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Maysa Veiga - UFPE A histamina é um mensageiro químico gerado principalmente nos mastócitos. Por meio de sistemas receptores múltiplos, ela medeia uma ampla quantidade de respostas celulares, incluindo as reações alérgicas e inflamatórias, a secreção de ácido gástrico e a neurotransmissão em algumas regiões do cérebro. A histamina não possui aplicações clínicas, mas os fármacos que interferem na sua ação (anti-histamínicos ou bloqueadores do receptor da histamina) têm importantes aplicações terapêuticas. A síntese e o armazenamento da histamina podem ser divididos em dois “reservatórios”: um reservatório de renovação lenta e um reservatório de renovação rápida. O reservatório de renovação lenta localiza-se nos mastócitos e basófilos. Nessas células inflamatórias, a histamina é armazenada em grandes grânulos, e a sua liberação envolve a desgranulação completa das células, visto que são necessárias várias semanas para a reposição das reservas de histamina após a ocorrência de desgranulação. O reservatório de renovação rápida localiza-se nas células ECL gástricas e nos neurônios histaminérgicos do SNC. Essas células sintetizam e liberam histamina quando esta se torna necessária para a secreção de ácido gástrico e a neurotransmissão, respectivamente. Ao contrário dos mastócitos e dos basófilos, as células ECL e os neurônios histaminérgicos não armazenam histamina. Na verdade, a síntese e a liberação de histamina nessas células dependem de estímulos fisiológicos. Por exemplo, no intestino, a histidina descarboxilase é ativada após a ingestão de alimento. A histamina possui um amplo espectro de ações, que envolvem numerosos órgãos e sistemas orgânicos. Esses efeitos incluem ações sobre o músculo liso, o endotélio vascular, as terminações nervosas aferentes, o coração, o trato gastrintestinal e o SNC. A histamina está presente em praticamente todos os tecidos, com quantidades significativas nos pulmões, na pele, nos vasos sanguíneos e no trato gastrintestinal. É encontrada em altas concentrações nos mastócitos e basófilos. No cérebro, a histamina funciona como neurotransmissor. Ela também ocorre como componente de venenos e nas secreções de picadas de insetos. Na maioria das vezes, a histamina é apenas um de vários mediadores Maysa Veiga - UFPE químicos liberados em resposta ao estímulo. O estímulo para liberação de histamina nos tecidos pode incluir a destruição das células como resultado de frio, de toxinas de organismos, de venenos de insetos e aranhas e de traumas. As alergias e anafilaxias também podem desencadear a liberação significativa de histamina. As ações da histamina são mediadas pela sua ligação a quatro subtipos de receptores: H1, H2, H3 e H4. Todos os quatro subtipos consistem em receptores acoplados à proteína G, que atravessam sete vezes a membrana. Os receptores H1 e H2 são amplamente expressados e são alvos de fármacos com utilidade clínica. A histamina tem um amplo espectro de efeitos farmacológicos mediados pelos receptores H1 e H2. Por exemplo, os receptores H1 são importantes na produção de contração da musculatura lisa e no aumento da permeabilidade dos capilares. A histamina promove vasodilatação dos pequenos vasos sanguíneos devido à liberação de óxido nítrico pelo endotélio vascular. Além disso, a histamina pode aumentar a secreção de citocinas pró- inflamatórias em vários tipos de células e em tecidos locais. Os receptores H1 medeiam vários processos patológicos, incluindo rinite alérgica, dermatite atópica, conjuntivite, urticária, broncoconstrição, asma e anafilaxia. A histamina ainda estimula as células parietais do estômago, causando aumento na secreção ácida pela ativação de receptores H2. • H1: são expressos primariamente nas células endoteliais vasculares e nas células musculares lisas. Esses receptores medeiam reações inflamatórias e alérgicas. As respostas teciduais específicas à estimulação dos receptores H1 incluem: 1) edema 2) broncoconstrição 3) sensibilização das terminações nervosas aferentes primárias. Os receptores H1 também são expressos em neurônios histaminérgicos pré- sinápticos no núcleo túbero-mamilar do hipotálamo, onde atuam como auto- receptores para inibir a liberação adicional de histamina. Esses neurônios podem estar envolvidos no controle dos ritmos circadianos e no estado de vigília Maysa Veiga - UFPE • H2: consiste em mediar a secreção de ácido gástrico no estômago. Esse subtipo de receptor