Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
- Fabiana Bilmayer I Pneumologia ASMA Introdução Na asma ocorrem episódios de obstrução REVERSÍVEL ao fluxo expiratório, os quais variam em sua frequência e intensidade de forma espontânea ou em resposta ao tratamento, justificando manifestações clínicas como: ‘’DISPTOSI’’ = dispneia + tosse + sibilos + sensação de aperto no peito. - Os pacientes podem ser completamente assintomáticos nos intervalos entre as crises ou podem apresentar sintomas residuais contínuos. - Tosse seca (pela manhã e noite) - Sibilos: passagem do ar pela via estreita na expiração A asma é caracterizada por um tipo especial de inflamação crônica nas vias aéreas inferiores, de etiologia desconhecida, que predispõe a surtos de broncoespasmo reversível, acompanhados de manifestações clínicas estereotipadas (dispneia, tosse, sibilos e aperto no peito). Na ausência de tratamento adequado, pode ocorrer remodelamento brônquico levando à perda irreversível da função pulmonar. Conceito importante É importante entender que existe INFLAMAÇÃO CRÔNICA nas vias aéreas inferiores, mesmo quando o paciente encontra-se assintomático. - A hipersensibilidade a diferentes tipos de estímulos gera inflamação, o que desencadeia o BRONCOESPASMO. - O processo inflamatório acontece predominantemente nos brônquios de médio e pequeno calibre, MAS SEM ATINGIR OS ALVÉOLOS. Ou seja, não afeta o parênquima pulmonar propriamente dito. Nos pacientes que não recebem tratamento adequado, a persistência desse processo inflamatório crônico e da resposta regenerativa que o acompanha leva ao fenômeno de REMODELAMENTO BRÔNQUICO, que resulta em alterações estruturais IRREVERSÍVEIS (estreitamento luminal por fibrose, hipertrofia, hiperplasia da camada muscular e das glândulas submucosas, que passam a hipersecretar muco). Nesses casos, se estabelece componente de obstrução FIXA, ao fluxo aéreo, tal como na DPOC e o prognóstico dos pacientes piora significativamente. Epidemiologia Doença crônica muito comum: afeta de 1 - 18% da população em diferentes países. No Brasil, aproximadamente 20 milhões de pessoas têm asma. ● Atopia = asma alérgica: os principais deflagradores de sintomas nesses pacientes são aeroalérgenos oriundos de ácaros encontrados na poeira domiciliar (pólens de plantas, pelos de animais cães e gatos) ● O pico de incidência se dá aos 3 anos de vida. ● Na infância a asma é mais frequente em meninos e na vida adulta se iguala entre os sexos. Fenótipos asmáticos 1) Asma alérgica - extrínseca 80% dos casos. Geralmente se inicia na infância em pacientes com história pessoal ou familiar de atopia (eczema, rinite, alergia a alimentos ou medicamentos). A via aérea é infiltrada por EOSINÓFILOS e a resposta ao corticóide INALATÓRIO costuma ser excelente. 2) Asma não alérgica - intrínseca Tem início tardio (adultos, principalmente mulheres) e não está associada à atopia. A infiltração da via aérea pode ser por NEUTRÓFILOS, eosinófilos ou mesmo ter poucas celularidade (pauci granulocítica). A resposta ao corticóide inalatório costuma ser menor. 3) Asma com obstrução aérea fixa 4) Asma relacionada à obesidade Fatores desencadeantes de broncoespasmo em asmáticos ● Infecções virais* - principal fator!!! As células da mucosa respiratória dos asmáticos secretam menos interferon, o que as torna mais suscetíveis às infecções virais. Isso desencadeia a resposta broncoconstritora. Acredita-se que as IVAS representam a principal etiologia da crise asmática. ● Alérgenos ● Mudança de temperatura e clima ● Fármaco - betabloqueadores e AAS pioram a asma Betabloqueadores (metoprolol, atenolol, propranolol): é broncodilatador no sistema adrenérgico e broncoconstritor no sistema colinérgico. - E os IECAS?? Apesar de aumentarem o nível de bradicinina (substância broncoconstritora), NÃO costumam desencadear crises de asma. A tosse por IECA, não é mais frequente em asmáticos do que em outros pacientes. AAS Mecanismo desconhecido. ATENÇÃO: betabloqueadores, AAS e AINES não têm contraindicação ABSOLUTA em todos os asmáticos. Patologia Infiltração da mucosa por linfócitos Th2, eosinófilos e mastócitos. - A intensidade da infiltração celular NÃO possui relação com a gravidade da doença. Fisiopatologia ● Obstrução variável na fase EXPIRATÓRIA ● Aprisionamento de ar + hiperinsuflação ● O parâmetro espirométrico mais afetado é o VEF1. ● A relação VEF1/CVF (índice de Ti�eneau) se reduz, atingindo a faixa dos distúrbios OBSTRUTIVOS da ventilação - menor que 0,75 em adultos e menor que 0,90 em crianças Avaliação da asma Nas últimas 4 semanas: 1. Sintomas diurnos mais de 2x por semana? 