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Conjunto de estruturas orais estáticas e dinâmicas que envolvem funções neurovegetativas (sucção, mastigação, deglutição e respiração), bem como a fonação e a expressão facial. Estruturas estáticas: mandíbula, hioide, coluna cervical, maxila, dentes e mucosa oral (estruturas que não utilizam energia para realizar as funções estomatognáticas); Estruturas dinâmicas: nervos motores e sensitivos e músculos estriados. Todas as estruturas estão interligadas, portanto se houver um distúrbio em alguma delas, todas apresentarão desequilíbrio. Para que haja adequados crescimento e desenvolvimento craniofacial, há necessidade tanto de estímulos genéticos, como de estímulos externos, estes oferecidos pela respiração, sucção (amamentação), deglutição e mastigação. Embora as funções do sistema estomatognático amadureçam e mudem com o desenvolvimento do indivíduo, várias funções vitais já devem estar adequadas ao nascimento, tais como sucção, deglutição, respiração e também a coordenação entre elas. Sucção Desde a 32ª semana de gestação, o feto já apresenta o reflexo de sucção; A sucção reflexa é desencadeada como resposta a qualquer objeto que toque os lábios do bebê. Ato reflexo → controle involuntário Podemos encontrar dois padrões de sucção: Suckling (mais primitivo) - a língua realiza movimentos de extensão e retração, sendo conhecido como “sucção por lambidas”; Sucking (mais maduro) - vedamento labial eficiente, movimentos de língua, lábios e mandíbula mais dissociados. Pode ser observada como um padrão repetitivo de sugadas curtas e estáveis, com pausas longas ou irregulares. Em sua maioria, durante essa sucção, não há introdução de líquido na cavidade oral. É importante para a adequação da musculatura oral, regulação dos estados de consciência do bebê, ganho de peso e transição mais rápida para a via oral. Caracterizada por sucções vigorosas, mantendo ritmo e pausas coordenadas. Ocorre retirada do leite por pressão. O ritmo da SN normalmente é de 1:1 (sucção/ deglutição) no início da mamada, podendo chegar até 3:1. Músculo orbicular da boca: promove o vedamento labial na mama, gerando a pressão intraoral necessária para manter o complexo areolomamilar na cavidade oral do bebê; Músculo bucinador: auxilia na pega e na pressão intraoral; Músculos da língua: movimentos peristálticos, necessários para a ordenha do leite, e encaminhamento do leite para a faringe, para ser deglutido; Músculos da mastigação: realizam os movimentos de mandíbula necessários para a ordenha do leite. [FSE] Abertura ampla da boca, onde os lábios devem envolver não só o bico, como parte da aréola; Lábios virados para fora; Língua: porção anterior em canolamento e porção posterior em postura elevada (estabelecer pressão negativa); Sucking pads (favorece a manutenção da pressão intraoral, auxiliando no vedamento da cavidade oral). Para a realização da ordenha do leite em seio materno, o bebê deve realizar quatro movimentos mandibulares: Abaixamento → protrusão → elevação → retrusão Tais movimentos promovem a massagem da mama, na regiao dos seios lactíferos, e por pressão o leite é liberado para a boca do bebê. Proporciona crescimento vertical e horizontal da face, desenvolvimento mandibular (retrognatia fisiológica) e decrescimento da cavidade oral (possibilita a erupção adequada dos dentes, postura adequada de palato, expansão dos movimentos da língua e possibilidade de respiração oral). Com o uso de bico artificial, ocorrem apenas abaixamento e levantamento da mandíbula, não estabelecendo pressão positiva, o que prejudica o crescimento horizontal por falta de estímulo (protrusão e retrusão da mandíbula); A confusão de bicos pode ser compreendida pela alteração na fisiologia da sucção em seio materno quando comparada ao bico artificial. Seio materno → 2000 a 3500 movimentos de mandíbula Alimentação artificial → 1500 a 2000 movimentos de mandíbula Melhora no sistema imunológico; Aumenta o vínculo afetivo; Estimulação sensorial tátil, visual e olfativa; Adequado desenvolvimento do sistema gastrointestinal; Estimulação do crescimento ósseo; Economicamente favorável; Estimulação do desenvolvimento das funções orais. Deglutição Processo que envolve simultaneamente diversos órgãos e músculos, composto de fases intrinsecamente relacionadas, sequenciais e harmônicas, garantindo a passagem do bolo da boca até o estômago e proteção das vias aéreas. Para que seja eficiente, esse ato depende da complexa ação neuromuscular, além da intenção de se alimentar. A