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@veterinariando_ Lipidose hepática felina É um síndrome comum em felinos Sua ocorrência está relacionada com o metabolismo anormal de lídios após períodos extenso de hiporexia ou anorexia (a partir de 3 dias) Consequências: aumento excessivo de triglicerídeos no interior dos hepatócitos → colestase intra- hepática Esse quadro pode se tornar emergencial, uma vez que há chances de se agravar acarretando episódios de disfunção respiratória, hepatite aguda, colestase grave e insuficiência hepática progressiva Gatos são essencialmente carnívoros, necessitado de aporte maior de proteínas, além de vitaminas do complexo B (cobalamina B12) e não conseguem conservar aminoácidos como: taurina, arginina, metionina e cisteína. Logo, qualquer condição que configure quadro de jejum prolongado ou que cause retardo na absorção e digestão intestinal pode ocasionar LGF Os ácidos graxos são esterificados e oxidados no hepatócito, quando a taxa de captação e produção ultrapassam a capacidade de remoção, há o acúmulo anormal de triglicerídeos no interior dos hepatócitos • Afecções respiratórias → bronquite, efusão pleural, quilotórax • Doenças infecciosas → FIV, FeLV, PIF • Endocrinopatias → diabetes mellitus, hipertireoidismo, pancreatite • Gastroenteropatias → doença intestinal inflamatória, tríade felina • Hepatopatias → colangite, colelitíase • Outros → lipidose hepática idiopática, peritonite séptica, neoplasias, DTUF • Histórico clínico + exame físico + ultrassom + laboratorial • Diagnóstico definitivo → análise citológica de tecido hepático • Quadro clássico → presença de vacúolos de gordura em mais de 80% dos hepatócitos • Raras as exceções que necessitam de biopsia hepática (requisitado em casos de animais refratários ao tratamento e que possuam suspeita de doença hepática inflamatória e necrótica ou linfoma) • US → considerado padrão ouro, podendo ser verificado alterações morfológicas como hepatomegalia e alterações de ecogenicidade sendo característico da doença padrão hiperecogênico homogêneo e difuso • Mais frequentes: perda de peso + icterícia • Podem ser observados: náuseas, vômitos, letargia, desidratação, caquexia, diarreia e sialorreia • Em menores proporções pode ocorrer sinais neurológicos • Hepatomegalia devido o acúmulo de triglicerídeos • Pode haver ventroflexão de pescoço devido a depleção de potássio e hipopotassemia • Outra anormalidade eletrolítica é a Hipofosfatemia FA (fosfatase alcalina) → seu aumento elevando no soro dos felinos é representativo de doença hepatobiliar grave e recente GGT (gamaglutamiltransferase) → concentrações elevadas são indicativas de doenças hepáticas e pancreáticas subjacentes Hipopotassemia e Hipofosfatemia → aumentam o risco de ocorrer hemólise, fraqueza muscular, atonia intestinal e vômito, ventroflexão de pescoço e alterações de comportamento Anemia normocítica normocrômica não regenerativa Poiquilocitose Leucocitose Anemia hemolítica por corpúsculos de Heinz (após distúrbios oxidativos) Elevação de FA (++++) GGT normal ou levemente aumentada (+) Elevação de ALT (++) Elevação de AST (+++) Hiperbilirrubinemia (++++) Hipoalbuminemia Hipopotassemia Hipofosfatemia associada a hemólise Hipomagnesemia Tempo de protrombina e tromboplastina aumentados Hipofibrinogenemia Hipovitaminose K1 Azotemia pré-renal Terapia nutricional intensiva precoce é um diferencial para se obter um bom prognóstico Importante lembrar que alimentação forçada não é recomendada, pois pode provocar maior estresse e risco de aversão alimentar e pneumonia Após a restauração dos parâmetros fisiológicos é necessário averiguar qual a melhor via para realizar a alimentação Estado de má nutrição → risco de infecções, redução de atividade imune, alteração de metabolismo farmacológico, menor capacidade de regeneração de tecidos A sonda nasogástrica constitui uma via provisória a ser mantida por até 5 dias (não promove o volume e nutrientes ideais) A sonda esofágica é o método de eleição para a realização do suporte