbula, lábios, assoalho da boca, bochechas, língua, dentes, palato duro, palato mole e arcos palatoglosso e palatofaríngeo (pilares anterior e posterior). Existem também os espaços, chamados de vestíbulos. Vestíbulos anteriores, espaço entre os maxilares e os músculos do lábio. Vestíbulos laterais, espaços entre os maxilares e as bochechas. A boca ou cavidade oral, é formada por paredes laterais, bochechas, constituídas externamente pela pele e internamente pela maxila, mandíbula, lábios, músculos, palato duro (parte superior) e palato mole (parede posterior) e pela língua. Figura 2: Anatomia e Fisiologia da boca 5 A boca ou cavidade oral, encontra-se no início do tubo digestivo, sendo delimitada anteriormente pelos lábios, posteriormente pela fauce (orofaringe, garganta, abertura para a faringe), lateralmente pelas bochechas, superiormente pelo palato e inferiormente por um pavimento muscular. Tem como funções receber e preparar os alimentos para serem ingeridos. Ao receber os alimentos, a primeira função da boca é a mastigação que, envolvendo vários músculos, dentes e saliva, permite efetuar a decomposição parcial dos alimentos, um processo mecânico e químico que forma o bolo alimentar. A mastigação depende de quatro pares de músculos, que atuam ao nível do corte, mordedura, moagem e mastigação dos alimentos: Músculo Temporal – permite elevar e retrair a mandíbula, ajustando os dentes superiores e inferiores; Músculo Masséter – eleva a mandíbula (fechar a boca) contra a maxila; Músculo Pterigóideo Medial – eleva a mandíbula (fechar a boca) na mastigação e na fala e retrai a mesma durante essas e outras atividades; Músculo Pterigóideo Lateral – permite baixar a mandíbula (abrir a boca), retrai-a e auxilia o movimento lateral de moer. A segunda fase deste processo voluntário é a deglutição, função esta que conduz os alimentos através da faringe para o esófago. Envolve o córtex, o tronco cerebral, muitos músculos e seis nervos cranianos: o trigémeo, o facial, o glossofaríngeo, o vago, o acessório e o hipoglosso Padrões de sucção O padrão imaturo de sucção é denominado, suckling, e é caracterizado por movimentos de extensão e retração e canolamento da língua. O padrão mais maduro desenvolve-se junto com o controle voluntário da sucção, aonde são observados maior pressão intra-oral e movimentos de elevação e abaixamento da língua, esta sucção é chamada sucking. Esfíncter labial O Músculo Orbicular da Boca é composto em quadrantes independentes ( superior, inferior, esquerdo e direito) que cooperam de muitas maneiras independentes na grande 6 variedade de ações labiais. Cada quadrante consiste em uma grande parte marginal e uma parte labial. Ações: a porção periférica, parte marginal, fecha os lábios com intensidade e a porção central, parte labial, fecha os lábios suavemente. Este músculo realiza protrusão labial, auxilia na sucção e é essencial na fase oral por atuar como uma válvula de pressão no fechamento dos lábios. O conjunto muscular bucinador-orbicular forma o elemento contrátil ativo para lábios e bochecha. O m. bucinador medialmente se funde com o m. orbicular da boca que forma um esfíncter elíptico em torno dos lábios. A contração leve do orbicular da boca aproximaos lábios, e a total cerra-os fortemente, comprimindo um com o outro. Os bucinadores comprimem as bochechas contra as maxilas e mandíbulas para manter os alimentos entre os dentes e a língua, na mastigação. Função essencial na sucção, além de ser importante para a limpeza da cavidade oral, e importante para assoviar e soprar. 1.2 Anatomia da faringe A faringe é dividida em três áreas anatômicas, nasofaringe, orofaringe e hipofaringe. As paredes da faringe são constituídas de três músculos que estão envolvidos no ato da deglutição. Estes músculos são os constritores da faringe superior, médio e inferior. Estas fibras musculares estriadas originam-se na rafe mediana no meio da parede posterior da faringe. Estas fibras se estendem lateralmente e se inserem ao osso e às estruturas do tecido mole localizadas anteriormente. No recém nascido, a faringe faz uma discreta curva 7 Figura 3: Faringe desde a nasofaringe até a hipofaringe. A medida que o crescimento e desenvolvimento ocorrem, esta curva aproxima-se dos 90º. A faringe se estende desde a base do crânio até a o nível da sexta vértebra cervical. Seu tamanho é de cerca de 12cm. A faringe é o órgão tubular em forma de funil, que faz a ligação entre a cavidade oral e o esófago. Apresenta paredes muito espessas devido ao volume dos músculos que a revestem externamente, enquanto por dentro, é coberta pela mucosa faríngea e um epitélio liso, que facilita a rápida passagem dos alimentos. Quando se encontra em repouso, a sua longitude média é de 15 cm, enquanto que em contração, o seu extremo inferior eleva-se e a longitude diminui 3 cm aproximadamente. O diâmetro transversal mede 4 a 5 cm do meio da cavidade nasal e 4cm até às hastes maiores do osso hióide, diminuindo gradualmente de cima para baixo, não medindo mais de 2 cm no extremo inferior da conduta. Durante a deglutição o alimento, a partir da boca, passa pela faringe em direção ao esófago. Após a entrada na faringe, a abertura da laringe é fechada quando a traqueia se move para cima e permite que uma prega de tecido, chamada epiglote, cubra a via respiratória, evitando que os alimentos se movam para a estrutura nasal . O movimento da laringe, puxa simultaneamente as cordas vocais e aumenta a abertura entre a parte laríngea da faringe e o esófago . O bolo alimentar passa por este trajeto demorando poucos segundos. Anatomicamente, a faringe mede cerca de 12 cm e divide-se em três partes: 8 Nasofaringe – situa-se posteriormente ao nariz e acima do palato mole; Orofaringe – estende-se do palato mole até ao osso hioide; Laringofaringe – estende-se do osso hióide até à cartilgem cricóide. 