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MODELO - RECURSO DE REVISTA

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Prévia do material em texto

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Tribunal Regional do
Trabalho da - __ª Região.
Processo nº
[Nome da recorrente – reclamante], já qualificada nos autos da reclamação
trabalhista supra-epigrafada, que tramita por esse E. Tribunal, que move em
desfavor de [Nome da reclamada - Empresa], por seu advogado infra-assinado,
inconformada com o v. Acórdão Regional, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, com fulcro no art. 896, alíneas a e c da CLT, interpor
Recurso de Revista
consoante as razões em anexo, requerendo seu recebimento e processamento na
forma da lei.
Requer seja acolhido e remetido ao E. Tribunal Superior do Trabalho (TST) e deixa-se
de recolher as custas, em vista que se trata do recurso da Reclamante, que é
beneficiária dos benefícios da justiça gratuita concedida na r. Sentença de primeiro
grau de jurisdição.
Nestes termos.
P. deferimento
São Paulo, agosto de 2.020.
ÉRICO T. B. OLIVIERI
OAB/SP 184.337
ADVOGADO
_________________
Razões de Recurso de Revista
Processo TRT/SP nº
Recorrente:
Recorrido:
Destaque do tema discutido: Contrariedade à Súmula 338, Inciso I do TST – Violação
do Art. 74, § 2º DA CLT
Egrégio Tribunal Superior do Trabalho!
Colenda Turma,
Nobres Julgadores,
Ínclito Ministro Relator!
Muito embora o grau de saber jurídico demonstrado pelo ilustre prolator do v.
Acórdão recorrido, impõe-se a reforma do julgado pelas razões a seguir delineadas.
1. Demonstração dos pressupostos de cabimento do Recurso de Revista
1.1. Dos pressupostos extrínsecos
1.1.1. Da procuração
O respectivo instrumento de mandato com cláusula ad-judicia para o caso, foi
outorgada para a subscritora da presente aos 09/10/2.017 e consta dos autos do
processo às fls. 34 (Id. xxxxxxxxx).
1.1.2. Do preparo recursal
A recorrente foi agraciada com os benefícios da justiça gratuita, com base no § 3º do
artigo 790, conforme resta expresso na r. Sentença de primeiro grau de jurisdição,
constante dos autos às Fls. xxx – Id. xxxxxxx - Pág. 7.
1.1.3. Da tempestividade
A intimação da Decisão ora recorrida foi prolatada aos 12/03/2.020, ocorrendo a
suspensão dos prazos pelo Ato nº 126/GDGSET.GP, de 17 de março de 2020 do C.
TST, de 17/3/2020 a 31/3/2020, inicialmente, e o referido ato foi revogado pelo Ato
Conjunto nº 173/TST.GP.GVP.CGJT, de 30 de abril de 2020, que suspendeu os prazos
até 03/05/2.020, voltando a fluir o prazo aos 04/05/2.020.
Desta feita, o dia em que a intimação foi juntada aos autos, dia 12/03/2020, uma
quinta-feira, sendo que o primeiro dia do prazo teoricamente foi contado na sexta-
feira (13/03/2.020) e o segundo no dia 16/03/2.020 (Segunda-feira), tendo os prazos
sido suspensos conforme informado no parágrafo inicial deste tópico.
Assim, contando-se e somando-se os dias úteis após a disponibilização da intimação
eletrônica nos autos do processo digital, passaram-se até hoje (11/05/2020), 8 (oito)
dias e portanto o Recurso encontra-se dentro do prazo legal e portanto é
plenamente tempestivo.
Finalmente, fica claro que são os seguintes documentos que demonstram a
tempestividade do presente recurso:
A intimação sobre os termos do v. Acórdão, que consta às fls. 278/279 dos autos do
processo digital (ID. 2f617ca - Pág. 1 e ID. 784d1ec - Pág. 1) e é datada de
12/03/2.020 correndo prazo até 16/03/2.020;
O Ato nº 126/GDGSET.GP, de 17 de março de 2020 do C. TST, está sendo juntado em
cópia, instruindo o presente recurso, que demonstra o Ato que suspende o prazo de
17/03/2020 a 30/04/2.020;
O Ato Conjunto nº 173/TST.GP.GVP.CGJT, está sendo juntado em cópia, instruindo o
presente recurso e foi o Ato que revogou o Ato nº 126/GDGSET.GP/TST e instituiu
que os prazos retornariam a fluir aos 04/05/2.020;
Desta forma, ficam demonstrados os pressupostos de admissibilidade extrínsecos,
estabelecidos na Instrução Normativa nº 23 do C. TST.
