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Beatriz Gonçalves Luciano – Med 52 Uncisal Semiologia Psiquiátrica ENTREVISTAS INICIAIS: Evitar Adotar - Posturas rígidas e estereotipadas; - Atitude excessivamente neutra ou fria; - Reações exageradamente emotivas ou calorosas; - Comentários valorativos ou emitir pena ou compaixão; - Fazer muitas anotações durante a entrevista. - Atitude flexível, adequada a personalidade do doente; - Atitude receptiva e calorosa e, ao mesmo tempo, discreta. - Criação de um clima de confiança; - Serenidade e firmeza diante de um paciente agressivo ou muito hostil (responder sempre em voz mais baixa que o doente). Anamnese IDENTIFICAÇÃO: Deve-se conter os seguintes dados: • Nome do examinador, data e local da entrevista. • Nome do paciente, sexo, idade ou data de nascimento, nome dos pais, etnia. • Estado civil, número de filhos. • Escolaridade (anos de escola com sucesso). [Se for o caso, registrar se apenas assina o nome]. • Quem acompanha o doente e qual instituição o encaminha. • Procedência/endereço (anotar o número de telefone, se houver). Há quantos anos mora na atual residência. • Naturalidade. • Profissão e ocupação atual. • Religião (se evangélico, especificar a denominação). QUEIXA PRINCIPAL: Deve ser escrita com as palavras do paciente e sob a perspectiva dele. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: Deve-se descrever objetivamente os sinais e sintomas desde o início do último episódio até o presente momento. • Procurar seguir a evolução cronológica dos sintomas e sua ordem de aparecimento. • Quais tratamentos foram realizados e quais as respostas aos mesmos. • Anotar médicos e serviços consultados, remédios tomados, duração de seu uso e hipótese acerca das causas e seus eventuais fracassos. INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO: Neste instante, deve-se fazer o interrogatório sintomatológico de acordo com as regras clássicas da anamnese. ANTECEDENTES MÓRBIDOS E PESSOAIS: • Condições de gestação e parto: se houve doença infecciosa durante a gravidez; se foi a termo ou prematuro; se teve cianose ao nascer. • Desenvolvimento psicomotor na primeira infância: se aprendeu a falar, a andar e a controlar os esfíncteres nas idades habituais; se apresentou sonambulismo ou tinha pesadelos frequentes. • Em paciente do sexo feminino: idade da menarca, condições habituais das menstruações, sintomas pré- menstruais, se já teve a última mensturação (menopausa); idade do casamento, número total de gestações, partos, abortos, filhos vivos e respectivo estado de saúde. • Doenças típicas da infância: e demais doenças infecciosas e parasitárias, como, sarampo catapora, parotidite, difteria, asma, disenterias, febre tifoide, hepatite infecciosa, malária, coqueluche. • Doenças venéreas: gonorreia, cancro duro, sífilis, aids. • TCE grave com perda prolongada da consciência: registrar idade da ocorrência e o período de inconsciência. • Convulsões e intervenções cirúrgicas em geral • Doenças graves, prolongadas e invalidantes: tuberculose pulmonar, cardiopatias, poliomielite, etc. • Tentativas de suicídio: forma e número. Obs: Se as tentativas de suicídio tiverem na HDA, é nela que devem ser detalhadas. • Brigas e agressões. Problemas legais, problemas com a polícia. • Hábitos tóxicos: fumo álcool, uso de benzodiazepínicos, anfetaminas, maconha crack, drogas injetáveis, cola, etc. ANTECEDENTES FAMILIARES: • Sobre os progenitores: se ainda estão vivos, se gozam de boa saúde ou sofrem de alguma doença. Se mortos, Beatriz Gonçalves Luciano – Med 52 Uncisal qual a causa da morte. Quais os respectivos traços de personalidade dos pais. • Entre os antecedentes: se avós, colaterais, irmãos, primos, tios, etc., tiveram algum caso de nervosismo, retardo mental, loucura, ataques, uso imoderado de bebidas alcoólicas, conduta antissocial ou criminosa e suicídios. ANTECEDENTES SOCIAIS, CURVA DE VIDA – PERSONALIDADE PRÉ-MÓRBIDA • Condições sociais e psicológicas da vida infantil: quantos filhos houve na união dos pais e qual a sua posição na ordem dos irmãos; situação jurídica, social e econômica da família; relações afetivas e atividades dos pais, grau de harmonia dos progenitores, atitudes de predileção ou rejeição em relação aos filhos, castigos físicos; traços do temperamento quando criança, relação com os adultos e demais crianças, tiques, gagueira, roer unhas, crises de birra, etc. • Escolaridade: idade da alfabetização, tempo que frequentou a escola e série atingida, idade em que foi concluído e respectivo aproveitamento. • Vida profissional: idade em que começou a trabalhar regularmente, empregos sucessivos, situação atual, aposentadoria por invalidez (especificar se a causa foi o transtorno mental). • Vida religiosa: explorar o que foi citado na identificação, como por exemplo, a frequência que visita a igreja. • Psicossexualidade e vida sentimental: especificar os