1.2.1 Nasofaringe A nasofaringe é uma estrutura como uma caixa localizada na base do crânio. Conecta a cavidade nasal com a orofaringe servindo como um conduto de ar, área de drenagem para o nariz, para os seios paranasais e para a tuba auditiva e por último como um ressonador para a produção da voz. Contém a abertura da tuba auditiva e, lateralmente, o recesso faríngeo; e na parede posterior a tonsila faríngea. A nasofaringe comunica-se com a cavidade nasal através das aberturas nasais posteriores (coanas). Anteriormente é limitada pela coana nasal posterior, antero-inferiormente pelo palato mole, posteriormente pela base do crânio e inferiormente pela orofaringe. Tem um papel limitado no ato de deglutir e fica fechada em relação ao resto da faringe durante a deglutição. A adenóide fica no teto da nasofaringe. Embora a adenóide não tenha relação direta com a deglutição, quando hipertrofia pode obstruir parcial ou totalmente, o fluxo aéreo e interferir na deglutição. 1.2.2 Orofaringe A orofaringe é a extensão da cavidade oral posteriormente, vai desde os pilares anteriores (arcos palatoglosso) até a parede da faringe. A tonsila palatina repousa entre os pilares anteriores e posteriores. A valécula é um espaço em forma de cunha entre a base da língua e a epiglote. As paredes lateral e posterior da orofaringe são formados pela parte mediana e inferior dos músculos constritores da faringe. A maior parte do osso hióide está contida na parede lateral da faringe (Donner, Bosma & Robertson, 1985); o corpo do osso hióide está inserido na base da língua. A base da língua e a laringe descem durante os 4 primeiros anos de vida. A partir dos 4 anos a base da língua forma parte da parede anterior da orofaringe (Caruso & Sauerland, 1990). Algumas das fibras mais superiores do constritor 9 superior e do palato faríngeo formam uma faixa muscular que, durante a deglutição, elevam uma crista transversa (crista de Passavant) na parede posterior da faringe que, junto com a elevação do palato mole, separa a parte nasal da faringe da parte oral. 1.2.3 Hipofaringe A hipofaringe, vai da ponta da epiglote ao nível do osso hióide até o músculo cricofaríngeo ( parte do constritor faríngeo inferior). Termina sobre a laringe, ao nível das falsas pregas vocais. O músculo cricofaríngeo na entrada do esôfago não possui rafe mediana, em contraste com os constritores, e em estado de contração tônica, funciona como o esfíncter faringoesofageal (Caruso & Sauerlander, 1990). As fibras do constritor inferior se inserem nas laterais da cartilagem tireóide formando um espaço entre as fibras musculares e cada lado da cartilagem tireóide. Esses espaços são conhecidos como seios ou fossas piriformes e eles se estendem para baixo do músculo cricofaríngeo. Explicando de outra maneira. A parte laríngea da faringe (laringofaringe ou hipofaringe) estende-se da borda superior da epiglote à borda inferior da cartilagem cricóide, e se continua abaixo com o esôfago. A laringe projeta-se na hipofaringe dorsalmente, contendo as fossas piriformes, em ambos os lados da abertura laríngea. As fibras obliquas do músculo constritor inferior terminam onde as fibras horizontais do músculo cricofaríngeo começam. As paredes lateral e posterior da hipofaringe são sustentadas pelos constritores médio e inferior. A parede anterior é formada pela laringe e estruturas relacionadas. 10 Figura 4: Anatomia 1.3 Anatomia da Laringe A laringe é uma estrutura complexa constituída de cartilagens, músculos e ligamentos. As cartilagens incluem a tireóide, cricóide, aritenóides, cuneiformes, corniculadas e epiglote. Os músculos intrínsecos da laringe controlam os movimentos de abertura e fechamento das pregas durante a respiração, a fonação e deglutição. Controlam ainda a tensão para produção de sons agudos e graves. O músculo que corresponde ao corpo da prega vocal é chamado músculo vocal, que também é o músculo das pregas ventriculares (falsas cordas). 11 Figura 5: Anatomia da Laringe Os ligamentos tíreohióideo e cricotireóideo ajudam na suspensão e estabilidade da laringe. A laringe possui três funções básicas, que em ordem de prioridade são: protetora, respiratória e fonatória. A laringe e a traquéia estão suspensas no pescoço pela musculatura suprahioidea, superior e anteriormente ao osso hióide. A membrana tíreo- hióidea e os músculos tireóideos conectam a laringe ao osso hióide, o que forma a base de sustentação para a língua. A porção posterior ou laríngea da epiglote forma a parede anterior e o telhado do vestíbulo laríngeo. As paredes do lado do vestíbulo laríngeo são formadas pela cartilagem tireóide e suas demais estruturas, incluindo os músculos tireoepiglótico e, em parte, pelos músculos tireoaritenóideo em cada lado. O fechamento esfincteriano da via aérea superior é realizado em três níveis dentro da configuração laringeal por estimulação bilateral do nervo laríngeo recorrente. As pregas ariepiglóticas (músculo ariepiglótico), se aproximam para cobrir a entrada superior da laringe.Neste nível mais alto, o espaço anterior é preenchido pelo movimento descendente da epiglote. O espaço posterior é preenchido pela cartilagem aritenóide (Sasaki & Isaacson, 1988). As pregas ventriculares, que formam o teto do ventrículo laríngeo, são o segundo nível de proteção. Os músculos tireoaritenóideos ajudam na adução das pregas ventriculares. O terceiro nível de proteção, corresponde às pregas vocais, com o feixe interno dos músculos 12 tireoaritenóideos. As pregas vocais verdadeiras se ligam ao processo vocal da cartilagem aritenóide posterior. As pregas vocais verdadeiras parecem ser o nível mais eficaz de proteção contra a aspiração. 