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1 Júlia Morbeck – @med.morbeck Anamnese ↠ Anamnese (ana: trazer de novo + mnesis: memória) significa trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença e o paciente. ELEMENTOS DA ANAMNESE 1- Identificação: perfil sociodemográfico do paciente. IMPORTANTE: nas crianças colocar o grau do parentesco do acompanhante e/ou responsável. ATENÇÃO: Profissão: especificar qual. 2- Queixa principal: o motivo que levou o paciente ao médico, colocar de forma breve. 3- História da doença atual (HDA): registro detalhado e cronológico do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica. Deve conter: início, características do sintoma, fatores de melhora e/ou piora, relação com outras queixas, evolução e situação atual. IMPORTANTE: Sempre colocar o que o paciente nega (relacionado ao quadro clínico – ex.; nega tosse seca. Colocar os medicamentos que o paciente está usando relacionado ao quadro clínico. Terminar a HDA perguntando “e agora o que o senhor está sentindo?” 4- Interrogatório Sintomatológico: documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais sistemas corporais. Fazer em forma de tópicos: sintomas gerais, pele e fâneros, cabeça e pescoço, tórax, abdômen, sistema geniturinário). 5- Antecedentes pessoais: fisiológicos (desenvolvimento sexual) e patológicos (alergias, cirurgias, medicamentos em uso). 6- Antecedentes familiares; 7- Hábitos e estilo de vida: alimentação, ocupação atual e ocupações anteriores, atividades físicas e hábitos. Cigarro e bebida colocar quantidade e tempo de uso. Parou de fuma há mais de 1 ano – ex-tabagista. 8- Condições Socioeconômicas e Culturais: avaliam a situação financeira, vínculos afetivos familiares, condições de moradia e grau de escolaridade. Peculiaridades na anamnese da criança ↠ Chamar o paciente pelo nome (nome da criança) e também o (a) acompanhante pelo seu nome. Convidar para entrar no consultório com simpatia e cordialidade, fazer as devidas apresentações e deixar paciente e acompanhante à vontade. 1. Identificação: nome do informante, relação de parentesco com a criança, fidedignidade presumida do informante, data da entrevista. 2. Queixa Principal: motivo principal que fez com que a mãe da criança ou outro responsável a trouxesse à consulta. Descrever utilizando os termos - as mesmas palavras - do paciente ou acompanhante. 3. HDA: Certificar-se de que os sinais e sintomas descritos pelo paciente ou responsável correspondem àqueles utilizados na terminologia médica. 4. Interrogatório Sintomatológico (IS): alguns acompanhantes têm dificuldade para informar. Nesses casos é conveniente uma anamnese mais direcionada. É válido fazer, no final da HDA, um interrogatório complementar à HDA, com a finalidade de investigar sintomas relacionados por setor ou sistema do organismo. Mesmo quando na consulta não houver uma queixa (como por exemplo na consulta de puericultura), pode-se fazer um interrogatório sobre os diversos sistemas orgânicos. 5. Antecedentes Pessoais: fisiológicos e patológicos. Antecedentes Perinatais: Gestação: duração, consultas de pré-natal, intercorrências (sangramento, ITU, rubéola, HAS, DM), ferro, vitaminas, medicamentos, drogas ilícitas, fumo, álcool. Parto: tipo (cesário ou normal), local, sofrimento fetal, condições de nascimento, APGAR (primeiro e quinto minutos), manobras de reanimação, triagem neonatal. Dados antropométricos ao nascer: peso, comprimento, perímetro cefálico. Período Neonatal Imediato: problemas respiratórios, icterícia, medicação, oxigênio, fototerapia. 2 Júlia Morbeck – @med.morbeck HISTÓRIA ALIMENTAR: alimentação nos primeiros dois anos de vida (aleitamento exclusivo ou artificial), suplementação de ferro e vitaminas. DESENVOLVIMENTO: Idade de aquisição dos seguintes marcos: firmar a cabeça, sorriso espontâneo, segurar objetos, sentar sem apoio, engatinhar, andar sem apoio, controlar esfíncteres, primeiras frases, correr sem dificuldade, subir escadas, linguagem de adulto, beber em copo, usar colher, vestir-se. Rendimento escolar. HISTÓRIA VACINAL: solicitar e verificar o calendário vacinal da criança. HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA: Citar as doenças apresentadas anteriormente, atendimentos em emergência, internações (onde, porque, permanência, etc.). Questionar sobre acidentes, cirurgias, alergia a medicamentos e outras alergias, uso contínuo de medicamentos, exames realizados. 6. Antecedentes familiares: Composição familiar (pessoas que vivem na mesma casa, nº de irmãos...); Dados paternos e maternos; principais doenças presentes em irmãos e outros membros da família com grau de parentesco mais próximo, com ênfase nas doenças hereditárias ou transmissíveis. 