relacionamentos, frustrações e desenganos amorosos, idade em que começou a namorar, etc. • Padrões de ajustamento anterior à doença: traços de personalidade, hábitos sociais e situação econômica antes da doença (e se mudaram). EXAME FÍSICO GERAL: Registrar ectoscopia, bem como, as especificidades dos diversos aparelhos – circulatório, respiratório, digestivo, endócrino. Exame Mental O exame mental se baseia no estudo da psicopatologia descritiva. Esta se divide em observacional – exemplificada pela conduta explícita do paciente – e fenomenológica, que estuda a causa ou função dos eventos psicológicos ou físicos – vistas pelo estudo das funções psíquicas. CONDUTA EXPLÍCITA: Nesta parte, deve-se descrever, da maneira mais objetiva possível, o exame somático e as atitudes do paciente durante a entrevista. Atentar para os seguintes tópicos: • Reação ao convite para a entrevista; • Atitude geral: amigável, cooperativa, indiferente, negativista, perplexa, desconfiada, de devaneio. • Postura geral: ativa ou passiva. • Roupas e acessórios segundo os quadros clínicos: o Anorexia nervosa: roupas largadas e escuras o Demência: roupas e higiene descuidadas o Depressão: roupas desalinhadas ou sujas, cabelos o despenteados, higiene descuidada, roupas escuras o Esquizofrenia: roupas e higiene descuidadas e sujas; acessórios bizarros; desorganização comportamental o Histeria e mania: roupas chamativas, roupas impróprias para a ocasião, muita maquiagem, perfume em excesso. o Personalidade Boderline: roupas extravagantes, muitos piercings, marcas no corpo (suicídio), tatuagens em excesso e cabelo colorido o Transtorno obsessivo compulsivo e personalidade obsessiva: roupas e acessórios muito certinhos. • Atitudes globais: afetada, arrogante, amaneirada, confusa, deprimida, desconfiada, desinibida, dissimuladora, dramática ou teatral, evasiva, esquiva, excitada, expansiva, gliscróide, hostil ou beligerante, indiferente, inibida ou contida, lamuriosa ou queixosa, manipuladora, não-cooperante, oposicionista ou perplexa, querelante, reivindicativa, sedutora, simuladora e submissa. • Aspecto corporal: global, fácies, olhar, olhos, cabelos, pelos faciais, unhas, dentes, odor, movimentos, posturas e gestos. Funções Psíquicas CONSCIÊNCIA VIGIL Existem três definições para consciência, são elas: Neuropsicológica: é o estado de estar desperto, acordado, vígil. Psicológica: é a soma total das experiências conscientes de um indivíduo até determinado momento. Ético filosófica: é a capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir as responsabilidades e os direitos. Beatriz Gonçalves Luciano – Med 52 Uncisal Alterações Quantitativas da Consciência a) Obnubilação: diminuição do grau de clareza do sensório, com dificuldade de compreensão, lentidão, perplexo.b) Sopor: paciente evidentemente sonolento, incapaz de qualquer ação espontânea. c) Coma: não é possível qualquer atividade voluntária consciente, independente do estímulo. Alterações Qualitativas da Consciência a) Estados crepusculares: quando há uma obnubilação da consciência transitória, acompanhada de uma preservação da atividade motora coordenada. É comum uma amnésia lacunar do episódio inteiro. → Ocorre nas epilepsias, pós TCE, intoxicações por álcool e outras substâncias, quadros dissociativos orgânicos e choques emocionais intensos. b) Dissociação da consciência: perda da unidade psíquica comum do ser humano e de sua interação com ambiente, ou seja, há um distanciamento da realidade, a pessoa fica aérea, dispersa lentificada. Duram de minutos a horas. → Transtornos dissociativos e quadros de ansiedade intensa. c) Transe: presença de atividade motora automática e estereotipada, acompanhada da suspensão dos movimentos voluntários. → Não confundir transe religioso com transe histérico. d) Experiência de quase morte (EQM): sensação de paz e tranquilidade intensa, vivência rápida de tudo o que aconteceu na vida e/ou sensação de um espírito pleno de amor diante de situações críticas de ameaça grave à vida. ATENÇÃO Trata-se da direção da consciência, ou seja, do estado de concentração da atividade mental. Nesse sentido, a atenção pode ser voluntária – concentração intencional sobre um objeto – ou espontânea – interesse acidental despertado por um objeto. Conceitos relacionados à atenção TENACIDADE VIGILÂNCIA Capacidade de fixar a atenção sobre determinado objeto. Prende-se ao estímulo. Capacidade de mudar o foco de um objeto para outro. a) Hipoprosexia: é a diminuição global da atenção, representada pela perda básica da capacidade de concentração. Esquizofrenia, quadros depressivos, demenciais, em intoxicações por substâncias, no delirium, no TDAH. Deprimido grave → hipertenacidade e hipovigilância. b) Aprosexia: é a total abolição da capacidade de atenção. *É um conceito de livro, não se vê na prática. c) Hiperprosexia: estado de atenção exacerbada. Quadros de TOC e nos episódios