1.1.4. Da fonte dos julgados apresentados
A recorrente, obedecendo aos critérios legais, informa que a Jurisprudência
apresentada foi obtida nos próprios autos dos processos digitais a que se referem,
perante o sítio eletrônico desse C. TST.
O ATO N. 126/GDGSET.GP, de 17 de março deDE MARÇO DE 2020, bem como o ATO
CONJUNTO N. 173/TST.GP.GVP.CGJT, DE 30 DE ABRIL DE 2020, ambos da Presidência
desse E. Tribunal, foram obtidos, respectivamente, perante o Boletim Interno
Especial do Tribunal Superior do Trabalho, Brasília, DF, n. 5, p. 2-4, 17 mar. 2020 e
Boletim Interno do Tribunal Superior do Trabalho, Brasília, DF, n. 17, p. 2-7, 30 abr.
2020.
Portanto, verifica-se que a fonte dos documentos juntados é oficial.
1.2. Dos pressupostos intrínsecos
1.2.1. Do trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da
controvérsia
A seguir segue transcrito, o ponto do v. Acórdão que discutiu o tema que é o objeto
do presente Recurso de Revista, vejamos:
“1. Das horas extras
Prospera o inconformismo.
Isso porque, embora a preposta tenha confessado a existência de controle
biométrico de jornada da reclamante, a par do controle efetuado na catraca da
portaria (fl. 000) é certo que a própria autora confessou que tal controle digital não
funcionava, mas que "quando chegava e ia embora, registrava entrada e saída na
portaria do prédio, passando crachá"(fl. 000), reconhecendo, pois, a higidez dos
controles apresentados crachá pela recorrente às fls. 00/00, que abrangem todo
período de prestação de serviços da autora e refletem horários compatíveis com
aqueles registrados em controle biométrico de fls. 000/000.
Assim, ainda que a não apresentação da integralidade dos controles digitais da ré
tenha atraído a hipótese que trata a Súmula 338, I do TST, entendo que a reclamada
desincumbiu-se do ônus da prova que lhe competia com a juntada dos controles de
acesso da trabalhadora.
Assim, cumpria à autora demonstrar analiticamente, ainda que por amostragem,
confrontando os controles de acesso com as fichas financeiras apresentadas,
diferenças no pagamento de horas extras devidas a seu favor, ônus do qual não se
desincumbiu, na medida em que nada apontou no particular, reputando-se
inexistentes as diferenças e atraindo a improcedência do pedido.
Reformo, para expungir da condenação o pagamento de horas extras e seus reflexos
por extrapolação da jornada contratual.” (Fls. 000 - ID. XXXXX - Pág. 2) (Grifo nosso)
Desta forma, resta demonstrado o pressuposto intrínseco do recurso da
demonstração do prequestionamento explícito da matéria.
1.2.2 Súmula e Artigo da CLT que atritam com o v. Acórdão
Segue o teor da Súmula 338, inciso I do C. TST, cujo prequestionamento é expresso
no v. Acórdão e é frontalmente contrariada, a saber:
“Súmula 338, I do TST
1 - Súmula XXXXX/TST - 18/11/1994. Jornada de trabalho. Registro de horário.
Inversão do ônus da prova. Presunção de veracidade. CLT, art. 74, § 2º.
I - E ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da
jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação
injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da
jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula
XXXXX/TST - Res 121, DJ 21/11/2003)
II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em
instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. (ex-OJ XXXXX/TST-
SDI-I - Inserida em 20/06/2001)
III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são
inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas
extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não
se desincumbir. (ex- OJ XXXXX/TST-SDI-I - DJ 11/08/2003).”
Segue também, o teor do Art. 74, § 2º da CLT, o qual foi implicitamente
prequestionado, haja vista consta do próprio teor da Súmula 338, inciso I do TST e
também foi frontalmente transgredido em desfavor o obreiro, vejamos:
“Art. 74. O horário de trabalho será anotado em registro de empregados.
§ 1º (Revogado).
§ 2º Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalhadoresserá obrigatória
a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou
eletrônico, conforme instruções expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e
Trabalho do Ministério da Economia, permitida a pré-assinalação do período de
repouso.”
A título de esclarecimento, destaca-se que a Lei nº 13.874/19 alterou o parágrafo 2º
do artigo 74 da CLT quanto ao número de trabalhadores para ativar a obrigação da
anotação da hora de entrada e saída, passando de 10 (dez) para 20 (vinte), sendo
que a presente discussão se deu na égide da redação anterior, quando o número de
trabalhadores que ativaria a obrigação do controle de ponto era de 10 (dez)
trabalhadores).