1.4 Anatomia do Esôfago O esôfago é um tubo muscular envolto com uma mucosa que propulsiona o alimento da hipofaringe ao estômago. O músculo cricofaríngeo ou esfíncter esofageal superior, forma a junção entre a hipofaringe e o esôfago. A mucosa logo acima do músculo cricofaríngeo é rarefeita e vulnerável à lesões e perfurações por corpos estranhos (Caruso & Sauerlander, 1990). O esfíncter gastroesofágico ou esfíncter esofágico inferior, forma a junção entre o esôfago e o estômago. Estes dois esfíncteres conservam o esôfago vazio entre as deglutições. O esôfago está em íntima proximidade a outras estruturas do pescoço e do tórax. No pescoço, o esôfago está na frente das vértebras cervicais, atrás da traquéia e entre as artérias carótidas. Os nervos laríngeos recorrentes estão localizados de cada lado do esôfago na fissura traqueoesofageal. Figura 6: nervos laríngeos 13 Outras estruturas importantes relacionadas à alimentação e respiração, as quais estão próximas ao esôfago, incluem o principal brônquio-fonte esquerdo, arco aórtico, pericárdio, nervos esofageaes e veias sangüíneas. A parede do esôfago é composta de três camadas de tecido: o epitelium, a lâmina própria e a muscularis mucosae. Os músculos são encontrados em camadas longitudinais externas e em camadas circulares internas. As porções posterior e lateral do músculo longitudinal circundam as camadas dos músculos internos em um padrão espiral. Estas porções são ligadas superiormente à porção posterior das cartilagens da laringe. O terço superior do esôfago é composto de músculo estriado similar ao da faringe, e os dois terços inferiores são compostos pelas fibras musculares lisas. A faringe e o esôfago proximal são as únicas regiões do corpo humano onde a musculatura estriada não está sob o controle neurológico voluntário. Ambas as fibras, simpática e parassimpáticas, inervam o esôfago. O esófago é um órgão tubular com uma extensão aproximada de 25cm, sendo constituído por paredes musculosas revestidas no seu interior por uma delicada membrana mucosa e dividindo-se em três partes: Cervical - com cerca de 3 a 4 cm, atravessa o pescoço por trás da laringe e da traqueia. Torácica - com cerca de 18 cm, cruza o peito por trás do coração e em frente à coluna vertebral. Abdominal - com cerca de 2 a 3 cm, atravessa o diafragma através de um orifício denominado hiato esofágico, pelo qual entra no abdómen, acabando no estômago. A estrutura muscular do esófago permite o transporte do bolo alimentar da faringe até ao estômago. Este processo é involuntário e pode sofrer influência da gravidade, no entanto, depende da propriedade do bolo e da posição do toráx durante a deglutição. As ondas peristalticas são interpretadas como sendo uma função neuro-muscular que envolvem o controlo dos nevos, a interecção com a estrutura do bolo e mecanismos estruturados com o tecido. 14 1.5 Diferenças Anatômicas entre Crianças e Adultos Existem significativas diferenças entre crianças e adultos. Na cavidade oral a língua da criança preenche a boca e repousa mais anteriormente do que a do adulto. A criança tem “almofadas de sucção” (sucking pads) as quais são descritas como densas massas compactas de tecido gorduroso dentro dos músculos masseteres. Estas “almofadas” (pads) ajudam a estabilizar a bochecha e geralmente desaparecem por volta dos 4 a 6 meses de idade. O tamanho da cavidade oral da criança é pequeno por conta do tamanho da mandíbula, isto faz com que a língua pareça grande para o espaço em que está. A íntima proximidade da língua, do palato mole e farínge com a larínge, a qual está suspensa em uma porção mais elevada no pescoço da criança facilita a respiração nasal, em relação ao adulto. Esta relação está preservada nos três ou quatro primeiros meses de vida quando a maioria das crianças começa tipicamente a respirar através da boca tão bem quanto pelo nariz. Ao nascer, a boca já nos mostra uma notável integração sensorial e neuromotora. Estudos nos tem mostrado que durante o desenvolvimento fetal a região perioral se desenvolve bem cedo. É a primeira área a responder a estímulos táteis (sete semanas de gestação Peiper, 1963), e os padrões de sucção /deglutição são estabelecidos por volta de 15 a 18 semanas de gestação (Ianniruberto, 1981). O fato destas respostas estarem prontas tão cedo garante ao recém nascido a sua sobrevivência. 2. MASTIGAÇÃO “Conjunto de fenômenos estomatognáticos que visa à degradação mecânica dos alimentos, isto é, a trituração e moagem, transformando-os em partículas pequenas” (Marchesan, 2005). Corresponde à fase inicial do processo digestivo. Tem como objetivos: (1) fragmentar os alimentos e prepará-los para a deglutição; (2) mastigação promover uma ação bacteriana sobre os alimentos; (3) proporcionar o desenvolvimento normal dos ossos maxilares e (4) promover a manutenção dos arcos dentários. 15 2.1 Fases da Mastigação • Incisão – apreensão do alimento obtida através da elevação da mandíbula em protrusão. A língua, coordenadamente com as bochechas, posiciona o alimento entre as superfícies oclusais dos dentes prémolares e molares, preparando as etapas seguintes. • Trituração – transformação mecânica de partes grandes do alimento em partes menores. • Pulverização – transforma o alimento em elementos tão reduzidos, com consistência ideal para a deglutição. 2.2 Músculos da Mastigação Subdividem-se em elevadores, depressores e auxiliares. Músculos Elevadores, sua função básica é elevar a mandíbula, no entanto, participam de outros movimentos mandibulares. Músculo Temporal – eleva a mandíbula, contrai os feixes anteriores na abertura máxima e os feixes posteriores na retração mandibular, age no deslocamento contralateral. É fundamental na determinação do tônus muscular da posição postural da mandíbula. Músculo Masseter – além de ser elevador, atua na projeção anterior da mandíbula e na lateralização. Músculo Pterigóideo Medial – paralelo ao masseter, é também elevador e age em conjunto com o masseter na protrusão e na lateralização da mandíbula, com boca fechada. 