7. Hábitos e estilo de vida: sono (agitado, dorme bem), lazer, atividade física (pratica algum esporte), quantas horas diárias assiste TV. 8. Condições Socioeconômicas e Culturais: Tipo e condições da habitação. Quem toma conta da criança e onde? Relacionamento interpessoal. Registro Baseado em Problemas (ReSOAP) REGISTRO EM PRONTUÁRIO ➢ Letra legível; ➢ Evitar tinta colorida; ➢ Evitar rasura; ➢ Sigilo e privacidade das informações contidas; ➢ Registro será validade se tiver data, assinatura, CRM. ↠ É uma técnica para registro de informações em prontuário médico, de forma a apoiar o desenvolvimento do raciocínio clínico. ↠ O nome SOAP vem dos 4 componentes básicos do prontuário, neste método: ➢ S – subjetivo; ➢ O – objetivo; ➢ A – análise (ou avaliação); ➢ P – plano. SUBJETIVO ↠ Registra-se aqui as informações baseadas na experiência da pessoa que está sendo atendida. Podemos anotar além das queixas, os sentimentos. Motivo do atendimento, anamnese, problemas apresentados. OBJETIVO ↠ Informações aferidas do ponto de vista médico ficam neste espaço. Dados do exame físico e/ou resultados dos exames complementares. AVALIAÇÃO ↠ Este é o espaço para incluir os problemas evidenciados na consulta relacionando-os com sua resolução ou não (diabetes descompensada, hipertensão arterial controlada, etc.). ↠ Caso não haja elementos para elaborar um diagnóstico preciso durante a consulta, aqui podem ser reproduzidos novamente os sinais/sintomas mais pertinente para sua linha de raciocínio clínico (ex.: febre isolada há três dias). PLANO ↠ A proposta terapêutica elaborada pelo médico deve encontra-se neste item; medicações prescritas, solicitações de exames complementares, orientações realizadas, encaminhamentos e pendências para o próximo atendimento, ou seja, um plano de ação para o seu paciente. OBS.: O método SOAP é um exemplo de evolução mais rápido para a APS. O método SOAP é eficaz para o acompanhamento. Exemplo do ReSOAP: S → Vem para controle de diabetes; O → Valores de HGT e PA; A → Medida de PA elevada. Diabetes tipo 1; P → Solicito exames de controle (glicemia de jejum, microalbuminúria). Converso sobre a importância do tratamento com insulina. Hipertensão Arterial Sistêmica no adulto ↠ O paciente deve sentar-se confortavelmente em um ambiente silencioso por 5 minutos, antes de iniciar as medições da PA. Explique o procedimento ao indivíduo e oriente a não conversar durante a medição. Possíveis dúvidas devem ser esclarecidas antes ou depois do procedimento. ↠ Certifique-se de que o paciente NÃO: ➢ Está com a bexiga cheia; 3 Júlia Morbeck – @med.morbeck ➢ Praticou exercícios físicos há, pelo menos, 60 minutos; ➢ Ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos; ➢ Fumou nos 30 minutos anteriores. ↠ Três medidas de PA devem ser realizadas, com intervalo de 1 a 2 minutos; e medidas adicionais somente se as duas primeiras leituras diferirem em > 10 mmHg. Registre em prontuário a média das duas últimas leituras da PA, sem “arredondamentos” e o braço em quea PA foi medida. A PA deve ser inicialmente medida nos dois braços e idealmente estabelecida por medição simultânea. Caso ocorra uma diferença > 15 mmHg da PAS entre os braços, há o aumento do risco CV o qual, pode estar relacionado com a doença vascular ateromatosa (DIRETRIZ, 2020). Todas as medidas subsequentes devem ser realizadas no braço com valores mais elevados da PA (DIRETRIZ, 2020). Hipertensão Arterial Sistêmica na infância ↠ Considera-se Hipertensão Arterial na Infância e Adolescência, valores de pressão arterial sistólica e/ou diastólica iguais ou superiores ao Percentil 95 para sexo, idade e percentil da altura em três ou mais ocasiões diferentes. ↠ Aumento da prevalência, associação com sobrepeso e obesidade. Em quem medir? Todas as crianças maiores de 3 anos devem ter a sua pressão arterial medida pelo menos uma vez por ano. Para as crianças menores de 3 anos, a avaliação da PA está indicada em condições especiais. HISTÓRIA NEONATAL - Prematuros < 32 semanas; - Muito baixo peso ao nascer; - Outras complicações no período neonatal requerendo internação em UTI. DOENÇAS CARDÍACAS - Cardiopatia congênita. DOENÇAS RENAIS - ITU de repetição; - Hematúria ou proteinúria; - Malformação urológica. TRANSPLANTES - Medula óssea; - Órgãos sólidos. OUTROS - Neoplasias. Como medir? ↠ A medida da PA na criança segue as mesmas recomendações da medida em adultos. ↠ Sendo preferencial o braço direito, para ser comparável com as tabelas padrão e evitar falsas medidas baixas no braço esquerdo no caso de Coarctação da Aorta. ↠ Medir a circunferência do braço para a escolha do manguito: • 1º passo: Medir a distância do acrômio ao olécrano; • 2º passo: Identificar o ponto médio da distância entre o acrômio e o olécrano; • 3º passo: Medir a circunferência do braço nesse ponto médio. A partir dessa medida, seleciona- se o manguito adequado para a medida, que deve cobrir 40% da largura e 80 a 100% do comprimento. Classificação da Pressão Arterial ↠ Se à primeira medida, a PA for = P90, deve-se medir mais 2 vezes na mesma visita e calcular a média das 3 medidas. Essa média deve ser usada para avaliação do estadiamento da pressão arterial. 