deglutição fetal é a principal responsável pela reabsorção do líquido amniótico, sendo um fator regulador da quantidade deste no período gestacional. Deglutição infantil (visceral) → deglutição somática (padrão maduro, aparece por volta dos dois anos de idade a partir da erupção dos dentes decíduos) Fases da deglutição Totalmente voluntária e consciente; Envolve a escolha do utensílio a ser utilizado, ritmo alimentar e postura; Ao introduzir o alimento na cavidade oral, é iniciado o processo de preparo deste. Para alimentos sólidos é feita a mastigação (incisão, trituração e pulverização). Com relação aos líquidos, é feito a preparação e posicionamento; Durante esta fase, os lábios bochechas e a língua devem manter o alimento na cavidade oral, prevenindo escape anterior ou posterior; Finaliza com a transferência do bolo alimentar da cavidade oral anterior para a orofaringe; A língua impulsiona o bolo alimentar posteriormente, garantindo que nenhum resíduo permaneça na cavidade oral. Fase involuntária e consciente; Transporte do bolo alimentar pela faringe até o esôfago, a partir da ejeção oral; A respiração deve ser interrompida para a passagem do bolo alimentar (apneia respiratória); 11ª a 12ª semana movimentos iniciais da deglutição 34ª semana coordenação sucção x deglutição 37ª semana coordenação sucção x deglutição x respiração Eventos importantes com sucessão rápida e coordenada: o Elevação do palato mole para vedar a nasofaringe, prevenindo o refluxo nasal; o Língua e parede faríngea realizam a propulsão do bolo no sentido caudal; o Elevação e anteriorização do complexo hiolaríngeo; o Fechamento das pregas vocais e epiglote (proteção da via aérea inferior); o Contração da musculatura constritora da faringe no sentido craniocaudal até a transição faringoesofágica, com abertura do esfíncter esofágico superior (EES). Fase involuntária e inconsciente; Após a passagem do bolo pelo EES, a laringe retorna para sua posição original e o tônus do esfíncter aumenta, prevenindo a regurgitação do alimento; O transporte esofágico ocorre no sentido craniocaudal, finalizando com a passagem do bolo alimentar para o interior do estômago. Respiração O trato respiratório, consistindo na passagem nasal e oral, que se conecta com a faringe, laringe e traqueia, faz a transferência do ar entre os pulmões e o ambiente. Tem como principal função a troca de oxigênio e dióxido de carbono entre o ambiente e as células do corpo. Além disso, tem como outras funções o crescimento craniofacial, produção da fala e voz. O controle da respiração acontece no centro nervoso localizado na regiao do bulbo (tronco encefálico). Desse centro partem os nervos responsáveis pela contração dos músculos respiratórios (diafragma e músculos intercostais). Uma redução do fluxo de ar por meio do trato respiratório modificará reflexamente a respiração. O corpo protege seus tecidos rapidamente por meio de um aumento no esforço dos músculos primários envolvidos na respiração. Disfunções respiratórias e/ou metabólicas podem alterar o nível do pH do sangue (equilíbrio de CO2 no sangue): Hiperventilação: condição respiratória em que os pulmões eliminamgrande quantidade de CO2 do corpo (alcalose); Hipoventilação: condição onde o corpo retém CO2 (acidose). Frequência respiratória: Número de ciclos respiratórios completos (inspiração e expiração) em um determinado tempo (mais comum em um minuto); Taquipneia: frequência respiratória acima do normal; Bradipneia: frequência respiratória abaixo do normal. Tipo Respiratório: Torácica ou Misto; Inferior ou Abdominal; Costodiafragmático. Modo Respiratório: Oral; Nasal; Oronasal. Os movimentos respiratórios são observados na fase pré- natal, porém somente após o nascimento, com atuação do surfactante pulmonar, é estabelecida a função respiratória; O recém-nascido é essencialmente um respirador nasal (devido posicionamento de língua), o que pode leva-lo a ter dificuldade para respirar pela boca quanto ocorre alguma obstrução nasal; A respiração nasal é benéfica para o crescimento e desenvolvimento equilibrado facial e neurocraniano, além de promover o funcionamento adequado das demais funções do SE. A principal causa da respiração oral são as doenças obstrutivas, tais como: rinite alérgica, hipertrofia das tonsilas palatinas e faríngeas. Consequências da Respiração Oral: Alterações posturais e oclusais; Alterações craniofaciais; Alterações das funções estomatognáticas e órgãos fonoarticulatórios; Dificuldade de atenção e concentração; Presença de olheiras, rugas abaixo dos olhos, face