Desta feita, restam demonstrados os dispositivo da Súmula e do Artigo de lei
transgredidos pela decisão regional.
1.3. Da demonstração da transcendência do tema recursal
O tema principal do presente recurso já foi teve discutida sua transcendência à
discussão do tema em sede de dissídio individual, que foi reconhecida.
Como a ofensa alegada atinge Súmula desse C. TST, bem como afronta o Artigo 74, §
2º, da CLT, vemos que o caso dos autos transcende politicamente, haja vista
confrontar regra legal expressa e vigente.
A Jurisprudência abaixo, por si só, demonstra exatamente, de que forma o assunto
teve a transcendência política reconhecida, vejamos:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. LEI 13.467/2017. AUSÊNCIA DE JUNTADA DOS
CARTÕES DE PONTO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. SÚMULA 338, I, DESTA CORTE.
TRANSCENDÊNCIA. O processamento do recurso de revista na vigência da Lei
13.467/2017 exige que a causa ofereça transcendência com relação aos reflexos
gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica, a qual deve ser analisada
de ofício e previamente pelo Relator (artigos 896-A, da CLT, 246 e 247 do RITST). A
matéria diz respeito à distribuição do ônus da prova quando não apresentados os
cartões de ponto pelo empregador. O eg. Tribunal Regional entendeu que, embora
não juntados os cartões de ponto, mas tendo sido negada pela reclamada a
prestação de horas extras, seria do reclamante o ônus de comprovar a jornada
descrita na inicial. Registrou, mais, adiante que o depoimento da testemunha do
reclamante seria inverossímil, diante da jornada alegada. A causa apresenta
transcendência política, uma vez que a decisão do eg. Tribunal Regional contraria a
Súmula 338, I, desta Corte, que estabelece a presunção relativa de veracidade da
jornada alegada na inicial e inverte o ônus da prova quanto às horas extras, que
passa a ser do empregador, quando não apresentado os controles de ponto exigido
pelo art. 74, § 2º, da CLT. Atendidos os requisitos descritos pelo art. 896, § 1º-A, I e §
8º, da CLT e demonstrada a divergência jurisprudencial, deve ser processado o
recurso de revista. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se dá
provimento. RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/2017. AUSÊNCIA DE JUNTADA DOS
CARTÕES DE PONTO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. SÚMULA 338, I, DESTA CORTE.
TRANSCENDÊNCIA. O art. 74, § 2º, da CLT estabelece a obrigatoriedade de as
empresas, com mais de dez trabalhadores, anotar a hora de entrada e saída de seus
empregados, em registro que atenda às instruções do Ministério do Trabalho. O
empregador, em face dessa obrigação, tem o dever de apresentar os cartões de
ponto em Juízo, sob pena de haver inversão do ônus da prova e passar a ter o
encargo de comprovar a jornada trabalhada e a inexistência de direito às horas
extraordinárias. Exegese da Súmula 338, I, desta Corte. Assim, deve ser reformada a
decisão regional que atribuiu ao reclamante o ônus de comprovar a jornada
extraordinária, não obstante a ausência de juntada de cartões de ponto pela
reclamada. Transcendência política reconhecida, recurso de revista de que se
conhece e a que se dá provimento. (TST - RR: XXXXX20155050221, Data de
Julgamento: 29/05/2019, Data de Publicação: DEJT 31/05/2019)”
O Julgado acima nada mais é que o reconhecimento da incidência e aplicação do
inciso II, do parágrafo 1º do artigo 896-A da CLT, pois a hipótese dos autos é a
descrita no referido dispositivo legal, conforme podemos ver no próprio texto da lei:
“Art. 896-A - O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará
previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de
natureza econômica, política, social ou jurídica. (Incluído pela Medida Provisória nº
2.226, de 4.9.2001)
§ 1o São indicadores de transcendência, entre outros:
I - econômica, o elevado valor da causa;
II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do
Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;
III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social
constitucionalmente assegurado;
IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação
trabalhista.”
Além da inexorável repercussão do tema de forma política, vemos também que há
transcendência social do tema, pois a ofensa discutida acaba por barrar o
reconhecimento de um direito constitucionalmente garantido, que é o da
remuneração superior do serviço realizado em caráter extraordinário.
O tema encontra-se no artigo 7º, inciso XVI da Constituição Federal e não deixa
dúvidas quanto ao seu teor:
“Art. 7º. [...]:
[...]