4 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ A hipertensão arterial na faixa etária pediátrica, assim como nos adultos, pode ter causa primária ou secundária, sendo a última mais frequente em crianças do que em adultos. OBS.: Geralmente, a HAS primária ocorre em crianças acima de 6 anos, que têm sobrepeso ou obesidade ou história familiar positiva para HAS. Estratificação de risco do sistema cardiovascular ↠ Está amplamente estabelecida a relação causal, linear e contínua entre o aumento da pressão arterial (PA) e o risco de doença cardiovascular (DCV) em ambos os sexos, todas as idades e todos os grupos étnicos. ↠ A classificação do risco CV depende dos níveis da PA, dos FRCV associados, da presença de lesões em órgãos- alvo (LOA), que são lesões estruturais e/ou funcionais decorrentes da HA em vasos, coração, cérebro, rins e retina, e/ou da existência de DCV ou doença renal estabelecidas. FATORES DE RISCO COEXISTENTES NA HA Sexo masculino; Idade > 55 anos no homem e > 65 anos na mulher; DCV prematura em parentes de 1º grau; Tabagismo; Dislipidemia; Diabetes melito; Obesidade (IMC > 30kg/m2). Insuficiência Cardíaca ↠ A IC pode ser determinada de acordo com a fração de ejeção (preservada, intermediária e reduzida), a gravidade dos sintomas (classificação funcional da New York Heart Association − NYHA) e o tempo e progressão da doença (diferentes estágios). CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A FRAÇÃO DE EJEÇÃO IC com fração de ejeção reduzida FEVE < 40% IC com fração de ejeção intermediária ou levemente reduzida FEVE = 40 A 49% IC com fração de ejeção preservada FEVE ≥ 50% IC com fração de ejeção melhorada FEVE prévia < 40% e tiveram um aumento de 10 pontos percentuais atingindo taxas acima de 40% CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL CLASSE NYHA DESCRIÇÃO I ASSINTOMÁTICO Sem limitações para realização de atividade física. Atividades habituais não causam dispneia, cansaço, palpitações. II SINTOMAS LEVES Discreta limitação para realização de atividade física. Atividades habituais causam dispneia, cansaço, palpitações. III SINTOMAS MODERADOS Importante limitação para realização de atividade física. Atividades de intensidades inferiores causam dispneia, cansaço, palpitações. IV SINTOMAS GRAVES Limitações para realização de qualquer atividade física. Sintomas de IC em repouso. CLASSIFICAÇÃO DE ROSS PARA CRIANÇAS E LACTENTES CLASSES INTERPRETAÇÃO I Pacientes assintomáticos. II Lactentes: taquipneia leve ou sudorese às mamadas; sem atraso do crescimento. Crianças maiores: dispneia aos exercícios. III Lactentes: taquipneia importante ou sudorese às mamadas, tempo de mamada prolongado; atraso do crescimento. Crianças maiores: dispneia importante aos exercícios. IV Pacientes sintomáticos em repouso: taquidispneia com tiragem intercostal, gemidos e sudorese em repouso. TIPOS DE DISPNEIA Ortopneia é a dispneia que impede o paciente de ficar deitado e o obriga a sentar-se ou a ficar de pé para obter algum alívio. Trepopneia é a dispneia que aparece em determinado decúbito lateral, como acontece nos pacientes com derrame pleural que se deitam sobre o lado são. A platipneia (contrário da ortopneia) é a dispneia que aparece quando o paciente passa da posição deitada para sentado ou em pé. As causas mais frequentes são malformação arteriovenosa pulmonar, síndrome hepatopulmonar, forame oval patente ou um defeito no septo atrial (shunt direitaesquerda intracardíaco). SINAIS E SINTOMAS DA IC Sintomas tÍPICOS Falta de ar/dispneia Ortopneia Dispneia paroxística noturna Fadiga/cansaço Intolerância ao exercício SINAIS MAIS ESPECÍFICOS 5 Júlia Morbeck – @med.morbeck Pressão venosa jugular elevada Refluxo hepatojugular Terceira bulha cardíaca Impulso apical desviado para a esquerda (ictus cordis) SINAIS E SINTOMAS DE BAIXO DÉBITO CARDÍACO PAS < 90 mmHg PAS < 110 mmHg em pacientes previamente hipertensos Fadiga Extremidades frias com perfusão reduzida (> 3 segundos é anormal) Sudorese fria Desorientação CRITÉRIOS DE FRAMINGHAM – IC AGUDA CRITÉRIOS MAIORES CRITÉRIOS MENORES Dispneia paroxística noturna Edema de tornozelo bilateral Turgência jugular a 45º Tosse noturna Refluxo hepatojugular Dispneia aos mínimos esforços Estertores pulmonares crepitantes Derrame pleural Cardiomegalia ao raio X de tórax Taquicardia Edema pulmonar agudo Golpe de terceira bulha Para o critério da IC: dois critérios maiores e um menor, ou um maior e dois menores. As crianças podem apresentar as seguintes manifestações clínicas: gemidos, pulso fino, baixo ganho de peso. ↠ Refluxo hepatojugular: comprimir o hipocôndrio direito com a cabeça do paciente elevada em 45º. Durante a compressão, deve observar se ocorre o aumento do volume e turgência da veia jugular externa, e se presente indica a congestão sistêmica ↠ Sinal de Cacifo: avaliar a presença de edema. Comprimir estruturas ósseas, avaliar bilateralmente. Dor Torácica ↠ A dor torácica aguda é uma das causas mais frequentes de atendimento nas unidades de emergência. ↠ O sintoma de dor torácica constitui um grande desafio para o médico da emergência em decorrência da ampla lista de diagnósticos diferenciais. ↠ Os cinco principais grupos de etiologias de dor torácica, por ordem decrescente de prevalência, são as causas musculoesqueléticas, gastrointestinais, cardíacas, psiquiátricas e pulmonares. ↠ Diferentemente da população adulta, a dor torácica na infância raramente representa uma doença grave. Crianças: musculoesquelética, gastrointestinal. Adolescentes: psicogênica.SINAL DE FRANK: prega lobular – avançar da idade. 