de mania. Quadros maníacos → hipotenacidade e hipervigilância. d) Distraibilidade: instabilidade na atenção voluntaria, ou seja, a atenção do indivíduo é facilmente desviada de um objeto para outro. Mania e esquizofrenia. Distração ≠ Distraibilidade. Distração é hipertenacidade e hipovigilância. ORIENTAÇÃO É o processo integrativo que permite ao indivíduo saber que ele é ele mesmo, onde se encontra e qual é a sua situação no tempo e no espaço. Orientação AUTOPSÍQUICA ALOPSÍQUICA Orientação do indivíduo em relação a si mesmo. Nome, idade, data de nascimento, etc. Capacidade de orientar-se em relação ao mundo, quanto ao espaço e ao tempo (espacial e temporal). Desorientação AUTOPSÍQUICA ALOPSÍQUICA Alteração da capacidade de estabelecer sua própria identidade pessoal. Perturbação/impossibilidade de situar-se no espaço e/ou tempo. A desorientação ocorre, principalmente nos estados confusionais, mas também pode ocorrer em pacientes com transtornos de memória, desinteressados pelo ambiente ou pela presença de atividade delirante. Ordem da desorientação: Alopsíquica Temporal → Alopsíquica Espacial → Autopsíquica MEMÓRIA É a capacidade de registrar, manter e evocar experiências e fatos ocorridos. Possui 3 fases no processo de memória: 1. Fase de registro: percepção e fixação 2. Fase de conservação: retenção 3. Fase de evocação: lembranças e recordações. Alterações Quantitativas da memória: a) Hipermnésias: as representações surgem rapidamente. Em grande número, porém pouca clareza e precisão. Episódios de mania. b) Amnésias ou hipomnésias: perda da capacidade de fixar/manter/evocar antigos conteúdos mnêmicos. Beatriz Gonçalves Luciano – Med 52 Uncisal • De fixação ou anterógrada: do início da doença em diante. • De evocação ou retrógrada: antes do início da doença. → Quadros dissociativos. TCE → amnésia retroanterógrada. Alterações Qualitativas da Memória: São relacionadas a lembranças deformadas que não correspondem à sensopercepção original. a) Ilusões mnêmicas: acréscimo de elementos falsos a um núcleo verdadeiro da memória. Esquizofrenia, paranoia, transtornos de personalidade Borderline, esquizotípica e histriônica. b) Alucinações mnêmicas: criações imaginativas com aparência de memória, que não tem nada a ver com a lembrança original. Esquizofrenia. c) Fabulações (ou confabulações): quando elementos da imaginação completam as lacunas de memória. O paciente não tem a intenção de mentir para o entrevistador. Síndrome de Korsakoff: secundária ao alcoolismo crônico e à deficiência de vitamina B1, em que há um déficit intenso da memória de fixação. d) Criptomnésia: quando as lembranças aparecem como fatos novos ao doente, que não as reconhece como lembrança. Demência (Alzheimer). e) Ecmnésia: recordação muito nítida de algo do passado, a ponto de pensar que está revivendo o momento. Crises epilépticas, fenômeno da visão panorâmica da vida na EQM e quadros dissociativos. INTELIGÊNCIA É o processo de rendimento psíquico utilizável para adaptação a tarefas vitais. Dentre as habilidades desse processo: raciocínio, planejamento, resolução de problemas, pensamento abstrato, compreensão de ideias complexas, aprendizagem rápida e aprendizagem a partir da experiência. 15-16 anos → máximo desenvolvimento quantitativo intelectual. 40-45 anos → inicia-se o declínio da capacidade de novas aquisições. • Quociente de Inteligência (QI): medida convencional da capacidade intelectual do indivíduo. Média populacional → QI = 100 Inteligência superior → QI > 115 ou 120 Inteligência muito superior → QI >130 Limítrofe (entre normalidade e retardo mental) → QI 70-84 As alterações de inteligência são de dois tipos: 1. Retardo Mental → QI < 69 2. Demências. VONTADE O ato volitivo é traduzido pelas expressões “eu quero” ou “eu não quero” caracterizantes da vontade humana. Esse ato volitivo dá-se por um processo cronologicamente definido por 4 etapas: 1. Fase de intenção ou propósito: formam-se as intenções do indivíduo. *Imperceptíveis para o indivíduo. 2. Fase de deliberação: é a fase de ponderação consciente e consideração de vários aspectos e implicações de determinada ação. 3. Fase de decisão propriamente dita: é o instante que demarca o início da ação. 4. Fase de execução: quando os atos psicomotores decorrentes da decisão são postos em funcionamento. Ação voluntária→ quando o ato de vontade passa por essas 4 etapas. Pragmatismo → capacidade de exercer plenamente o ato volitivo. Alterações da vontade: a) Hipobulia/abulia: quando há diminuição ou até abolição da atividade volitiva. Indivíduo não tem vontade para nada. Frequente em episódios de depressão. b) Ato impulsivo: espécie de curto circuito do ato voluntário, onde as fases de intenção, deliberação e decisão são abolidas. Ocorre nas psicoses (esquizofrenia e mania), em alguns quadros de intoxicação por substâncias psicoativas, transtornos de personalidade antissocial e borderline. ✓ É