alimentar → eficaz para promover as necessidades nutricionais essenciais, reverter lipólise, interromper perda de peso e catabolismo proteico endógeno, nutrir microvilosidades e em associação a fluidoterapia reverter desequilíbrios eletrolíticos ALIMENTAÇÃO → Para evitar a síndrome da retroalimentação, é preconizado a reposição do requerimento energético basal (REB) de modo lento e gradual 1/3 no primeiro dia, 2/3 no segundo e o total do REB no terceiro → intervalo mínimo de 4-6h entre as refeições CONTROLE DE NÁUSEAS E VÔMITOS → Metoclopramida (0,2-04mg/kg a cada 698h IV, IM, SC ou VO) → Ondansetrona (1mg/kg a cada 12h VO ou IV) → Maropitano (0,5-1mg/kg a cada 24 SC) → Famotidina (0,5mg/kg a cada 12-24h VO, SC ou IV) OREXÍGENOS (ESTIMULADORES DE APETITE) → Não são capazes de promover requerimento energético adequando, aumentando apenas momentaneamente o apetite → Cipro-heptadina (2mg/gato 1-2x por dia) → Mirtazapina (3-4mg/kg a cada 72h) REPOSIÇÃO ELETROLÍTICA → Importante corrigir a desidratação, distúrbios da coagulação, anormalidade eletrolíticas, infecções oportunista e identificar e tratar doenças bases → Fluído cristaloide (NaCl 0,9%) → importante para repor eletrólitos perdidos no vômito Suplementação de potássio é realizada adicionando 40-60 mEq por litro de soro → Essencial o monitoramento das concentrações de potássio e fosfato → A solução glicosada é contraindicada → a glicose potencializa a espoliação de potássio e é armazenada em forma de gordura no fígado TERAPIA SUPORTE → S-adenosilmetionina (90mg/gato VO 1x ao dia) → percursor hepatocelular de glutationa, sulfato e L-carnitina → L-carnitina (250-500mg/gato VO a cada 24h) → promove a entrada dos ácidos graxos na mitocôndria e beta-oxidação no interior dos hepatócitos → Vitaminas do completo B (2ml/250ml de soro por dia) → Vitamina E (100-400mg/gato 1x ao dia) → Tiamina, taurina, vitamina K1, cobalamina e N-acetilcisteína também podem ser administrados → Administração de óleo de peixe com objetivo de diminuir a produção de componentes inflamatórios (IL-1, TNF-alfa e as prostaglandinas E2) Colangites em felinos As doenças inflamatórias de vias biliares são classificadas em: 1. Colangite neutrofílica 2. Colangite linfocítica 3. Colangite associada a infestações parasitárias 4. Colangite destrutiva ou esclerosantes • Pode ser denominada como colangite aguda ou supurativa • É definida por inflamação de vias biliares (intra e extra-hepáticas, ductos biliares e vesícula biliar) com infiltração de neutrófilos • É uma doença inflamatória séptica • A hipótese mais aceita para esse tipo de colangite é: ascensão de bactérias do TGI (infecção ascendente) • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Anorexia/disorexia, prostração, febre e vômito Animais podem se apresentar ictéricos Podem apresentar sensibilidade à palpação abdominal • AVALIAÇÃO LABORATORIAL: Leucocitose Aumento de enzimas de extravasamento (ALT e AST) Aumento discreto das enzimas indicadoras de colestase (FA e GGT) tendo a GGT maior sensibilidade no diagnóstico Hiperbilirrubinemia e bilirrubinúria • ULTRASSONOGRAFIA Hepatomegalia com aspecto heterogêneo de parênquima hepático Ecogenicidade hepática pode estar reduzida, se houver associação com lipidose hepática pode estar aumentada Ductos biliares espessados, distendidos e tortuosos Achados associados podem evidenciar alterações em parênquima pancreático, linfadenomegalia mesentérica, espessamento de parede intestinal, colelitíase e obstrução de vias biliares • DIAGNÓSTICO Achadosclínicos + intervenções médicas e cirúrgicas Citologia hepática → bactérias e neutrófilos (degenerados ou fagocitando microrganismos) Citologia da bile → neutrófilos e bactérias Citologia normal não exclui a possibilidade do animal ter colangite neutrofílica Cultura microbiana da bile → agentes mais comumente encontrados são: E. coli, Clostridium spp., Klebsiella spp., Bacteroides spp. e Staphylococcus spp. Biopsia hepática (histopatológico) → neutrófilos no interior dos ductos biliares • TRATAMENTO Antibiótico de