16 Figura 7: Músculos da mastigação Músculos Depressores, sua função básica é rebaixar a mandíbula, mas também participam de outros movimentos mandibulares. A ação conjunta do pterigóideo lateral e os músculos supra-hióideos promovem o rebaixamento da mandíbula, enquanto a musculatura infra-hióidea estabiliza o osso hióide. Músculo Pterigóideo lateral – além da depressão, projeta a mandíbula à frente e atua nos movimentos laterais. Estabiliza a ATM. Músculo Digástrico – faz parte dos músculos suprahióideos. É basicamente depressor, como todos os músculos supra-hióideos. Músculo Geni-hióideo – depressor. Facilita a deglutição. Músculo Milo-hioideo: favorece a deglutição puxando o hióide para cima, como o faz o geni-hióideo. Deprime a mandíbula. Os Músculos Auxiliares não são considerados propriamente músculos da mastigação, mas participam ativamente das funções estomatognáticas. São eles: 17 1. Músculo Orbiculardos Lábios – produz o fechamento e a projeção à frente dos lábios. Importante na sucção. 2. Músculo Bucinador – puxa a comissura labial, comprime os lábios e as bochechas tornando-se fundamental na sucção. Na mastigação, empurra o bolo alimentar para a superfície oclusal. 3. MúsculoZigomático Maior – junto com o zigomático menor leva a comissura labial para cima e para fora. 4. MúsculoZigomático Menor – puxa a comissura labial e o lábio superior em particular, para cima e para fora. 3. O CONCEITO DE DEGLUTIÇÃO A deglutição é um processo contínuo, mas apesar do processo ser contínuo é dividido em fases, para ser melhor compreendido. Alguns autores dividem a deglutição em fases, oral, faríngea e esofágica, e outros em 4, acrescentando a fase preparatória. Estas fases, envolvem muitas estruturas, tanto moles como duras. Para compreendermos melhor estas fases, discorreremos sobre a anatomia de algumas estruturas que realizam ou participam da deglutição. As estruturas duras são os ossos: hióide, esfenóide, mandíbula e vértebras cervicais. Os músculos e outros tecidos importantes são: a orofaringe, músculos constritores faríngeos, palato mole, língua - genioglosso, hioglosso e estiloglosso, epiglote, esôfago, cartilagens cricóide e tireóide, e os músculos do pescoço. Os nervos encefálicos são: Trigêmeo V (motor e sensitivo), Facial VII (motor e sensitivo), Glossofaríngeo IX (motor e sensitivo), Vago X (motor e sensitivo), Hioglosso XII (motor), e Spinal - Cervical 1-3 (motor). Se considerarmos que o pescoço necessita estar bem posicionado para uma deglutição harmoniosa, poderíamos também incluir o nervo Acessório XI. 18 Figura 8: Nervos encefálicos 4. FISIOLOGIA O controlo neurológico da deglutição pode-se dividir em quatro grandes componentes, fibras sensoriais, fibras cerebrais, pares centrais e fibras motoras. A respiração é também um fator de grande importância para o ato de deglutir, pois este necessita de ser coordenado para que deglutir seja um processo também coordenado e com sucesso . A deglutição é pois um processo complexo, devido ao elevado número de estruturas envolvidas, é dinâmico e automático, porque envolve movimentos que podem ser voluntários e involuntários. Divide-se por etapas em que cada uma processa a sua função coordenada . Para vários autores o ato de deglutir processa-se em 3 fases: oral, faríngea e esofágica. A fase oral é ainda dividida em estágios: preparação, qualificação, organização e ejeção ou transporte. Outros autores consideram também importante uma 19 fase inicial: oral preparatória, pelo que defendem que o processo da deglutição se realiza em 4 fases: oral preparatória, oral, faríngea e esofágica . Recentemente, dado o avançar da esperança média de vida, existem autores que defendem 5 fases para realizar a deglutição, considerando que a preparação dos alimentos antes de serem introduzidos na cavidade oral, é também um fator que já envolve o processo natural de deglutir, identificando esta fase como sendo antecipatória . O sincronismo entre as várias fases, permite que o alimento que entra na cavidade oral, seja moldado, organizado e transportado até ao estômago sem existirem desvios durante o trajeto, seja por aspiração e/ou penetração. Figura 9: Nervos encefálicos 20 5. FASES DA DEGLUTIÇÃO O controle neurológico da deglutição foi estudado através de: eletromiografias, estudo de lesões no sistema nervoso central e periférico, remoção de músculos específicos e também por estimulação elétrica (Miller, 1986). O controle neurológico da deglutição envolve 4 grandes componentes 1. fibras sensoriais aferentes contidas nos nervos encefálicos, 2. fibras cerebrais, do mesencéfalo e cerebelares que fazem sinapse com os centros da deglutição no tronco cerebral, 3. os pares centrais da deglutição no tronco cerebral, e 4. as fibras motoras eferentes contidas nos nervos encefálicos. A deglutição pode ser disparada por diferentes centros nervosos, mesmo após remoção total das regiões corticais e subcorticais, acima do tronco cerebral. Isto indica que o córtex cerebral não é essencial para os estágios faríngeo e esofageal (Miller, 1972), embora o córtex cerebral facilite a fase oral e a iniciação da fase faríngea. 