egossitônico. ✓ Relacionado a impulsos patológicos de natureza inconsciente. ✓ Indivíduo tende a desconsiderar as necessidades de outras pessoas. ✓ Ex: Frangofilia – impulso de destruir objetos que circundam o indivíduo. c) Ato compulsivo: é uma ação motora complexa que pode envolver desde atos simples, como coçar-se e arranhar-se, até complexos, como tomar banho de forma repetida. ✓ É egodistônico – vivência frequente de desconforto subjetivo. ✓ Há tentativa de resistir ou adiar. ✓ Sensação de alívio ao realizar o atocompulsivo, porém, depois volta a sensação de desconforto subjetivo. Beatriz Gonçalves Luciano – Med 52 Uncisal d) Negativismo: é a oposição do indivíduo às solicitações do ambiente. ✓ Negativismo ativo → o paciente faz o oposto do solicitado. ✓ Negativismo passivo → o paciente nada faz quando solicitado pelo ambiente. Ex: esquizofrenia catatônica. e) Obediência automática: há profunda atividade volitiva, na qual a pessoa perde a autonomia e a capacidade de conduzir seus atos volitivos. É o oposto do negativismo. Pode ocorrer em esquizofrenia catatônica. f) Fenômenos de eco: quando o indivíduo repete o entrevistador. • Ecopraxia → atos do entrevistador. • Ecolalia → palavras ou sílabas do entrevistador. • Ecografia → escrita do entrevistador. Pode ocorrer em esquizofrenia catatônica. g) Atos, vontades e impulsos controlados: o paciente se queixa que forças externas estão comandando todas as suas vontades e atitudes. *Geralmente, há também alteração da consciência da atividade do eu. São comuns na esquizofrenia PSICOMOTRICIDADE A alterações de psicomotricidade são as consequências finais das alterações de vontade. Alterações da Psicomotricidade: a) Hipercinesia: trata-se de uma movimentação intensa e descoordenada que pode durar horas ou dias. É um sinal psicopatológico frequente e inespecífico. Agitações maníacas→ euforia, atitudes jocosas e fuga de ideias. Agitação do catatônico→ impulsividade, desinteresse pelo ambiente e heteroagressividade. b) Bradicinesia: trata-se da lentificação generalizada de todos os movimentos, acompanhada de uma mímica parada que exprime dor (depressivos)/ perplexidade (confusionais). ✓ Reflete a lentidão das atividades psíquicas, bradipsiquismo. ✓ Diferente de inibição psicomotora, que é um estado profundo de lentificação, com ausência de respostas motoras adequadas, sem que haja déficit motor primário. c) Estupor: é a perda de toda atividade espontânea voluntária (nível de consciência aparentemente preservado e capacidade sensório-motora de reagir ao ambiente). Reações congeladas. d) Catalepsia: acentuado exagerado do tônus postural, com hipertonia muscular global do tipo plástica. e) Flexibilidade cerácea: o indivíduo, ou parte do seu corpo, assemelha-se a “um homem cera”, pois é colocado pelo examinador em uma determinada posição e assim permanece. Catalepsia e Flexibilidade cerácea são sintomas frequentes na esquizofrenia catatônica. f) Cataplexia: perda abrupta do tônus muscular, geralmente acompanhada de queda ao chão. Presente em doenças do sono, como na narcolepsia. g) Estereotipias motoras: são repetições automáticas e uniformes de algum ato motor complexo, ou seja, quando o paciente repete o mesmo gesto centenas de vezes em um mesmo dia. Pode ocorrer em esquizofrenia crônica e no retardo mental. ✓ Maneirismo → caracterizada por movimentos bizarros e repetitivos, geralmente complexos. JUÍZO O juízo patologicamente falso é denominado delírio. Para distinguir o erro do delírio, precisa-se atentar para as características deste: O doente apresenta uma convicção extraordinária, certeza absoluta. É impossível modificar o delírio pela experiência, ou seja, ele é irremovível. O conteúdo do delírio é impossível. *Exceção para a Síndrome de Othelo/delírio de ciúmes, em que o conteúdo pode ser verídico, mas a justificativa é esdrúxula. O tema do delírio não é compartilhado por outras pessoas. Evolução clínica do delírio: 1) Trema: é a fase que precede as ideias delirantes. Também chamada de humor delirante, trata-se de um período em que o paciente apresenta grande perplexidade, sensação de fim de mundo, estranheza do percebido, com medo e angústia. 2) Apofania: o paciente sente como se tivesse recebido uma grande revelação (revelação do delírio) e Anástrofe: paciente sente-se o centro do mundo (o mundo se volta para o delirante). Apofania e anástrofe são o núcleo da experiência esquizofrênica. 3) Fase apocalíptica: quando o indivíduo delirante parece viver a estranha reestruturação de seu mundo, com certo grau de desorganização do indivíduo. 