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por
cento à do normal;” (Grifo nosso)
Por se tratar a ofensa discutida no mérito recursal, uma afronta às regras
estabelecidas sobre distribuição do encargo probatório, o assunto ainda acaba por
adquirir uma segunda vez, a transcendência social, haja vista que se trata de uma
ofensa também ao princípio do devido processo legal, insculpido no artigo 5º, inciso
LIV da Constituição Federal, abaixo transcrito:
“Art. 5º. [...]:
[...]
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;” (grifo nosso)
Não se pode olvidar que distribuindo de forma ilegal e injusta o encargo probatório
em desfavor do obreiro, o processo legal foi atingido, razão pela qual o tema incorre
duas vezes na relevância e transcendência necessária para o conhecimento do
Presente Recurso de Revista, pois atende aos requisitos formais previstos na
legislação.
2. Das razões do recurso
O recurso de revista merece ser conhecido e provido, por violação do Art. 74, § 2º da
CLT e da Súmula 330, inciso I deste C. TST.
Verifica-se na acertada e respeitável Sentença de primeiro grau de jurisdição, que a
recorrida não se desincumbiu do encargo probatório, invertido pelo Art. 74, § 2ª da
CLT, pois tinha controle de acesso biométrico.
Tendo controle de acesso biométrico, a recorrida não pode se desatrelar de sua
obrigação legal a seu próprio arbítrio.
Verifica-se ainda na r. Sentença de primeiro grau, que a tentativa de prova em
contrário foi defeituosa, pois não retratou todo o período.
O fatos da r. Sentença tem necessária abordagem, não como verificação de provas,
mas de como foi a sucessão dos fatos processuais discutidos.
No caso em tela, não se pode mitigar a aplicação da lei, tampouco da posição
Sumulada a respeito do assunto, para permitir que seja mantido o encargo
probatório da recorrente, quando havia controle de acesso por dispositivo próprio
na sede da recorrida.
E o motivo disso é evidente, pois outros tipos de controle, como os de acesso,
podem ser manipulados, fraudados, desconfiança que atrai a aplicação da regra legal.
A r. Sentença de primeiro grau ainda demonstra que os controles de ponto que
forma juntados, que foram emitidos por dispositivo próprio, eram britânicos, o que
demonstra que o encargo probatório deve ser mantido com a recorrida, pois
demonstra evidente má-fé.
Homenagear uma relativização da regra legal desse porte, coloca a segurança
jurídica do trabalhador em risco, pois permite que, mesmo no caso de existir um
dispositivo para o controle de jornada, este não seja utilizado, ou que seja utilizado
apenas para a marcação de horários britânicos.
O v. Acórdão regional, s.m.j., foi ingênuo na apreciaçãodo caso, pois realizando
controles por outras formas, a recorrida pode manipular os dados probatórios, o que
não ocorreria se os dados fossem aqueles fornecidos por seu próprio dispositivo de
controle de jornada.
O fato da recorrente ter dito que registrava os horários corretamente não significa
que eram os horários que constam dos controles de acesso apresentados.
A juntada aos autos de uma folha com registros do controle de jornada próprio,
como consta da r. Sentença de primeiro grau, dão conta que o dispositivo próprio
funcionava também.
Nessas condições vemos que a recorrida não justificou o motivo de não ter se
utilizado de seu próprio controle de jornadas, o que a impede de elidir seu encargo
probatório invertido pela não apresentação dos controles de jornada, como
determina a lei.
O julgado abaixo deste C. TST, ilustra melhor a alegação:
“A) AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA
LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. RITO SUMARÍSSIMO. JORNADA DE
TRABALHO. HORAS EXTRAS E INTERVALO INTRAJORNADA. AUSÊNCIA DOS CARTÕES
DE PONTO. SÚMULA 338, I/TST . Demonstrado no agravo de instrumento que o
recurso de revista preenchia os requisitos do art. 896 da CLT, quanto ao tema em
epígrafe, dá-se provimento ao agravo de instrumento, para melhor análise da
arguição de contrariedade à Súmula 338, I/TST, suscitada no recurso de revista.
Agravo de instrumento provido . B) RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE
DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017 . RITO SUMARÍSSIMO. 1.