discretamente alongada, etc. Respiração calma: Inspiração: diafragma e intercostais externos (processo ativo); Expiração: relaxamento passivo do diafragma. Diafragma: Separa o tórax do abdômen; Quando as fibras musculares se contraem, o diafragma se achata, aumentando o volume da cavidade torácica verticalmente, o que diminui a pressão intrapulmonar gerando a entrada de ar nos pulmões; Quando o diafragma relaxa, o volume torácico diminui e o ar sai dos pulmões. Intercostais externos: Elevam as costelas durante a inspiração forçada (aumenta o diâmetro transverso e anteroposterior dos pulmões, reduzindo a pressão intrapleural). Músculos Respiratórios Acessórios: Intercostal interno: o Permitem a expiração forçada ao abaixar as costelas (reduz o diâmetro da cavidade torácica e retirando o ar dos pulmões). Escaleno: o Elevam as costelas e consequentemente o tórax (ativos durante a inspiração). Esternocleidomastoideo: o Se a cabeça está fixa, ele eleva o esterno e a clavícula e expande a cavidade torácica (músculo inspiratório). Mastigação É um ato mecânico de mordida, organização do alimento e trituração, preparando-o para deglutição; Proporciona o estímulo de crescimento e desenvolvimento dos ossos maxilares e dos arcos dentários; Habitualmente é bilateral alternada, podendo existir uma preferência por um lado (mastigação unilateral pode caracterizar disfunção de ATM). 5 a 6 meses: movimentos verticais, a língua amassa os alimentos contra o palato; 7 meses: iniciam-se os movimentos de lateralização (língua começa a lateralizar o alimento); 1 ano a 1 ano e meio: mandíbula começa movimentos rotatórios, mastigação já tem condições de ser bilateral e lábios em selamento (padrão adulto). A transição da consistência alimentar é gradual; Movimentos mastigatórios irregulares e mal coordenados; Ciclo mastigatório mais estável e utiliza mais eficientemente o padrão de intercuspidação. A força e os movimentos de mastigação podem ser afetados de acordo com a dureza, viscosidade, tamanho e forma dos alimentos; A consistência faz variar a força aplicada e os movimentos de excursão mandibular; Somente pode-se esperar um padrão fisiológico normal de mastigação se todos os componentes do SE apresentarem condições favoráveis, caso contrário apresentará compensação ou adaptação. Fase de abertura de boca: mandíbula abaixa – contração dos músculos abaixadores da mandíbula; Fase de fechamento da boca: mandíbula se eleva – contração dos músculos levantadores da mandíbula; Fase oclusal: contato dos dentes gerando força interoclusal em decorrência da contração dos músculos levantadores da mandíbula. Refere-se aqueles ligados apenas à realização dos movimentos mandibulares (abertura e fechamento): Todos que participam do processo mastigatório - músculos mastigatórios, todos os supra-hioideos (geniohioideo, milohioide, digástrico, estilo-hioideo), os infrahioideos, musculatura de língua, bucinador e músculos da mímica facial. Masseter: Elevar e protrair a mandíbula; Temporal: Elevar e retrair a mandíbula; Pterigoideo medial: Elevar e protrair a mandíbula; Pterigoideo lateral: Protrair, abrir e lateralizar a mandíbula; Digástrico: Elevar o osso hioide e auxiliar na abertura de boca. Mastigação Unilateral; Mastigação Bilateral Simultânea; Mastigação sem vedamento labial; Mastigação com ruído; Mastigação com movimentos mandibulares limitados; Mastigação lenta. Fala Desde o nascimento o bebê já começa a se preparar para a fala; Os órgãos articuladores são formados pela laringe, faringe, palato mole e duro, língua, dentes, bochechas, lábios e fossas nasais; A articulação dos sons da fala está ligada ao desenvolvimento e maturação do sistema miofuncional oral e as demais funções neurovegetativas de respiração, sucção, mastigação e deglutição. Cricoaritenoideo posterior (CAP): abertura das pregas vocais durante a respiração; Cricoaritenoideo lateral (CAL): músculo adutor das pregas vocais (aproxima os 2/3 anteriores); Ariaritenoideo (AA): músculo adutor das pregas vocais (região posterior); Tiroaritenoideo (TA): músculo adutor das pregas vocais (produção de sons graves); Cricotireoideo (CT): músculo tensor, responsável pelo alongamento das pregas vocais (produção de sons agudos); Respiração na fala: caracterizada por um padrão inspiratório-expiratório oral, onde a fase inspiratória é curta e rápida, seguida por uma fase expiratória longa e lenta; Respiração no repouso: caracterizada por um padrão inspiratório-expiratório nasal, com durações iguais.
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