4) Consolidação: estabilização que ocorre após várias idas e vindas de desorganização e reorganização. Beatriz Gonçalves Luciano – Med 52 Uncisal 5) Fase de resíduo: final do processo delirante, em que ocorrem alterações de vontade e afetividade, nas quais o paciente não consegue confiar e se relacionar com os outros, buscando isolamento social. Curso dos delírios: • Agudos: surgem de forma rápida, podendo desaparecer em pouco tempo (horas ou dias). Ex: Transtornos de consciência das psicoses tóxicas e infecciosas. • Crônicos: tendem a ser persistentes, contínuos, de longa duração (vários anos). Ex: esquizofrenia e paranoia. Mecanismos construtivos do delírio: O delírio é formado a partir da vivência delirante primária, que pode ser de 3 tipos: a) Percepção delirante: quando uma percepção real adquire um significado especial. b) Representação/interpretação delirante: ressignifica algum episódio passado. c) Cognição/intuição delirante: uma crença falsa que simplesmente surge imediatamente, incompreensivelmente. Estrutura dos delírios: a) Simples: ou monotemático, é aquele em que as ideias se desenvolvem em torno de um tema único. b) Complexos: são pluritemáticos, ou seja, as ideias englobam vários temas ao mesmo tempo. c) Não-sistematizados: os conteúdos e detalhes do delírio variam de tempos em tempos. d) Sistematizados: bem organizados, com histórias ricas, consistentes e que se mantêm ao longo do tempo. Patoplastia dos delírios: 1) Delírios de perseguição: a. Delírio persecutório (propriamente dito): o paciente acredita que está sendo vítima de um complô. Sabe que querem mata-lo, prendê-lo, etc. → Esquizofrenia e paranoias. b. Delírio de referência: experimenta fatos cotidianos como relacionados a sua pessoa. Ex. quando vê pessoas conversando, pensa ser calúnias sobre ele. → Esquizofrenia e paranoias. c. Delírio de influência ou controle: o paciente vivencia o fato de estar sendo controlado ou comandado por força, pessoa ou entidade externa. → Esquizofrenia. d. Delírio de reivindicação ou querelância: o paciente afirma ser vítima de terríveis injustiças e discriminações e, em consequência, se envolve em disputas legais. → Paranoias. 2) Delírios expansivos: a. Delírio de grandeza: acredita ser especial, dotado de capacidades e poderes. Tem ideias delirantes de poder e riqueza. → Quadros de mania. b. Delírio místico-religioso: acredita ter uma missão com características messiânicas. Frequentemente, apresenta aspecto grandioso, enfatizando sua própria importância do indivíduo que delira. Às vezes, vem associado com delírios persecutórios. → Mania e esquizofrenia. c. Delírio de invenção ou descoberta: mesmo completamente leigo, o indivíduo revela ter feito uma descoberta que irá mudar o mundo. → Esquizofrenia, paranoia e mania. 3) Delírio de ciúmes: percebe-se traído pelo cônjuge de forma cruel. Percebe-se dependência emocional ao ser amado. *O que se usa para identificar que é um delírio é a justificativa que o indivíduo dá. 4) Delírios dolorosos ou depressivos: a. Delírio niilista: refere que vive em um mundo onde só tem desgraças e que ele e sua família estão condenados à miséria, sofrimentos e fracassos. b. Delírio de culpa e autoacusação: afirma, sem base real para isso, ser culpado por todas as desgraças que acontecem na vida dele e dos que o cercam. Diz ser uma pessoa indigna, suja, pecaminosa, etc. c. Delírio de negação de órgãos: indivíduo apresenta profundas alterações corporais, relatando que seu corpo está destruído ou que não tem mais vários órgãos do corpo.*Delírio de Cottard: quando o delírio de negação de órgãos vem acompanhado de imortalidade ou de enormidade (quando o paciente sente seu corpo se expandindo, tomando conta do ambiente). 5) Delírio erótico: o paciente afirma que uma pessoa, geralmente de destaque social, está totalmente apaixonada por ele e irá abandonar tudo para que possam se casar. →Típico da Síndrome de Clerambault. 6) Delírios somáticos: a. Delírio hipocondríaco: indivíduo crê com convicção extrema que tem uma doença grave, incurável. → Paranoias, depressão delirante e esquizofrenia. b. Delírio de infestação (Síndrome de Ekbon): paciente acredita que seu corpo está infestado por pequenos organismos. → Depressão delirante, Beatriz Gonçalves Luciano – Med 52 Uncisal delirium tremens, intoxicações por cocaína ou alucinógenos. ✓ Ideias deliroides: quando o delírio é fruto de condições psicologicamente rastreáveis. Ex: o delírio de ruína do paciente com depressão é compreensível. ✓ Mitomania: é a tendência patológica a mentir e criar mitos de modo mais menos voluntário e consciente. *Mitomania maligna→ cria fatos falsos e os divulga para prejudicar ou depreciar alguém. *Mitomania vaidosa→ mente para impressionar os outros e se promover. ✓ Pseudologia fantástica: indivíduo mescla dados reais de sua história com fantasia intensa e penetrante. CONSCIÊNCIA DO EU É a tomada de consciência do próprio corpo, ou seja, do Eu corporal, somático e psíquico. Nesse sentido, as alterações da consciência do Eu ocorrem tanto no nível psíquico como no corporal. Alterações da Consciência do Eu: a) Consciência da atividade do Eu: a. Alteração de consciência da existência: suspensão da sensação normal do eu, o indivíduo não sente sua