amplo espectro e com boa penetração em tecidos hepáticos → amoxicilina com clavulanato, clindamicina e cefalexina, associados ao metronidazol Terapia suporte → ácido ursodesoxicólico, silimarina, S- adenosilmetionina, suplementação de vitaminas do complexo B e suporte enteral Fluidoterapia → pode haver necessidade de reposição eletrolítica • Chamada também de linfoplasmocítica • É denominada como colangite crônica ou não supurativa • É definida por inflamações das vias biliares, caracterizada por infiltração de pequenos linfócitos ao redor dos ductos biliares, podendo ou não penetrar no lúmen dos ductos acometidos ou invadir o epitélio biliar • Supõe-se que possui origem imunomediada e que pode ser decorrente a uma progressão da colangite linfocítica não tratada adequadamente • É uma doença que tem progressão lenta, acometendo primeiramente os ductos biliares maiores e com evolução do quadro que evolui para a árvore biliar • MANIFESTAÇÕES: Discretas e intermitentes, podendo ocorrer algumas vezes manifestações agudas Náuseas, vômitos intermitentes, episódios diarreicos esporádicos, perda de peso e apetite variável Cerca de 50% dos animais podem apresentar icterícia Podem apresentar hepatomegalia, linfadenomegalias mesentérica, torácica e periférico → quando inflamatório crônico • AVALIAÇÃO LABORATORIAL Aumento de ALT, AST e GGT Hiperbilirrubinemia Hipoalbuminemia Hiperproteinemia (acho mais frequente e consistente) Poiquilocitose Linfopenia Alterações no tempo de coagulação • ULTRASSOM Inflamação crônica das vias biliares Heterogeneidade de parênquima hepático Dilatação, espessamento e tortuosidade dos ductos biliares intra e extra- hepáticos Dilatação de ducto cístico Linfadenomegalia mesentérica e obstrução de vias biliares Alterações de órgãos adjacentes podem ser procuradas • DIAGNÓSTICO Biopsia hepática (histopatológico) → observação de padrão inflamatório não supurativo em áreas portais e periportais, podendo ocorrer hiperplasia e hipertrofia ductais e perda de arquitetura do ducto • TRATAMENTO Inicial → suporte hidroeletrolítico, suplementação de vitaminas hidrossolúveis, silimarina, ácido ursodesoxicólico, reposição de vitamina K Longo prazo → imunossupressão, sendo a prednisolona (2-4mg/kg) o fármaco de eleição Embora respondam bem ao tratamento, não há tratamento curativo → podem ocorrer recidivas • Associada a infecção por trematódeos das vias biliares • Platynosomum fastosum é o mais comum, localizado nos ductos biliares e vesícula biliar • O ciclo de vida do parasito inclui 3 hospedeiros intermediários: lesmas ingere o ovo no ambiente (formam esporocistos contendo cercárias ) → besouros ingerem os esporocistos com cercárias (produção de metacercárias) → as metacercárias são ingeridas normalmente por lagartixas, lagartos ou sapos • Gotos adquirem a infecção ao ingerir o hospedeiro intermediário infectado • A gravidade da doença depende da carga parasitária e do tempo de infecção • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS São variáveis podendo ou não ser sintomático Pode haver: icterícia hepática e pós-hepática, letargia, prostração, anorexia, vômito, diarreia, perda de peso, hepatomegalia, distensão abdominal e falência hepática • AVALIAÇÃO LABORATORIAL Hiperbilirrubinemia, hipoalbuminemia e aumento de enzimas hepáticas (FA, ALT, AST e GGT) Pode ocorrer eosinofilia • ULTRASSOM Tortuosidade e dilatação de ductos, vesícula biliar dilatada e com parede espessada e obstrução de ducto biliar comum • DIAGNÓSTICO Histórico clínico + manifestações clínicas + detecção de ovos + citologia da bile + histopatológico Coproparasitológico → não é muito sensível, pois a liberação de ovos é limitada e sua liberação intermitente Histopatológico → congestão portal difusa, degeneração de hepatócitos, dilatação de sinusóides hepáticos, infiltrado inflamatório polimorfonuclear e grande quantidade de células mononucleares ao redor dos ductos biliares • TRATAMENTO Praziquantel (20-30mg/kg VO a cada 12h por 5 dias)
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