NULIDADE. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. APLICAÇÃO DO DISPOSTO NO
ART. 282, § 2º, do CPC/2015 (249, § 2º, DO CPC/1973). Em razão do teor do art. 282,
§ 2º, do CPC/2015 (art. 249, § 2º, CPC/73), supera-se a preliminar suscitada. Recurso
de revista não conhecido quanto ao tema. 2. JORNADA DE TRABALHO. HORAS
EXTRAS E INTERVALO INTRAJORNADA. AUSÊNCIA DOS CARTÕES DE PONTO. SÚMULA
338, I/TST. Nos termos da atual redação do item I da Súmula XXXXX/TST, é ônus do
empregador que conta com mais de dez empregados o registro da jornada de
trabalho, na forma do art. 74, § 2º, da CLT, de maneira que a não apresentação
injustificada dos controles de ponto gera presunção relativa de veracidade da
jornada de trabalho apontada na inicial, a qual pode ser elidida por prova em
contrário. Trata-se de típico caso em que a doutrina e a jurisprudência vêm
admitindo a denominada inversão do ônus da prova, transferindo ao empregador a
comprovação de que o obreiro não laborava em regime de sobrejornada ou que,
mesmo laborando, as horas extras eram quitadas regularmente. Assim, se não foram
apresentados os cartões de ponto e não foi elidida a alegação por prova em
contrário, dá-se o reconhecimento da jornada de trabalho apontada na inicial.
Inteligência da Súmula 338, I/TST. Quanto ao intervalo intrajornada, registre-se que
a jurisprudência desta Corte firmou entendimento no sentido de que é do
Reclamante o ônus de comprovar o trabalho durante o intervalo intrajornada, ainda
que o empregador não tenha explicitado a assinalação do início e do fim dos
aludidos intervalos nos cartões de ponto, uma vez que inexiste previsão legal sob tal
perspectiva, bastando, conforme a jurisprudência citada, a mera pré-assinalação
(CLT, art. 74 § 2º). Na hipótese, contudo, considerando que não foram juntados os
cartões de ponto aos autos, compreende-se que não pode o Reclamante ser
prejudicado por tal fato, razão pela deve incidir a presunção relativa de veracidade,
em relação ao intervalo intrajornada, nos termos da mencionada Súmula 338, I/TST.
Recurso de revista conhecido e provido. (TST - RR: XXXXX20145200011, Relator:
Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 06/12/2017, 3ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 11/12/2017)” (grifo nosso)
No caso então vemos que a recorrida, mesmo com aparato adequado para a
realização de controle de frequência de empregados por meio de cartão ponto, se
negou a cumprir a lei, devendo imperar que o encargo probatório seja o legalmente
taxado no parágrafo segundo do artigo 74 da CLT.
A tentativa de elidir o encargo probatório por parte da recorrida não pode ser
acolhida, pois o encargo sobre a realização da prova em razão da obrigação de
anotação da frequência da recorrente não é opcional, ainda mais quando existem os
meios e pior, no uso do controle de frequência próprio demonstrado nos autos, o
que foi reconhecido pela r. Sentença de primeira instância, os horários registrados
eram britânicos, o que já demonstra a má-fé e a suspeita
Isso demonstra que a recorrida ignorou a lei de forma consciente, mesmo tendo os
meios necessários para a aferição e registro das jornadas da recorrente, o que é
demonstrado pelos controles próprios feitos.
Na hipótese não se pode admitir um controle externo como prova, pois como já dito,
não é opção da recorrida, principalmente quando tinha total condição de realizar o
controle de jornada de seus funcionários.
Desta forma, o presente recurso visa que esse E. Tribunal, por via do Ministro
Relator, revisite o tema central do presente recurso, que é o desrespeito ao
parágrafo 2º do artigo 74 da CLT e da Súmula nº 338, inciso I, deste E. TST, quando a
recorrente tinha total condição da realização do controle de frequência, não
apresentando qualquer justificativa para a transgressão legal, razão pela qual o
presente recurso deve ser julgado totalmente procedente para reconhecer a jornada
de trabalho reconhecida em primeira instância de Jurisdição, mantendo-se incólume
a r. Sentença de primeiro grau, nos limites da presente discussão.
3. Do pedido
Ante o exposto, requer o conhecimento e provimento do recurso de revista, nos
termos da fundamentação apresentada nestas razões recursais, para que o v.
Acórdão proferido pelo E. Tribunal Regional do Trabalho da 02ª Região seja
reformado para reconhecer a aplicação do artigo 74, parágrafo 2º da CLT, bem como
do inciso I da Súmula 338 do TST, para manter a condenação em horas-extras, na
forma da legislação aplicável e à luz das alegações contidas na petição inicial e
reconhecidas pela r. Sentença de primeiro grau de jurisdição.
Nestes termos,
P. deferimento.
São Paulo, agosto de 2.020.
ÉRICO T. B. OLIVIERI
OAB/SP 184.337
ADVOGADO

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