própria existência. Ocorre em quadros psicóticos. b. Alteração da consciência de execução: todas as atividades cotidianas que realiza, atribui a ação a outro ser. Pensamentos podem ser vivenciados como feitos e impostos. Controlado por algo externo. b) Consciência de unidade do Eu: o indivíduo sente-se radicalmente dividido: “eu sou eu e mais outra entidade que coexistem em mim mesmo. Mais frequente nas psicoses. c) Consciência da identidade do Eu: não se sente o mesmo na sucessão do tempo. Algumas pessoas relatam que atualmente, em comparação à sua vida anterior, não são as mesmas pessoas. d) Consciência da oposição do Eu em relação ao mundo (consciência dos limites do Eu): não separa o Eu do espaço exterior, o indivíduo sente que seu eu se expande para o mundo exterior e não mais se diferencia deste. Pode ocorrer nas psicoses, mais comum nas esquizofrenias, nas intoxicações por substâncias, nos estados de transe e processão (dissociativos). Despersonalização X Desrealização Despersonalização → sentimento de perda ou transformação do Eu, perda da familiaridade consigo mesmo. Desrealização → perda da familiaridade com o mundo, refere que tudo está mudado, estranho. SENSOPERCEPÇÃO Está relacionada às sensações. Seu elemento básico é a imagem perceptiva real. Características da imagem: ✓ Nitidez → com contornos precisos. ✓ Corporeidade → tem brilho, luz e cores vivas. ✓ Estabilidade → estável, não muda de um momento para outro. ✓ Extrojeção → é provinda do espaço exterior. ✓ Influenciabilidade voluntária → o indivíduo não consegue alterá-la voluntariamente. ✓ Completude → tem desenho completo e determinado, com todos os detalhes diante do observador. A representação, por sua vez, é apenas uma revivência da imagem sensorial, sem que esteja presente o objeto original. Características da representação: ✓ Pouca nitidez → contornos borrados. ✓ Pouca corporeidade → não tem a vida da imagem real. ✓ Instabilidade→ aparece e desaparece facilmente da consciência. ✓ Introjeção → é percebida no espaço interno. ✓ Incompletude → apresenta desenho incompleto, apenas com alguns detalhes. Subtipos de representações: a) Imagem eidética: evocação de uma imagem guardada na memória, de forma muito precisa, semelhante à percepção. *É voluntária e não apresenta, necessariamente, presença de transtorno mental. b) Pareidolias: imagens visualizadas voluntariamente, a partir de estímulos imprecisos do ambiente. São formas de percepção artificialmente modificadas. Ex: olhar para a lua e ver São Jorge em um cavalo. Alterações Quantitativas da Sensopercepção: a) Hiperestesia: sensações encontram-se anormalmente acentuadas em sua intensidade e duração. Pode ocorrer nas intoxicações por alucinógenos (LSD); em algumas formas de epilepsia, na enxaqueca, no hipertireoidismo, na esquizofrenia aguda e em mania. Beatriz Gonçalves Luciano – Med 52 Uncisal b) Hipoestesia: diminuição global da sensopercepção. Pode ocorrer em estados depressivos e orgânicos ou de sensações isoladas. c) Anestesia: perda da sensação. Obs: Analgesias, anestesias e analgesias em áreas que não correspondem a territórios de nervos anatomicamente definidos, em geral, são de causa psicogênica. Pode ocorrer em transtornos somatoformes dissociativos e conversivos, em indivíduos com alto grau de sugestionabilidade e em alguns quadros depressivos e psicóticos graves. Alterações Qualitativas da Consciência do Eu: a) Ilusão: percepção alterada, deformada de um objeto real presente. Ocorre em 3 condições: por turvação da consciência, em estados de fadiga grave ou intenção marcantes e em alguns estados afetivos. b) Alucinação: é percepção clara e definida de um objeto sem a presença do objeto estimulante real. *Tem todas as características de uma imagem real. a. Alucinações auditivas: i. Simples: ouve ruídos, zumbidos, etc. (acoasmas). ii. Complexas: escuta vozes sem estímulo real. Imperativas Vozes que ameaçam, insultam ou ordenam. Comentadoras de atos Comentam as atividades corriqueiras do paciente. Em forma de diálogo Duas ou mais pessoas conversando sobre questões que envolvem o paciente. Eco de pensamento Vivência sensorial de ouvir o próprio pensamento de forma repetida, após ter sido pensado. Sonorização Vivência sensorial de ouvir o próprio pensamento no momento em que está sendo pensado. Publicação do pensamento Tem a nítida sensação de que as pessoas ouvem o que ele pensa no exato momento em que está pensando. Alucinações auditivas complexas ocorrem, sobretudo, nas esquizofrenias, em paciente deprimido grave e em quadros de mania. b. Alucinações visuais: i. Simples: chamadas de fotopsias, o indivíduo vê bolas, cores e pontos brilhantes. *Mais comuns. ii. Complexas: figuras e imagens de pessoas, de partes do corpo, de entidades, de objetos inanimados ou crianças. Se incluírem cenas completas, são chamadas de cenográficas (raras). *Alucinação Liliputiana→ vê duendes. Alucinações