é expresso nas células parietais da mucosa gástrica, onde a histamina atua de modo sinérgico com a gastrina e a acetilcolina, regulando a secreção ácida. Os receptores H2 também são expressos nas células musculares cardíacas, em algumas células imunológicas e em certos neurônios pré- sinápticos. • H3: parecem exercer uma inibição por retroalimentação em certos efeitos da histamina. Os receptores H3 foram localizados em vários tipos celulares, incluindo neurônios histaminérgicos pré- sinápticos no SNC e células ECL no estômago. Nas terminações nervosas pré- sinápticas, os receptores H3 ativados suprimem a descarga neuronal e a liberação de histamina. Os receptores H3 também parecem limitar as ações histaminérgicas na mucosa gástrica e no músculo liso brônquico • H4: são encontrados em células de origem hematopoiéticas, principalmente em mastócitos, eosinófilos e basófilos. Os receptores H4 compartilham com os receptores H3 uma homologia de 40% e ligam-se a numerosos agonistas dos receptores H3, embora com menor afinidade. Acredita-se que eles desempenham um importante papel na inflamação; foi constatado que a ativação dos receptores H4 medeia a quimiotaxia dos mastócitos induzida pela histamina, bem como a produção de leucotrieno B4. Estão sendo desenvolvidos antagonistas dos receptores H4 para o tratamento de doenças inflamatórias que envolvem mastócitos e eosinófilos. Maysa Veiga - UFPE A histamina é um mediador essencial das respostas imunes e inflamatórias. A histamina desempenha papel proeminente na reação de hipersensibilidade mediada por IgE, também conhecida como reação alérgica. A histamina liberada pelos mastócitos e basófilos liga-se a receptores H1 sobre as células musculares lisas vasculares e as células endoteliais vasculares. A ativação desses receptores aumenta o fluxo sanguíneo local e a permeabilidade vascular. Esse processo completa o estágio inicial da resposta inflamatória. A inflamação prolongada requer a atividade de outras células imunes. A vasodilatação local induzida pela histamina propicia um maior acesso dessas células imunes à área lesada, enquanto o aumento da permeabilidade vascular facilita o movimento das células imunes para o tecido. A desgranulação dos mastócitos também pode ocorrer como resposta à lesão tecidual local, na ausência de uma resposta imune humoral. A liberação de histamina permite um maior acesso dos macrófagos e de outras células imunes, que começam o processo de reparo da área lesada. A reação de hipersensibilidade mediada pela IgE é responsável pelo desenvolvimento de certos distúrbios inflamatórios, incluindo rinite alérgica e urticária aguda. Nesse local, o alérgeno entra em contato com mastócitos previamente sensibilizados e efetua uma ligação cruzada dos complexos IgE/receptor Fc na superfície do mastócito. Em consequência, o mastócito sofre desgranulação e libera histamina, que se liga a receptores H1 presentes na mucosa nasal e tecidos locais. A estimulação dos receptores H1 provoca dilatação dos vasos sanguíneos e aumento da permeabilidade vascular, resultando em edema. Essa tumefação da mucosa nasal é responsável pela congestão nasal que ocorre na rinite alérgica. O prurido,os espirros, a rinorréia e o lacrimejamento que acompanham o processo resultam da ação combinada da histamina e de outros mediadores inflamatórios, incluindo cininas, prostaglandinas e leucotrienos. Essas moléculas desencadeiam a hipersecreção e irritação que caracterizam a rinite alérgica. Ocorre também ativação dos mastócitos na urticária aguda. Nessa afecção, um alérgeno, como a penicilina, penetra no organismo através de ingestão ou por via parenteral e alcança a pele através da circulação. A liberação de histamina resulta em uma resposta de pápula e eritema disseminada, criando placas pruriginosas, eritematosas e edematosas na pele. Mastócitos → 30min → Fase imediata Basófilos e cia → 4 à 6h → Fase tardia A desgranulação de mastócitos sistêmicos pode causar uma condição potencialmente fatal, conhecida como anafilaxia. Tipicamente, o choque anafilático é desencadeado em um indivíduo previamente sensibilizado por uma reação de hipersensibilidade a uma picada de inseto, a um antibiótico, como a penicilina, ou a ingestão de certos alimentos altamente alergênicos (por exemplo, nozes). Um alérgeno de distribuição sistêmica, como, por exemplo, através de injeção intravenosa ou absorção da circulação, pode estimular os mastócitos e basófilos a liberar histamina em todo o