6 Júlia Morbeck – @med.morbeck Protocolo SPIKES ↠ O protocolo SPIKES é um exemplo do novo modelo de comunicação com o paciente. É um mnemônico de seis passos que pode proporcionar mais segurança ao médico. Cardiopatias Congênitas ↠ Manifestações clínicas no 1º ano de vida ou em qualquer momento. ↠ Alteração estrutural do coração ou grandes vasos. ↠ Principais manifestações: cianose, IC, sopro cardíaco, arritmia. ↠ Podem ser classificadas em: CIANÓTICAS X ACIANÓTICAS HIPOFLUXO X HIPERFLUXO PULMONAR COMUNICAÇÃO INTERATRIAL – CIA ↠ Shunt E → D, meninas > meninos; ↠ Esporádica ou associada a síndromes (S. de Holt – Oram); ↠ Manifestações: ➢ Acianótica, hiperfluxo pulmonar, dilatação das câmaras direitas; ➢ Cínica depende do tamanho da comunicação; ➢ Redução da capacidade funcional aos esforços; ➢ Sinais de IC: taquicardia, taquipneia, hepatomegalia, cardiomegalia, baixo ganho de peso, sudorese excessiva; ➢ Infecções respiratórias de repetição. EXAME FÍSICO ➢ Desdobramento fixo da B2 (TRÁ) – a valva pulmonar fecha depois que a aórtica. ➢ Sopro sistólico de ejeção em borda esternal esquerda média alta (BEEM-A) / Fo. Pulmonar: estenose relativa. ➢ Sinais de IC. Tratamento: depende do tamanho/repercussão. Fechamento cirúrgico: atriosseptoplastia ou oclusão por cateterismo. COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR – CIV 7 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ Mais comum – 25% das cardiopatias congênitas; ↠ Associação com síndromes: Down (21) e Edwards (18); ↠ Acianótica, hiperfluxo pulmonar, hipertrofia do VE; FISIOLOGIA DE EISENMENGER: A sobrecarga de volume esquerda pode desencadear uma hipertensão pulmonar que com o tempo pode aumentar a pressão do VD em comparação ao VE – pode gerar cianose. EXAME FÍSICO ➢ Sinais de IC; ➢ Abaulamento precordial esquerdo - desvio de ictus. ➢ < CIV > SOPRO – maior turbilhonamento para passar por um espaço pequeno. ➢ Sopro holossistólico em BEEB; ➢ Frêmito paraesternal E; ➢ Assintomáticos: CIV pequena. Tratamento: fechamento espontâneo de CIVs pequenas em 30-50% dos casos. Clínico: diurético, captopril. Cirúrgico: ventriculosseptoplastia. Oclusão por cateterismo. PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL (PCA) Fechamento funcional: 10-15h; Fechamento anatômico: até 21 dias. ↠ Comum em prematuros e baixo peso; ↠ Se RN a termo: defeito estrutural; ↠ Síndrome de rubéola congênita; ↠ Acianótica, hiperfluxo pulmonar; EXAME FÍSICO ➢ IC moderada/grave; ➢ Sangramento pulmonar/SNC, disfunção renal, dificuldade em reduzir PVs. ➢ Sopro na sístole e diástole (lembra o trem – mais forte na sístole); ➢ Pulsos amplos; ➢ PA divergente (> 40 mmHg); ➢ Sopro infraclavicular E com irradiação para dorso, contínuo (em maquinaria); ➢ Precórdio hiperdinâmico; ➢ B2 hiperfonética. OBS.: O que mantém o canal aberto é a prostaglandina – tratamento feito com antiflamatórios. Tratamento: medicamentoso: prematuros, com repercussão: indometacina e/ou ibuprofeno. Avaliar contraindicações. Invasivo: ligadura cirúrgica (clip). TETRALOGIA DE FALLOT (T4F) ➢ Dextroposição da aorta; ➢ Estenose da valva pulmonar; ➢ CIV; ➢ Hipertrofia do VD. ↠ Cardiopatia cianótica mais comum, hipofluxo pulmonar; ↠ Clínica: depende do grau de obstrução abaixo da valva pulmonar; ↠ Se estenose grave: cianose intensa desde o nascimento; ↠ Se estenose leve: pouco cianótico – Pink Fallot – Policitemia adaptativa. ↠ Crises de hipóxia são comuns nos primeiros 2 anos de vida; ↠ Causas: calor, esforço (choro, evacuação), febre, dor, anemia, infecção, desidratação, hemoconcentração. EXAME FÍSICO ➢ Cianose progressiva; ➢ Baqueteamento digital; ➢ Sopro sistólico ejetivo BEEM-A (diminui na crise de hipóxia) ➢ Crise de hipóxia: emergência. 8 Júlia Morbeck – @med.morbeck MANEJO DA CRISE DE HIPÓXIA: controle do fator desencadeante, posição genupeitoral, oxigênio, expansão, morfina, bicarbonato EV, betabloqueador EV, sedação + IOT, adrenaliva EV. Tratamento: cirúrgico (~6m). Pré-operatório: tto clínico com betabloqueador (propranolol). Referência e Contrarreferência ↠ A Referência diz respeito ao encaminhamento do usuário a um atendimento com níveis de especialização mais complexos, os hospitais e as clínicas especializadas. ↠ A Contrarreferência ocorre quando a necessidade do usuário mais complexa é sanada e a necessidade se torna mais simples. Então ele é reencaminhado para uma unidade de menor complexidade, ou seja, deve ser conduzido à Unidade Básica de Saúde mais próxima a sua residência. Sopro na infância ↠ Turbulência do fluxo sanguíneo; ↠ Achado frequente durante o exame pediátrico; ↠ Avalição do sopro cardíaco: posição no ciclo cardíaco, características, intensidade, localização. SOPRO INOCENTE ➢ Estados hipercinéticos (ex.: febre); ➢ Sistólicos, suave, curta duração; ➢ Nunca são diastólicos; ➢ Sem ruídos acessórios/frêmitos; ➢ Bulhas sempre normais; ➢ Bem localizados, sem irradiação; ➢ Alteração com mudança de decúbito. TIPOS DE SOPRO Localização durante o ciclo Intensidade do sopro ↠ A intensidade do sopro pode ser descrita de forma subjetiva e classificada em graus que variam de I a VI. ➢ Os graus I e II são sopros de fraca intensidade, sendo que o grau I só é detectado por meio de ausculta muito cuidadosa. ➢ Sopros graus III e IV são sopros de intensidade moderada, sendo que o grau IV apresenta frêmito palpável. ➢ Sopros graus V e VI são intensos, vêm acompanhados de frêmitos, sendo que o grau VI pode ser audível mesmo sem o estetoscópio. LOCALIZAÇÃO DOS FENÔMENOS ESTETOACÚSTICOS Quando se faz a ausculta do coração e se encontram outros sons que não sejam as bulhas, cumpre localizá-los exatamente na revolução cardíaca, tomando por base a 1ª e a 2ª bulha. Para isso, dividem-se a sístole e a diástole nas seguintes partes: ➢ Protossístole = terço inicial da sístole ➢ Mesossístole = terço médio da sístole ➢ Telessístole = terço final da sístole ➢ Protodiástole = terço inicial da diástole ➢ Mesodiástole = terço médio da diástole ➢ Telediástole = terço final da diástole Teste do Coraçãozinho ↠ É um método de triagem cardiológica universal, não invasiva, de forma instantânea e sem necessidade de calibração. Além de apresentar sensibilidade de 75% e especificidade de 99%. ↠ O teste do Coraçãozinho consiste em um exame de triagem neonatal que visa o diagnóstico precoce das cardiopatias congênitas graves, ou seja, aquelas onde há risco de vida imediato e que precisam de intervenção cirúrgica precocemente. ↠ É realizado no período neonatal, após as primeiras 24 horas de vida e antes da alta hospitalar, através de um aparelho chamado de oxímetro de pulso, o qual avalia o nível de saturação de oxigênio. ↠ Sabe-se que, nas CC, há uma diminuição na saturação de oxigênio antes mesmo da manifestação de sinais clínicos como cianose, a oximetria de pulso detecta essa redução da saturação. ↠ É um exame indolor, não-invasivo, de baixo custo, que exige apenas a presença do equipamento (oxímetro de pulso), o qual avalia o nível de saturação de oxigênio. 9 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ O oxímetro deve ser colocado primeiramente na mão direita e posteriormente em um dos pés do bebê, para verificação de níveis de oxigênio. ATUALIZAÇÃO NO PROTOCOLO DO TESTE DO CORAÇÃOZINHO A primeira mudança está no público rastreado, agora recém-nascidos com mais de 35 semanas. Eles diminuíram o valor de corte de SatO2 de 95% para 89% para considerar um teste positivo. Além disso, agora existe a possibilidade do teste ser considerado duvidoso, que não existia no fluxograma antigo. Um grupo intermediário foi criado com valores de corte de SatO2 entre 90 e 94% OU diferença entre as medidas >4%. É justamente os recém-nascidosque se encaixam nesse grupo na primeira oximetria de pulso que tem o teste considerado duvidoso e devem ser reavaliados com 1 hora. Se mantiver os parâmetros, um terceiro teste deve ser feita em 01 hora. Se no terceiro teste mantiver satO2 entre 90 e 94% ou diferença entre as medidas >4%, o teste é considerado positivo. Se em algum desses testes adicionais a satO2 ficar menor que 89% o teste já é considerado positivo. Se der SatO2 > 95% e diferença <4%, o teste é considerado negativo. OBS.: O teste não detecta cardiopatias congênitas nas quais o nível de saturação de oxigênio é normal. Pulsos ➢ Pulso célere ou em martelo d’água: sua característica fundamental é que aparece e some com rapidez, lembrando a sensação tátil provocada pelo martelo d’água. ➢ Pulso pequeno ou parvus: a tensão do pulso apresenta-se diminuída, e o pulso parece fraco e pequeno, o contrário do pulso célere. A ascensão da onda de pulso é lenta, e o pico é prolongado. É observado na estenose aórtica grave, na insuficiência cardíaca e na hipovolemia. ➢ Pulso filiforme: é um tipo de pulso ao mesmo tempo de pequena amplitude e mole. Indica quase sempre colapso circulatório periférico. Não confundir com pulso parvus. ➢ Pulso alternante: percebe-se de modo sucessivo uma onda ampla seguida de outra mais fraca. A compressão da artéria deve ser calculada para a percepção da onda mais débil. ➢ Pulso paradoxal: acentuada redução inspiratória da amplitude do pulso. Pode ocorrer, também, no derrame pericárdico volumoso e no enfisema pulmonar Valvopatias ↠ A função das valvas cardíacas é promover o fluxo unidirecional do sangue pelas câmaras do coração. ↠ Ainda que qualquer uma das quatro valvas possa estar sujeita a um distúrbio, as mais comumente afetadas são as valvas mitral e aórtica. ESTENOSE MITRAL ➢ Facies mitralis – rubor cor de ameixa nas bochechas; ➢ B1 e B2 hiperfonéticas; ➢ Sopro diastólico em ruflar – pode irradiar para axila ou borda esternal esquerda inferior; ➢ Sinais de congestão pulmonar e insuficiência cardíaca direita. INSUFICIÊNCIA MITRAL 10 Júlia Morbeck – @med.morbeck ➢ Ictus cordis desviado para a esquerda e para baixo; ➢ B1 hipofonética; ➢ B2 hiperfonética; ➢ Sopro sistólico regurgitativo; ➢ Sinais clínicos de IC direita; ESTENOSE AÓRTICA ↠ O desenvolvimento da estenose aórtica é gradual, logo, o VE tem tempo para se adaptar. ➢ Pulso parvus et tardus; ➢ Sopro sistólico ejetivo; ➢ Hipofonese de B1 e B2; ➢ Fenômeno de Gallavardin – sopro de estenose aórtica se irradia para o foco mitral – vibração do anel; ➢ Desdobramento paradoxal de B2 ou B2 única. INSUFICIÊNCIA AÓRTICA ➢ Sopro diastólico aspirativo decrescente; ➢ B2 hipofonética; ➢ Sopro de Austin-Flint – estenose mitral relativa a uma insuficiência mitral, fluxo e pressão do jato maior atinge a 1ª válvula da valva mitral, logo, restringe a abertura da sua valva anterior; ➢ Pulso em martelo d’água; ➢ PA divergente; ➢ Sinais clínicos de aumento de pressão de pulso: Sinal de Musset (cabeça), Sinal de Quincke (unha). Pericardite na infância ↠ Inflamação do pericárdio acometendo as membranas que envolvem o coração. ↠ A pericardite em crianças tem uma etiologia variada. As principais causas são: pós-operatório de cirurgia cardíaca, neoplasias, doenças renais, doenças reumatológicas, viral e idiopática. CAUSAS As infecções virais provavelmente constituem a causa mais comum de pericardite, particularmente no primeiro ano de vida. A doença reumática aguda constitui causa comum de pericardite, especialmente em certas partes do mundo. A infecção bacteriana (pericardite purulenta) é uma forma rara e grave de pericardite. Os agentes comumente encontrados são S. aureus, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Neisseria meningitidis e estreptococos. A tuberculose constitui causa ocasional de pericardite constritiva e apresenta um início insidioso. A doença do colágeno, como, por exemplo, a artrite reumatoide pode provocar pericardite. A pericardite pode constituir uma complicação da doença oncológica ou do seu tratamento, incluindo a radioterapia. A uremia (pericardite urêmica) constitui uma causa rara. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: são variáveis. Pode apresentar quadro febril acompanhado de dor retroesternal ou precordial e mialgia. ANAMNESE ↠ O paciente pode apresentar uma história de infecção do trato respiratório superior. ↠ A dor precordial (indistinta, constante, ou em punhalada) com irradiação ocasional para o ombro e pescoço, pode constituir a queixa de apresentação. A dor 11 Júlia Morbeck – @med.morbeck pode ser aliviada inclinando-se para frente e pode se agravar com a posição supina ou a inspiração profunda. ↠ A febre de graus variáveis pode estar presente. EXAME FÍSICO ↠ O atrito pericárdico (um som de raspagem, em crescendo e decrescendo em sincronia com as bulhas cardíacas) constitui o sinal cardinal. OBS.: O atrito pericárdico é o sinal mais característico da doença pericárdica, porém nem sempre é fácil de ser auscultado já que o paciente pode estar taquicárdico e choroso em caso de crianças pequenas. ↠ O coração encontra-se silencioso e hipodinâmico na presença de uma grande quantidade de derrame pericárdico. ↠ O pulso paradoxal é característico do derrame pericárdico com tamponamento. ↠ Em crianças com pericardite purulenta, febre alta (38,3 a 40,5°C), taquicardia, dor torácica e dispneia estão quase sempre presentes. ↠ Os sinais de tamponamento cardíaco podem estar presentes: bulhas cardíacas abafadas, taquicardia, pulso paradoxal, hepatomegalia, distensão venosa e, ocasionalmente, hipotensão com vasoconstrição periférica. O tamponamento cardíaco ocorre mais comumente na pericardite purulenta do que em outras formas de pericardite. PRINCIPAIS EXAMES ELETROCARDIOGRAMA: O ECG pode estar alterado em 60% dos casos. Pericardite com derrame (efusiva): • Complexos de baixa voltagem. • Alternância elétrica. Supradesnivelamento do segmento ST: • Geralmente é caracterizado supradesnivelamento difuso do segmento ST = pericardite. No IAM, o desnivelamento respeita paredes e existe imagem em espelho. Raramente o supradesnivelamento na pericardite aguda é > 5 mm e a concavidade geralmente é para cima. Estágios da pericardite no ECG: • Estágio 1 (primeiras horas a dias): consiste em elevação do segmento ST com concavidade voltada para cima em todas as derivações, exceto aVR e V1, não respeitando a anatomia coronariana. Neste estágio as ondas T podem ser altas e pontiagudas. Em geral, o eixo do ST se situa entre +30 e +60º. • Estágio 2 (dias a várias semanas): ocorre retorno do segmento ST à linha de base e a onda T se achata. Neste estágio é possível observar, em alguns casos, a depressão do segmento PR (onda Ta), achado muito sugestivo de pericardite aguda, apesar de ocorrer em outras situações raras, como no infarto atrial. • Estágio 3 (final da segunda/terceira semana): há inversão da onda T, sem perda da voltagem do QRS. • Estágio 4 (pode durar até 3 meses): é a volta à normalidade, porém, dependendo da etiologia, a onda T pode ficar invertida por um grande período. RADIOGRAFIA DE TÓRAX: Um grau variável de cardiomegalia está presente. ➢ Um coração em forma de pera ou de moringa é característico de um grande derrame. ➢ A trama vascular pulmonar pode estar aumentada se ocorrer o tamponamento cardíaco. O tamponamento pode ocorrer sem aumento da silhueta cardíaca se este se desenvolver rapidamente. ECOCARDIOGRAMA: O derrame pericárdico aparece primeiramente na porção posterior, do saco pericárdico. A presença de uma pequena quantidade de derrame posteriormente, sem derrame anterior, sugere um 12 Júlia Morbeck – @med.morbeck pequeno derrame pericárdico. Uma pequenaquantidade de líquido, que só surge na sístole, é normal. A ecocardiografia é muito útil na detecção do tamponamento cardíaco. Os achados ecocardiográficos bidimensionais de tamponamento são os seguintes: • Colapso do átrio direito (AD) no final da diástole (porque a pressão no saco pericárdico excede a pressão no interior do AD no final da diástole). • Colapso ou indentação da parede livre do ventrículo direito (VD), especialmente na via de saída. Tromboembolismo pulmonar ↠ A embolia pulmonar se desenvolve quando uma substância transmitida pelo sangue se aloja em um ramo da artéria pulmonar e obstrui o fluxo sanguíneo. ↠ A obstrução do fluxo sanguíneo pulmonar provoca broncoconstrição reflexa na área afetada do pulmão, perda de ventilação, comprometimento das trocas gasosas e perda de surfactante alveolar. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Os sinais clínicos de TEP são inespecíficos, como dispneia, dor torácica, hemoptise, síncope ou pré-síncope. Em alguns casos, pode ser assintomática e descoberta incidentalmente. ANAMNESE ↠ Os sintomas da TEP são inespecíficos. Entretanto, a instalação aguda, muitas vezes súbita, de determinados sintomas, principalmente em pacientes com fatores de risco para TEP, deve fazer pensar nessa hipótese diagnóstica e iniciar a condução da investigação diagnóstica. ↠ O sintoma mais frequente é a dispneia, seguida da dor torácica e depois da tosse. ↠ A história clínica da EP caracteriza-se, normalmente, por um início agudo de dispneia e dor torácica, especialmente pleurítica. Outros sintomas também podem estar presentes como tosse, hemoptise síncope - sintomas também observados na TVP. Entretanto, arritmias e colapso hemodinâmico são apresentações menos frequentes. EXAME FÍSICO ↠ O principal sinal na TEP é a taquipnéia (frequência respiratória acima de 20 respirações por minuto). ↠ Ao exame físico, taquipneia e taquicardia são achados comuns em pacientes com EP. Também podem serr observados: edema nos pés e ánturrilhas, eritema, estertores, sons respiratórios diminuídos, sinais de hipertensão pulmonar, como distensão da veia jugular, componente B2 hiperfonético e elevação paraesternal ventricular. EXAMES COMPLEMENTARES ↠ Deve-se incluir alguns exames para avaliação inicial da patologia, como: oximetria de pulso, ECG, radiografia de tórax e gasometria arterial. Além de auxiliar na identificação da patologia, esses exames podem descartas outras suspeitas diagnósticas. OBS.: Os principais achados gasométricos da TEP são hipoxemia (PaO2<80mmHg) e hipocapnia (PaCO2 <33mmHg). A hipocapnia pode levar a alcalose respiratória (pH>7,45). Entretanto, a gasometria arterial normal não pode excluir TEP. (PINHEIRO; CARVALHO, 2007). ↠ Após realizada a investigação inicial, pode-se realizar alguns exames para avaliação adicional objetivando-se a confirmação diagnóstica, dentre eles podemos citar: angiografia por tomografia computadorizada (angio-TC), dímero-d e troponina. 13 Júlia Morbeck – @med.morbeck ACHADOS RADIOLÓGICOS Podemos definir o sinal da corcova de Hampton como uma imagem em cunha no parênquima do pulmão, cuja a sua base está voltada para a parte periférica do mesmo, enquanto a sua ponta é localizada em direção ao centro do pulmão. É uma área isquêmica na periferia do pulmão, porque ali não está chegando sangue adequadamente. O Sinal de Westermark é uma oligoemia que ocorre nos segmentos pulmonares, que estão mal perfundidos, devido à obstrução de alguns ramos segmentares ou lobares da artéria pulmonar. Oligoemia nada mais é do que uma diminuição do volume de sangue para aquela determinada região do pulmão. O sinal de Palla é uma dilatação da artéria pulmonar descendente à direita. Ainda nos pacientes com TEP, podemos encontrar áreas de atelectasia em determinados lobos pulmonares. A atelectasia é quando ocorre um colapso daquele pulmão, podendo ser total ou parcial. Isso ocorre porque aqueles alvéolos estão completamente vazios de ar. Pode se tornar uma situação extremamente grave se não for tratada de imediato. No TEP, o mais comum de encontrarmos são atelectasias laminares nas bases pulmonares. 14 Júlia Morbeck – @med.morbeck ELETROCARDIOGRAMA ↠ O achado de ECG mais comum no cenário de embolia pulmonar é a taquicardia sinusal. No entanto, o padrão “S1Q3T3” de cor pulmonale agudo é clássico; isto é denominado o Sinal de McGinn-White. ↠ Uma grande onda S na derivação I, uma onda Q na derivação III e uma onda T invertida na derivação III juntas indicam tensão cardíaca direita aguda. Esse padrão ocorre apenas em cerca de 10% das pessoas com embolia pulmonar. ESCORE DE GENEBRA REVISADO OU WELLS Tuberculose ↠ A tuberculose (TB) é uma doença pulmonar crônica e sistêmica grave. Afeta principalmente o pulmão (formas pulmonares), mas pode acometer outros órgãos (formas extrapulmonares). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: As duas principais categorias de manifestações clínicas são: manifestações sistêmicas, relacionadas com a infecção; e manifestações locais, determinadas pelo órgão ou sistema acometido. ↠ A tuberculose pulmonar primária é mais comum em crianças e adolescentes. Ela pode apresentar como uma forma clínica aguda e grave (menos frequente) ou como uma forma clínica lenta e insidiosa (mais comum). ↠ O sintoma mais frequente da tuberculose pós-primária é a tosse. No curso inicial da doença ela pode ser não- produtiva, mas subsequentemente ela se acompanha de expectoração, cujo aspecto pode ser mucóide ou purulento. A dispneia surge na doença avançada com comprometimento extenso do parênquima pulmonar. TUBERCULOSE NA INFÂNCIA ↠ As crianças são particularmente vulneráveis à tuberculose. Os casos pediátricos de tuberculose representam 10% de todos os casos da doença. ↠ Aproximadamente 90% das pessoas não fica doentes após a primoinfecção pelo M. tuberculosis, subsequentemente desenvolvendo infecção latente por tuberculose (ILTB). No entanto, as crianças apresentam maior risco de progressão da infecção tuberculosa para a tuberculose ativa e mais frequentemente desenvolvem formas extrapulmonares ou disseminadas da doença. ↠ O risco de tuberculose ativa é maior em crianças com menos de 5 anos de idade, e evidências recentes sugerem que as crianças podem se infectar após apenas 15-20 min de exposição ao M. tuberculosis. ↠ Os principais sintomas da tuberculose pediátrica incluem fadiga, perda de apetite, sudorese noturna, fraqueza, perda de peso e febre (moderada, persistente por 15 dias ou mais, e frequentemente vespertina). ANAMNESE ↠ A suspeita clínica é indicada