visuais complexas podem ocorrer nas demências por corpos de Lewy, doença de Parkinson com demência, delirium, demência vascular, demência de Alzheimer, intoxicação por alucinógenos, esquizofrenia. Na presença de alucinações visuais complexas, deve- se procurar causas orgânicas. c. Alucinações táteis: paciente sente espetadas, choques, insetos pequenos ou animais que correm sobre sua pele. Síndrome de Ekbon, delirium tremens e psicoses tóxicas. d. Alucinações olfativas ou gustativas: são raras e geralmente associadas a sentir odor/gosto de coisas podres. Olfativas → quadros histéricos; Gustativas → esquizofrenia e. Alucinações cenestésicas ou cinestésicas: i. Cenestésicas ou viscerais: dores dilacerantes, órgãos saindo das cavidades, algo perfurando seu corpo. → Depressões graves. ii. Cinestésicas ou de movimento: sensações de flutuação, rodar, afundar, sentir a perna encolhendo ou o braço se elevando. → Delirum tremense quadros histéricos. f. Alucinações funcionais: desencadeadas por estímulos sensoriais. Difere-se da ilusão pelo fato de o estímulo não ter a ver com o objeto da alucinação. Ex: tocar no gelo e ouvir vozes. Esquizofrenias g. Alucinações combinadas, reflexas ou sinestésicas: ocorrem alucinações de várias modalidades sensoriais ao mesmo tempo (auditivas, visuais, olfativas). h. Alucinações extracampais: experimentadas fora do campo sensoperceptivo usual. Ex: ver imagem a suas costas. Psicoses. i. Alucinações hipnagógicas e hipnopômpicas: alucinações auditivas, visuais ou táteis, relacionadas à transição sono-vigília. i. Hipnopômpicas → indivíduo está acordado. ii. Hipnagógicas → quando está adormecendo. Narcolepsia. j. Alucinação autoscópica: é a imagem do duplo. Pode ocorrer em estados de delirium, pode estar associada a desordens do lobo parietal (alterações vasculares ou infecções severas). c) Alucinose: fenômeno pelo qual o paciente percebe a alucinação como estranha à sua pessoa. Faz crítica ao quadro alucinatório. Beatriz Gonçalves Luciano – Med 52 Uncisal AFETIVIDADE Distinguem-se 5 tipos básicos de vivências afetivas: 1. Humor: tônus afetivo, lente afetiva que dá às experiências do indivíduo uma cor particular. 2. Emoções: reações afetivas agudas, desencadeadas por estímulos significativos. 3. Sentimentos: estados de configuração afetivas estáveis, associados a conteúdos intelectuais, valores. ✓ Da esfera da tristeza: melancolia, nostalgia, impotência, etc. ✓ Da esfera da alegria: euforia, satisfação, contentamento, etc. ✓ Da esfera da agressividade: rancor, ciúme, ódio, ira, etc. ✓ Associados ao perigo: receio, desamparo, abandono, etc. ✓ Tipo narcísico: orgulho, vaidade, prepotência, etc. ✓ Relacionados à atração pelo outro: amor, tesão, estima, etc. 4. Afetos: componente emocional da ideia. 5. Paixões: estado afetivo extremamente intenso, que domina a atividade psíquica como um todo. ✓ Catatimia: efeito que a vida afetiva exerce sobre as demais funções psíquicas. ✓ Reação afetiva: *Sintonização afetiva → capacidade de o indivíduo ser influenciado afetivamente pelos estímulos externos. *Irradiação afetiva → capacidade do indivíduo de transmitir/contaminar os outros com seu estado de afetivo momentâneo. *Rigidez afetiva → indivíduo não deseja/tem dificuldade de sintonização e irradiação afetiva. ALTERAÇÕES DA AFETIVIDADE: Alterações do humor: a) Distimia: a. Hipotimia: humor deprimido, tristeza patológica. b. Hipertimia: euforia ou alegria patológica. Hipotimia e hipertimia são típicas dos transtornos de humor. c. Disforia: intensa irritabilidade, amargura, agressividade. b) Puerilidade: aspecto simplório, infantil, regredido, ri ou chora por motivos banais. Esquizofrenia hebefrênica e retardo mental. c) Moria: forma de alegria pueril, ingênua, boba. Quadros demenciais acentuados e retardo mental. d) Estado de êxtase: sensação de compartilhamento íntimo do estado afetivo interior com o exterior. Em experiências místico-religiosas (transe, possessão), esquizofrenia e mania. Alterações das emoções e dos sentimentos: a) Apatia: Diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva, indivíduo diz que não consegue sentir nada. Incapacidade de sentir afetos. *É subjetiva. Quadros depressivos. b) Inadequação do afeto ou paratimia: reações completamente incongruentes com as situações. Ex: rir em pleno velório. c) Embotamento afetivo: perda de todo tipo de vivência afetiva. Ao contrário da apatia, é observável. Formas residuais (crônicas) de esquizofrenia. d) Sentimento da falta de sentimento: é “o sentir do não sentir” emoções. Quadros depressivos graves. e) Labilidade afetiva e incontinência afetiva: mudanças súbitas e imotivadas do humor. Oscila de forma abrupta de um estado afetivo para outro. Depressivos, maníacos, estados graves de ansiedade ou indicativos de quadros psico-orgânicos (tumores cerebrais, demências, encefalites). f) Ambivalência afetiva: sentimentos opostos (amor e ódio, rancor