corpo. A consequente vasodilatação sistêmica provoca uma redução maciça da pressão arterial; a hipotensão também resulta do acúmulo sistêmico de líquido, devido ao extravasamento de plasma no interstício. A liberação maciça de histamina também provoca broncoconstrição grave e edema da epiglote. Esse estado de choque anafilático pode ser letal em questão de minutos se não for rapidamente tratado pela administração de epinefrina. Impedem a desgranulação dos mastócitos induzida pela ligação de um antígeno Maysa Veiga - UFPE ao complexo IgE/receptor Fc nos mastócitos. O cromolin e o nedocromil utilizam essa estratégia para evitar as crises de asma, rinite alérgica e conjuntivite alérgica. Esses compostos interrompem a corrente de cloreto através das membranas dos mastócitos, que constitui uma etapa essencial no processo de desgranulação. É um fármaco capaz de neutralizar funcionalmente os efeitos da histamina. O uso da epinefrina no tratamento da anafilaxia fornece um exemplo dessa abordagem. A epinefrina, que é um agonista adrenérgico, induz broncodilatação e vasoconstrição; essas ações anulam a broncoconstrição, a vasodilatação e a hipotensão causadas pela histamina no choque anafilático. Possui efeito cronotrópico e ionotrópico positivos por agirem em B1 causando o aumento da pressão arterial. Causam vasoconstrição pelo seu efeito alfa-1 por meio da proteína Gq. Vasoconstrição das mucosas pelo seu efeito em alfa-1. Poderosa ação broncodilatadora por meio de B2 pela proteína Gs e por B2 diminuindo a liberação de histamina pelos mastócitos. É conhecido como Antagonista Fisiológico da histamina. São bloqueadores dos receptores H1 clássicos, assumindo o papel de antagonistas da histamina. Os bloqueadores dos receptores H1 podem ser divididos em primeira e segunda geração. Os fármacos de primeira geração, mais antigos, ainda são amplamente utilizados, já que são eficazes e baratos. Entretanto, a maioria deles entra no sistema nervoso central (SNC), causando sedação. Além disso, eles tendem a interagir com outros receptores, produzindo uma variedade de efeitos indesejados. Em contraste, os de segunda geração são específicos para os receptores periféricos H1. Como eles são tornados polares principalmente pela adição de grupos carboxila (p. ex., cetirizina é o derivado carboxilado da hidroxizina), os de segunda geração não atravessam a barreira hematencefálica porque são ionizados no sangue causando um ganho de carga, causando menos depressão do SNC do que os de primeira geração. Entre esses fármacos, a desloratadina, a fexofenadina e a loratadina produzem a menor sedação. Cetirizina e levocetirizina são de segunda geração e parcialmente sedantes. A histamina atua como agonista para a conformação ativa do receptor H1 e desvia o equilíbrio para o estado ativo do receptor. Em comparação, os anti-histamínicos são agonistas inversos. Os agonistas inversos ligam-se preferencialmente à conformação inativa do receptor H1 e desviam o equilíbrio para o estado inativo. Por conseguinte, mesmo na ausência de histamina endógena, os agonistas inversos reduzem a atividade constitutiva do receptor. Ações A maioria desses fármacos não influi na formação ou na liberação da histamina. Em vez disso, eles bloqueiam a resposta mediada pelo receptor no tecido alvo. Eles são muito mais eficazes em prevenir os sintomas do que em revertê-los depois de desencadeados. Contudo, a Maysa Veiga - UFPE maioria desses fármacos tem efeitos adicionais não relacionados com o bloqueio H1. Esses efeitos refletem a ligação dos antagonistas H1 a receptores colinérgicos, adrenérgicos ou serotoninérgicos. Por exemplo, a ciproeptadina atua também como antagonista da serotonina no centro do apetite e, algumas vezes, é usada extrabula como estimulante de apetite ou para tratar anorgasmia associada com uso de inibidores seletivos da captação de serotonina. Anti-histamínicos como azelastina e cetotifeno também têm efeito estabilizador de mastócitos, além do efeito bloqueador do receptor de histamina. Uso terapêutico Condições alérgicas e inflamatórias: os bloqueadores H1 são úteis no tratamento e na prevenção de reações alérgicas causadas por antígenos que agem nos anticorpos imunoglobulina E. Por exemplo, os anti-histamínicos orais são os fármacos de escolha para o controle dos sintomas da rinite alérgica e urticária, pois a histamina é o principal mediador liberado pelos mastócitos. Anti-histamínicos oftálmicos, como azelastina, olopatadina, cetotifeno