2. Algum despertar noturno por causa da asma? 3. Necessidade de medicação de resgate mais que 2x na semana? 4. Alguma limitação das atividades por causa da asma? Classificação ● Asma controlada: nenhuma resposta positiva ● Asma parcialmente controlada: 1 - 2 respostas positivas ● Asma não controlada: 3 - 4 respostas positivas Para avaliar o risco de eventos adversos futuros: é necessário a espirometria. A gravidade da asma é definida pela INTENSIDADE do tratamento necessário para manter a doença sob controle. - Avaliar sempre a técnica de utilização do inalador: responsável por 80-90% dos casos de mau controle da doença DIRETRIZES DO GINA ● Menores de 6 anos: não conseguem colaborar para realizar a prova de função pulmonar. O diagnóstico é baseado na clínica. Avaliar a PROBABILIDADE de ter asma. Clínica POUCOS TÊM ASMA: - Sintomas > 10 dias associados a IVAS - 2 - 3 episódios ano - Assintomático entre os períodos ALGUNS TÊM ASMA - Sintomas > 10 dias associados a IVAS - > 3 episódios ano, severos, que piora à noite - Sintomático entre os períodos A MAIORIA TÊM ASMA - Sintomas > 10 dias associados a IVAS - > 3 episódios ano, severos, que piora à noite - Sintomático quando brinca ou dá risada - Sensibilização alérgica ● Entre 6 - 12 anos: é CAPAZ de fazer prova de função pulmonar (espirometria) O diagnóstico é espirométrico. Prova broncodilatadora. O PFE (pico de fluxo expiratório) é uma ferramenta complementar. ESPIROMETRIA Medicações de controle - Corticóide inalatório - SABA (medicação de alívio) - beta2 agonista de curta ação (fenoterol, salbutamol e terbutalina) - LABA - beta2 agonista de longa ação (SEMPRE USADO COM CORTICÓIDE - NÃO EXISTE USAR ELE DE MANEIRA ISOLADA) - Terapia MART (budesonida + formoterol) - apenas para crianças > 6 anos / ETAPA 3 - Outras: antileucotrieno, tiotrópio. - Não se utiliza o LABA em menores de 6 anos. Exacerbação 1. Classificar a gravidade da crise de exacerbação - leve/moderada ou grave 2. Medicações: SABA (salbutamol): faz dilatação dos brônquios mas não tem ação anti inflamatória Brometo de ipratrópio: é um anticolinérgico (excelente eficácia na primeira hora) Corticóide: VO* ou EV (apenas se criança torporosa) Sulfato de magnésio: relaxa musculatura brônquica, infusão deve ser LENTA, monitorização Não se utiliza AMINOFILINA (proscrita) Conduta na exacerbação GRAVE: - Máscara de oxigênio para alcançar saturação de 94/98%, salbutamol 6 pu�s, considerar brometo de ipratrópio (de 10 a 20 gotas) e corticóide oral ou EV (ou seja, corticóide SISTÊMICO) Suporte ventilatório Preferência pelos não invasivos: - Catéter de alto fluxo - Catéter nasal - Máscara de Venturi Resolvendo questões ● O tórax silencioso é sinal de gravidade pois o fluxo é tão baixo que nem é capaz de produzir ruído. ● A síndrome da adução paradoxal pode causar sintomas similares e confundir o diagnóstico de asma. ● Corticóides mesmo inalatórios em altas doses podem ter absorção sistêmica e aumentar o risco de osteoporose. ● São fatores de risco para asma fatal: indicadores de doença grave como aqueles em que foi necessário a utilização de ventilação mecânica ou IOT, mais de uma hospitalização no último ano, alergia alimentar ou uso de drogas ilícitas. ● Os sintomas pioram à noite e pela manhã porque são os horários que o cortisol está baixo e ele é um hormônio com ação anti-inflamatória. ● Crise asmática na emergência - Iniciar beta 2 agonista decurta ação é o SABA (salbutamol ou fenoterol ou terbutalina) (aerolin, berotec ou terbutalina) ● O achado de roncos e sibilos ainda é menos grave que o silêncio da ausculta ● Nos pacientes com asma, os níveis séricos de IgE estão frequentemente aumentados, sugerindo ativação crônica da imunidade HUMORAL. ● Esternutação: espirros Dúvidas 1. Perguntar sobre adução paradoxal.
Compartilhar