5.1 Fase antecipatória Antecede a entrada do alimento a boca, promove modulações cerebrais para receber o alimento e envolve: intenção de se alimentar, consciência, atenção, fome, sentidos (visão, olfato, paladar), estado emocional. Figura 10: Fase antecipatória 21 5.2 Fase Preparatória Oral e Oral A função de deglutir é a de transportar material da cavidade oral ao estômago não permitindo a entrada de nenhuma substância na via aérea. Para deglutirmos de forma segura necessitamos de uma coordenação precisa, principalmente entre as fase oral e faríngea. A passagem do bolo sem ser aspirado é o resultado da interação complexa entre os diversos músculos e nervos que participam da deglutição. A divisão da deglutição é baseada nas características anatômicas e funcionais. A primeira é a preparatória, momento em que preparamos o alimento mordendo-o e mastigando-o para que o mesmo possa ser transformado em um bolo homogêneo, facilitando a deglutição. A fase oral é em sua maior parte voluntária, envolvendo a mastigação e a projeção do bolo alimentar para a faringe pela língua. A salivação, que também começa a ocorrer antes da chegada do alimento, vai umidificar e lubrificar a boca para facilitar a formação e descida do alimento para a faringe. A segunda fase é a oral. Após o alimento ter sido preparado, este será posicionado sobre a língua que se acoplará ao palato duro, iniciando um movimento ondulatório de frente para trás para levar o bolo para o fundo da boca. Quando o alimento sólido, ou líquido, em conjunto com o dorso da língua, toca os pilares anteriores, desencadeia-se o reflexo de deglutição propriamente dito. Este é acionado inicialmente pelo IX par que é o glossofaríngeo. Neste momento inicia-se a terceira fase da deglutição, que é a faringeana. 22 Figura 11: divisão da deglutição Frase Preparatória Oral A fase oral, voluntária é dividida em fase preparatória e oral propriamente dita. Em um indivíduo normal, a cavidade oral funciona como um órgão sensorial e motor para preparar o alimento para que ele seja deglutido de forma segura. O estágio preparatório, nada mais é do que a mastigação com as suas três fases, incisão, trituração e pulverização. Nesta fase o bolo é misturado com a saliva. Se esta fase não ocorre de maneira adequada com certeza a seguinte não ocorrerá da melhor maneira possível. Em bebês a sucção e deglutição de líquidos é feito em tempo mínimo na fase oral preparatória. Quando as crianças começam a experimentar texturas mais grossas, esta fase dura mais tempo. Quanto mais mastigação é necessária, mais longa é essa fase. A manipulação oral de líquido através de copo varia significativamente de uma criança para outra, mas geralmente o líquido é manipulado na cavidade oral não mais do que dois a três segundos. O fechamento labial é necessário uma vez que o material é colocado dentro da boca e com isto nenhum líquido escorrerá para fora. Algumas crianças podem mover o líquido ao redor de toda a boca antes de formar um bolo coeso. O bolo é então colocado entre a língua e o palato duro antes de iniciar a deglutição voluntária. Durante toda a fase oral preparatória o palato mole está em uma posição mais baixa, ajudando a prevenir que o bolo caia na faringe antes da deglutição ser produzida. Esta ativa inferiorização do palato mole ocorre pela contração do músculo palatoglosso. A faringe e laringeestão em repouso. A via aérea está aberta e a respiração nasal continua até que a deglutição ocorra. 23 O impulso sensorial informa aos centros de controle neural sobre o processo de mastigação, de modo que o bolo seja preparado até uma consistência desejável e as forças propulsivas da língua são preparadas para transportar o bolo eficientemente para a faringe. Nos bebês esta fase compreende a sucção, tem curta duração. O tempo aumenta com a introdução de novas texturas. • Aceitação do bolo alimentar (Andrade e Limongi , 2012) • Voluntária • Lábios ocluídos (evitar o escape extraoral e manter pressão intraoral (Bazzotti, 1998; Furkim, 2009) • Respiração nasal (faringe e laringe em repouso, VA aberta) • Preparação (mastigação) - ação saliva • Bolo alimentar posicionado/organizado entre a língua (dorso) e o palato duro Fase Oral A fase oral, é uma fase voluntária que começa com a propulsão posterior do bolo pela língua e termina com a produção de uma deglutição. A iniciação de uma deglutição do bolo alimentar ou líquido se faz sob controle voluntário, embora os estágios finais da deglutição sejam involuntários. A presença de comida ou líquido exige uma iniciação voluntária da deglutição. No entanto o processo de salivação na deglutição parece ser diferente e pode ser mais automático no início de uma deglutição. O fato de que a deglutição continua durante o sono, embora com o índice significativamente reduzido, fornece evidência do componente automático no início de uma deglutição. Na fase oral a ponta da língua apoia-se contra as bordas do alvéolo maxilar ou os incisivos superiores. A parte anterior da língua toma uma forma de xícara para conter bolos com grandes volumes. É a língua também que leva o alimento para ser mastigado em ambas as laterais. A língua portanto, exerce vários papéis importantes nestas duas fases. Levar o alimento para ser mastigado, juntar este alimento, conter o bolo formado, acomodar este bolo e propulsioná- lo para trás. O tamanho da cavidade oral pode alterar o tamanho, a forma, o volume, o pH, a temperatura e a consistência do bolo. Quando o bolo é levado para a faringe o palato mole deve se fechar para que a comida não vá para a nasofaringe. Os músculos que participam neste momento são o elevador do véu palatino, tensor do véu e o palato faríngeo. 24 O total selamento da cavidade oral ajuda a manter as forças de propulsão necessárias para o transporte do bolo através da hipofaringe, esfíncter esofageal superior e para dentro do esôfago. A fase oral dura menos de um segundo. Voluntária e consciente. • Oclusão dos lábios • Dentes – oclusão cêntrica – ação mm elevadores mdB (sólido) - complexo suprahioideo – eleva osso hioide. • Língua: porção anterior se eleva contra o palato duro e a base fica rebaixada e posteriorizada, em movimentos ondilatórios. Frequência da deglutição tamanho e lubrificação • Tempo de trânsito oral: medida de tempo do fim da mastigação até o início do reflexo faríngeo. 5.3 Fase Faríngea A fase faríngea começa com a produção de uma deglutição e a elevação do palato mole para fechar a nasofaringe. A fase faríngea consiste de contração peristáltica dos constritores faringeais para propulsionar o bolo através da faringe. Simultaneamente, a laringe é fechada para proteger a via aérea. Não há interrupção do movimento de posteriorização do bolo em uma deglutição normal. A laringe protege a via aérea de duas formas. A mais importante é o fechamento completo e automático da glote durante a deglutição. 