e outros, são úteis no tratamento da conjuntivite alérgica. No entanto, os bloqueadores H1 não são indicados no tratamento da asma brônquica, pois a histamina é apenas um dos diversos mediadores que são responsáveis por causar reações bronquiais. (Nota: a epinefrina tem ações sobre a musculatura lisa opostas às da histamina. Ela atua via receptores β2 no músculo liso, causando relaxamento mediado por monofosfato cíclico de adenosina (AMPc). Assim, a epinefrina é o fármaco de escolha no tratamento da anafilaxia sistêmica e das outras condições que envolvem a liberação maciça de histamina.) Enjoo e Cinetose: como o antimuscarínico escopolamina, certos bloqueadores dos receptores H1, como difenidramina, dimenidrinato (dramin), ciclizina, meclizina e prometazina (fenergan), são os fármacos mais eficazes na prevenção dos sintomas da doença do movimento. Em geral, não são eficazes se os sintomas já estão presentes e, por isso, devem ser tomados antes da viagem esperada. Os anti- histamínicos evitam ou reduzem a êmese e a náusea mediadas pelas duas vias, quimiorreceptora e vestibular. A ação antiemética desses fármacos parece ser devida ao bloqueio central de receptores H1 e muscarínicos M1. A meclizina é útil também para o tratamento de vertigens associadas com distúrbios vestibulares. Soníferos: embora não sejam os fármacos de escolha, vários anti-histamínicos de primeira geração, como a difenidramina e a doxilamina, têm acentuada propriedade sedativa, sendo usados no tratamento da insônia. Esses fármacos estão disponíveis em preparações de venda livre. O emprego dos anti-histamínicos H1 de primeira geração é contraindicada para indivíduos cuja atividade profissional exija atenção máxima. A segunda geração de anti-histamínicos não tem efeito sonífero. Farmacocinética Os bloqueadores dos receptores H1 são bem absorvidos após administração oral, alcançandonível sérico máximo de 1 a 2 horas. A meia-vida plasmática média é de 4 a 6 horas, exceto para a meclizina e os fármacos de segunda geração, que é de 12 a 24 horas. Os bloqueadores H1 de primeira geração são distribuídos em todos os tecidos, inclusive no SNC. Todos os anti-histamínicos H1 de primeira geração e alguns de segunda geração, como desloratadina e loratadina, são biotransformados pelo sistema CYP450 hepático, a diferença entre elas é que a loratadina é um pró-fármaco, ou seja, precisa ser ativado. A levocetirizina é o enantiômero ativo da cetirizina. Cetirizina e levocetirizina são excretadas quase totalmente inalteradas na urina, e a fexofenadina é excretada nas fezes também quase totalmente inalterada. Após uma dose oral simples, o início da ação ocorre dentro de 1 a 3 horas. A duração de ação de muitos anti- histamínicos H1 de uso oral é de 24 horas, permitindo a dosificação única diária. Azelastina, olopatadina, cetotifeno, alcaftadina, bepotastina e emedastina estão disponíveis em formulações oftálmicas que permitem aplicação Maysa Veiga - UFPE mais precisa. Azelastina e olopatadina têm também formulações intranasais. Efeitos Adversos Sedação: os anti-histamínicos H1 de primeira geração, como clorfeniramina, difenidramina, hidroxizina e prometazina, ligam-se aos receptores H1 e bloqueiam os efeitos do neurotransmissor histamina no SNC. A reação adversa mais frequente é a sedação. A difenidramina pode causar hiperatividade paradoxal em crianças pequenas. Outras ações centrais incluem fadiga, tontura, falta de coordenação e tremores. A sedação é menos comum com os fármacos de segunda geração, uma vez que não entram facilmente no SNC. Os anti-histamínicos H1 de segunda geração são específicos para os receptores H1 periféricos. Outros efeitos: os anti-histamínicos de primeira geração também exercem efeitos anticolinérgicos, levando não apenas à secura da passagem nasal, mas também a uma tendência à secura da cavidade bucal. Eles também causam visão turva e retenção de urina. A reação adversa mais comum associada com os anti-histamínicos de segunda geração é a cefaleia. Formulações tópicas de difenidramina podem causar reações de hipersensibilidade, como dermatite de contato, quando aplicadas na pele. Interações farmacológicas: a interação dos bloqueadores H1 com outros fármacos pode ter consequências graves, como a potencialização dos efeitos de todos os outros depressores do SNC, incluindo o álcool. Pacientes que utilizam inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) não devem utilizar anti-histamínicos, pois os IMAOs podem