e carinho, etc) em relação a um mesmo objeto, de modo simultâneo. Sintoma importante da experiência afetiva do esquizofrênico. g) Neotimia: vivência afetiva completamente nova, estranha e bizarra. Alguns quadros psicóticos. h) Indiferença afetiva: frieza afetiva incompreensível. É mais aparente e teatral que real. Bela indiferença → histerias. Triste indiferença → depressivos. Pálida diferença → esquizofrênico crônico com embotamento afetivo marcante. i) Anedonia: incapacidade parcial ou total de sentir prazer com determinadas experiências da vida. Um sintoma central das síndromes depressivas. PENSAMENTO No processo do pensamento tem-se: ➔ Curso: modo como o pensamento flui, sua velocidade e seu ritmo ao longo do tempo. ➔ Forma: estrutura básica. ➔ Conteúdo: temas predominantes, assunto em si. Alterações do curso: a) Aceleração: chamada de taquipsiquismo, é quando o pensamento flui de forma acelerada. Beatriz Gonçalves Luciano – Med 52 Uncisal Ocorre em quadros de mania, na esquizofrenia, estados de ansiedade intensa e nas psicoses tóxicas (anfetaminas e cocaína). b) Lentificação (bradpsiquismo): o pensamento progride de forma lenta e dificultosa. Latência entre perguntas e respostas. Depressões graves e em alguns casos de rebaixamento de nível da consciência. c) Bloqueio ou interceptação do pensamento: no meio da conversa, brusca e repentinamente interrompe seu pensamento, sem qualquer motivo aparente. Pensamento para, é bloqueado. Quase que exclusiva da esquizofrenia. d) Roubo do pensamento: tem a nítida sensação de que seu pensamento foi roubado de sua mente. Típica da esquizofrenia. e) Irradiação ou difusão de pensamento: sensação de que seu pensamento está sendo difundido, através de ondas eletromagnéticas. Esquizofrenia. f) Inserção do pensamento: pensamentos estão sendo inseridos em sua mente por uma força externa. Alterações da forma ou estrutura: a) Fuga de ideias: uma ideia segue a outra de forma extremamente rápida. As associações entre as palavras deixam de seguir uma finalidade, passam a ocorrer associações por assonância. Muito encontrada em quadros de mania. b) Dissociação: os pensamentos passam a não seguir uma sequência lógica e bem organizada e os conceitos não se articulam de coerente uns com os outros. Certas formas de esquizofrenia. c) Afrouxamento de associações: embora ainda haja concatenação lógica entre as ideias, nota-se o afrouxamento dos enlaces associativos. Fazes iniciais da esquizofrenia. d) Desagregação: profunda e radical perdas dos enlaces associativos, total perda da coerência do pensamento. Sobram apenas pedaços do pensamento. Típica de formas agravadas de esquizofrenia e quadros demenciais. Na esquizofrenia, o progresso é: Dissociação → Afrouxamento das associações → Desagregação. Alterações do conteúdo: Não se pode falar de alterações patológicas do conteúdo do pensamento. LINGUAGEM É a expressão do pensamento por meio de palavras. Alterações do comportamento verbal: a) Logorreia (taquifasia): fala constantemente, sem interrupção, num ritmo acelerado. *Frequentemente associada ao taquipsiquismo. Pressão do discurso ou pressão para falar: atividade linguística do paciente maníaco na qual se sente a pressão incoercível de falar sem parar. b) Latência da resposta ou bradifasia: fala muito vagarosamente. Depressões graves, demências, esquizofrenia residual. c) Mussitação: voz murmurada em tom baixo e repetitivo. Esquizofrenia. d) Solilóquio: fala algumas vezes, em voz alta, como se dialogasse com um interlocutor imaginário. Esquizofrenia. e) Coprolalia:emissão involuntária e repetitiva de palavras obscenas, vulgares ou relativas a excrementos. Síndrome de Gilles de la Tourette. f) Verbigeração: é a repetição de forma monótona e sem sentido comunicativo aparente de palavras, sílabas ou trechos de frases. Esquizofrenia. g) Para-resposta: conteúdo de sua resposta é completamente disparado em relação ao conteúdo da pergunta. Diversos tipos de psicoses, princ. Esquizofrenias. Alterações morfológicas, sintáticas e semânticas: *Quase que exclusivas da esquizofrenia. a) Ecolalia: repete, sem nenhuma finalidade, as últimas palavras que o entrevistador falou ou dirigiu a ele. b) Neologismos patológicos: palavras inteiramente novas criadas pelo paciente ou palavras existentes que recebem uma acepção totalmente nova. c) Esquizofazia ou jargofagzia: repetição de frases inteiras sem sentido, tornando o discurso quase que ininteligível, pois há fluxo verbal desorganizado e caótico. d) Criptolalia: uma linguagem privada do doente que ninguém entende. DIAGNÓSTICO MULTIAXIAL Eixo I Diagnosticados os transtornos mentais. Eixo II Transtornos de personalidade e retardo mental. Eixo III Quaisquer doenças diferenças. Eixo IV Estressores psicossociais e ambientais. Eixo V Avaliações do funcionamento antes e depois dos transtornos dos eixos I e II.
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