25 Figura 11: Epiglote Contrariamente às crenças populares, a epiglote não é essencial para o fechamento glotal ou para prevenir a aspiração, no entanto ela tem um papel ativo e importante. A epiglote é trazida para baixo sobre a glote durante a deglutição e leva o bolo deglutido lateral e posteriormente em direção ao esfíncter esofageal superior. Através de exames mais precisos quatro eventos associados com o fechamento laringeal foram descritos. Primeiro há a adução das pregas vocais associada à aproximação horizontal das cartilagens aritenóides. Segundo, há a aproximação vertical das aritenóides em direção à base da epiglote. Em terceiro lugar ocorre a elevação da laringe e por último a epiglote desce. Na orofaringe existem inúmeros sensores que podem desencadear a fase faríngea da deglutição. Simples toques ou pressões mesmo que suaves são capazes de desencadear a deglutição. Isto ocorre quando estes contatos são realizados no palato mole, úvula, dorso da língua, superfície faringeal da epiglote, pilares, seios piriformes, parede posterior da faringe e na articulação faringo esofageal. 26 Figura 12: Fase Oral e Fase Faríngea Durante a fase faríngea, que dura aproximadamente um segundo, a deglutição é reflexa e envolve uma seqüência complexa de movimentos coordenados. Podemos dividir esta fase em dois movimentos básicos. Primeiro a elevação de todo o tubo faringeal incluindo a laringe. Segundo, uma onda peristáltica descendente. Durante o primeiro movimento, a porção posterior da língua desce seqüencialmente (move-se caudalmente) enquanto mantém contato com a parede posterior da faringe. Os constritores faringeaes contraem seqüencialmente numa ordem descendente melhorando a possibilidade para a onda peristáltica faringeal. O bolo propaga-se através da faringe numa média de 9 a 25 cm por segundo, uma ação a qual, nos adultos leva cem milisegundos. Durante a fase faríngea a laringe se eleva, movendo-se anterior e superiormente. Isto é realizado por contrações dos músculos suprahioideos, tais como o milohioideo, geniohideo e digástrico, além do músculo tireohideo. A laringe se movendo desta forma permite a melhor apreensão do bolo para levá-lo para a faringe, além de ajudar na abertura do esfíncter superior esofageal através das forças do trato. Durante a deglutição o orifício laringeal fecha na altura da epiglote e das pregas vocais pela contração do tiroaritenóide, ariepiglótico e músculos oblíquos aritenóides. Além disso o fechamento do vestíbulo laringeal ocorre quando a laringe é posicionada abaixo da base da língua. O bolo líquido é desviado em duas correntezas no momento em que flui ao redor da epiglote para dentro da fossa piriforme. Os constritores faringeaes e elevadores “injetam” comida da faringe para dentro do esôfago com uma grande força e enorme velocidade, variando em torno de 100 cm por segundo. A propulsão 27 faríngea da comida para dentro do esôfago tem sido comparada com a pressão forçada do compressor de uma seringa. Aproximadamente 600 a 900 milisegundos depois do início da fase faríngea, a comida passa através do esfíncter esofageal superior e entra no esôfago. O músculo cricofaríngeo, que é o principal componente do esfíncter esofageal superior, relaxa por aproximadamente 500 milesegundos durante a deglutição para permitir a passagem do bolo. Adultos normais completam a deglutição faríngea em aproximadamente 1,500 milesegundos. Em crianças não existem dados exatos sobre a duração do tempo. A fase faríngea é a fase mais curta, entretanto a mais importante, onde ocorre a elevação da laringe, reversão da epiglote, adução ou fechamento glótico e relaxamento do esfincter esofagiano superior para entrada do alimento no esôfago, entrando na 3ª fase da deglutição, totalmente involuntária. Involuntária e consciente • Resposta reflexa • Início com elevação do palato mole e fechamento da nasofaringe (aumenta a pressão intrafaríngea e contribui para o direcionamento do bolo alimentar para o esôfago) • Dorso da língua se deprime e o bolo alimentar desliza para orofaringe • Movimento ântero-superior da laringe • Simultaneamente a laringe é fechada para proteção da VA (fechamento glótico, descida da epiglote) • Contração dosmúsculos constritores da faringe – onda peristáltica MECANISMOS 1) Propulsor: empurra o bolo para o esôfago pela ação dos músculos superior, médio e inferior da faringe, inervados pelo plexo faríngeo (nervos glossofaringeo-IX e vago- X). 2) Válvula (proteção da VA): interrupção das conexões entre as estruturas • cavidade oral-faringe: elevação da raiz da língua e ação das fauces, e depende da constrição dos músculos intrínsecos da língua, músculo estiloglosso, músculo estilohióideo e do músculo palatoglosso. 28 • cavidade nasal-orofaringe: constrição do músculo superior da faringe e elevação do palato mole, sendo esta última ação produzida pela contração do músculo elevador do véu palatino e dos músculos da úvula. • faringe-laringe: excursão ântero-superior da laringe (proteção da VA, favorece a abertura por tração do EES e a ampliação da faringe para a passagem do bolo) – músculos genioglosso, palatofaríngeo, salpingofaríngeo, estilofaríngeo. – fechamento do vestíbulo laríngeo, descida da epiglote sobre as cartilagens aritenóides, fechamento das falsas pregas vocais, inclinação das aritenóides anteriormente, para baixo e medialmente e fechamento das pregas vocais verdadeiras (mm. intrínsecos da laringe) • faringe-esôfago: abertura do EES para a passagem do bolo da faringe para o esôfago ocorre por força de tração em sua parede anterior devido à contração dos músculos supra e infra-hiódeos. Depois