principalmente pela presença de sintomas e pelo conhecimento de comorbidades e condições epidemiológicas que aumentam o risco de tuberculose em um determinado paciente. ↠ O sintoma mais relatado na tuberculose pulmonar é a tosse persistente que, em geral, embora nem sempre, é produtora de muco e pode conter sangue. Sinal de Fleischner: dilatação da artéria pulmonar (surge em 20% dos casos). https://www.healio.com/cardiology/learn-the-heart/cardiology-review/topic-reviews/mcginn-white-sign 15 Júlia Morbeck – @med.morbeck ↠ Os aspectos sistêmicos da tuberculose incluem febre em aproximadamente 35% a 80%, mal-estar e perda de peso; pode ser uma variedade de anormalidades hematológicas, principalmente leucocitose e anemia. EXAME FÍSICO ↠ Na maioria dos casos, os achados físicos não são particularmente úteis. As crepitações podem ser ouvidas na área do envolvimento, juntamente com os sons da respiração brônquica, quando a consolidação pulmonar é próxima da parede torácica. ↠ Os sons de respiração anfórica (como o som baixo do sopro na porção superior de uma garrafa aberta) podem ser indicativos de uma cavidade. Os achados que incluemlinfadenopatia, sugestivos de tuberculose extrapulmonar, podem indicar também envolvimento pulmonar concomitante. EXAMES COMPLEMENTARES ➢ Baciloscopia direta (pesquisa de bacilos álcool- acidorresistentes – BAAR) em duas amostras de escarro ou qualquer fluido corpóreo. Três coletas matinais de escarro, espontâneo ou induzido por aerossol com soro fisiológico (NaCl a 0,9%). Aspirado gástrico em crianças pequenas. ➢ Testes de biologia molecular (testes rápidos – 2 h): detecção de DNA do M. tuberculosis e investigação de resistência aos medicamentos, em amostras diretas de escarro. ➢ Cultura quando a baciloscopia for repetidamente negativa ou quando há suspeita de cepa resistente, ou suspeita de infecção por micobactérias não tuberculosas ou nas formas extrapulmonares. M. tuberculosis apresenta crescimento lento. A cultura demora cerca de 6 a 8 semanas. ➢ Testes de sensibilidade em material obtido por cultura: quando houver suspeita de cepas resistentes, pacientes imunodeprimidos ou com baciloscopia positiva no final do 2º mês de tratamento ➢ Radiografia do tórax: alterações dependem da fase da doença. Tuberculose primária: crianças com consolidações de resolução lenta sem predileção por lobos, especialmente com linfoadenomegalias hilares. Tuberculose pós- primária: consolidações com predomínio nos lobos superiores e segmentos superiores dos lobos inferiores, com alta frequência de escavação, sendo que na doença ativa observam-se micronódulos que caracterizam a disseminação broncogênica. Na disseminação hematogênica (miliar), há micronódulos aleatórios disseminados nos pulmões. No acometimento crônico, há atelectasias e retração cranial dos hilos. Imunodeprimidos podem apresentar manifestações atípicas. A tomografia computadorizada demonstra melhor os achados, porém deve ser reservada para casos especiais. ➢ Exames de imagem na tuberculose extrapulmonar: ecocardiografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. ➢ Broncoscopia, laparoscopia: avaliação morfológica e coleta de material para exames microbiológicos e/ou histopatológico. ➢ Exame histopatológico: utilizado no diagnóstico das formas extrapulmonares e formas pseudotumorais dos pulmões. Identificação de A radiografia frontal torácica em um jovem adulto mostra consolidação no segmento superior do lobo inferior direito associada à linfadenopatia hilar à direita (seta) por causa da infecção primária com Mycobacterium tuberculosis. A linfadenopatia branda paratraqueal à direita (cabeças de seta) também é visível. Tuberculose disseminada. A radiografia frontal do tórax em um paciente com tuberculose disseminada mostra inúmeros nódulos pequenos distribuídos randômica e bilateralmente, representando o padrão miliar. 16 Júlia Morbeck – @med.morbeck granulomas com necrose caseosa com ou sem BAAR. ➢ Prova tuberculínica. PROVA TUBERCULÍNICA TAMANHO DA INDURAÇÃO INTERPRETAÇÃO 0 a 4 mm Não infectado, anérgico, imundeprimido, resultado falso-negativo ou tuberculose disseminada. 5 a 9 mm Infectado com M. tuberculosis ou micobactérias não tuberculosas ou vacinado com BCG >10mm Infectado ou doente. Esquema básico para o tratamento da tuberculose em adultos e adolescentes: Rifampicina (R); isoniazida (H); pirazinamida (Z); etambutol (E) (PORTO & PORTO). BCG ↠ A vacina BCG é indicada para crianças até os 4 anos, 11 meses e 29 dias para prevenir as formas graves da tuberculose, como a meningoencefalite tuberculosa e a tuberculose miliar. ↠ Não há recomendação de revacinar crianças que foram vacinadas com a vacina BCG e que não apresentem cicatriz vacinal independentemente do tempo transcorrido após a vacinação. ↠ O esquema de vacinação com a vacina BCG corresponde à aplicação de dose única o mais precocemente possível após o nascimento. A administração da vacina BCG deve ser adiada quando a criança apresentar peso inferior a 2 kg ou quando apresentar lesões graves de pele. A administração da vacina é intradérmica, no braço direito, na altura da inserção do músculo deltoide, essa localização permite fácil verificação da existência de cicatriz. IMPORTANTE: A tuberculose é uma doença de notificação compulsória.
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