exacerbar os efeitos anticolinérgicos dos anti-histamínicos. Além disso, os anti- histamínicos de primeira geração (difenidramina e outros) com ação anticolinérgica (antimuscarínica) podem diminuir a eficácia dos inibidores da colinesterase (donepezila, rivastigmina e galantamina) no tratamento da doença de Alzheimer. Superdosagem: embora a margem de segurança dos bloqueadores dos receptores H1 seja relativamente alta e a toxicidade crônica seja rara, o envenenamento agudo é relativamente comum, especialmente em crianças. Os efeitos mais comuns e perigosos do envenenamento agudo são os do SNC, incluindo alucinações, excitação, ataxia e convulsões. Se não for tratado, o paciente pode entrar em coma profundo e apresentar colapso cardiorrespiratório. Maysa Veiga - UFPE A secreção gástrica é estimulada por acetilcolina (ACh), histamina e gastrina. As ligações de ACh, histamina ou gastrina com seus receptores resulta na ativação de proteinocinases, que, por sua vez, estimulam a bomba de prótons H+ /K+ -adenosina trifosfatase (ATPase) a secretar íons hidrogênio em troca de K+ para o lúmen do estômago. Bloqueando competitivamente a ligação da histamina aos receptores H2, esses fármacos reduzem a secreção do ácido gástrico. Os quatro fármacos usados nos EUA – cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina – inibem de modo potente (mais de 90%) a secreção gástrica ácida noturna, a estimulada por alimento e a basal. A cimetidina foi o primeiro antagonista do receptor H2 da histamina. Todavia, sua utilidade é limitada por seus efeitos adversos e suas interações medicamentosas. Ações Os antagonistas de receptor H2 da histamina atuam seletivamente nos receptores H2 do estômago, mas não têm efeito nos receptores H1. Eles são antagonistas competitivos da histamina e totalmente reversíveis. Usos terapêuticos O uso desses fármacos diminuiu com o advento dos IBPs. Úlceras pépticas: os quatro fármacos são igualmente eficazes para a cicatrização das úlceras gástricas e duodenais. Contudo, a recorrência é comum se houver presença de H. pylori, e o paciente for tratado somente com esses fármacos. Os pacientes com úlceras induzidas por AINEs devem ser tratados com IBPs, pois esses fármacos curam e previnem úlceras futuras de modo mais efetivo do que os antagonistas H2. Úlceras de estresse agudo: os anti-histamínicos H2 são usados normalmente por infusão intravenosa (IV) para prevenir e lidar com úlceras de estresse agudo associadas com pacientes de alto risco nas unidades de tratamento intensivo. Entretanto, como pode ocorrer tolerância com esses fármacos, o uso dos IBPs também vem avançando nessa indicação. DRGE: doses baixas de antagonistas H2, atualmente disponíveis em medicamentos de venda livre, parecem eficazes na prevenção e no tratamento da queimação (DRGE) somente em cerca de 50% dos pacientes. Os antagonistas H2 atuam somente no controle da secreção ácida. Por isso, eles não aliviam os sintomas por, pelo Maysa Veiga - UFPE menos, 45 minutos. Os antiácidos neutralizam de forma mais rápida e eficaz o ácido gástrico, mas sua ação é temporária. Por essa razão, os IBPs são preferidos atualmente no tratamento da DRGE, especialmente em pacientes com azia grave. Farmacocinética Após administração oral, os antagonistas H2 se distribuem amplamente pelo organismo (incluindo o leite materno e por meio da placenta) e são excretados principalmente na urina. Cimetidina, ranitidina e famotidina também estão disponíveis em formulações IV. A meia-vida de todos esses fármacos pode aumentar em pacientes com disfunção renal, e é preciso ajustar a dosagem. Efeitos Adversos Em geral, os antagonistas H2 são bem tolerados. A cimetidina tem efeitos endócrinos porque atua como um antiandrogênico não esteroidal. Os efeitos incluem ginecomastia e galactorreia (liberação ou ejeção contínua de leite). Os demais não produzem os efeitos antiandrogênicos nem estimulantes de prolactina da cimetidina. Outros efeitos no sistema nervoso central (SNC), como confusão e alterações mentais, ocorrem primariamente em pacientes idosos ou após administração IV. A cimetidina inibe várias isoenzimas CYP450 e pode interferir na biotransformação de vários outros fármacos, como varfarina, fenitoína e clopidogrel. Todos os antagonistas H2 podem reduzir a eficácia de fármacos que exigem um ambiente ácido para absorção, como o cetoconazol. Esses fármacos também causam Tolerância medicamentosa, onde é necessária uma dosagem maior para ter o mesmo efeito.