da passagem do bolo o EES se fecha (mm constritor faríngeo inferior e cricofaríngeo ) 5.4 Fase Esofágica Assim iniciamos a fase esofageal. A fase esofágica, consiste em uma onda peristáltica automática a qual leva o bolo para o estômago, consequentemente reduzindo o risco de refluxo gastro esofágico ou reentrada de material alimentar do esôfago para dentro da faringe. O refluxo gastro esofágico é também evitado através da contração tônica do músculo cricofaríngeo. O refluxo ocasional em pequenas quantidades é considerado normal em crianças. O processo de peristaltismo movimenta o bolo através do esôfago e termina quando a comida passa pela junção gastroesofágica. O esfíncter esofageal superior (EES) também conhecido como segmento faringoesofageal, é uma zona de alta pressão definida manometricamente e está localizada na região distal em relação a hipofaringe. O esfíncter é fechado tonicamente no repouso e aberto durante a deglutição, vomito ou arroto. O comprimento da zona de alta pressão nos adultos, é de 2,5 a 4,5 centímetros com a média entre 3 cm. 29 Figura 13: Deglutição – fase esofágica Embora o músculo cricofaríngeo seja o maior componente do esfíncter superior, seu comprimento é entre 1cm e portanto outros músculos adicionais tais como o constritor faringeal inferior mais as fibras do músculo esofageal proximal, provavelmente contribuem para manter a zona de alta pressão. O perfil da pressão do EES é assimétrico com pressões mais altas notadas nas direções anterior e posterior. Existem duas origens para a pressão no EES, uma originada de um componente ativo secundário da contração do músculo cricofaríngeo e outra de forças passivas atribuídas ao tecido elástico. O músculo cricofaríngeo foi inserido bilateralmente nas margens laterais inferiores da lâmina cricóide, e como resultado, cartilagem e esfíncter se movem em uníssono. O EES, o qual está fechado no repouso, relaxa durante a deglutição assim como a laringe se eleva. Relaxação do esfíncter precede a abertura por aproximadamente um décimo de segundo. O esfíncter abre por forças de tração na sua parede anterior exercidas pela contração dos músculos suparahioideo e infrahioideos. A duração e diâmetro da abertura do esfíncter são influenciadas pelo tamanho do bolo e viscocidade os quais implicam que a resposta do esfíncter não é estereotipada mas é responsiva ao feedback sensorial. As funções do esfíncter esofageal superior incluem prevenção da distenção esofageal durante a respiração normal e a proteção da via aérea contra a aspiração seguindo um episódio de 30 refluxo gastroesofágico. Esta última informação é controversa. Estudos anteriores demostravam que a pressão do EES aumentou em resposta a acidificação intra esofágica em crianças e adultos sugerindo que o EES funciona como uma barreira dinâmica contra o refluxo gastroesofageal. No entanto, estudos recentes usando metodologia mais sofisticada não confirmaram estes achados. Outros modificadores da pressão do EES incluem sono, o qual é associado com a pressão diminuída do esfíncter, e fatores associados com a pressão aumentada incluindo respiração, distensão esofageal e stress. O padrão de peristaltismo do esôfago durante a deglutição é essencialmente o mesmo nas crianças e nos adultos. A fase esofágica envolve contrações musculares que fazem a propulsão do bolo através do esfíncter esofágico superior até o estômago. Involuntária e inconsciente. • Bolo alimentar conduzido do esôfago ao estômago por movimentos peristálticos reflexos • Esfíncter esofágico superior (EES) – junção hipofaringeesôfago (fechado no repouso, aberto na deglutição – pressão negativa • Esfíncter Esofágico Inferior (EEI) então se relaxa para permitir a passagem do bolo para o estômago, e logo recupera seu tônus basal para impedir a regurgitação gastroesofágica. • Impulsos sensoriais da faringe e do esôfago são vitais nesta fase. 31 Figura 14: fase esofágica 6. CONTROLE NEURAL DA DEGLUTIÇÃO O ato da deglutição consiste em um mecanismo neuromotor e neuromuscular que é iniciado de maneira consciente e é resultado da integridade anatômica e funcional de diversas estruturas faciais, ósseas, cartilaginosas, musculares, vitais, cervicais e cerebrais. A deglutição para acontecer necessita da sincronização de 30 músculos da boca, faringe e esôfago, de seis pares de nervos encefálicos, tronco cerebral, córtex e sistema nervoso central (SNC) e periférico (SNP). 32 Figura 15: Controle Neural da deglutição O SNP tem parte dele integrado pelo sistema nervoso autônomo (SNA) também conhecido como sistema neovegetativo ou visceral, controla órgãos internos, como esôfago, estômago e intestino e funções tais como a respiração, digestão e está diretamente ligado aos movimentos peristálticos e consequentemente as fases involuntárias e inconsciente da deglutição. Este sistema se divide em simpático e parassimpático e controla a atividade de alguns nervos envolvidos na atividade deglutiteória: Nervo oculomotor (informação visual), facial, vago e glossofaríngeo e, também, encontra-s na medula espinhal. Esses nervos estão relacionados com a salivação, movimentos pré- estomago, no controle do esfíncter esofágico e na atividade da musculatura lisa do sistema digestivo e respiratório superior. Isto permite ao indivíduo não ter de se preocupar com estas atividades que assumem um papel determinante para a 33 sobrevivência. Por este motivo, o SNA é um sistema que funciona de modo autónomo e inconsciente. O controle neural da deglutição no geral envolve 06 grandes componentes: 1) Seis pares de nervos cranianos; 2) Fibras sensoriais aferentes e eferentes contidas nos nervos encefálicos; 3) Fibras cerebrais, do mesencéfalo e cerebelares que fazem sinapse com os centros da deglutição no tronco cerebral; 4) Os pares centrais da deglutição contidos no tronco cerebral; 5) Atuação do córtex cerebral; 6) Participação do sistema nervoso central e periférico (sistema nervoso autônomo - SNA. Figura 16: Sistema Nervoso Periférico Os nervos sensoriais têm a função de levar os estímulos até o cérebro e os nervos motores têm a função de transformar o estímulo recebido em uma ação motora mastigatória e/ou deglutória. Os músculos que participam da deglutiçãorecebem impulsos enviados pelo córtex e este juntamente com o tronco cerebral é responsável pela organização e determinam a ação deglutição. 34 Os nervos encefálicos envolvidos nesse complexo sensório-motor da deglutição são: o trigêmeo (V- motor e sensitivo), facial (VII - motor e sensitivo); Glossofaríngeo (IX - motor e sensitivo), vago (X - motor e sensitivo), acessório espinhal (XI - motor puro) e hipoglosso (XII - motor puro), mais o nervo olfativo (I - sensitivo puro) e o nervo óptico (II - sensitivo puro), pois a deglutição se inicia muito antes da mastigação; é através do sentir e do olhar que muitas vezes nossas glândulas salivares são ativadas e disparam o reflexo da deglutição mesmo sem a presença do alimento. O controle do processo de deglutição no tronco encefálico é feito pelo centro da deglutição, localizado na formação reticular bulbar. Os neurônios localizados no centro da deglutição podem ser divididos em dois grupos: grupo de neurônios localizados na região dorsal do bulbo, situados no núcleo do trato solitário, além de interneurônios vizinhos; grupo de neurônios localizados na região ventral do bulbo, situados no núcleo ambíguo, área ventral e interneurônios subjacentes . Fibras nervosas aferentes são encarregadas de levar as informações provenientes da cavidade oral, faringe, laringe e esôfago, por meio dos axônios sensoriais provenientes do nervo glossofaríngeo, vago (especialmente ramo laríngeo superior), facial e trigêmeo até o núcleo do trato solitário. Os neurônios localizados no núcleo do trato solitário desempenham um papel de direção da deglutição, atuando no disparo e geração da sequência motora. São, portanto, responsáveis pelo início e organização do padrão rítmico da deglutição. Depois de iniciado, o comando da deglutição é transmitido para os interneurônios localizados na região ventral. Dessa maneira, os neurônios da região ventral agem como neurônios de ligação, que distribuem e coordenam a direção da sequência gerada no grupo dorsal para os núcleos motores dos nervos cranianos. Além disso, a região ventral recebe também influência do centro cortical, por meio do trato córtico bulbar, submetendo a deglutição ao controle voluntário. Na ponte, as fibras desse trato dirigem-se aos núcleos do nervo facial, ao trigêmeo, ao hipoglosso, ao bulbo e ao núcleo ambíguo (IX, X, XI), colocando sob controle voluntário os neurônios motores situados no interior desses núcleos. Pode-se dizer então que a deglutição é um processo contínuo, envolvendo a autonomia de fases especificas e que os núcleos motores envolvidos nessa ação são 35 comandados pelos hemisférios cerebrais direito e esquerdo que conduzem o sistema nervoso central, em conjunto com os nervos cranianos cerebrais, sistema cortical límbico e sensório motor de regulação neural na medula. FASE ORAL CONTROLE MOTOR CONTROLE SENSITIVO NERVO FUNÇÃO NERVO FUNÇÃO Encefálico Controle eferente V- Trigêmeo Posição da mandíbula e ATM. Reconhecimento de forma e textura dos alimentos VII – Facial Movimento de lábios e bochechas XII – Hipoglosso Movimentos da língua VII - Facial Paladar V – Trigêmeo Movimento da mandíbula IX - Glossofaríngeo Paladar FASE FARÍNGEA CONTROLE MOTOR CONTROLE SENSITIVO NERVO FUNÇÃO NERVO FUNÇÃO V – Trigêmeo VII – Facial XII – Hipoglosso Movimento da língua para trás em direção ao palato mole. V – Trigêmeo IX – Glossofaríngeo X - Vago Captações sensoriais iniciais V – Trigêmeo Movimento do palato mole em direção à língua. V - Trigêmeo IX - Glossofaríngeo X – Vago Elevação do palato. Constrição da parede posterior da faringe VII – Facial XII – Hipoglosso Elevação do hioide e língua IX - Glossofaríngeo X – Vago Abaixamento da epiglote. Elevação da laringe. X – Vago Abertura do esfíncter cricofaríngeo IX – Glossofaríngeo X - Vago Entrada sensorial da faringe e laringe. V – Trigêmeo Retorna a posição do palato mole após a deglutição XII – Hipoglosso Retorno à posição de repouso da língua após a deglutição FASE ESÔFAGICA CONTROLE MOTOR CONTROLE SENSITIVO NERVO FUNÇÃO NERVO FUNÇÃO 36 A partir de estudos sobre a neuroanatomofisiologia é possível compreender a fisiologia e fases da deglutição, explanando cada estrutura e etapa, entendendo a alimentação como parte fundamental para nutrição e sobrevivência dos indivíduos. O controle neural da deglutição e os nervos cranianos que participam da deglutição, assim como várias regiões do córtex cerebral, com função reguladora, como o giro pré- central, o giro pós-central e a ínsula. A conexão neural adequada determina a deglutição segura e eficaz, descrita em quatro fases: preparatória oral, oral, faríngea e esofágica. Figura 17: Fases da Deglutição O objetivo das produções científicas nessa área é ampliar o conhecimento para que a atuação fonoaudiológica seja eficiente, ao alcance da sociedade, com resultados na redução da mortalidade dos pacientes disfágicos e melhora na qualidade de vida. X- Vago Controle inibitório e excitatório simultâneo dos músculos na extensão do esôfago. Controle do esfíncter esofageal superior e inferior. X – Vago Peristaltismo 37 REFERÊNCIAS MARCHESAN, I.Q. (1995). Disfagia. In: MARCHESAN, I. Q. ; BOLAFFI, C.; GOMES, I.C.D. & ZORZI, J.L. Tópicos em Fonoaudiologia. Volume II. Editora Lovise. MC. MINN, R. M.H.; HUTCHINGS, R. T. & LOGAN, B.M. Atlas Colorido de Anatomia da Cabeça e do Pescoço. Artes Médicas. Porto Alegre, 1983. NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. Artes Médicas. Porto Alegre, 1996.
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